quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

DA EXISTÊNCIA DE DEUS E SUAS REVERBERAÇÕES


Da existência de Deus

e suas reverberações na conduta humana

Vinícius Fernandes Ormelesi    


SUMÁRIO: 1. Resumo . 2. Introdução. 3. A Religião. 3.1 O Misticismo Antigo. 3.2 As Crenças Monoteístas. 3.3 A Natureza da Religião. 4. A Moral. 5. A Existência de Deus. 5.1 Deus e a Religião. 5.2 Deus no pensamento filosófico. 6. O Questionamento de Ivan Karamazovi. 7. Conclusão. 8. Referências Bibliográficas     

1. RESUMO
O trabalho 
encerra uma exposição crítica 
sobre a repercussão da existência 
de e da crença em Deus.
 
A temática é avaliada no campo da conduta humana, principalmente no que concerne à religião, à moral, à ética e ao Direito. Como ensaio jurídico, o texto procura trazer as indagações para o mundo do dever-ser.

Palavras-chave: 
DEUS – RELIGIÃO – 
MORAL – ÉTICA – DIREITO   
 
2. INTRODUÇÃO
Este artigo tem o propósito de analisar o célebre questionamento do livro "Os Irmãos Karamázovi" de Dostoievski: 

"Se não há Deus, tudo é permitido?"

a luz da religião, da moral e da ética, mas, sobretudo, do Direito. Tais as etapas que deverão ser superadas para resultar, ao final, um aclaramento da questão.

O homem é um animal versátil.

Animado pelas emoções mais díspares e pelas razões mais disformes, dotado das virtudes mais belas e dos defeitos mais torpes. Mas, entre todos os sentimentos que povoam e consomem o interior humano, a fé é o mais interessante e controverso. 

Para firmar sua fé,
o homem instituiu a religião e depois,
para negá-la, criou a ciência.
 
Ora, religião e ciência passam a andar em sentidos diametralmente opostos, sendo vãs as tentativas daqueles que intentam buscar um equilíbrio. Tal fato não é de difícil percepção, quanto mais uma pessoa se aproxima da ciência, mais se afasta da religião. 

E o mundo caminha 
no sentido de construir um apartheid 
entre crentes e céticos.
(dóxa?)
Contudo, toda essa reflexão paira na imensa celeuma da existência ou não de Deus. Não se chegará nunca a um consenso? Pode-se aferir que Deus passou a existir no momento em que foi criado pelo homem ou no momento em que o criou e se fez perceber. Acredite-se ou não, enquanto alguém crer em Deus, ele existirá, e os outros, ainda que céticos, precisarão conviver com o fato de Ele existir para esse alguém.

Ao grande questionamento dos irmãos Karamázovi, não é a existência ou não de Deus que afeta os limites do possível, se o admitirmos como algo já criado, mas sim quais as consequências advindas da crença ou da descrença.

Deus, 
visto como um freio à conduta, 
como o grande julgador,(instrutor) é o conflito presente. 
 
A partir do momento em que o homem assume que não há nenhum ser superior que avaliará se seus atos foram ou não virtuosos, que barreiras haveria à plenitude do seu agir? Apenas à clava da lei caberá refrear os impulsos deste homem?  

3. A RELIGIÃO
O misticismo em que estava embebido o homem primitivo levou-o a estabelecer uma série de ritos a serem observados quanto aos funerais, ao casamento, e a outras cerimônias. O conjunto destes ritos se solidificou na religião. 

Os banquetes,
a manutenção do fogo sagrado no lar,
as libações aos mortos eram todos circundados
por uma atmosfera mística. 
 
Claramente, percebe-se como a família estava regida pela religião, uma vez que os laços só valiam se estivessem de acordo com o cerimonial religioso. Aos poucos foram aparecendo indivíduos encarregados de tais tarefas e de verificar se os deuses estavam satisfeitos (sacerdotes). 

Grave impiedade
era deixar extinguir-se o fogo do lar  [01].
 
De fato, desde os tempos mais remotos, o ser humano esteve ligado a figuras divinas. Fosse para explicar os fenômenos naturais que não compreendia, fosse para cultuar seus antepassados (o xintoísmo japonês é um exemplo) ou as grandes personalidades de seu povo (heróis), como muito bem apontado por Fustel de Coulanges.
Deuses da chuva, 
do vento, do fogo, da colheita 
atenderam às primeiras necessidades
idólatras dos homens. 

Posteriormente,
também a sabedoria, o amor, 
a morte, o sexo, ganharam figuras divinas.
Uma rápida olhadela nas grandes religiões da Antigüidade já nos basta para compreender esse fenômeno.

A religião antropozoomórfica (mescla de figuras humanas com de outros animais) egípcia tinha por deuses Rá (deus do sol), Osíris (deus dos mortos e do renascimento), Seth (deus do julgamento final que pesava o coração dos homens para deixá-los ou não adentrar no "paraíso", de acordo com a mitologia) dentre outros.

Os gregos elevaram o homem à categoria de divindade, pois seus deuses se pareciam com homens e sofriam com as mesmas paixões humanas. Zeus, Hades e Poseidon são alguns exemplos. Também as virtudes humanas são protegidas pelos habitantes do Olimpo, como a sabedoria (Atena) e a justiça (Themis).

Os hindus articularam uma religião muito parecida (politeísta) às duas mencionadas antes. Porém, o hinduísmo se concentrou em direcionar a vida humana, sendo uma religião embasada em leis (dharmas). Muitas vezes se confundido com a filosofia, o que também ocorre com o budismo e o taoísmo. Este primeiro, fundamentado na ideia de compreensão e superação do sofrimento inerente à condição humana, distancia-se bastante dos "mitologismos". O segundo se formou da mistificação dos ensinamentos de Lao Tse.

