sexta-feira, 5 de abril de 2013

MIGUEL REALE - BERGSON,PONTO DE PARTIDA




BERGSON,  PONTO DE PARTIDA
MIGUEL REALE
 
 O maior filósofo francês
 do século passado (1859-1940) anda esquecido, 
apesar de lhe devermos a restituição da liberdade ao mundo 
da experiência e o papel da intuição no plano do conhecimento. 

É um pensador de formação inicial evolucionista, por ele superada definitivamente no sentido de uma metafísica concebida sobre novas bases, que procurou estabelecer em fecundo contato com as pesquisas científicas. Vejamos em que sentido surge a metafísica bergsoniana, pondo em equação, preliminarmente, o problema do método.

         O pensamento de Bergson, que, sob vários aspectos, assinala o superamento do naturalismo do século XIX, baseia-se numa distinção fundamental entre inteligência e intuição, distinção que sob denominações diversas encontramos em outros sistemas, tão penetrante foi a influência do mestre gaulês. A seu ver, o homem seria senhor de dois modos ou instrumentos fundamentais de conhecer, que seriam de natureza intelectiva um, e de ordem intuitiva o outro. São dois processos que se completam, cada qual dotado de certa qualidade ou de valor próprio. 

A inteligência 
é o grande instrumento da ciência,
 a poderosa alavanca mediante a qual o homem se torna
 senhor da realidade, subordinando-a a seus fins vitais. 
 
           O homem, colocado em face da realidade, procura dominá-la. Domina-a partindo-a, dividindo-a, seccionando-a. O meio de que o homem se serve para o domínio da natureza é a inteligência, que opera por meio de quantificação ou de espacialização. O conhecimento da ciência é quase que conhecimento quantificado, numérico. Bergson, no fundo, aceita a tese de Augusto Comte de que o ideal das ciências é a matemática. 

Uma ciência é tanto mais exata
 quanto mais se avizinha do ideal das matemáticas,
abrangendo o real em fórmulas e equações. 

O conhecimento do físico, do químico ou do astrônomo atinge perfeição extraordinária, porque é suscetível de expressar-se numericamente, em súmulas quantitativas, que partem o movimento e o representam como algo abstrato, cindindo o real em uma sucessão de visões fragmentárias, cuja redução infinitesimal se harmoniza com as exigências do “cálculo”, essencial ao saber positivo. O homem quantifica, em suma, a natureza, para dominá-la, constituindo um sistema convencional de índices quantitativos.

            O tempo, por exemplo, que dividimos em minutos e horas, anos e séculos, em si mesmo não possui essas divisões. Somos nós que as  inventamos, para adaptá-lo à nossa existência. O homem modela o mundo segundo sua imagem, fragmentando o real graças à inteligência. Esta, que é uma faculdade de fabricar instrumentos destinados a fazer outros instrumentos (des outils à faire des outils) não pode representar a realidade tal como essencialmente é.      

  Observa Bergson,
 que esse conhecimento fica, 
de certa maneira, na superfície das coisas.
É um  conhecimento instrumental
que tem significado e sentido tão-somente 
porque satisfaz a fins de ordem  prática.         
 
           Sentimos, no entanto,  a necessidade  de achegarmo-nos ao ser, sem o intermédio dessas fórmulas numéricas fragmentárias e quantitativas; de entrar em contato direto e imediato com o “real”, o não suscetível de ser partido e quantificado. O real, diz Bergson, é fluido,  contínuo e inteiriço. Somos nós que o partimos e fragmentamos. A realidade é “duração pura” sem hiatos e intermitências. Como será possível ao homem atingir aquilo que é em si uno e concreto, todo e contínuo, autêntico, não deturpado? O instrumento de penetração do homem no mundo da durée pure seria a intuição.

         A intuição é o processo próprio do filósofo ou do homem enquanto filosofa. A intuição é um modo de conhecer que tem algo do instinto e da emoção, ou, como diz Bergson, é “uma espécie de simpatia espiritual”. O conhecimento intuitivo opera-se diretamente, como uma sondagem no real para coincidir com aquilo que ele tem de concreto, de único, e, por conseguinte, de inefável. Pense-se na atitude espiritual diante dos problemas estéticos, do senso artístico. Compreensão estética não é quantificação numérica, mas é, ao contrário, uma identificação com o próprio objeto contemplado, de maneira que a poesia seria uma forma fundamental, inicial, de compreensão do ser.

         Há algo de imaginoso nos conceitos bergsonianos de intuição, de “impulso vital” (élan vital), duração pura (durée pure), etc. Aliás, Bergson deve, em grande parte, o sucesso e a grande repercussão de sua doutrina à sua poderosa capacidade expressional. Não conheço filósofo moderno que tenha sido capaz de escrever filosofia com tanta beleza e riqueza de imagens como Bergson e Nietzsche, os dois pensadores que elevaram a filosofia a uma expressão estética fundamental, reconduzindo-a à beleza reveladora do modelo platônico.

