quarta-feira, 31 de julho de 2013

PIERRE TEILHARD DE CHARDIN- PRESENÇA DE DEUS



J.S.Bach - As Suítes  para Orquestra - 82min

 
Pierre Teilhard de Chardin 



Necessidade de Futuro e Teilhard de Chardin 

Acontece agora quase todos os dias, constatar que em cada visão de sociedade, mas também do cosmo, da natureza, o que está faltando ou o que falta é a perspectiva de um futuro que faça sentido e dê sentido também ao agir de cada dia. Há uma necessidade lancinante de futuro, porque é o futuro que dá esperança, que faz nascer e nutre projetos, e faz-nos dizer que vale a pena viver, mesmo fazendo sacrifícios e aceitando renúncias.

O artigo é de Vittorio Cristelli, publicado pela revista “Vita Trentina”, 13 de janeiro de 2013. A tradução é de Anete Amorim Pezzini.

Também o mundo da fé necessita dessa perspectiva que não vai ser deixada para outra vida após a morte, mas incide e opera diretamente no presente. Nesse contexto e imbuído dessa sensibilidade que eu li que foi realizado em Roma, entre 9 e 10 de novembro passado, uma conferência europeia sobre Pierre Teilhard de Chardin, o teólogo cientista jesuíta que polariza seus pensamentos sobre o futuro. É notória sua definição de Cristo como ponto final (ele o chama de “Ponto Ômega” – última letra do alfabeto grego) em direção ao qual caminha não somente a humanidade, mas todo o universo. Ele já havia intuído há sessenta anos os fenômenos globais que hoje nos circundam, e via a vida, mas também o universo, como um movimento criativo operado por Deus, mas ainda em ato e não ainda concluído. Citei no Natal a sua célebre frase: “A tragédia de tantos cristãos de hoje é que não esperam mais ninguém”.

É preciso dizer-se que esse seu pensamento foi visto como suspeito também pela Igreja. É bem conhecido e não foi ainda retirado o “Monitum” do Santo Ofício que não confiava ao falar de Teilhard de Chardin nos institutos de formação religiosa. Agora a conferência sobre seus pensamentos foi realizada na Universidade Gregoriana de Roma com a presença constante de seu reitor, que também celebrou para os participantes a “Missa sobre o Mundo”. Há mais. À conferência também veio a mensagem do cardeal Ravasi, presidente da Comissão Cultura da Santa Sé, e a palestra foi realizada pelo cardeal Poupard. Um renascimento em grande estilo, também porque foi uma realidade e todos viram a influência que o pensamento de Teilhard de Chardin teve sobre o Concilio Vaticano II, de modo particular na Constituição “Gaudium et Spes”, sobre as relações da Igreja com o mundo contemporâneo.

O pensamento desse jesuíta e místico é útil, sobretudo na comparação entre a mensagem do Evangelho e os resultados mais recentes da investigação científica: a neurociência e a concepção holística, vale dizer, global, do universo.

Da conferência, emergiu que Teilhard de Chardin poderia mesmo, pelo seu esquema evolutivo, ser o teólogo do Terceiro Milênio, com desenvolvimentos interessantes também para o diálogo com as religiões orientais, especialmente com o hinduísmo. Exatamente como São Tomás de Aquino, com sua recuperação de Aristóteles, foi o teólogo do Segundo Milênio.

No momento, não se sabe como as coisas evoluirão. O que, porém, interessa-me revelar aqui é a função que a projeção do futuro e depois a esperança podem ter sobre os novos crentes, sobre nós, cristãos, tentados, pelas próprias dificuldades, em fecharmo-nos em nós mesmos ou de delegar tudo para o além.

E encerro com a notória representação de Charles Péguy. Sabemos que a virtude-chave para o cristianismo são a fé, a esperança e a caridade. Sabemos também com São Paulo que a caridade, o amor é a maior das virtudes, porque durará também depois que a fé e a esperança acabarem.
Também a caridade está em movimento. Assim, Péguy disse que a fé e a caridade são como duas matronas prósperas e maduras que levam pela mão a menina esperança. Um olhar mais detalhado, no entanto, observa que é a menina esperança que arrasta para frente as duas matronas. Para dizer que sem a esperança não se avança nem na fé, nem na caridade.

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sexta-feira, 20 de junho de 2008

ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE O LUGAR E 

A PARTE QUE CABEM AO MAL NUM MUNDO EM EVOLUÇÃO 

- Teilhard de Chardin

No decorrer dos longos desenvolvimentos precedentes, uma particularidade terá talvez intrigado ou até mesmo escandalizado o leitor. Em nenhum lugar, se não me engano, a palavra dor, ou a palavra culpa, foi pronunciada. Do ponto de vista em que me coloquei, o Mal e o seu problema se esvaneceriam ou não contariam mais, portanto, na estrutura do Mundo? E nesse caso, o Universo que foi aqui apresentado não é um quadro simplificado ou mesmo truncado?

A essa crítica, muitas vezes ouvida, de otimismo ingênuo ou exagerado, minha resposta (ou, se quiserem, minha desculpa) é que, apegado, nesta obra, unicamente ao propósito de realçar a essência positiva do processo biológico de hominização, não julguei necessário (por motivo de clareza e de simplicidade) compor o negativo da imagem que eu projetava. De que serve chamar a atenção para as sombras da paisagem, ou insistir sobre a profundeza dos abismos, abertos entre os cimos? Mas o que eu não disse supus que se via. Por conseguinte, procurar na visão aqui proposta uma espécie de idílio humano em lugar e ao invés do drama cósmico que eu pretendi evocar, seria nada haver compreendido dela.

Objetam que o Mal não é, por assim dizer, mencionado em meu livro. Explicitamente, talvez. Mas em contrapartida, esse mesmo Mal não mina exatamente, invencível e multiforme, por todos os poros, por todas as juntas, por todas as articulações do sistema em que me coloquei?