3.2 As Crenças Monoteístas
Os judeus foram os responsáveis pela criação de um deus ordenador (decálogo) através de leis rígidas e divinizadas, que exigia de seus filhos a obediência por serem o "povo escolhido", prometendo-lhes a salvação com a vinda do Messias. Sobretudo à moral e à religião judaica se devem as ideias de um deus transcendental e grande julgador. Os hebreus estatuíram uma religião monoteísta e direcionavam suas ações de acordo com os preceitos dela em face de um temor a Deus.

O cristianismo surgiu
dentro da ideia messiânica judaica e, 
como os judeus se negaram a reconhecer Cristo 
com filho de Deus, caminhou no sentido 
de se libertar da tradição hebreia, conforme a Bíblia. 

A ação de Jesus, 
sobretudo como pedagogo,
num primeiro momento atenuou o caráter jurídico 
da religião hebraica. 

Os judeus 
perdem o privilégio de povo escolhido,
e o cristianismo floresce num ideal
de disseminação da palavra de Deus 
a todos os povos.
 
Tendo abalado a lei mosaica e a moral judaica, o cristianismo pôde se desvincular da ideia messiânica e dar maior foco à ideia de salvação através da superação da morte com a ressurreição de Cristo. Com o trabalho de pregação dos apóstolos, sobretudo de Paulo, em pouco tempo a religião cristã se espalhou pelo Império Romano.

Outra vultosa religião monoteísta é a islâmica. 

Representa um retorno
ao monoteísmo absoluto e transcendental.
O islamismo prega a rendição (islam) 
do homem em face de Deus (Allah).
 
Tem sua base no Corão e Maomé seu principal profeta. Maomé, olhando para a enorme fragmentação política em que se encontravam os árabes, começa uma peregrinação direcionada a exultar a harmonização entre as regras jurídicas, morais e religiosas em torno de um único deus e legislador. Outra característica importante da religião maometana é a guerra santa (djihad), ou seja, o dever do islamita de levar o islã aos infiéis, belicamente se preciso.

3.3 A Natureza da Religião
Cabe agora analisar a natureza da religião após todo este apanhado histórico das religiões mais difundidas no mundo. O que têm em comum? Todas as religiões se apoiam em um elemento transcendental. Assim, a religião é metafísica. A crença se baseia em divagações e fabulações, procurando fazer o homem atingir um estado de transe de forma a induzi-lo a acreditar na existência de uma realidade paralela ou superior. No entanto, muitas vezes é a mera superstição, ou ainda a magia, que efetua essa tarefa. E para se alcançar esse estágio, utiliza-se até de meios como a hipnose e os alucinógenos.

A religião, 
como afirmado, brota de uma necessidade 
humana de explicar. 
 
Todavia, diferentemente da ciência, a "explicação" é pautada quase que apenas na crença. A crença é fortalecida pelo rito para conseguir perpetrar a dita explicação. 

Com muita propriedade, Henri Bergson afirma:   

 "A religião coage a disciplina.

    Para isso são necessários exercícios 
persistentemente repetidos, como aqueles 
cujo automatismo acaba por fixar no corpo do soldado
a firmeza moral de que terá necessidade na hora do perigo. 

Isso significa
que não há religião
sem ritos e cerimônias. 

A esses atos religiosos 
a representação
serve sobretudo de ensejo. 

Eles emanam 
sem dúvida da crença,
mas reagem logo sobre ela e a consolidam:
se há deuses é preciso dedicar-lhes um culto,
mas a partir do momento em que há culto,
é que existem deuses. 
[02]"

Outra necessidade e função é a de reconfortar o homem perante seus obstáculos, seus medos, suas angústias, sobremaneira a morte. O ser humano é obstinado pela vida, mas, por ter a razão, sabe(pensa) que morrerá. A mesma racionalidade que o possibilita saber que vive o assombra com a perspectiva da morte. Nada melhor que delegar à religião a resposta desse dilema.

E ela o resolve com a vida eterna,
com a reencarnação, com o paraíso após a morte.
Daí porque todas as religiões 
também circulam em torno da ideia da alma 
e de sua imortalidade.

A religião
também se apresenta como meio
de regular a convivência humana. 

Ela é a primeira forma de direito. 
Conforme aferido anteriormente, se há um procedimento religioso, ele precisa ser observado, se deve ser observado, converte-se em regra. Como uma norma pouca eficácia detém sem uma sanção, a religião também deve intimidar, atuando como mecanismo de controle. Evidente é a sua estreita relação com o direito.

Ora, a natureza da religião não é outra senão cultural, fruto da invenção humana. Contudo, o fato de a religião ser criação humana faz com que, por consequência, Deus também o seja? Aparentemente não, ele poderia existir já que as cerimônias, as preces, os sacrifícios e a veneração são produtos da obra humana não de Deus. Existindo Deus, o homem sabe como cultuá-lo? Ele deve ser cultuado? Ainda não podemos solucionar essas indagações, a existência de Deus será abordada no momento oportuno.

4. A MORAL
Muito ligada à religião está a moral. Mas, ao contrário da primeira, ela não se circunda de elementos místicos e transcendentais. Mais palpável e fruto da convivência social, a moral está assentada na ideia de obrigações devidas pelos membros da sociedade entre si. Contudo, diferentemente das leis positivas, a coação não é exercida por meio de um ente superior (Estado), mas pela própria comunidade. A observância da moral implica numa ideia de reciprocidade; referente a um modo de agir.

