sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A RAÇA BRASILEIRA - 2) A COMPREENSÃO DO PASSADO





PROGRAMA VIDA INTELIGENTE - 

1) A RAÇA BRASILEIRA - 2) A COMPREENSÃO DO PASSADO

A RAÇA BRASILEIRA
Brasil, este gigante que recebe e convive pacíficamente com todas as raças que
aportam em suas terras. País de incomum beleza, de clima tropical, de
povo trabalhador e pacato, de solo fértil e do maior manancial de água
potável do planeta. Vamos falar sobre as origens do continente, origens
do nome Brasil, origens dos índios, dos negros, dos vermelhos, dos
amarelos e dos brancos, miscigenação racial no Brasil, o karma do Brasil
e o karma do mundo, porque nascemos e porque moramos no Brasil, o
Brasil e o futuro da humanidade.

A COMPREENSÃO DO PASSADO
Estamos sempre recordando e presos ao passado.
É uma parte do Sempre cuja importância desconhecemos. Saber quem fomos no
passado ajuda-nos a resolve-lo e sublimá-lo? Mas o que é e onde está o
passado?
Como o passado é mantido no plano invisível?
Que importância ele tem em nosso presente e futuro?
É possível acessá-lo e alterá-lo?

Apossibilidade de criar nosso próprio presente e futuro, além de
transformar nosso passado através da nossa mente abstrata. Transformando
o passado (isso é possível), zeramos o karma e passamos a viver o
Sempre.

PROGRAMA VIDA INTELIGENTE
com Eustáquio Andréa Patounas
Quinta-Feira, 8 às 9 da noite, AO VIVO
TV Floripa Canal 4 da NET
www.vidainteligente.blogspot.com
www.vidainteligente.tv.br
 www.tvfloripa.org.br, a seguir clique em Ao Vivo e depois na seta do Play

Enviado em 28/02/2011
ASSISTA AO VIVO PELA INTERNET
www.tvfloripa.org.br,
Sejam felizes todos os seres.Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A VERDADE- Os Extraterrestres - O Filme - DVD 1 e 2



A Verdade - O Filme - DVD 1 - Parte 1 - 3_4 - Os Extraterrestres - As Evidências  -102min

Continuação clique aqui! - http://www.youtube.com/watch?v=sdTune...
Para
se entender o propósito do filme é necessário assistir até o FINAL do
DVD 2 parte 2, são mais de 10 horas de FILME, as partes do filmes estão
na descrição abaixo, e no final irão ver os problemas do Mundo e
precisamos de um patrocinador ou vários, quem estiver afim de fazer algo
decente na vida e ajudar as pessoas de verdade, favor entrar em contato
após terminar de ver o FILME.

Pessoal assistam ao filme completo, os 2 Dvds para entenderem tudo que está acontecendo, e por favor ajudem a divulgar o FILME.

No site www.averdade.tv tem o Filme completo para Download no 4shared.

A
parte 1 - DVD 1 - revela desde pinturas de disco voadores em cavernas a
milhares de anos, aos problemas das mentiras do governo americano em
esconder os discos voadores, a vários casos de abduções e muito +, as
histórias estão em ordem cronológica.

Parte 1_4 -http://www.4shared.com/video/aZYkgKO_...
Parte 2_4 - http://www.youtube.com/watch?v=J6jZdB...
Parte 3_4 - https://www.youtube.com/watch?v=94NGb...
Parte 4_4 - http://www.youtube.com/watch?v=sdTune...
________________________________________­_____________

Parte 2 - Círculos nas Plantações - Provas que os círculos nas plantações não são
feitos pelo homem e muito +.
http://www.youtube.com/watch?v=5Y5HWE...
________________________________________­______________

DVD 2: - O Youtube bloqueou algumas partes recomendável baixar o filme pelo site averdade.tv

Parte
3 - Mundo Espiritual - Revela problemas de algumas das religiões
existentes, EQM, provas de reencarnação, Curas Espirituais, o Novo Buda,
as verdadeiras histórias de Jesus e muito +.