Mal de desordem e de insucesso, para começar. Até e suas zonas reflexivas, como vimos, o Mundo procede a golpes de acaso e tateio. Ora só por essa força, até no domínio humano (aquele, contudo, em que o acaso é mais controlado), quantos fracassos para um sucesso, quantas desgraças para uma só felicidade, quantos pecados para um único santo!... Simples não-arranjo ou desarranjo físico, de início, ao nível da Matéria; mas logo sofrimento incrustado na Carne sensível; e mais acima ainda, maldade ou tortura do Espírito que se analisa e escolhe; estatisticamente, em todos os graus da Evolução, sempre e em toda a parte, é o Mal que se forma e se reforma, implacavelmente, em nós e à nossa volta! “Necessarium est ut scandala eveniant” (É necessário que venham os escândalos). Assim o exige, sem apelação possível, o jogo dos grandes números no seio de um Multitudinário em via de organização.

Mal de decomposição, em seguida: simples forma do precedente, no sentido de que doença e corrupção resultam sempre de algum acaso infeliz; mas, forma agravada e duplamente fatal, é preciso acrescentar, na medida em que, para o ser vivo, morrer tornou-se a condição regular, indispensável, da substituição dos indivíduos uns pelos outros ao longo de um mesmo filo: a morte, engrenagem essencial do mecanismo e da ascensão da Vida.

Mal de solidão e de angústia, ainda: a grande ansiedade (esta bem própria do Homem) de uma consciência que desperta para a reflexão num Universo obscuro, onde a luz leva séculos e séculos para chegar até ela, - um Universo que não conseguimos ainda compreender bem, nem saber o que é que espera de nós...

E finalmente, o menos trágico talvez (porque nos exalta), mas não o menos real: Mal de crescimento, pelo qual se exprime em nós, nos transes de um parto, a lei misteriosa que, do mais modesto quimismo às mais elevadas sínteses do espírito, obriga a traduzir-se em termos de trabalho e esforço todo progresso que vá em direção à maior unidade.

Na verdade, se observarmos o avanço do Mundo, assim de viés, não na linha de seus progressos, mas na de seus riscos e do esforço que ele requer, perceberemos logo que, por sob o véu de segurança e harmonia, de que se reveste a Ascensão humana vista bem do alto, descobre-se um tipo particular de Cosmo do onde (não absolutamente por acidente – o que seria pouco – mas pela própria estrutura sistema) o Mal surge necessariamente, e em quantidade ou gravidade tão grandes quanto se quiser, na esteira da Evolução. Universo que se enrola – dizia eu, - Universo que se interioriza; mas também, no mesmo passo, Universo que moureja, Universo que peca, Universo que sofre... Arranjo e centração; lágrimas e sangue: outros tantos subprodutos (muitas vezes preciosos e reutilizáveis) que a Noogênese engendra pelo caminho. Eis, portanto, afinal de contas, o que nos revela, num primeiro tempo de observação e de reflexão, o espetáculo do Mundo em movimento. Mas isso é mesmo tudo? – E não há mais nada para se ver? Quer dizer, será verdadeiramente certo que, para um olhar atento e sensibilizado por uma outra luz que não a da pura ciência, a quantidade e a maldade do Mal ‘hic e nunc’ (aqui e agora) espalhado pelo Mundo não trai um certo excesso, inexplicável para a nossa razão se esse efeito normal de Evolução não se acrescentar ainda por cima o efeito extraordinário de alguma catástrofe ou desvio fundamental?...

Nesse campo, não me sinto sinceramente à altura de tomar posição e, de resto, nem caberia toma-la aqui. Uma coisa, aconselhada aos espíritos: observar que nesse caso (...) o Fenômeno não só deixa, mas oferece à Teologia toda a liberdade de precisar e de completar em profundidade (se a tal ela se julgar obrigada) os dados ou sugestões – sempre ambíguos para além de certo ponto – fornecidos pela experiência.

De qualquer modo, resta que, mesmo aos olhos do simples biólogo, nada se assemelha tanto a um Calvário quanto a epopéia humana.

(Apêndice de O FENÔMENO HUMANO - Pierre Teilhard de Chardin, 1948)

UM RESUMO DE MINHA PERPECTIVA 

“FENOMENOLÓGICA” DO MUNDO -

 Teilhard de Chardin

PONTO DE PARTIDA E CHAVE DE TODO O SISTEMA

“Existe uma deriva cósmica da Matéria, propagando-se na contracorrente através da Entropia, rumo a estados de arranjamento cada vez mais centro-compexos (isto na direção ou no interior – de um “Terceiro Infinito”, o Infinito de Complexidade, tão real quanto o Ínfimo e o Imenso). E a consciência se apresenta experimentalmente como o efeito ou propriedade específica dessa complexidade levada a valores extremos”.
Quando aplicamos essa lei de recorrência (chamada “lei da complexidade-consciência”) à História do Mundo, vemos delinear-se uma série ascendente de pontos críticos e de desenvolvimentos extraordinários, - que são os seguintes:

1. PONTO CRÍTICO DE VITALIZAÇÃO

Em algum lugar no nível das Proteínas, produz-se (para a nossa experiência, ao menos) uma emergência inicial da Consciência no seio do Pré-Vivo. E, graças ao mecanismo concomitante de “reprodução”, a subida de Complexidade se acelera na Terra por via filética (gênese das Espécies ou Especiação).
A partir desse estágio (e no caso dos vivos superiores) torna-se possível “medir” a marcha da Complexificação orgânica pelos progressos da Cerebralização. Graças a esse artifício, destaca-se, no seio da Biosfera, um eixo privilegiado de Complexidade-Consciência: o dos Primatas.

2. PONTO CRÍTICO DE REFLEXÃO (OU DE HOMINIZAÇÃO)


Em decorrência de alguma mutação cerebral “hominizante” que se produz nos Antropóides em fins do Terciário, a Reflexão psíquica (não apenas “saber” mas “saber que se sabe”) irrompe no Mundo, e abre para a Evolução um domínio inteiramente novo. No Homem, sob as aparências de uma simples “família” zoológica nova, é na verdade uma segunda espécie de Vida que começa, com seu novo ciclo de arranjos possíveis e seu invólucro planetário especial (a Noosfera).