A palavra moral 
vem do latim mores 
que significa costume.
 
Ela compreende o conjunto de normas aceitas como boas por determinado grupo humano num espaço e num tempo. Daí sua enorme conexão com o Direito. Divide-se em moralidade objetiva e subjetiva; a objetiva cuida do sistema racional de determinações da Ideia que está relacionada à subjetiva que opera na vontade [03]

A ética seria a ciência da moral.

Fato é que a regra moral muitas vezes não é observada, como qualquer norma.

A moral platônica 
se resume à exaltação 
das quatro grandes virtudes:
a sabedoria, a temperança, a fortaleza e a justiça 
levadas a dominar o espírito humano 
irascível e concupiscente [04]

A moral de Aristóteles 
está centrada na afirmação do homem
como ser racional; suas ações seriam morais
se fossem racionais.

Ele também associa a moral à política [05]
 
Vistas essas duas elucidações, não nos cabe aqui analisar o emaranhado de preceitos morais de cada época ou pensador, mas sim uma exposição breve sobre o cerne da questão que cumpra com o objetivo do tema proposto. 

5. EXISTÊNCIA DE DEUS
A ideia de Deus 
é a pedra angular da religião. 
(religação-autoconhecimento)

Todavia, o uso que a religião faz da noção divina não comunga da hipótese metafísica da existência de Deus. Foi visto que a religião procura desvendar a ideia de Deus em próprio benefício, ou seja, justificar-se. A religião se torna uma popularização de Deus. Convém que se detalhem um tanto mais essas assertivas.

A religiosidade não advém da ideia de Deus. Conforme o analisado anteriormente, a religião é uma invenção humana. Ora, ela existe mesmo sem existir Deus. É um conjunto de rituais. Há variadas formas de religião cada uma cultuando algo. Interessam-nos as que rendem devoção a um ser superior – Deus. Assim, quando dissemos que Deus é a pedra angular da religião, referíamo-nos àquelas transcendentais. Estas sim requerem uma explicação de Deus para se perpetuarem.

5.2 Deus no pensamento filosófico
Afirmamos que a noção metafísica de Deus não coincide em geral com a apresentada pela religião [06]. Mas qual é ela? 

Em Platão, a metafísica
seria o domínio das ideias
portanto, a noção de divino repousava
na perfeição, na ideia de Bem 
(Eternamente criado,revivido)
[07]

Deste modo, Deus seria o vértice 
donde proveria a realidade concreta, 
contudo deformada  
[08]
 
Com Aristóteles, a noção de Deus se aprimora. Começa com a teoria da potência (possibilidade e capacidade) e do ato (realidade) unidas na mudança da matéria para a forma. Dentro desta síntese, ele explica a realidade física e propõe um motor, ou seja, algo que faça essa síntese ocorrer já que a matéria não tomaria forma sozinha, estabelecendo como primeiro motor Deus [09].

Na Idade Média,Santo Agostinho 
desenvolve o entendimento de Deus
a partir da orientação platônica do Bem 
como convergência da ação de Deus 
como ser perfeitíssimo 
[10]
 
São Tomás de Aquino,
ao contrário de Agostinho, 
que detinha uma visão apriorística do ente divino maior,
concebe Deus, a posteriori, como o fizera Aristóteles. 
Para ele, Deus é apenas cognoscível 
por demonstração (cinco provas
e da noção de primeiro motor,
Tomás de Aquino o estabelece como criador 
[11].

No Renascimento,
as concepções de Deus se tornarão 
apenas reedições do platonismo em Tomás Campanella 
e do aristotelismo como nos pensamentos de Bruno.

O Deus da renascença 
é imanentista e humanista, 
negada a possibilidade de uma religião verdadeira 
que o compreenda totalmente. 

Também nessa fase
a ciência começa a se desvencilhar 
da Filosofia (Galileu Galilei).

Com o racionalismo 
de Descartes e de Spinoza,
Deus novamente passa a habitar o mundo 
das ideias de onde provém todo o raciocínio.

Malebranche 
reafirma o pensamento ontológico
nos moldes neoplatônicos.

Leibniz estabelece
um sistema de átomos espirituais (mônadas
como criadores de tudo, regulados por Deus.

Com o empirismo,
Bacon, Hobbes e Locke trazem
o materialismo de volta para a metafísica, 
negando a veste transcendental divina. 

Com Hume, 
toda a religião natural é demolida 
[12].

Essas correntes dominaram
o cenário do Iluminismo europeu, 
que desembocou na Revolução Francesa.

Modernamente,
Kant apresenta a existência de Deus 
como um postulado, como uma necessidade 
lógica dentro da moral subjetiva 
[13] 

. Refutando a religião mística,
Hegel pondera que em prol do Estado 
ela pode existir e mesmo ser praticada  
[14].  
Assim sendo, ele admite em seu pragmatismo a fé e, se voltada ao Estado, a recomenda. O Deus de Hegel é o Estado. Com Marx a religião será abnegada com todas as forças. Karl Marx exulta a capacidade humana, e como Feuerbach, transforma a criatura em criador. No comunismo marxista não havia lugar para um ser supremo [15].

