sábado, 20 de agosto de 2011

RELIGIÃO E A FELICIDADE COLETIVA



Religião, felicidade e qualidade de vida estão interligadas

Redação do Diário da Saúde

Na alegria e na tristeza
Em uma sociedade marcada pela insegurança e pelo estresse, as pessoas religiosas são mais felizes do que os ateus.

Em sociedades mais prósperas, contudo, o número de pessoas que se declara religiosa diminui e tanto os religiosos quanto os ateus apresentam índices semelhantes de felicidade.

Segundo Ed Diener, da Universidade de Illinois (EUA), esta é a primeira pesquisa a analisar a relação entre religião e felicidade em escala global.
Os cientistas usaram uma pesquisa realizada em mais de 150 países, que incluiu questões sobre religião, qualidade de vida, satisfação com a vida, respeito, assistência social e emoções positivas e negativas.

Religião e dificuldades
Vários estudos têm concluído que as pessoas religiosas tendem a ser mais felizes do que as pessoas não religiosas.
Mas Diener acredita que a religião e a felicidade estão ligadas às características das sociedades nas quais as pessoas vivem.

"As circunstâncias predizem a religiosidade," defende ele. "Circunstâncias difíceis induzem mais fortemente as pessoas a se tornarem religiosas. E, em sociedades religiosas e em circunstâncias difíceis, as pessoas religiosas são mais felizes do que as pessoas não religiosas."

Por outro, em sociedades não religiosas ou em sociedades onde as necessidades básicas das pessoas são atendidas, não foi identificada diferença entre o nível de felicidade entre os dois grupos.

Religião e emoções
A ligação a uma religião institucionalizada parece aumentar a felicidade e o bem-estar em sociedades que não conseguem suprir adequadamente as necessidades por alimentos, emprego, cuidados com a saúde, segurança e educação.

As pessoas religiosas vivendo em sociedades religiosas são mais propensas a se sentirem respeitadas, receberem mais apoio social e experimentar mais emoções positivas e menos emoções negativas do que as pessoas não religiosas dessas mesmas sociedades.

Nas sociedades seculares, que são em geral as mais ricas e que têm melhor assistência social, a religiosidade não parece ter impacto sobre os níveis de felicidade. Na verdade, as pessoas religiosas dessas sociedades relatam ter mais emoções negativas.
Em temos globais, 68% das pessoas pesquisadas afirmaram ser religiosas.
Ação para a Felicidade
Será que a ciência, com suas demonstrações utilitaristas e materialistas pode nos dizer o que é a felicidade e como obtê-la?
Para Richard Layard, a resposta é sim - digamos, um "sim por aproximações sucessivas".

Layard é fundador do Projeto Ação para a Felicidade, uma espécie de esforço de auto-ajuda social, "um movimento para a mudança social positiva", destinado a criar uma sociedade mais feliz.
E, para isto, ele espera contar com o saber da ciência.

A ciência e o espírito humano
Historicamente, a felicidade, expressão por excelência do espírito humano, foi o "objeto" de discussão da sabedoria dos filósofos.
Mas será que a ciência e seus saberes tão precários - sempre prontos a mudar com a próxima pesquisa ou com o próximo estudo - poderia também ser um guia confiável nesse caminho?

A chamada "ciência acadêmica", aquela feita por cientistas profissionais dentro dos muros das universidades, é muito eficiente em lidar com as coisas físicas e com o controle da natureza.

Apesar do fim do domínio da religião sobre o saber no mundo ocidental, ocorrido ao longo dos últimos quatro séculos, a ciência parece ter ficado traumatizada demais com a queima de livros, frequentemente acompanhados dos seus autores. E tudo o que se relaciona à "alma humana", ou ao "espírito humano", coisas sobre as quais a religião reivindicava autoridade, foi banido do chamado "conhecimento oficial".

O espírito humano dos filósofos foi reduzido à mente humana, novamente reduzida à consciência e finalmente atribuída a um processo que, "de alguma forma", emana do cérebro humano.

Para a ciência oficial, pessoas são resultado de processos ainda não completamente entendidos do cérebro humano, com corpos e comportamentos ditados por seus arranjos genéticos, e tudo o que são, ou expressam, resulta de suas interações com o ambiente e de seus próprios arranjos ou desarranjos biológicos.

Iluminismo da ciência acadêmica
É claro que o restante do mundo, fora dos muros das universidades, não concorda exatamente com isso. Na verdade, mesmo entre os cientistas, só os mais fundamentalistas, materialmente falando, fiam-se em tais explicações ou ficam satisfeitos com elas.

Nas últimas décadas, o bom senso tem voltado a vigorar e o medo da exprobração pública pelos líderes políticos e religiosos tem sido exorcizado e amainado, ou talvez psiquiatricamente resolvido em uma gigantesca terapia de grupo não-declarada, fazendo com que um número cada vez maior de cientistas retome a coragem para estudar assuntos menos relacionados ao corpo humano, e mais afetos ao espírito humano.