         Bergson dá-nos um exemplo ou uma imagem interessante para distinguir-se inteligência de intuição. Analisemos o conhecimento de uma cidade. Podemos conhecer Rio de Janeiro ou Paris por meio de plantas, guias, fotografias. Obtemos fotografias precisas dos quarteirões, das principais praças e monumentos, lemos guias, decoramos nomes de ruas, estudamos a situação das igrejas, dos museus e dos teatros. Eis um conhecimento típico da inteligência, pela contemplação de fragmentos, pela composição daquilo que previamente se dividiu e se separou. Este é um conhecimento puramente intelectual. Comparemo-lo, no entanto, com o conquistado por quem vai morar na cidade, põe-se em contato com suas ruas, com suas casas, com sua gente, não fica na visão fragmentária do todo, mas se insere naquilo que é insuscetível de divisão e de fragmentação. Quem vive assim na cidade penetra no coração da realidade urbana. É um conhecimento por dentro, não por fora apenas, um intus ire, um ir dentro da coisa, para surpreendê-la no que ela possui no íntimo, ou seja, na sua natureza genuína. 

A intuição, portanto,
 é uma via de acesso direta ao real
 de maneira que o homem se identifique com o real concreto,
 com a “duração pura”.

         Outra contribuição decisiva de Bergson  consistiu em ter restituído a liberdade à experiência existencial, ultrapassando a posição de Emmanuel Kant, para quem a liberdade seria uma conseqüência do dever, do imperativo categórico, segundo a fórmula: “tu deves, logo podes”. Para Bergson, ao contrário, a liberdade, como autodeterminação, é a condição mesma da existência. Pelos motivos expostos, Bergson pode ser considerado o ponto de partida tanto do intuicionismo fenomenológico de Husserl, como do existencialismo de Heidegger.
Miguel Reale - Nas Arcadas - 6min.
Comemoração do Centenário


 Li-Sol-30

 Fontes:

 www.miguelreale.com.br/- 13/09/2003 
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Sejam abençoados todos os seres.




quinta-feira, 4 de abril de 2013

MISTÉRIOS DE MACHU PICCHU (TV Globo, 1989) 15:40 e 43min. e mais vídeos


Mistérios de Machu Picchu (TV Globo, 1989) 16min. 

A repórter Glória Maria 
em matéria apresentada pelo Fantástico
 - O Show da Vida, em 04/06/1989, sôbre Machu Picchu,
 a cidade peruana do Império Inca descorberta em 1911
 pelo explorador norte-americano Hiram Bingham.
 Machu Picchu -TVGloboMinas-1 -  10min.
  Machu Picchu -TVGloboMinas-2 - 10min.

Machu Picchu -Globo Reporter-TVGlobo 1989 - 43min.

Machu Picchu (Documentário Completo-legenda)52:29

Documentário "Machu Picchu Decodificada" (2010). Produzido pela NatGeo (canal da National Geographic) para comemorar os 100 anos da fascinante cidade inca pré-colombiana perdida.
 O documentário aborda questões que vão desde a escolha do lugar, a forma e ferramentas usadas na construção, os possíveis usos dados ao local e a população que habitou Machu Picchu revelando ainda uma teoria para seu abandono e esquecimento por cerca de quatro séculos. Boa sessão.

MACHU PICCHU FILME

Uma missao,pouca grana e muita coragem. 
Na compania de um irmao de vida e muitas pessoas especias 
ao longo da jornada. 25 dias, 14 cidades e muita historia. 
Uma viagem onde os FRACOS NAO TEM VEZ! 

Programa Cidade da Gente - Machu Picchu - parte 03-6min.

Programa Cidade da Gente - Machu Picchu - parte 02- 6min.

Programa Cidade da Gente - Machu Picchu - parte 03- 6min.

Programa Cidade da Gente - Machu Picchu - parte 04-



Assista a última parte do programa Cidade da Gente, 
série Caminhos Andinos sobre Machu Picchu. 
Assista a série completa e outros vídeos em 
www.lucianakatahira.wordpress.com

Machu Picchu


Altitude Máxima: 2390 metros.

Altitude Mínima: 2000 em Aguas Calientes

Temporada ideal: Maio a Agosto

Outras montanhas do roteiro:


  • Machu Pichu
  • Salcantay
  • Vale Sagrado
  •  

  • Georreferenciamento por Pedro Hauck e Maximo Kausch

    Mais informações sobre esta montanha:

    É inacreditável como uma civilização que não conhecia a roda foi capaz de construir uma cidade de pedra, a 2.400 metros de altitude.