Por fim, encerrando a exposição metafísica da existência de Deus, convém dar a palavra a Michele Federico Sciacca, que, inferindo ser o universo em si absurdo,(***) pronuncia:
"Segue-se daqui que o sentido absurdo do real, que tratamos de descobrir, não pode ser imanente à realidade finita. Se assim fosse, não se pensaria na hipótese ‘Deus’, já que o objeto de nossa investigação seguiria sendo a realidade mundana. Portanto, só o conceber da hipótese já dá uma orientação em outra direção: na da existência do Ser ‘transcendente’. Em consequência, a colocação racional parece ser a seguinte:
a) existe a realidade finita e contingente;
b) como tal, suscita a hipótese da existência do Ser existente por si e princípio daquela realidade;
c) portanto, o ser existente por si não pode ser procurado entre os entes finitos, nenhum dos quais é absoluto e incondicionado, nem tampouco pode ser buscado na unidade e na totalidade (no ‘mundo’) dos entes finitos – Deus, como unidade impessoal, é a mais pobre e inerte das ficções –;
d) entes finitos estes que, todos contingentes, atestam uma dependência comum. [16]"
A racionalidade humana não concebe o absurdo(***), sobretudo quanto ao problema da origem, pois que Deus se torna explicável e necessário para apaziguar a mente humana. A hipótese Deus é razoável. 

6. O QUESTIONAMENTO DE IVAN KARAMAZOVI

É neste ponto para que toda a divagação exordial converge a fim de se tentar elucidar a indagação aventada. Ora, do que foi explanado sobre a religião, a moral e Deus é possível perceber porque essa temática causou e causa tamanho rebuliço entre os filósofos. O que estaria Ivan Karamazovi querendo afirmar, ou deixar implícito, quando disse que se não houvesse Deus tudo seria possível?

A metafísica apontou-nos 
a existência de um Ser incondicionado, 
consciente e auto-suficiente e chamou-lhe Deus. 

Mas seria o mesmo Deus 
a que se referia Ivan?
 
Chega-se ao ponto crucial da abordagem que ensejamos fazer. Ivan era um humanista, estava ele provavelmente se referindo ao Deus transmutado da religião, sobretudo a cristã, que é vinculado ao grande juiz. Evidente a presença de uma negação da moral religiosa, pois, não havendo Deus, todos os ritos, todos os costumes cairiam por terra e a religião restaria inerte. Ora, foi apurado que a moral atua sobre o homem como um freio, uma vez que tem caráter essencialmente restritivo-normativo. Assim, que obstáculos poderia haver à prática de todo o agir?

Contudo, não haveria o Direito de reger e se encarregar de julgar tais atitudes? De certo que sim, no entanto, escapando-se à espada da justiça o agente não teria qualquer norma que lhe ditasse sanção. Também a moral seria inútil. Inexistindo o Ser supremo dotado de onisciência e onipotência, a plenitude da ação humana seria repleta. É isso que afirma a personagem de Dostoievski. E ele completa com a negativa da existência de Deus.

Por outro lado, as conjecturas do presente estudo já nos evidenciaram que a hipótese Deus é razoável. Porém, admitindo-se que não fosse, ainda haveria barreiras à plenitude do agir? De certo, a Ética nos ensina os valores que precisamos preservar, não porque temamos a Deus, mas pelo fato de sermos humanos. 

O fundamento ético pressupõe um modelo de vida no qual o homem possa, melhor, consiga e queira julgar, decidir ou condenar com justiça, estimar ou crer no bem e na virtude e separar, escolher ou comparar o bom e o ruim, o certo e o errado. Claramente subjetiva, uma vida ética é rodeada de princípios e a escolha do ser em querer ou não segui-los determinará se é ou não ético.

A Ética reside 
na consciência humana, 
pois todo ser é dotado 
da capacidade de discernimento.
 
Como ciência principiológica por excelência, ela orienta as ações do homem. Os princípios éticos são normas axiológicas porque exigem um juízo de valor para serem compreendidos e aplicados. Assim, quais seriam os grandes valores éticos? 

A verdade, 
a justiça e o amor [17].

Verdade 
é aquilo que é certo e inspira
confiança e fidelidade. 
 
A justiça, como consagrada por Platão, consiste em não fazer aos outros o que não se quer para si, é a virtude que serve aos outros e não ao sujeito. Outra visão da justiça, que implica em uma relação clara de alteridade, repousa na afirmação de Leonard Nelson:

"Nunca ajas de tal maneira 
que não aprovasses tua ação 
se todos os interesses afetados 
fossem os teus [18]".

O amor 
é o grande dom da humanidade.

Nas palavras de Fábio Konder Comparato, é "uma doação completa e sem reservas, não só das coisas que nos pertencem, mas da nossa própria pessoa. Aquele que ama torna-se despossuído de si mesmo: ele nada retém para si, mas tudo oferece ao outro [19]".

A razão de estes princípios precisarem ser observados é da própria matriz teleológica humana, a felicidade [20]. Ninguém pode ser feliz sem verdade, justiça ou amor; nós precisamos de tudo isso e por essa causa devemos procurá-los e praticá-los. É um imperativo da condição humana, quase que fisiológico.

Respondendo à interrogação inicial, não é Deus que cerceia a atividade humana, mas a própria ação humana e seu modo de viver, a sociedade. Assinalar Deus como responsável é descabido e não próprio da racionalidade do homem. Derisi explica assim: "porque não tem o conceito próprio de Deus, a inteligência pode ver e a vontade atrás dela pode querer o bem em si, sua felicidade, em um bem fora do verdadeiro bem [21]" (tradução nossa), o bem real é Deus, portanto é próprio do homem terreno ter sua inteligência ofuscada. Contudo, o mérito da Ética também é abraçar esse homem e fazê-lo cumprir seus preceitos. Ainda assim, os que se recusam a aceitar a Ética, dificilmente fogem do seu mínimo, o Direito. 