3. DESENVOLVIMENTO DA CO-REFLEXÃO (E ASCENÇÃO DE UM ULTRA-HUMANO)


Aplicado ao grande fenômeno da Socialização humana, o critério de Complexidade- Consciência fornece indicações decisivas. Por um lado, um irresistível e irreversível arranjamento técnico-cultural de dimensões noosféricas está se manifestando em progresso na sociedade humana. E por outro lado, o espírito humano não cessa de se elevar, por efeito de co-reflexão, coletivamente (graças às ligações tecidas pela técnica), à percepção de novas dimensões: organicidade evolutiva e estrutura corpuscular do Universo, por exemplo. O par “organização-exteriorização” reaparece aqui com evidência. Quer isso dizer que, sob os nossos olhos, o processo fundamental da Cosmogênese continua a operar como antes (ou até mesmo atua cada vez mais). Considerada em sua totalidade zoológica, a Humanidade oferece o espetáculo único de um filo sintetizando-se organopsiquicamente em si mesmo. Verdadeiramente, uma “corpuscularização” e uma centração (uma centralização) na Noosfera como um todo sobre si mesma.

4. PROBABILIDADE DE UM PONTO CRÍTICO DE ULTRA-REFLEXÃO À FRENTE


Se extrapolamos no futuro, a convergência técnico-mental da Humanidade sobre si mesma impõe a previsão de um paroxismo de co-reflexão, a alguma distância finita adiante de nós no Tempo: paroxismo que não se pode definir melhor (nem mesmo de outra forma) senão como um ponto crítico de um Ultra-reflexão. Não poderíamos naturalmente imaginar ou descrever um fenômeno assim (que implica aparentemente numa evasão para fora do Espaço e do Tempo). Entretanto, certas condições energéticas precisas, as quais deve satisfazer o acontecimento previsto (tais como ativação crescente, no Homem, do “gosto de evoluir” e do “querer viver”, ao se aproximar tal acontecimento), obrigam-nos a pensar que ele coincide com um acesso definitivo ao Irreversível (uma vez que a perspectiva de uma Morte total deteria definitivamente, por desencorajamento, a continuidade da Hominização).
Foi a esse termo superior da co-reflexão (isto é, de unanimização, de fato) humana que dei o nome de “Ponto Omega”: foco cósmico personalizante de unificação e de união.

5. VEROSSIMILHANÇA DE UMA REAÇÃO (OU “REFLEXÃO”) DE OMEGA DIANTE DO HUMANO NO DECURSO DA CO-REFLEXÃO (REVELAÇÃO E FENÔMENO-CRISTÃO)


Quanto mais refletimos sobre a necessidade de um Omega para sustentar e animar a continuidade da Evolução hominizada, mais percebemos duas coisas:
- a primeira é que um Omega puramente conjectural (puramente “calculado”) seria frágil demais para manter no coração do Homem uma paixão suficiente para faze-lo hominizar-se até o fim;
- a segunda é que, se Omega existe realmente, é difícil conceber que seu supremo “Ego” não se faça sentir diretamente como tal, de algum modo, a todos os “egos” incoativos (isto é, a todos os elementos reflexivos) do Universo.

Desse ponto de vista, a antiga e tradicional idEia de “revelação” reaparece e se reintroduz (desta vez por via de biologia e de energética evolutiva) na Cosmogênses.
E também desse ponto de vista, a corrente mística cristã toma uma significação e uma atualidade extraordinárias.
Pois, se é verdade que, de toda a necessidade energética, o processo de complexidade-consciência exige absolutamente, para se consumar, o calor de alguma Fé intensa, - é também verdade (e isso salta aos olhos desde que nos demos o trabalho de inspecionar á nossa volta) que não há presentemente nenhuma Fé em vista capaz de animar plenamente (amorizando-a) uma Cosmogênese de convergência, a não ser aquela Fé num Cristo “pleromizante” e “parusíaco” in quo omia constant (“Em que tudo subsiste”).

(Em As Direções do Porvir - Pierre Teilhard de Chardin, 1954)

PRESENÇA DE DEUS NO MUNDO

Ó Cristo Jesus, vós trazeis verdadeiramente em vossa benignidade e em vossa Humanidade toda a implacável grandeza do Mundo. – E é por isso, por essa inefável síntese realizada em Vós, pelo fato de que a nossa experiência e o nosso pensamento jamais teriam ousado reunir para os adorar; o Elemento e a Totalidade, a Unidade e a Multiplicidade, o Espírito e a Matéria, o Infinito e o Pessoal, - é pelos contornos indefiníveis que essa complexidade dá à vossa Figura e à vossa Ação, que o meu coração, tomado pelas realidades cósmicas, se entrega apaixonadamente a Vós!
Eu vos amo, Jesus, pela Multidão que se abriga em Vós, e que ouvimos com todos os outros seres murmurar, orar, chorar... quando nos estreitamos contra Vós.
Eu vos amo pela transcendente e inexorável fixidez de vossos desígnios, pela qual a vossa doce amizade se matiza de inflexível determinismo e nos envolve implacavelmente nas dobras de sua vontade.

Eu vos amo como a Fonte, o Meio ativo e vivificante, o Termo e a Saída do Mundo, mesmo natural, e do seu Devir.
Centro em que tudo se encontra e que se distende sobre todas as coisas para reconduzi-las a si, eu vos amo pelos prolongamentos do vosso Corpo e da vossa Alma em toda a Criação, por meio da Graça, por meio da Vida, por meio da Matéria.

Jesus, doce como um Coração, ardente como uma Força, intimo como uma Vida – Jesus, em quem posso me fundir, com quem devo dominar e me libertar -, eu vos amo como um Mundo, como o Mundo que me seduziu – e sois Vós, agora vejo bem, sois Vós que os homens, meus irmãos, mesmo aqueles que não crêem, sentem e perseguem através da magia do grande Cosmo.
Jesus, centro para o qual tudo se move, dignai-vos preparar para nós, para todos, se possível, um lugar entre as mônadas escolhidas e santas que, despegadas uma por uma do caos atual pela vossa solicitude, se agregam lentamente em Vós na unidade da Terra nova.
(La Vie cosmique, 23 de março de 1916)

HINO AO UNIVERSO
, Pierre Teilhard de Chardin, 1881-1955, Ed. Paulus, 1994.