    Machu Picchu é um lugar místico, rodeado por profundos cânions e montanhas cobertas de vegetação, que ficou perdida na história por quatro séculos. E, quando a conhecemos, não há como escapar das inúmeras e inexplicáveis perguntas que assolam nossas mentes.

    A cidadela de pedra dos Incas é muito, mas muito mais do que a fama que ostenta. É daqueles lugares onde nada, nem mesmo fotos e filmes, pode traduzir um momento, uma sensação e, por isso mesmo, torna-se um dos locais preferidos para o turismo no Perú.

    Mas estando lá, não tenha pressa. Admire cada ângulo das pedras perfeitamente talhadas e polidas. Observe atentamente sua redondeza e as inúmeras diferenças entre a Machu Picchu Inca e a Pré Inca.

    E, para que isso seja possível, não há melhor época que o mês de julho, quando o céu peruano torna-se muito mais azul e o clima muito mais ameno e seco.

    Não se sabe ao certo o real significado de Machu Picchu, mas acredita-se que o local tenha sido centro religioso e observatório astronômico. O fato é que foi abandonado. E redescoberto séculos mais tarde, em 1911, pelo explorador americano Hiram Bingham.

    Para alcançar Machu Picchu hoje, os turistas têm três opções. As duas primeiras é caminhar durante quatro dias em trilhas antigamente usada pelos próprios incas. Quem não tiver tempo nem preparo físico para a jornada, também tem a opção do trem.

    Re-explorando Machu Picchu

    A primeira coisa que qualquer turista faz é tirar a clássica foto no cenário mais manjado de Machu Picchu. Mas a paisagem demora a aparecer. É preciso subir alguns metros pela trilha à esquerda. Aí, sim, a paisagem se apresenta como num quadro.

    A mior dica que podemos passar é: Seja acompanhado por um guia, pois dentro deste refúgio da história, muitas e muitas informações que nos possibilitam entender a engenhosidade do povo inca passam desapercebidas.

    Machu Picchu foi dividida em duas zonas. Na agrícola estão terraços para cultivo e armazéns. Na urbana, templos, praças, mirantes e relógios entalhados nas pedras.

    São, ao todo, 216 construções. Entre as mais conhecidas está o Templo do Sol, semicircular e com janelas  trapezoidais por onde passavam os raios solares. A posição dessa estrutura indica que os incas conheciam o solstício de verão e de inverno. Já o Templo de las Tres Ventanas impressiona pelos enormes poliedros unidos com milimétrica precisão.

    Outro dado de cair o queixo é que uma falha geológica de 400 quilômetros atravessa Machu Picchu - e os incas sabiam disso. Eles usaram técnicas anti-sísmicas nas construções e, depois de séculos (e terremotos), parte da cidadela está intacta.

    O grande segredo do Império Inca tornou-se Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade e uma das sete maravilhas modernas do mundo. Machu Picchu recebe 700 mil turistas todos os anos.

    Dicas para quem quer viajar

    * Tome vacina contra a febre amarela pelo menos dez dias antes do embarque, para que o efeito seja garantido e a travessia na fronteira ocorra sem problemas.

    * Troque seus reais por dólares no Brasil na cotação para turismo. Nas fronteiras, não faltam cambistas, que obviamente sobrevivem da margem que ganham na troca.

    * Reserve o dia para passear e a noite para viajar. Combine o preço dos táxis antes de partir. Nem todos os veículos possuem taxímetro na Bolívia e no Peru.

    * Não deixe sua bagagem solta em nenhum local. Se for vítima de furto, comunique a polícia o mais rápido possível. Guarde passaporte e dinheiro em bolsa reservada, presa ao corpo. Na carteira, deixe apenas alguns trocados para o lanche e a passagem.

    * A viagem de São Paulo a Machu Picchu pode ser feita com menos de US$ 500.

    Trilhas que acessam as ruínas

    São duas as trilhas que chegam até as ruínas de Machu Pichu. Ambas oferecem trekkings imperdíveis.

    A trilha mais visitada e mais cara é a que vem do Vale Sagrado. Para chegar no começo dela, você terá que pegar uma condução ou um trem que leva até este local que fica depois de Ollantaytambo. Ela leva no mínimo dois dias e alcança uma altitude de 4200 metros.

    A outra trilha, menos conhecida e mais longa, é a trilha do Nevado Salcantay, que passa aos pés desta impressionante montanha de mais de seis mil metros. Ela começa na cidade de Mollepata, ao Norte de Cusco.

    Além das trilhas, é possível chegar a Machu Picchu de Trem, até Aguas Calientes e de lá até as ruínas com uma Van.