Parte 1_5 - http://www.youtube.com/watch?v=ZEFxne...
Parte 2_5 - Devido aos Direitos Autorais não foi possivel colocar no Ar essa parte =/
Parte 3_5 - http://www.youtube.com/watch?v=4ehR8w...
Parte 4_5 - http://www.youtube.com/watch?v=JmYoGh...
Parte 5_5 - http://www.youtube.com/watch?v=2acTUm...
________________________________________­______________

Parte
4 - Parte Final - Revela a farsa do 11 de Setembro e do Pentágono, as
Sociedades Secretas, Bohemian Club, Skull & Bones, Conspirações,
Flúor na água, Aspartame, Rastros Químicos, Corrupção do Governo, provas
que o Brasileiro é o mais escravo do Mundo, Farsa nas urnas
eletrônicas, Grupo Bildergerd e muito +

Parte 1_2 - http://www.youtube.com/watch?v=9eiSkX...
Parte 2_2 - http://www.youtube.com/watch?v=h_mk5h...

Por favor divulguem o Filme, e interessados em ajudar favor entrar em contato.

http://www.averdade.tv e http://www.novopresidente.com
Continuação clique aqui! - http://www.youtube.com/watch?v=sdTune...
 Este!

A Verdade - O Filme - DVD 2- Parte Final- Os Extraterrestres - As Evidências  106min.

 

A Verdade - O Filme - DVD 2 - Parte 3 - Mundo Espiritual 1_5

Quintos dos Infernos - 11min.

 
 

 A verdade...2 - 4 - 88min.

 

 
 
Belíssima superposição da Lua - 1min.

Publicado em 12/01/2013-Licença padrão do YouTube
Sejam felizes todos os seres.Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

A ATUALIDADE BRUTAL DE HANNAH ARENDT



 
 
 Ghosts  of Abu Graib - 78min.

 
 
El Horror 
O Fantasma de Abu Ghraib - 6min.

 
Voli CIA - 12min.
O Fantasma de Abu Ghraib

 
Caminno a Guantanamo - 92min.



A atualidade brutal de Hannah Arendt

130905-Arendt
Adolf Eichmann, criminoso nazista. Mas, também, um burocrata preocupado apenas em cumprir ordens…

Filme de Margarethe von Trotta sugere que totalitarismo pode assumir faces “normais” e parece indispensável num cenário de democracia esvaziada e guerra iminente

Por Ladislau Dowbor
O filme causa impacto. Trata-se, tema central do pensamento de Hannah Arendt, de refletir sobre a natureza do mal. O pano de fundo é o nazismo, e o julgamento de um dos grandes mal-feitores da época, Adolf Eichmann. Hannah acompanhou o julgamento para o jornal New Yorker, esperando ver o monstro, a besta assassina. O que viu, e só ela viu, foi a banalidade do mal. Viu um burocrata preocupado em cumprir as ordens, para quem as ordens substituíam a reflexão, qualquer pensamento que não fosse o de bem cumprir as ordens. Pensamento técnico, descasado da ética, banalidade que tanto facilita a vida, a facilidade de cumprir ordens. A análise do julgamento, publicada pelo New Yorker, causou escândalo, em particular entre a comunidade judaica, como se ela estivesse absolvendo o réu, desculpando a monstruosidade.

A banalidade do mal, no entanto, é central. O meu pai foi torturado durante a II Guerra Mundial, no sul da França. Não era judeu. Aliás, de tanto falar em judeus no Holocausto, tragédia cuja dimensão trágica ninguém vai negar, esquece-se que esta guerra vitimou 60 milhões de pessoas, entre os quais 6 milhões de judeus. A perseguição atingiu as esquerdas em geral, sindicalistas ou ativistas de qualquer nacionalidade, além de ciganos, homossexuais e tudo que cheirasse a algo diferente. O fato é que a questão da tortura, da violência extrema contra outro ser humano, me marcou desde a infância, sem saber que eu mesmo a viria a sofrer. Eram monstros os que torturaram o meu pai? Poderia até haver um torturador particularmente pervertido, tirando prazer do sofrimento, mas no geral, eram homens como os outros, colocados em condições de violência generalizada, de banalização do sofrimento, dentro de um processo que abriu espaço para o pior que há em muitos de nós.