HINO Á MATÉRIA

Bendita sejas tu, áspera Matéria, gleba estéril, duro rochedo, tu que não cedes a não ser pela violência, e nos forças a trabalhar se quisermos comer.
Bendita sejas tu, poderosa Matéria, mar violento, paixão indomável, tu que nos devoras, caso não te acorrentemos.
Bendita sejas tu, poderosa Matéria, Evolução irresistível, Realidade sempre nascente, tu que a cada momento fazes explodir as nossas molduras, obrigando-nos a perseguir sempre mais longe a Verdade.
Bendita sejas tu, Matéria universal, Duração sem limites, Éter sem margens – Tríplice abismo das estrelas, dos átomos e das gerações -, tu que transbordas e dissolves nossas estreitas medidas, revelando-nos s dimensões de Deus.

Bendita sejas tu, Matéria impenetrável, tu que, estendida em todo lugar entre nossas almas e o Mundo das essências, nos deixas lânguidos com o desejo de penetrar o véu sem costura dos fenômenos.
Bendita sejas tu, Matéria mortal, tu que, ao te dissociares um dia em nós nos introduzirás, forçosamente, no próprio coração daquilo que existe.
Sem ti, Matéria, sem os teus ataques, sem as tuas arrancadas viveríamos inertes, estagnados, pueris, ignorando a nós mesmos e a Deus. Tu feres e curas, resistes e dobras, arruínas e constróis, acorrentas e libertas, - Seiva de nossas almas, Mãos de Deus, Carne de Cristo, Matéria, eu te bendigo.
- Eu te bendigo, Matéria, e te saúdo, não como te descrevem, reduzida ou desfigurada, os po ntífices da ciência e os pregadores da virtude – um monte, dizem eles, de forças brutais ou de apetites baixos -, mas tal como me apareces hoje, em tua totalidade em tua verdade.
Eu te saúdo, inesgotável capacidade de ser e de Transformação, onde germina e cresce a Substância eleita.

Eu te saúdo, potência universal de aproximação e de união, através da qual se liga a multidão das mônadas e na qual convergem todas sobre a rota do Espírito.
Eu te saúdo, fonte harmoniosa das almas, cristal límpido de onde é tirada a nova Jerusalém.
Eu te saúdo, Meio Divino, carregado de Potência Criadora, Oceano agitado pelo Espírito, Argila amassada e animada pelo Verbo encarnado.
- Crendo obedecer ao teu irresistível apelo, os homens, muitas vezes por amor a ti, se precipitam no abismo exterior dos gozos egoístas.

Um reflexo os engana, ou um eco.
Agora vejo bem.
Para te alcançar, Matéria, é preciso que, partindo do contato universal com tudo o que se move cá embaixo, sintamos pouco a pouco desvanecer entre nossas mãos as formas particulares de tudo o que seguramos, até que permaneçamos às voltas com a única essência de todas as circunstâncias e de todas as uniões.
Se quisermos ter a ti, é preciso que te sublimemos na dor, depois de te haver vuluptuosamente agarrado em nossos braços.
Tu reinas, Matéria, nas alturas serenas onde os Santos imaginam te evitar – Carne tão transparente e tão móvel que não te distinguimos mais de um espírito.
Eleva-me para o alto, Matéria, pelo esforço, pela separação e pela morte – eleva-me lá onde, enfim, será possível abraçar castamente o Universo.

Embaixo, sobre o deserto que voltara à tranqüilidade, alguém chorava: “Meu Pai, meu Pai! Que vento louco o arrebatou!”
E por terra jazia um manto.

HINO AO UNIVERSO, Pierre Teilhard de Chardin, 1881-1955, Ed. Paulus, 1994.

PENSAMENTOS DE TEILHARD DE CHARDIN - 2

"Esperança é o que precisamos para que nossa alegria seja completa."

"Todos os sofredores da Terra juntando seus sofrimentos para que a dor do Mundo se torne um grande e único ato de consciência, de sublimação e de união: (...) uma das mais altas formas da obra da Criação"

"Não é de "tête-à-tête", nem de corpo a corpo, é de coração a coração que temos necessidade."

"Amar a Deus não somente 'de todo o seu corpo e de toda a sua alma' mas de todo o Universo em evolução"

"Concebo um novo movimento que aglutina as energias progressivas da Terra no seguinte
programa: universalismo, futurismo (ou fé na renovação da Terra) e personalismo"

"Bendita sejas, áspera Matéria, gleba estéril, duro rochedo, tu que não cedes senão à violência e nos obrigas a trabalhar se quisermos comer. Bendita sejas, perigosa Matéria, mar violento, indômita paixão, tu que nos devoras, se não te aprisionamos. Bendita sejas, poderosa Matéria, Evolução irresistível, tu que, fazendo estourar a cada instante os nossos esquemas, nos obrigas a buscar a Verdade sempre mais além. Bendita sejas, universal Matéria, Duração sem limites, Éter sem margens".

"Triplo abismo das estrelas, dos átomos e das gerações Tu que, ultrapassando e dissolvendo nossas estritas medidas, nos revelas as dimensões de Deus".

"Eu creio que o Universo é uma Evolução. Eu creio que a Evolução vai para o Espírito. Eu creio que o Espírito, no Homem, se conclui no Pessoal. Eu creio que o Pessoal supremo é o Cristo-Universal"

"A única religião daqui por diante possível para o Homem é aquela que lhe ensinará, primeiro, a reconhecer, amar e servir apaixonadamente o Universo do qual ele faz parte"

"Como acontece aos meridianos ao se aproximarem do pólo, Ciência, Filosofia e Religião convergem necessariamente nas vizinhanças do Todo"

"Temos apenas que crer. Em seguida, pouco a pouco, veremos o horror universal descontrair-se e sorrir para nós."

"Há momentos em que tenho a impressão de ser um desses passarinhos que se vê turbilhonar com um vento forte. As forças espirituais são de um poder e de um mistério ainda maiores do que as forças da Matéria."

"Aquele que amou apaixonadamente a Jesus escondido nas forças que fazem morrer a Terra, a Terra, desfalecendo, abraçá-lo-á maternalmente em seus braços gigantes, e, com ela, ele despertará no seio de Deus."