    Trajetos Disponíveis:

    • Trilha Inca pela Vale Sagrado
    • Trilha Inca pelo Nevado Salcantay

    :: Para ver mais dicas, informações e fotos de Machu Picchu, 
    acesse nosso site em Roteiros Andinos

    Notícias Relacionadas:

    26/07 - o segredo de Machu Picchu
    :: Quer conhecer este
    local? Entre em contato conosco!

    •  Georreferenciamento por Pedro Hauck e Maximo Kausch

    Machu Picchu


    Pix.gif Machu Picchu *
    Welterbe.svg
    Património Mundial da UNESCO

    Sunset across Machu Picchu.jpg
    Machu Picchu
    País  Peru
    Tipo
    Critérios i, iii, vii, ix
    Referência 274
    Região** América
    Histórico de inscrição
    Inscrição 1983  (7ª sessão)
    * Nome como inscrito na lista do Património Mundial.
    ** Região, segundo a classificação pela UNESCO.

    Machu Picchu (em quíchua Machu Pikchu, "velha montanha"), também chamada "cidade perdida dos Incas",[1] é uma cidade pré-colombiana bem conservada, localizada no topo de uma montanha, a 2400 metros de altitude, no vale do rio Urubamba, atual Peru. Foi construída no século XV, sob as ordens de Pachacuti.

     O local é, provavelmente, o símbolo mais típico do Império Inca, quer devido à sua original localização e características geológicas, quer devido à sua descoberta tardia em 1911. Apenas cerca de 30% da cidade é de construção original, o restante foi reconstruído. As áreas reconstruídas são facilmente reconhecidas, pelo encaixe entre as pedras. A construção original é formada por pedras maiores, e com encaixes com pouco espaço entre as rochas.

    Consta de duas grandes áreas: a agrícola formada principalmente por terraços e recintos de armazenagem de alimentos; e a outra urbana, na qual se destaca a zona sagrada com templos, praças e mausoléus reais.

    A disposição dos prédios, a excelência do trabalho e o grande número de terraços para agricultura são impressionantes, destacando a grande capacidade daquela sociedade. No meio das montanhas, os templos, casas e cemitérios estão distribuídos de maneira organizada, abrindo ruas e aproveitando o espaço com escadarias. Segundo a história inca, tudo planejado para a passagem do deus sol.

    O lugar foi elevado à categoria de Património mundial da UNESCO, tendo sido alvo de preocupações devido à interação com o turismo por ser um dos pontos históricos mais visitados do Peru.

    Há diversas teorias sobre a função de Machu Picchu, e a mais aceita afirma que foi um assentamento construído com o objetivo de supervisionar a economia das regiões conquistadas e com o propósito secreto de refugiar o soberano Inca e seu séquito mais próximo, no caso de ataque.

    Pela obra humana e pela localização geográfica, Machu Picchu é considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO.

    História

    Machu Picchu no século XIX

    Em 1865, no curso de suas viagens de exploração pelo Peru, o naturalista italiano Antonio Raimondi passou ao pé das ruínas sem sabê-lo e menciona o quão escassamente povoada era a região na época. Porém, tudo indica que foi por esses anos que a região começou a receber visitas por interesses distintos dos meramente científicos.

    De fato, uma investigação em curso divulgada recentemente[2][3] revela informação sobre um empresário alemão chamado Augusto Berns que em 1867 não só havia "descoberto" as ruínas mas também havia fundado uma empresa "mineira" para explorar os presumidos "tesouros" que abrigavam (a "Compañía Anónima Explotadora de las Huacas del Inca"). De acordo com esta fonte, entre 1867 e 1870 e com a aprovação do governo de José Balta, a companhia havia operado na zona e logo vendido "tudo o que encontrou" a colecionadores europeus e norte-americanos.[4]

    Huayna Picchu - A montanha maior, atrás da cidade.
     
    Conectados ou não com esta suposta empresa (cuja existência espera ser confirmada por outras fontes e autores) o certo é que nesta época que os mapas de prospecções mineiras começam a mencionar Machu Picchu. Assim, em 1870, o norte-americano Harry Singer coloca pela primeira vez em um mapa a localização do Cerro Machu Picchu e se refere ao Huayna Picchu como "Punta Huaca del Inca". O nome revela uma inédita relação entre os incas e a montanha e inclusive sugere um caráter religioso (uma huaca nos Andes antigos era um lugar sagrado).[5]

    Um segundo mapa de 1874, elaborado pelo alemão Herman Gohring, menciona e localiza em seu local exato ambas montanhas.[6]

    Por fim, em 1880 o explorador francês Charles Wiener confirma a existência de restos arqueológicos no lugar (afirma "há ruínas na Machu Picchu"), embora não possa chegar ao local.[7] Em qualquer caso está claro que a existência da suposta "cidade perdida" não se havia esquecido, como se acreditava até há alguns anos.