As ciências sociais, a antropologia, a psicologia e a neurologia têm avançado, ainda que a passos vacilantes, nessa área tão fluida para quem se acostumou a lidar com sólidos inertes.

Até a biologia já levou alguns respingos, com pesquisadores propondo que os humanos nascemos para o amor, e elaborando uma teoria que defende a sobrevivência do mais bondoso. O tradicional egoísmo inato dos animais, biologicamente determinado, e longamente estendido ao comportamento humano, começa a ser questionado pelos estudos sobre lealdade e justiça.

Ciência da felicidade
Com isso, já é possível falar em uma "ciência da felicidade", e alguns pesquisadores, ainda dentro do paradigma oficial utilitarista, estão tentando criar até um índice econométrico, chamado Felicidade Interna Bruta, capaz de medir o nível de felicidade dos cidadãos de um país.

Estudos mostram, por exemplo, que o aumento crescente da renda não aumentou a felicidade das pessoas no mundo desenvolvido: é como dizer que o dinheiro ajuda, mas não compra felicidade

Assim, defender um crescimento econômico contínuo não é o mesmo que ter como objetivo uma sociedade mais feliz.

Para o criador do Projeto Ação para a Felicidade, é isto que temos que começar a mudar: se queremos uma sociedade mais feliz, então precisamos tornar isto um objetivo explícito. Somente assim mudaremos nossa maneira de viver e caminharemos rumo a um mundo melhor.
E, segundo ele, devemos fazer isto usando aquilo que os experimentos científicos "comprovaram" que funciona.

Felicidade como obra coletiva
Nesse processo, a ciência começa a "descobrir" que a felicidade é uma obra coletiva.

E, como tal, ela se fundamenta muito mais nas relações que temos com as outras pessoas do que nas relações que temos com os bens e utensílios que utilizamos no nosso dia-a-dia.

Pode-se argumentar que os sábios e filósofos de todos os tempos sempre disseram isso, e inclusive já deram suas receitas de como construir um paraíso na Terra.

Mas os cientistas, com seu eterno utilitarismo, constatam que os conselhos dos sábios não trouxeram felicidade para o mundo até hoje. Logo, a ciência, com sua longa lista de sucessos, certamente a melhor forma de obter conhecimento do mundo natural que o homem já inventou, tem direito a fazer sua tentativa.

Assim, além dos relacionamentos, eles recomendam dar uma olhada na saúde mental. Por exemplo, mostrou-se que a psicoterapia traz 32 vezes mais felicidade do que o dinheiro. E também que a saúde mental vem piorando, ao menos no mundo desenvolvido, desde os anos 1960: a depressão será a doença mais comum dentro de 20 anos

Mas a cavalaria já está a caminho, e os estudos sobre o uso da meditação e da ioga têm mostrado resultados indiscutíveis na melhoria da saúde mental.

Ensino das virtudes
Para Richard Layard, isto é mais do que suficiente para se ter esperança.
E, como estudos têm mostrado que os esforços para o desenvolvimento de virtudes humanas - ensinar o amor, como diz o filósofo Michel Serres - só funcionam quando essa educação é divertida, parece que o mundo feliz será também um mundo muito mais alegre.

Isto é também a redescoberta do que Aristóteles disse há milênios, quando o filósofo grego afirmava que a virtude deve ser desenvolvida como um hábito - assim, as ações virtuosas contêm em si mesmas o prazer de serem exercitadas, como qualquer bom hábito.

Por outro lado, a sociedade ocidental idolatra o egoísmo e a competição, em detrimento do altruísmo e da colaboração. É isso o que precisa mudar, garante Layard: "Naturalmente, há um lado profundamente egoísta na nossa natureza, mas é o trabalho de cultura apoiar o nosso altruísmo natural contra o nosso egoísmo natural."

Como fazer isto? No site de sua organização, ele lista os seus 10 Mandamentos para Felicidade, todos, segundo ele, fundamentados em experimentos científicos.

10 Mandamentos da Felicidade
  1. Faça um juramento de felicidade
  2. Faça coisas boas para os outros
  3. Crie um Grupo Local de Felicidade
  4. Faça três boas ações todos os dias
  5. Diga obrigado
  6. Observe o que há de bom ao seu redor
  7. Tenha uma mente alerta em tempo integral
  8. Descubra seus talentos e use-os
  9. Peça ajuda quando se deparar com problemas
  10. Ajude as crianças a desenvolver resiliência emocional
  11. Crie seus filhos de forma positiva
  12. Engage-se em obras voluntárias
 

O endereço do Projeto Ação para a Felicidade é www.actionforhappiness.org.



















Fonte
:Diário da Saúde
INOVAÇÃO Tecnológica
http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=como-ser-feliz-ciencia--propoe-receita-felicidade&id=6405
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

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