"A caminhada da Humanidade, prolongando a de todos os seres vivos, desenvolve-se
incontestavelmente no sentido de uma conquista da matéria, posta a serviço do Espírito,... o Pensamento aperfeiçoando artificiosamente o próprio órgão de seu pensamento, a vida retomada para adiante sob o efeito coletivo de sua Reflexão."

"Como lemos em São Paulo e em São João, lemos também que criar, construir e purificar o mundo é, para Deus, unificá-lo, unificando-o organicamente consigo mesmo. Como Ele o unifica? Imergindo-se parcialmente nas coisas, tornando se 'elemento'; e depois, dessa posição vantajosa no coração da matéria, assumindo o controle e a direção do que chamamos de Evolução. O Cristo, princípio da vitalidade universal tendo Se manifestado como Homem entre os homens, colocou-Se na posição (sempre mantida) de englobar sob Simesmo a ascensão geral das consciências nas quais Ele se inseriu. Através do ato perpétuo de comunhão e de sublimação, Ele agrega para Si mesmo o psiquismo total da Terra. E, quando Ele houver reunido tudo e tudo transformado, Ele tornará a se fechar sobre Si mesmo e Suas conquistas para retornar enfim, em um gesto final, ao lugar divino de onde Ele nunca saiu. 
Então, como nos disse São Paulo, Deus será Todo em tudo. É a expectativa deu ma unidade perfeita, mergulhada na qual cada elemento atingirá sua consumação ao mesmo tempo que o Universo. O Universo se realizando em uma síntese de centros em conformidade perfeita com as leis da união. Deus, o Centro dos centros. Nessa visão final, o dogma do Cristianismo se culmina. E tão exatamente, tão perfeitamente essa culminação coincide com o Ponto Ômega, que, sem dúvida, eu não teria jamais me aventurado a antecipar Sua visão, ou formulado a hipótese racionalmente, se, em minha consciência de crente, eu não houvesse encontrado, não apenas seu modelo especulativo, mas também sua realidade viva."

"Por mais longe que eu remonte na minha infância, nada me aparece de mais característico, nem de mais familiar, no meu comportamento interior, que o gosto ou necessidade irresistível de algum Único Suficiente e Único Necessário. Para estar completamente à vontade, para ser completamente feliz, para saber que existe Algo de Essencial, do qual tudo mais não passa de um acessório, ou um ornamento. Sabê-lo e gozar interminavelmente da consciência dessa existência".

"O grande acontecimento de minha vida foi a gradual identificação de dois sóis no céu de minha alma, sendo um o ápice cósmico postulado por uma evolução generalizada do tipo convergente e outro constituído pelo Jesus da fé cristã"

"Tudo tentar e tudo impelir até o extremo na direção da maior consciência - eis a lei geral e suprema da moralidade num Universo reconhecido em estado de transformação espiritual. Limitar a Força (Energia e Amor) - a menos que seja para assim obter mais força ainda, eis o pecado."

"Senhor, já que (...) eu não tenho pão, nem vinho, nem altar, elevar-me-ei, acima dos símbolos, até a pura majestade do Real e vos oferecerei, eu, vosso sacerdote, sobre o altar da Terra inteira, o trabalho e a fadiga do Mundo".

"Encerrai-me, Senhor, no mais profundo das entranhas do vosso coração. E, quando aí me tiverdes, abrasai-me, purificai-me, inflamai-me, sublimai-me, até a satisfação perfeita de vossos gostos, até a mais completa aniquilação de mim mesmo"

"Matéria, Vida e Energia: as três colunas de minha visão e de minha felicidade interior"

"Cada um de nós, quer queira quer não, liga-se, por todas as suas fibras materiais, orgânicas e psíquicas, a tudo que o circunda"

"Cada indivíduo carrega em si algo de todo o interesse final do Cosmo"

PENSAMENTOS DE TEILHARD DE CHARDIN - 1

"Em virtude da criação, e mais ainda da Encarnação, nada é profano neste mundo, para quem sabe ver".

"Ter consciência de que o trabalho humano aperfeiçoa o reino de Deus, e que o esforço é uma participação na Cruz de Cristo, eis o privilégio do homem cristão. É a Deus e a Deus somente que ele forma através da realidade das criaturas".

"Eu amo-Vos Jesus pela multidão que se abriga dentro de vós, que ouço, com todos os outros seres, falar, rezar, chorar, quando me junto a Vós".

"Se não nos amarmos uns aos outros pereceremos, porque para ser mais é preciso unir sempre mais".

"Ser é unir-se a si mesmo, ou unir os outros"

"É um dever sagrado para o cristão, em matéria de verdade humana, pesquisar e comunicar o que ele encontra aos profissionais e em nível profissional".

"Porque o Cristo é Ômega, o Universo está fisicamente impregnado, até no seu âmago material, da influência de sua natureza sobre-humana. A presença do Verbo encarnado penetra tudo como um Elemento Universal".

"Jesus crucificado não é um rejeitado ou um vencido. Pelo contrário. Ele é Aquele que carrega o peso e que sobreleva sempre, em direção a Deus, os progressos da marcha universal".

"Se meus escritos são de Deus, passarão. Se não são de Deus, só resta esquecê-los".

"O futuro é como as águas sobre as quais se aventurou o Apóstolo: carrega-nos na proporção de nossa fé".

"O Cristianismo mais tradicional, o do Batismo, da Cruz e da Eucaristia é susceptível de uma tradução onde passa o melhor das aspirações contemporâneas".

"Se eu pudesse mostrar apenas, por um instante que fosse, aquilo que eu vejo, acho que valeriam a pena todos os esforços de uma vida inteira".

"A única religião daqui por diante possível para o Homem é aquela que lhe ensinará, primeiro, a reconhecer, amar e servir apaixonadamente o Universo do qual ele faz parte".

"A coisa mais impossível de se deter no Mundo é a marcha de uma idéia. Nada poderia jamais impedir o Homem de procurar tudo pensar e tudo experimentar até fim".