7. CONCLUSÃO

Um trabalho acerca de tema tão amplo não se encerra facilmente. Longe de esgotar o tema, espera-se ter conseguido demonstrar três aspectos importantes. Primeiro, a evidente relação da temática com o mundo jurídico, tornada clara na proximidade da moral e da religião com o Direito e também a congruência que uma análise sobre a conduta do homem possui com o mundo do dever-ser, palco honorário das divagações sobre os elementos normativos, subjetivos e coativos que a circundam.

Também, a sensível diferença existente entre o Deus metafísico e o Deus religioso, manifestada na racionalidade como grande divisora de águas, conquanto a Teologia, sobremaneira a cristã, tenha se esforçado para embasar racionalmente o conceito místico de Deus.

Esse Deus teológico
pode ser aceito, mas a mística 
deve ser rechaçada. 
 
Outro ponto, e o final, 
é a importância da Ética como mantenedora 
de um sistema normativo-principiológico paralelo, 
sem recorrer a figuras transcendentais como Deus 
ou à coercitividade jurídica, e atuante sobre a conduta humana.

Li
***
A vida é o mais belo absurdo
- um bebê sempre nascendo
à brincar de crescer
perpetuamente
na  luz.
ART

Fonte:

JUS Navigandi
  file:///C:/Documents%20and%20Settings/ATR%202010/
da-existencia-de-deus-e-suas-reverberacoes-na-conduta-humana.htm
Elaborado em 12/2008.

Página 1 de 1
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.
 

REVOLUÇÕES TEÓRICAS



Teoria das supercordas 
ganhou importância após sucessivas reinterpretações,
que deverão continuar no futuro, diz 
o premiado físico Edward Witten, da Universidade 
de Princeton, que foi homenageado pela Unesp

Entrevistas

Revoluções teóricas

17/02/2011

– Desde sua origem no fim da década de 1960, a teoria das supercordas passou por inúmeras reviravoltas. Em vários momentos ganhou novas interpretações, até se tornar a mais bem-sucedida resposta, até hoje, para um dos maiores desafios da física contemporânea: unificar a teoria da relatividade geral e a mecânica quântica.

Mas essa movimentada trajetória histórica está longe de chegar ao fim, segundo o físico norte-americano Edward Witten, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton, que recebeu na última segunda-feira (14/2), em São Paulo, o título de doutor honoris causa da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Para Witten, que é considerado um dos mais importantes físicos teóricos da atualidade, a teoria das supercordas deverá ganhar novas interpretações no futuro, adquirindo dimensões – e consequências teóricas – que ainda são completamente imprevisíveis.

“A teoria da supercordas alcançou um nível de desenvolvimento que, em cada um de seus estágios anteriores, ninguém jamais poderia conceber. Mas o processo de compreender o que realmente significa a teoria das supercordas ainda tem um longo caminho pela frente. Acredito que não estamos nada próximos de ver o fim desse caminho”, disse à Agência FAPESP.

Desenvolvida a partir do fim da década de 1960, a teoria das supercordas é um modelo físico no qual os componentes fundamentais da matéria não são os pontos sem dimensão que caracterizavam as partículas subatômicas na física tradicional, mas objetos extensos unidimensionais, semelhantes a uma corda. Dependendo do “tom” da vibração dessas cordas, elas corresponderiam a cada partícula subatômica.

Witten é o criador da Teoria-M, que unifica as cinco diferentes teorias das supercordas existentes anteriormente. O termo foi cunhado pelo cientista em 1995 e desencadeou a chamada “segunda revolução das supercordas”.
A Teoria-M determina que a matéria é formada por membranas e que o universo flui através de 11 dimensões: o tempo, a altura, a largura, o comprimento e mais sete dimensões “recurvadas”, com outras propriedades.

Ao longo de sua carreira, Witten recebeu alguns dos principais prêmios de sua área, incluindo a Medalha Isaac Newton, o Prêmio Lorentz da Academia de Ciências Holandesa (ambos em 2010), o Prêmio Henri Poincaré (2006), a Medalha Fields (1990) – considerada o Nobel da Matemática –, a Medalha Albert Einstein (1985) e o Prêmio Dirac (1985).

Após a cerimônia de titulação, no Instituto de Artes da Unesp, o pesquisador norte-americano apresentou a palestra “A teoria das cordas e o Universo”, abrindo o segundo Joint Dutch-IFT School on Theoretical Physics, que será realizado até o dia 18 de fevereiro. O evento, organizado pelo professor titular do Instituto de Física Teórica (IFT) da Unesp Nathan Jacob Berkovits, terá a participação de 27 alunos de doutorado da Holanda.

Berkovits, um dos principais especialistas em supercordas no Brasil, coordena o Projeto Temático "Pesquisa e ensino em teoria de cordas", financiado pela FAPESP. O projeto aglutina um esforço global para promover avanços na área, envolve uma série de parcerias internacionais e promove visitas de especialistas estrangeiros e intercâmbio de alunos do Brasil e do exterior.

Das interações subatômicas à gravitação quântica
De acordo com Witten, o processo de mudanças de interpretação que deu à teoria das supercordas novos significados, aumentando sua importância ao longo do tempo, está longe de terminar. “Ainda não podemos nem conceber o fim dessa jornada”, disse.

Os físicos consideram que a origem da teoria das supercordas remonta à formulação da Amplitude de Veneziano. A descoberta, realizada em 1968 pelo italiano Gabriele Veneziano, sugeria que a amplitude de espalhamento explicava propriedades físicas, como a simetria e a dualidade, da interação forte entre as partículas subatômicas denominadas mésons.