    Redescobrimento

    Vista da cidadela de Machu Picchu em 1911.
     
     
    Foi o professor norte-americano Hiram Bingham quem, à frente de uma expedição da Universidade de Yale, redescobriu e apresentou ao mundo Machu Picchu em 24 de julho de 1911. Este antropólogo, historiador ou simplesmente, explorador aficcionado da arqueologia, realizou uma investigação da zona depois de haver iniciado os estudos arqueológicos. 

    Bingham criou o nome de "a Cidade Perdida dos Incas" através de seu primeiro livro, Lost City of the Incas. Porém, naquela época, a meta de Bingham era outra: encontrar a legendária capital dos descendentes dos Incas, Vilcabamba, tida como baluarte da resistência contra os invasores espanhóis, entre 1536 e 1572. Ao penetrar pelo cânion do Urubamba, Bingham, no desolado sítio de Mandorbamba, recebeu do camponês Melchor Arteaga o relato que no alto de cerro Machu Picchu existiam abundantes ruínas. Alcançá-las significava subir por uma empinada ladeira coberta de vegetação.

    Quando Bingham chegou à cidade pela primeira vez, obviamente encontrou a cidade tomada por vegetação nativa e árvore. E também era infestada de víboras.

    Embora céptico, conhecedor dos muitos mitos que existem sobre as cidades perdidas, Bingham insistiu em ser guiado ao lugar. Chegando ao cume, um dos meninos das duas famílias de pastores que residiam no local o conduziu aonde, efetivamente, apareciam imponentes construções arqueológicas cobertas pelo manto verde da vegetação tropical e, em evidente estado de abandono há muitos séculos. Enquanto inspecionava as ruínas, Bingham, assombrado, anotou em seu diário:


    Cquote1.svg Would anyone believe what I have found?" (Acreditará alguém no que encontrei?) Cquote2.svg
    Hiram Bingham

    Depois desta expedição, Bingham voltou ao lugar em 1912 e, nos anos seguintes (1914 e 1915), diversos exploradores levantaram mapas e exploraram detalhadamente o local e os arredores.

    Suas escavações, não muito ortodoxas, em diversos lugares de Machu Picchu, permitiram-lhe reunir 555 vasos, aproximadamente 220 objetos de bronze, cobre, prata e de pedra, entre outros materiais. A cerâmica mostra expressões da arte inca e o mesmo deve dizer-se das peças de metal: braceletes, brincos e prendedores decorados, além de facas e machados. Ainda que não tenham sido encontrados objetos de ouro, o material identificado por Bingham era suficiente para inferir que Machu Picchu remonta aos tempos de esplendor inca, algo que já evidenciava seu estilo arquitetônico.

    Bingham reconheceu também outros importantes grupos arqueológicos nas imediações: Sayacmarca, Phuyupatamarca, a fortaleza de Vitcos e importantes trechos de caminhos (Caminho Inca), todos eles interessantes exemplos da arquitetura desse império. Tanto os restos encontrados como as evidências arquitetônicas levam os investigadores a crer que a cidade de Machu Picchu terminou de ser construída entre fim do século XV e início do século XVI.
    A expedição de Bingham, patrocinada não somente pela Universidade de Yale como também pela National Geographic Society, foi registrada em uma edição especial da revista, publicada em 1913, contendo um total de 186 páginas, que incluía centenas de fotografias.

    Panorama de Machu Picchu em meio às cadeias de montanhas peruanas.

    Geografia

    Localização

     Localização das ruínas de Machu Picchu, no Canhão) do Urubamba. Observe-se a curva que o rio descrevem em torno das montañas Machu Picchu e Huayna Picchu.
     
     
    Mapa da localização de Macchu Picchu.
     
    Machu Picchu se encontra a 13º 9' 47" de latitude sul e 72º 32' 44" de longitude oeste. Faz parte do distrito de mesmo nome, na província de Urubamba, no Departamento de Cusco, no Peru. A cidade importante mais próxima é Cusco, atual capital regional e antiga capital dos incas, a 130 quilômetros dali.


    A 2400 metros de altitude, Machu Picchu está situada no alto de uma montanha, cercada por outras montanhas e circundada pelo rio Urubamba, o que lhe proporciona uma atmosfera única de segurança e beleza
    As montanhas Machu Picchu e Huayna Picchu são parte de uma grande formação orográfica conhecida como Batolito de Vilcabamba, na Cordilheira Central dos Andes peruanos. Encontram-se na margem esquerda do chamado Canyon do Urubamba, conhecido antigamente como Quebrada de Picchu.[8] Ao pé dos montes e praticamente rodeando-os, corre o rio Urubamba (Vilcanota).