"Tu que feres e curas, tu que resistes e és dócil, tu que arruínas e que constróis, tu que acorrentas e que libertas - seiva de nossas almas, Mão de Deus, Carne de Cristo, Matéria, eu te bendigo!"

"Quando, pela primeira vez, num ser vivo, o instinto se percebeu no espelho de si mesmo, foi o Mundo inteiro que deu um passo".

"Quanto mais o Homem se tornar Homem, menos aceitará se mover senão em direção do interminavelmente e indestrutivelmente novo: ... o Absoluto".

"O homem não é apenas um ser que sabe, mas é também um ser que sabe que sabe".

"A alma humana é feita para não estar sozinha".

"Matéria, Vida e Energia: as três colunas de minha visão e de minha felicidade interior".

"Todos os sofredores da Terra juntando seus sofrimentos para que a dor do Mundo se torne um grande e único ato de consciência, de sublimação e de união: ... uma das mais altas formas da obra da Criação".

"O Universo, considerado em seu conjunto, tem um fim e não pode errar de direção, nem parar no caminho".

"Todos os que querem afirmar uma verdade antes do tempo arriscam-se a descobrirem-se heréticos".

"Algum dia, quando tivermos dominado os ventos, as ondas, as marés e a gravidade... utilizaremos as energias do amor. Então, pela segunda vez na história do mundo, o homem descobrirá o fogo."

"Nosso Cosmo, no fundo, não é senão o lento nascimento de uma consciência universal".

"A crise nada mais é do que um mal do crescimento por meio do qual se exprime em nós, como no trabalho de parto, a lei misteriosa que da mais humilde química à mais elevada síntese do Espírito, faz com que todo o processo rumo a uma unidade maior se traduza e se transmita, a cada vez, em termos de trabalho e de esforço".

"A Reflexão, ponto crítico cósmico, inevitavelmente encontrado e transposto, num dado momento, por toda a Matéria levada a um certo excesso de temperatura psíquica e organização. A Reflexão, passagem (como por um segundo nascimento) da Vida simples à Vida ao quadrado".

"É provável que, na história dos séculos vindouros, nossa época venha a ser considerada muito importante pelo domínio das novas energias elétricas, químicas, etc.; mas eu não me surpreenderia se, para os observadores do futuro, o maior acontecimento de nossos tempos fosse considerado exatamente o seguinte: o aparecimento na face da terra, da consciência de que havia uma humanidade e uma obra humana a cumprir".

"Quando, pela primeira vez, num vivo, o instinto se percebeu no espelho de si mesmo, foi o Mundo inteiro que deu um passo".

"Não apenas suavizar, mas desenvolver. Não apenas reparar, mas construir. Para a nossa geração, amar os Homens não pode significar outra coisa senão: dedicar-se, com todas as forças, com todo o coração, ao esforço humano"

"O critério que decide finalmente da verdade duma Religião só pode ser o da capacidade manifestada por essa Religião de dar um sentido total ao Universo que se vai descobrindo à nossa volta"

"A transformação recentíssima (e ainda em curso) que fez com que o Universo passasse do estado de realidade estática ao estado de realidade evolutiva contem todas as características dum acontecimento profundo e definitivo"

"O sofrimento humano, a totalidade do sofrimento derramado, em cada instante, sobre a terra, que oceano imenso ! Mas de que é constituída essa massa ? De negrume, de lacunas, de resíduos ? ... Nada disso, mas de energia potencial. No sofrimento esconde-se, com intensidade extrema, a força ascensional do Mundo"

quinta-feira, 19 de junho de 2008

TEILHARD DE CHARDIN

Pierre-Marie-Joseph Teilhard de Chardin nasceu no castelo de Sarcenat, na França, a primeiro de maio de 1881, quarto de uma família de onze filhos. O pai era um humanista que zelava pela própria cultura; lia muito, sobretudo livros de história; além disso escolhia com gosto as leituras para os seus filhos e ocupava-se pessoalmente do estudo de latim deles até que entrassem no colégio. Ele influenciou a formação espiritual dos filhos, inspirando-lhes o amor pelas coisas da natureza e incentivando-os a colecionar insetos, aves, pedras.

Pierre herdou de seus pais e do meio ambiente em que vivia um caráter aristocrático, um constante equilíbrio, um profundo sentimento religioso. O jovem Pierre completou os estudos ginasiais e colegiais no colégio dos Jesuítas, dos quais, além de noções científicas e literárias, aprendeu uma forte admiração pela vocação religiosa. Aos dezoito anos entrou no noviciado da Companhia de Jesus em Aix en Provence, levado pelo desejo da perfeição cristã. De 1908 até 1912 freqüentou os estudos de teologia em Hastings, onde teve também a possibilidade de cultivar seus talentos científicos. Um professor da universidade de Cambridge notou suas observações em botânica e paleobotânica e o apresentou ao mundo da cultura científica inglesa.

Ele foi ordenado sacerdote a 14 de agosto de 1911. Depois prosseguiu os estudos acadêmicos no Collège de France, mas teve que interrompê-los em 1914, quando estourou a Primeira Guerra Mundial. Também ele foi alistado num destacamento da saúde, onde prestou serviço por todo o tempo da guerra. A experiência militar exerceu uma considerável influência na maturação intelectual e espiritual de Teilhard. Na dramaticidade e crueldade da guerra ele experimentou seu amor pela vida, pelo progresso, pela ciência e por todas as coisas bonitas.

Terminada a guerra, retomou os estudos universitários, doutorando-se em ciências naturais na Sorbonne, em 1922 e, logo em seguida, foi-lhe oferecida a Cátedra de Mineralogia no Instituto Católico de Paris. Em 1923 foi enviado em missão científica à China, com o encargo de fazer escavações arqueológicas nas regiões centrais daquele país. Essa foi a ocasião que ele mesmo definiu depois como "o acontecimento decisivo do meu destino" . A missão teve resultados sensacionais: levou à descoberta dos famosos restos fósseis encontrados na localidade de Ciu-Ku Tien, perto de Pequim, e chamados Homo Erectus Pekinensis. Voltando à Europa em 1924 deu numerosas conferências, cujo tema habitual era uma nova visão cósmica baseada na idéia da evolução. Em 1926 as relações entre o Pe. Teilhard e seus superiores ficaram tensas por causa das implicações teológicas da doutrina dele sobre a evolução. Por isso os superiores proibiram-no de continuar a atividade intelectual pública que não fosse a pura pesquisa científica. Teilhard aceitou a disposição com submissão exemplar, embora conservando a sua autonomia de pensamento.