“Só me envolvi com a teoria das supercordas no fim da década de 1970, por isso não sei o que teria pensado sobre essa descoberta na época. Mas, olhando retroativamente, acho surpreendente que essa pequena fórmula tenha se tornado o ponto inicial de algo tão significativo”, afirmou Witten.

Segundo ele, a proliferação de ressonâncias das partículas subatômicas, ou hádrons, levavam os físicos ao desespero quando tentavam descrever as interações fortes entre elas. “A descoberta de Veneziano sugeria que, se havia tantas ressonâncias de partículas, o espalhamento ressonante poderia ter um papel importante na interação dos hádrons”, explicou.

A partir daí, segundo ele, desenvolveu-se a ideia de que um méson é uma pequena corda com cargas em suas extremidades. “As ressonâncias dos mésons, que correspondem aos polos da amplitude de Veneziano, seriam estados vibratórios dessas cordas”, disse Witten.

No entanto, a amplitude de Veneziano gerou descrições das interações fortes entre partículas que são corretas apenas do ponto de vista quantitativo. Outras descrições melhores surgiram e, por alguns anos, a teoria das supercordas ficou no ostracismo.

“Desenvolvimentos posteriores mostraram que o aparente fracasso da teoria das supercordas para explicar as interações fortes não era definitivo. As outras descrições melhores aparentemente eram equivalentes a uma parte ainda não descoberta da teoria das supercordas”, afirmou Witten.

O principal motivo para a sobrevivência da teoria, no entanto, é que, se ela era insuficiente para explicar as interações fortes, havia um outro problema da física para o qual ela estava correta: a gravitação quântica.

“A mecânica quântica e a gravidade existem no mundo real e, por isso, precisamos de uma teoria da gravitação quântica. Mas ela não pode ser compreendida com os algoritmos convencionais. A teoria das supercordas tinha as características para isso”, disse.

Depois da formulação da Amplitude de Veneziano, segundo Witten, descobriu-se que a teoria era incompatível com a massa que se atribuía às partículas. Alguns físicos, então, foram ousados o suficiente para propor que a teoria das supercordas havia sido mal interpretada: as cordas eram muito menores do que se havia imaginado e descreviam gravitação quântica. “Com isso, a teoria foi conduzida novamente para uma nova direção que não poderia ter sido prevista antes”, disse.

Supersimetria e supergravidade
Esse processo de transformação continuou ao longo dos anos e uma das consequências desse desenvolvimento foi perturbadora: a teoria estabelecia que o Universo deveria ter dez dimensões espaciais, além do tempo.

“Isso deve ter parecido uma piada, na época. Mas, quando a teoria foi reinterpretada como uma candidata para unificar todas as teorias de partículas e forças elementares, as dimensões extras deram abertura para que se derivasse toda a complexidade do mundo real a partir de um ponto inicial”, disse Witten.

Os físicos descobriram então a supersimetria, descoberta que o norte-americano considera como a principal contribuição que a teoria das supercordas trouxe para prever tudo de novo que pode ser descoberto na física de partículas.

“A supersimetria levou ao tema extraordinariamente rico da supergravidade – que é a consequência da supersimetria ao descrever a gravidade. A supersimetria e a supergravidade são na verdade o topo de um iceberg muito maior: a teoria das supercordas se baseia em um novo tipo de geometria que nós ainda não entendemos”, afirmou.

De alguma maneira, segundo Witten, existe um novo tipo de geometria que não permite que se fale de “pontos” ou “linhas” no espaço-tempo, mas na qual se pode falar de superfícies mínimas quânticas.

“Depois disso, alguns físicos começaram a se perguntar: por que parar nas cordas? Por que não membranas? Havia uma boa resposta para isso: as cordas funcionam melhor que as membranas por causa das propriedades únicas dos números complexos. Mas, agora, sabemos que as membranas e os objetos de maior dimensão não são parte de uma teoria alternativa. São, de fato, parte da teoria das supercordas”, afirmou.

Enquanto isso, outra ideia era desenvolvida para desafiar os paradigmas então estabelecidos pela teoria das supercordas: a dualidade eletromagnética. Em meados da década de 1990, várias pistas sugeriam que a simetria entre os campos elétricos e magnéticos tinham importância estrutural para a teoria das supercordas.

“A implicação mais direta era o fato de que a dualidade eletromagnética é importante na supergravidade. As várias vertentes – como as membranas e a dualidade eletromagnética – foram integradas na metade da década de 1990, gerando um novo paradigma”, ressaltou.

A partir daí, a teoria só pode ser compreendida em termos de mecânica quântica. “Mas ela não podia ter apenas uma ‘roupagem quântica’. Para entendê-la, seria preciso, de certa forma, que ela desse uma nova interpretação do que significa a mecânica quântica”, disse.

Sendo assim, de acordo com Witten, chegou-se a um novo paradigma: só havia uma teoria das supercordas e ela se tornara a única candidata à superunificação das leis da natureza.

“Na década de 1990, a visão predominante sobre o que significa a teoria das supercordas e sobre como se pode tentar entendê-la foi, mais uma vez, imensamente amplificada. Podemos perguntar: o que vem agora? 
Qual a próxima grande mudança de perspectiva?
Difícil saber. Talvez já tenha havido, na última década, mais uma mudança de interpretação na teoria, mas é difícil identificá-la sem o devido distanciamento”, disse.
 De acordo com a mecânica quântica, uma partícula e uma antipartícula podem, momentaneamente, aniquilar uma à outra, produzindo um fóton. O lugar da interação é fixo e imutável: independe da posição ou movimento do observador.

Duas cordas podem se colidir e emergir numa terceira corda. Neste caso, o local exato da interação depende da posição e velocidade do observador.