     As ruínas incas encontram-se a meio caminho entre os picos das duas montanha, a 450 metros acima do nível do vale e a 2.438 metros acima do nível do mar. A superfície edificada tem aproximadamente 530 metros de comprimento por 200 de largura e contém 172 edifícios em sua área urbana.


    As ruínas, propriamente ditas, estão dentro de um território do Sistema Nacional de Áreas Naturais Protegidas pelo Estado (SINANPE),[9] chamado Santuário Histórico de Machu Picchu, que se estende sobre uma superfície de 32 592 hectares, (80 535 acres ou 325,92 km²) da bacia do rio Vilcanota-Urubamba (o Willka mayu ou "rio sagrado" dos incas). O Santuário Histórico protege uma série de espécies biológicas em perigo de extinção e vários estabelecimentos incas,[10] entre os quais Machu Picchu é considerado o principal.

    Turismo

    Machu Picchu recebe turistas do mundo todo. A infraestrutura completa para o turista está nas cidades vizinhas de Águas Calientes e Cusco.

    Formas de acesso

    • A partir da cidade de Cusco a viagem de trem leva três a quatro horas, até chegar ao povoado de Águas Calientes. Neste local há micro-ônibus frequentes, que levam cerca de 30 minutos para chegar a Machu Picchu, pela rodovia Hiram Bingham (que sobe a encosta do cerro Machu Picchu desde a estação ferroviária "Puente Ruinas", localizada no fundo do canion. A mencionada rodovia, porém, não está integrada à rede nacional de rodovias do Peru. Nasce no povoado de Águas Calientes que por sua vez só é acessível por ferrovia (3 a 4 horas desde Cusco). A ausência de uma rodovia direta a Machu Picchu é intencional e permite controlar o fluxo de visitantes à região, por ser uma reserva nacional. Isso, porém, não impediu o crescimento desordenado (criticado pelas autoridades culturais) de Águas Calientes, que vive do turismo e para o turismo, pois há hotéis e restaurantes de diferentes categorias no local.
    • Seguindo o Caminho Inca em uma caminhada de quatro dias e chegar a Machu Picchu pela "porta do Sol". Para isso é necessário tomar o trem até o km 82 da ferrovia Cusco-Águas Calientes, de onde parte o caminho a pé.[11] Pode-se realizar a trilha completa, caminhando os 45 km em quatro dias com pernoites nos acampamentos com infra-estrutura, ou fazer a trilha curta, que pode ser realizada de duas maneiras: em dois dias, com pernoite no alojamento próximo às ruínas de Wina Wayna, chegando à Porta do Sol pela manhã ou caminhar os 12 km num único dia, chegando em Machu Picchu no final da tarde.
    • A partir da cidade de Cusco, fazer o passeio do Vale Sagrado dos Incas até Ollantaytambo e aí tomar o trem até Aguas Calientes e daí em micro-ônibus.
    • Também é acessível de helicóptero, em um voo de trinta minutos a partir de Cusco.

    Divisões

    Principais setores de Machu Picchu, de acordo com a nomenclatura utilizada pelos arqueólogos do INC-Cusco.
    A área edificada em Machu Picchu é de 530 metros de comprimento por 200 de largura e inclui ao menos 172 recintos. O complexo está claramente dividido em duas grandes zonas: a zona agrícola, formada por conjuntos de terraços de cultivo, que se encontra ao sul; e a zona urbana, que é aquela onde viveram seus ocupantes e onde se desenvolviam as principais atividades civis e religiosas. As duas zonas estão separadas por um muro, um fosso e uma escadaria, elementos que correm paralelos pela face leste da montanha.

    Zona agrícola

    Os terraços de cultivo de Machu Picchu aparecem como grandes escadarias construídas sobre a ladeira. São estruturas formadas por um muro de pedra e preenchidas com diferentes capas de material (pedras grandes, pedras menores, cascalho, argila e terra de cultivo) que facilitam a drenagem, evitando que a água crie poças (leve-se em conta a grande pluviosidade da região) e desmorone sua estrutura. Este tipo de construção permitiu que se cultivasse neles até a primeira década do século XX. Outros terraços de menor largura se encontram na parte baixa de Machu Picchu, ao redor de toda a cidade. Sua função não era agrícola, mas sim servir como muros de contenção.
    Cinco grandes construções localizam-se sobre os terraços ao leste do caminho inca que chega a Machu Picchu pelo sul. Foram utilizados como armazéns. A oeste do caminho encontram-se outros dois grandes conjuntos de terraços: alguns concêntricos de corte semicircular e outros retos.