A partir de 1927, Teilhard tornou-se o representante efetivo da ciência francesa no setor do Pacífico, ficando bloqueado na China durante a Segunda Guerra Mundial. E, naquele interminável isolamento, levou a termo sua obra-prima O Fenômeno Humano. Voltando à França em 1946, foi-lhe renovada a proibição de divulgar os escritos que continham suas doutrinas filosóficas e teológicas. No campo científico, ao contrário, os consensos e os reconhecimentos ficavam cada vez mais freqüentes, tanto que em 1950 a Academia das Ciências do Instituto de França o inscreveu entre seus membros. Em 1951 transferiu-se para os Estados Unidos onde viveu os últimos anos da sua existência. Ali faleceu de repente, com a idade de setenta e quatro anos, no dia da Ressurreição do Senhor, que ele tinha buscado e servido por toda a vida.

 http://teilharddechardin.blogspot.com.br/
 http://www.ihu.unisinos.br/noticias/516982-necessidade-de-futuro-e-teilhard-de-chardin
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Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres. 
Sejam abençoados todos os seres.

SALUTO DEI CARDINALI (28-02-2013)



SALUTO DEI CARDINALI (28-02-2013)





Publicado em 28/02/2013-Licença padrão do YouTube
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terça-feira, 30 de julho de 2013

IMAGINAÇÃO CRIADORA - José Américo Motta Pessanha



 Palestra proferida pelo professor José Américo Motta Peçanha 
a alunos de teatro em São Paulo.


Imaginação criadora (José Américo Motta Peçanha )- parte VII.wmv 

 ÉTICA - José Américo Motta Pessanha -   42min

 Teoria da Imaginação
José Américo Motta Pessanha - 14min



 Imaginação criadora 
- José Américo Motta Peçanha - parte I.wmv 

 Imaginação criadora José Américo Motta Peçanha
 - Gaston Bachelard -1 min

 Imaginação criadora 
José Américo Motta Peçanha - parte 10 -8min.


Discurso de apoio a José Américo -3min.

 Imaginação criadora 
José Américo Motta Peçanha - parte XI. Últma parte 19min.

Palestra proferida pelo professor José Américo Motta Peçanha 
a alunos de teatro em São Paulo.



INTRODUÇÃO -
KLÉOSN .2003/4

“Enquanto se passa por ela , vivendo-se uma metáfora da própria existência humana, pode-se olhar para baixo e se ver sobre a água do lago, entre as imagens das raízes do universo, também o reflexo de um rosto, o próprio rosto – o rosto que se reconhece duplicado no meio de nenúfares, num sempre inacabado autorretrato, como o deixado na tela por Monet.”

José Américo Motta Pessanha.

 Bachelard e Monet: do olhar à reflexão

A filosofia do historiador da filosofia

1.1 A tese na história
José Américo Motta Pessanha nasceu em 16 de setembro de 1932 em
Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, onde fez seus estudos
ginasial e secundário no Liceu de Humanidades de Campos.

Em 1952 ingressou no curso de Filosofia da Faculdade Nacional de
Filosofia, FNFi, da Universidade do Brasil, onde concluiu o Bacharelado e a
Licenciatura em 1955, tendo sido convidado em 1956 pelos Professores Pe.
Maurílio Teixeira Leite Penido e Álvaro Vieira Pinto a integrar o quadro de
professores do Departamento de Filosofia da FNFi, na condição de Auxiliar de
Ensino da cadeira de História da Filosofia. Posteriormente, com o licenciamento
do catedrático de História da Filosofia, o Professor Álvaro Vieira Pinto, que
assumiu a direção do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), o Professor
José Américo passou a dividir juntamente com a Professora Wanda Soares,
também Auxiliar de Ensino, os trabalhos da cadeira nos cursos de Filosofia,
Pedagogia e Ciências Sociais.

A edição deste texto do Professor José Américo Motta Pessanha só foi possível pela atenção e autorização que nos foram dadas pela família Motta Pessanha, à qual expressamos nossos agradecimentos, em especial à Sra. Diva Pessanha e Maria Beatriz Pessanha Boeschenstein, pela delicadeza com que sempre atenderam às nossas solicitações. Registramos, também, nossos agradecimentos a Virgínia Vassalo da Biblioteca Marina de São Paulo Vasconcellos do IFCS da UFRJ, que possibilitou-nos o acesso aos originais.

A ponte japonesa no jardim da casa de Claude Monet em Giverny. [n. eds.]

PESSANHA, J. A. M. A filosofia do historiador da filosofia.
Boletim de História da Faculdade Nacional de
Filosofia da Universidade do Brasil
, Rio de Janeiro, v. 3, n. 6, jan./jun. 1961.

PESSANHA, J. A. M. [
Carta encaminhada ao Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Filosofia do IFCS da
UFRJ – Profa. Creusa Capalbo]. Rio de Janeiro, 24 maio 1981. p. 1; AUGUSTO, M. das G. de M.; BRITO, M.

KLÉOSN
.7/8 :97-182 ,2003/4

A tese que ora apresentamos foi escrita em 1965 – e redigida em
“tempo exíguo”, no intervalo entre o “início de 1965” e a data de depósito da tese, em 2 de agosto de 1965, juntamente com o requerimento solicitando a
inscrição no concurso para provimento de cátedra – diante de um delicado cenário político institucional e nacional, já que, no ano anterior, o Professor Álvaro Vieira Pinto fora aposentado compulsoriamente, por ato do governo federal,
deixando a cadeira de História da Filosofia inesperadamente sem titular.

Por um certo período, os trabalhos docentes continuaram a se desenvolver com regularidade, até que, no início de 1965, o Professor Antonio Gomes Pena, titular da cadeira de Psicologia e integrante do Departamento de Filosofia, informou ao Professor José Américo que fora marcado um concurso
para preenchimento da cátedra de História da Filosofia.