Outras dimensões:

Em 1919, um desconhecido matemático polonês, Theodor Kaluza, teve a coragem de desafiar o óbvio - sugeriu que o universo pode não ter, na verdade, somente 3 dimensões espaciais; pode ter mais! 

Quando, em abril de 1919, enviou seu artigo, recebeu um não do editor, A. Einstein: "At first glance, I like your idea enormously;(...). I have read through your paper and find it really interesting. (...) On the other hand, I have to admit the arguments do not appear convincing enough: . Mas, em outubro do mesmo ano, Einstein mandou outra carta, autorizando a publicação do artigo.


 
A teoria das Supercordas 
clama a existência de mais dimensões
- algo entre 10 a 12. 
Estas dimensões são curvas e muito pequenas (próximas ao comprimento de Plank) que não as detectamos em nosso nível macroscópico. Dentre todas as dimensões existentes, apenas 4 (o tempo e 3 dimensões espaciais), se expandiram após o Big Bang

8 dimensões curvas? Pense num ponto. Por definição, ele não tem nenhuma dimensão. Se esticarmos este ponto, ele se torna uma linha, com uma dimensão (comprimento). Se aumentarmos a espessura da linha, ela ganha uma nova dimensão - uma dimensão curva, circular. Se quisermos definir a posição de um ponto sobre a linha, precisamos definir sua posição em relação ao comprimento da linha e à sua espessura.
Segundo a teoria das supercordas, além das familiares 3 dimensões - largura, comprimento, e altura (x,y,z), o espaço tem mais várias dimensões, todas curvas; a forma deste "amontuado" de dimensões curvas é conhecida como "Calabi-Yau space", em homenagem a dois matemáticos, Eugenio Calabi e Shing-Tung Yau, que, em 1957 e 77, respectivamente, que fizeram descrições matemáticas de espaços multi-dimensionais.

Em suma, quando movemos nossa mão da esquerda para a direita estamos percorrendo, não só uma, mas várias dimensões ao mesmo tempo. Estamos ciente de uma delas; as outras são tão microscópicas que nem o mais potente microscópio pode detectar.


Os conflitos na unificação

Nascem vários problemas quando se tenta combinar a Teoria Geral da Relatividade com a Teoria de Campo Quântica. O primeiro é o surgimento de infinidades nos cálculos quânticos - coisas como probabilidades infinitas ou negativas. Se trocarmos as partículas pontuais por cordas vibrantes, o problema desaparece.
Outro está relacionado ao "tecido" do espaço-tempo. De acordo com a teoria geral da relatividade, o espaço-tempo é, na ausência de um corpo com massa, liso e uniforme. Mas, na teoria quântica, uma olhada mais de perto (na escala do comprimento de Planck) o espaço-tempo se mostraria como um mar rebelde, devido ao "frenesi" quântico - lembra do experimento da partícula na caixa? (John Wheller utilizou o termo "espuma quântica" para definir o universo observado ultramicroscopicamente). Em suma, a noção de uma geometria espacial lisa e uniforme, o princípio central da relatividade geral, é destruída pelas violentas flutuações do mundo quântico em escalas menores. Em outras palavras, ocorre um conflito entre o Princípio da Incerteza de Heisenberg e o Espaço-Tempo de Einstein.
 
 De onde vêm as 4 forças que conhecemos? 
De onde vêm as partículas que detectamos?  
Por que as partículas tem carga? 
Qual é a natureza do espaço-tempo e gravidade?

Nenhuma teoria conseguiu, ainda, encontrar respostas satisfatórias para todas estas perguntas. Está surgindo, entretanto, uma nova forma de olhar para o universo: a teoria das supercordas não só encontra uma elegante resposta unificada, para todas as perguntas acima, como também nos apresenta um mundo muito diferente do qual pensamos viver. QMCWEB traz para você um resumo desta teoria, seus pontos fortes e fracos, e a opinião de alguns sérios cientistas sobre o assunto

 

De acordo com a teoria das SuperStrings
os ingredientes do universo não são partículas pontuais 
- tal como aprendemos na escola. Ao contrário, 
os ingredientes são finos e minúsculos filamentos,
que vibram de acordo com sua energia.

Estas cordas podem ser abertas ou fechadas (tal como uma borracha de dinheiro). Todas as partículas fundamentais são, na verdade, formadas por filamento(s) que vibram; de acordo com o modo de vibração das cordas, surgem suas propriedades (massa, energia, carga, etc.). Estas cordas são tão pequenas (na escala do comprimento de Plank - 10-33cm - e extremamente rígidas: uma tensão de 1039 toneladas. Vistas com os instrumentos hoje disponíveis, estas cordas pareceriam pontos. Os diferentes padrões vibracionais das cordas dão origem a diferentes massas e diferentes cargas.

Outras dimensões:

Em 1919, um desconhecido matemático polonês,

Theodor Kaluza, teve a coragem de desafiar o óbvio 
- sugeriu que o universo pode não ter, na verdade, 
somente 3 dimensões espaciais; pode ter mais!

Quando, em abril de 1919, enviou seu artigo, recebeu um não do editor, A. Einstein:

"At first glance, I like your idea enormously;(...). 
I have read through your paper and find it really interesting. (...) 
On the other hand, I have to admit the arguments 
do not appear convincing enough: 
 
. Mas, em outubro do mesmo ano,
Einstein mandou outra carta, 
autorizando a publicação do artigo.
 
   QMCWEBperguntou
No exemplar 11, perguntamos:
"Quantas dimensões tem o nosso universo? "
68 % = 3 dimensões
25 % = 4 dimensões
7% outros (zero, infinitas, ...)