    Zona urbana

    Um muro de cerca de 400 metros de comprimento divide a cidade da área agrícola. Paralelo ao muro corre um fosso usado como principal drenagem da cidade. No alto do muro está a porta de Machu Picchu que contava com um mecanismo de fechamento interno.
    A zona urbana foi dividida pelos arqueólogos atuais em grupos de edifícios denominados por números entre 1 e 18. Ainda está em vigência o esquema proposto por Chavez Ballón em 1961 que divide a zona urbana em “setor hanan” (alto) e “setor hurin” (baixo) conforme a tradicional bipartição da sociedade e da hierarquia andina. O eixo físico dessa divisão é uma praça comprida, construída sobre terraços em diferentes níveis, de acordo com o declive da montanha.
    O segundo eixo da cidade em importância forma uma cruz com o anterior, atravessando praticamente toda a largura das ruínas de leste a oeste. Consiste de dois elementos: uma larga e comprida escadaria que faz a vez de “rua principal” e um conjunto de elaboradas fontes de água que corre paralelo a ela.
    Na intersecção dos dois eixos estão localizadas a residência do inca, o templo observatório do torreão e a primeira e mais importante das fontes de água.

    Setor Hanan

    Conjunto 1
    Templo do Sol
    O recinto curvo do Templo do Sol ou Torreón
     
    O Templo do Sol é acessível por uma porta dupla, que permanecia fechada (há restos de um mecanismo de segurança). A edificação principal é conhecida como "Torreón", de blocos finamente lavrados. Foi usado para cerimônias relacionadas com o solstício de verão.[12] Uma de suas janelas mostra sinais de ornamentos incrustados que foram arrancados em algum momento da história de Machu Picchu, destruindo parte de sua estrutura. Mostra também sinais de um grande incêndio no lugar. O Torreón está construído sobre uma grande rocha sob a qual há uma pequena cova que foi forrada completamente com argamassa fina. Supõe-se que foi um mausoleo e que em seu interior haveria múmias. Lumbreras também especula que há indícios para afirmar que pode ser o mausoleo de Pachacutec e que sua múmia esteve ali até pouco depois da chegada dos espanhóis em Cusco.[13]
    Residência Real
    Das construções destinadas a residência real, esta é a mais fina, maior e melhor distribuída. Sua porta de acesso está frente à primeira fonte da cidade e, atravessando a rua formada por uma grande escadaria, ao Templo do Sol. Inclui duas peças de grandes monólitos de pedra bem talhada. Uma dessa peças tem acesso a um quarto de serviço com canal de deságue. O conjunto inclui um curral para llhamas e um terraço privado com vista ao lado leste da cidade.

    Zona sagrada

    A estrutura connhecida como Templo Principal.
     
    É chamado assim o conjunto de construções dispostas em torno de um pátio quadrado. Todas as evidências indicam que o lugar estava destinado a diferentes rituais. Inclui dois dos melhores edifícios de Machu Picchu, que estám formados por rochas trabalhadas de grade tamanho: O Templo das Três Janelas, cujos muros de grandes blocos poligonais foram ensam postos como um quebra-cabeças, e o Templo Principal, de blocos mais regulares, que se crê que foi o principal recinto cerimonial da cidade. Junto com este último está a chamada casa do sacerdote, ou câmara dos ornamentos. Há indícios que sugerem que o conjunto geral não terminou de ser construído.
    Intihuatana
    Intihuatana: "calendário" solar.
     
    Trata-se de uma colina cujos lados foram convertidos em terraços, tomando a forma de uma grande pirâmide de base poligonal. Inclui duas largas escadas de acesso, ao norte e ao sul, sendo esta última especialmente interessante por estar em largo trecho talhada em um só rocha. No alto, rodeada de construções da elite, encontra-se a pedra Intihuatana ("onde se amarra o Sol"), um dos objetos mais estudados de Machu Picchu, que foi relacionado com uma série de lugares considerados sagrados a partir do qual se estabelecem claros alinhamentos entre acontecimentos astronômicos e as montanha circundantes.[14]

    Setor Urin

    Rocha sagrada
    Chamam-se assim uma pedra de face plana colocada sobre um amplo pedestal. É uma marcação que indica o extremo norte da cidade e é o ponto de partida do caminha a Huayna Picchu.
    Grupo das três portas
    É um amplo conjunto arquitetônico dominado por três grandes kanchas dispostas simetricamente e comunicadas entre si. Suas portas, de idêntico formato, dão para a zona central de Machu Picchu. [15]
    Vista del Conjunto 9 ou das Três Portadas sobre três níveis de terraços frente à praça principal.