O concurso, que parecia estar envolvido em brumas de caráter político,
permaneceu intencionalmente sem divulgação, já contando, inclusive, com um
candidato externo à FNFi – e que deveria concorrer como candidato único –, de
tal modo que, instado pelo Professor Antonio Gomes Pena e por outros colegas,
o Professor José Américo foi persuadido a candidatar-se ao concurso, na tentativa
de impossibilitar que a cátedra de História da Filosofia fosse “entregue”

, “por razões políticas” e “sem nenhuma resistência”, a um candidato externo e único.Foi assim que, por sugestão do Professor Pena, começou a preparar a tese, enquanto membros da Congregação solicitavam que lhe fosse concedido o B. L. de; SEABRA, M. do P. [
Memorial apresentado pelo Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia e Ciências
Sociais do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFRJ para a concessão do título de Notório Saber ao Professor José Américo Motta Pessanha ]. Rio de Janeiro, dez. 1986. p. 4.

 Este
Memorial foi elaborado por uma Comissão constituída pelos Professores Maria do Prado Seabra, Marly Bulcão Lassance de Brito e Maria das Graças de Moraes Augusto, designada pelo Departamento de Filosofia em reunião plenária do dia 11 de dezembro de 1986. Na antiga FNFi o curso de Filosofia tinha a duração de quatro anos: no primeiro ano eram oferecidas 3 disciplinas: Introdução à Filosofia; Lógica e Psicologia (geral); no segundo ano, 4 disciplinas: Filosofia Geral (teoria do conhecimento), Psicologia (especial), História da Filosofia (antiga e medieval) e Sociologia; no terceiro ano, 4 disciplinas: Filosofia Geral (metafísica), Psicologia (especial), História da Filosofia (moderna) e Estética; no quarto ano, 2 disciplinas: Filosofia da natureza e Ética, acrescidas de 2 disciplinas eletivas: História da Filosofia (contemporânea) e Filosofia Social. As disciplinas História da Filosofia (1º ano) e Ética (2ºano) eram obrigatórias para o curso de Ciências Sociais; no curso de Pedagogia História da Filosofia era disciplina obrigatória no 1º ano do curso, incluindo-se no 3º ano do curso a disciplina Filosofia da Educação. Cf. UNIVERSIDADE DO BRASIL. Digesto da Faculdade Nacional de Filosofia  Rio de Janeiro, 1955. p. 33-47.

EMPÉDOCLES E  A  DEMOCRACIA
“notório saber”, condição indispensável para que um candidato, sem o título de
Livre Docente ou Doutor, pudesse se inscrever no concurso de provimento de
cátedra. Uma vez a tese concluída, foi depositada na Direção da Faculdade
com o pedido de inscrição no concurso, conforme nos conta o Professor José
Américo, em carta enviada ao Coordenador do Programa de Pós-Graduação
em Filosofia da UFRJ, em 24 de maio de 1981:
[...]
diante dessa situação, em nome do Departamento, o Prof. Antônio Gomes Pena apelou
para que eu contribuísse para evitar que se efetivasse aquela trama altamente ofensiva para o
Departamento e para a ética universitária. Sua sugestão: que eu me candidatasse – ou pelo
menos pedisse inscrição – naquele concurso. Para tanto, deveria preparar uma tese, enquanto membros da Congregação tentariam obter que me fosse concedido “notório saber” – condição indispensável para que pudesse participar da disputa pela cátedra sem os pré-requisitos habituais (título de doutor e livre-docente). Apresentei a tese (“Empédocles e a Democracia”), juntamente com requerimento, datado 02/08/1965 e dirigido ao diretor da Faculdade, no qual solicitava o reconhecimento de “notório saber” e inscrição no concurso de provimento de cátedra.
12
As dificuldades que envolveram a decisão de acatar uma solicitação excepcional  como o “notório saber”, e o encontro com o Professor Evaristo de Moraes Filho, no dia da entrega dos exemplares da tese, que também havia decidido inscrever- se no concurso com o objetivo de impedir que a cátedra de História da Filosofia - outrora regida por intelectuais do porte do Pe. Maurílio Teixeira Leite Penido e do Professor Álvaro Vieira Pinto – “fosse ‘entregue’, sem resistência e sem combate acadêmico” a um candidato único, são também relatados na referida carta:

Em seu depoimento acerca da FNFi, o Professor Evaristo de Moraes Filho nos fala do Pe. Penido:
“Havia recém-chegado da Suíça, a pedido do Alceu [Alceu de Amoroso Lima, primeiro diretor da FNFi], um grande professor de Filosofia, o padre Maurílio Teixeira Leite Penido, professor da Universidade de Freiburg. [...]. Quando nos diplomamos, éramos três diplomados em Filosofia e ele tinha 15 assistentes na Europa. O Pe. Penido se decepcionou muito, porque tinha hábitos europeus de estudo, pensando que aqui era igual e se decepcionou muito, dizia em aula que “fazer filosofia no Brasil era o mesmo que plantar alface no Saara.” [...]

O Pe. Penido era também ótimo professor [...].
Trazia as aulas todas escritas a lápis e nunca repetia a mesma aula no ano seguinte. [...] Despertou em nós um entusiasmo, uma vontade de estudar extraordinária. Foi o tempo áureo da FNFi.” (Evaristo de Moraes Filho); “Penido vinha da Europa, preso ainda aos hábitos europeus, era culto, inteligente, com aulas ‘conferências’ - ele chegava e abria aquelas anotações, caderno com mil anotações –, chegava e começava sua aula-conferência para aquela turma de ‘incientes’, como diria Anísio Teixeira.” (Jader de Medeiros Britto). Cf. FÁVERO, Maria de Lourdes de L. A. (Coord.). Faculdade Nacional de Filosofia – Depoimentos. Rio de Janeiro: PROEDES-UFRJ, FUJB, 1992. v. 5, p. 220; 247.

INTRODUÇÃO  KLÉOSN .2003/4


nyne1001 
  nyne1001·11 vídeos
 http://pragma.ifcs.ufrj.br/kleos/K7/K7-Empedocles.pdf

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