A teoria das Supercordas 
clama a existência de mais dimensões
- algo entre 10 a 12.
Estas dimensões são curvas e muito pequenas (próximas ao comprimento de Plank) que não as detectamos em nosso nível macroscópico. Dentre todas as dimensões existentes, apenas 4 (o tempo e 3 dimensões espaciais), se expandiram após o Big Bang.

Se esticarmos este ponto, 
ele se torna uma linha, com uma dimensão (comprimento).
Se aumentarmos a espessura da linha, 
ela ganha uma nova dimensão 
- uma dimensão curva, circular.(***)

Se quisermos definir a posição de um ponto sobre a linha, precisamos definir sua posição em relação ao comprimento da linha e à sua espessura. Segundo a teoria das supercordas, além das familiares 3 dimensões - largura, comprimento, e altura (x,y,z), o espaço tem mais várias dimensões, todas curvas; a forma deste "amontuado" de dimensões curvas é conhecida como "Calabi-Yau space", em homenagem a dois matemáticos, Eugenio Calabi e Shing-Tung Yau, que, em 1957 e 77, respectivamente, que fizeram descrições matemáticas de espaços multi-dimensionais.

Em suma, quando movemos nossa mão da esquerda para a direita estamos percorrendo, não só uma, mas várias dimensões ao mesmo tempo. Estamos ciente de uma delas; as outras são tão microscópicas que nem o mais potente microscópio pode detectar.

Realidade ou Abstração Matemática?
Embora não exista qualquer evidência experimental que sustente a teoria das supercordas, milhares de artigos científicos já foram publicados. Centenas de pesquisadores, no mundo inteiro, utilizam o dinheiro público para pesquisar surpercordas. Seria o nosso universo tão fantástico e bizarro quanto o descrito pelas supercordas? Ou tudo não passa de abstrações matemáticas, sem correlações com o mundo real? Vejamos o que pesquisadores de renome tem a dizer:

Sheldon Glashow
(ganhador do prêmio Nobel da Física): "The theory depends for its existence upon magical coincidences, miracolous cancellations and relations among seemingly unrelated fields of mathematics. (...) Should string theorists be paid by physics departments and allowed to pervert impressionable students?"

Richard Feynman: "The fact that a theory gets rid of infinities is to me not a suficient reason to believe its uniqueness"


Howard Georgi
(colega de Glashow): "I'm much happier now to see people spending their time on string theory since I can now see how something usefull will come out of it"


(***)  
Assim como 
Theodor Kaluza, teve a coragem de desafiar o óbvio 
eu arrisco dizer que :
"As supercordas,são formadas 
de pontos luminosos (fotons?) empilhados,
numa dupla de 10 tijolinhos triangulares
de modo que cada corda é uma minúscula reta 
composta de 20 mini-triângulos 
que agem dispostos na vertical
- cada corda-reta verticalizada é na verdade 
um ponto de uma  espiral,
que por sua vez ,atua tal ponto individuado 
na composição(poro) da Grande Espiral-Mãe
 que sai da fonte de luz e se expande independente 
para agir, introduzir no meio,nos corpos, numa espécie 
algo de "consciência original " 
à gerar novo capítulo,tal nova ferramenta capacitante
para evolução do processo iniciado
daquilo que rústica e primitivamente já existia.

Simplificando:
A Grande Espiral-Mãe-Supercorda
(Semente-sementeira)
feito um colar plasma no espaço ,
faz-se lápis  a desenha-se abrindo seu caminho circular
 alonga  multiplicando sua simetria,
pontuada dos cristais empihados (~20)
os poros formadores de seu próprio corpo
- mira às enzimas donde quer ou precisa reformatar 
transformar ou modificar, num burilamento infalível.

Esta é a estrutura 
corpórea-material da Consciência
- movente especializada no agir  de seu estado puro
- entra ,transforma e sai sem se perder,
como uma nave a despejar suprimento indestrutvel,
por sua vez uma liga de som essencial ,
nova página-partitura energética para a corrente enzimática,
a catalizadora de diversas funções intelectuais, 
memória, associação de ideias, abstração, 
generalização, interpretação e distinção fidelíssima
a ser operada em cada molécula componente 
na/da continuidade melódica à ser executada ,a mantenedora
do grande espetáculo  vívido então nascente.

Esta é a ordem metafísica
retratada à apresentação na matéria,
num lampejo do espírito creador em tempo real 
sobre a memória
que se distende em nova percepção e instrumentação
das ações , sentidos  mais inteligíveis destinadas
ao trabalho diretivo e ordenador , otimizando 
uma "forma" de reconstrução do mundo.

O Objeto-Nave-Consciência,
nele mesmo,pitoresco percebível: é uma imagem,
mas uma imagem que existe em si.
- É  o reentrelace  geratriz original
pleno no agir da sua função intransferível
monitorando e abastecendo cada elemento,
reorganizando substâncias  compositoras de super ações.

"A experiência está ao alcance de todos...
sem dificuldade em se representar a substancialidade do EU 
como própria duração, essa continuidade indivisível 
e indestrutível de uma melodia em que o passado entra no presente 
e forma com ele um todo indiviso,e mesmo indivisível
apesar do que aí se acrescenta a cada instante,
ou melhor,graças ao que se acrescenta."
Um pensador profundo,
vindo das matemáticas para a filosofia,
verá um pedaço de ferro como uma
"continuidade melódica" 
(Bergson)




Li

Fonte:


Agência FAPESP
URL: agencia.fapesp.br/13467
http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/super_cordas.html 
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.