    Aspectos construtivos

    Engenharia hidráulica e de solo

    Uma cidade de pedra construída no alto de um istmo entre duas montanhas e entre duas falhas geológicas, em uma região submetida a constantes terremotos e, sobretudo a constantes chuvas o ano todo apresenta um desafio para qualquer construtor: evitar que todo o complexo se desmorone. Segundo Alfredo Valencia e Keneth Wright "o segredo da longevidade de Machu Picchu é seu sistema de drenagem".[16] O solo das áreas não trabalhadas possui um sistema de drenagem que consiste em capas de pedras trituradas e rochas para evitar o empoçamento da água das chuvas. 129 canais de drenagem se estendem por toda a área urbana, feitos para evitar a erosão, desembocando em sua maior parte no fosso que separa a área urbana da agrícula, que era na verdade o desague principal da cidade. Calcula-se que 60% do esforço construtivo de Machu Picchu estava em fazer as cimentações sobre terras que já sofreram terraplanagem com cascalho para um bom dreno das águas em excesso.

    Orientação das construções

    Existem sólidas evidências de que os construtores tiveram em conta critérios astronômicos e rituais para a construção de acordo com estudos de Dearborn, White, Thomson e Reinhard, entre outros. Na verdade, o alinhamento de alguns edifícios importantes coincide com o azimute solar durante os solstícios de maneira constante e com os pontos do nascer-do-sol e pôr-do-sol em determinadas épocas do ano, e com o topo das montanhas circundantes.[17][18]

    Arquitetura

    Material
    Morfologia
    • Quase todos os edifícios são de planta retangular. Há os de uma, duas e até oito portas, normalmente em apenas um dos lados maiores do retângulo. Existem poucas construções de planta curva e circular.
    • São frequentes as construções chamadas huayranas. Estas só possuem três muros. Neste caso no espaço do "muro faltante" aparece uma coluna de pedra para sustentar uma viga de madeira que serve de suporte ao teto. Também existem os chamados masmas, duas huayranas unidas por um muro no meio.
    Detalhe de parede
    • As construções normalmente seguem o esquema das kanchas, ou seja, quatro construções retangulares dispostas em torno de um pátio central unidos por um eixo de simetria transversal.[19] A este pátio dão todas as portas.
    Muros e paredes
    Os muros e paredes de pedra eram basicamente de dois tipos:
    • De pedra unida com argamassa de barro e outras substâncias. Há evidências de que estas construções, que são maioria em Machu Picchu, estiveram recobertas com uma camada de argila e pintadas (em amarelo e vermelho, ao menos), embora a desintegração precoce dos tetos as tornaram vulneráveis à chuva frequente da região e portanto não se conservara.
    • De pedra cuidadosamente lavrada nas construções de elite. São blocos de granito, sem brilho e perfeitamente talhados em forma de prismas retangulares (paralelepípedos, como os tijolos) ou poligonais. Suas faces exteriores podem ser almofadadas, ou seja, com protuberâncias, ou perfeitamente lisas. Nesses casos, a união dos blocos parece perfeita e permite supor que não têm nenhum tipo de argamassa; porém de fato o tem: é uma fina capa de material aglutinante que se encontra entre pedra e pedra embora seja invisível por fora. O esforço dessas realizações em uma sociedade sem ferramentas de ferro (somente conheciam o bronze, muito menos rígido) é notável.
    Cobertura
    Cobertura reconstruída
     
    Não se conservou nenhum teto original, porém há consenso em afirmar que a maioria das construções o tinham, de duas ou quatro águas. Houve um teto cônico sobre o torreón e era formado por uma armação de troncos de Alnus acuminata[20] amarrado e coberto por camadas de Stipa ichuun. A fragilidade desse tipo de palha e alta pluviosidade da região fez necessário que estes tetos tivesse inclinação de até 63º.[21] Assim a altura dos tetos muitas vezes duplicava a altura do resto do edifício.
    Portas, janelas e nichos
    Janela de casa
    • Como é clássico na arquitetura inca, a maioria das portas, janelas e nichos (chamados falsas janelas) têm forma trapezoidal, mais larga na base que no topo. A trava superior podiam ser de madeira ou de pedra (às vezes um só grande bloco). As portas dos recintos mais importantes eram duplas e em alguns casos incluíam um mecanismo de fechamento interior.
    • As paredes interiores de boa parte das construções têm nichos em forma trapezoidal, junto às janelas. Blocos cilíndricos ou retangulares sobressaem com frequência dos muros como grandes varandas, dispostos em forma simétrica com os nichos, quando existentes.

    Galeria

     Li-Sol-30
     Fontes:

    Enviado em 29/06/2010

    Publicado em 30/10/2012
    Publicado em 14/07/2012
    nelsonpintanelsonpinta·128 vídeos


    Publicado em 22/06/2012
    Sejam felizes todos os seres.Vivam em paz todos os seres.
    Sejam abençoados todos os seres.