Por que é tão importante isto, e por que a mensagem do filme é autêntica e importante? Porque a monstruosidade não está na pessoa, está no sistema. Há sistemas que banalizam o mal. O que implica que as soluções realmente significativas, as que nos protegem do totalitarismo, do direito de um grupo no poder dispor da vida e do sofrimento dos outros, estão na construção de processos legais, de instituições e de uma cultura democrática que nos permita viver em paz. O perigo e o mal maior não estão na existência de doentes mentais que gozam com o sofrimento de outros – por exemplo uns skinheads que queimam um pobre que dorme na rua, gratuitamente, pela diversão – mas na violência sistemática que é exercida por pessoas banais.

Entre os que me interrogaram no DOPS de São Paulo encontrei um delegado que tinha estudado no Colégio Loyola de Belo Horizonte, onde eu tinha estudado nos anos 1950. Colégio de orientação jesuíta, onde se ensinava a nos amar uns aos outros. Encontrei um homem normal, que me explicava que arrancando mais informações seria promovido, me explicou os graus de promoções possíveis na época. Aparentemente queria progredir na vida. Outro que conheci, violento ex-jagunço do Nordeste, claramente considerava a tortura como coisa banal, coisa com a qual seguramente conviveu nas fazendas desde a sua infância. Monstros? Praticaram coisas monstruosas, mas o monstruoso mesmo era a naturalidade com a qual a violência se pratica.
Um torturador na OBAN me passou uma grande pasta A-Z onde estavam cópias dos depoimentos dos meus companheiros que tinham sido torturados antes. O pedido foi simples: por não querer se dar a demasiado trabalho, pediu que eu visse os depoimentos dos outros, e fizesse o meu confirmando a verdades, bobagens ou mentiras que estavam lá escritas. Explicou que eu escrevendo um depoimento que repetia o que já sabiam, deixaria satisfeitos os coronéis que ficavam lendo depoimentos no andar de cima (os coronéis evitavam sujar as mãos), pois veriam que tudo se confirmava, ainda que fossem histórias absurdas. Segundo ele, se houvesse discrepâncias, teriam de chamar os presos que já estavam no Tiradentes, voltar a interrogá-los, até que tudo batesse. Queria economizar trabalho. Não era alemão. Burocracia do sistema. Nos campos de concentração, era a IBM que fazia a gestão da triagem e classificação dos presos, na época com máquinas de cartões perfurados. No documentário A Corporação, a IBM esclarece que apenas prestava assistência técnica.
O mal não está nos torturadores, e sim nos homens de mãos limpas que geram um sistema que permite que homens banais façam coisas como a tortura, numa pirâmide que vai desde o homem que suja as mãos com sangue até um Rumsfeld que dirige uma nota aos exército americano no Iraque, exigindo que os interrogatórios sejam harsher, ou seja, mais violentos. Hannah Arendt não estava desculpando torturadores, estava apontando a dimensão real do problema, muito mais grave.

Adolf Eichmann em seu julgamento em Jerusalém, (Julho 17, 1961), por Ronald Searle
Adolf Eichmann em seu julgamento em Jerusalém, (Julho 17, 1961), por Ronald Searle
A compreensão da dimensão sistêmica das deformações não tem nada a ver com passar a mão na cabeça dos criminosos que aceitaram fazer ou ordenar monstruosidades. Hannah Arendt aprovou plenamente e declaradamente o posterior enforcamento de Eichmann. Eu estou convencido de que os que ordenaram, organizaram, administraram e praticaram a tortura devem ser julgados e condenados.
O segundo argumento poderoso que surge no filme, vem das reações histéricas de judeus pelo fato de ela não considerar Eichmann um monstro. Aqui, a coisa é tão grave quanto a primeira. Ela estava privando as massas do imenso prazer compensador do ódio acumulado, da imensa catarse de ver o culpado enforcado. As pessoas tinham, e têm hoje, direito a este ódio. Não se trata aqui de deslegitimar a reação ao sofrimento imposto. Mas o fato é que ao tirar do algoz a característica de monstro, Hannah estava-se tirando o gosto do ódio, perturbando a dimensão de equilíbrio e de contrapeso que o ódio representa para quem sofreu. O sentimento é compreensível, mas perigoso. Inclusive, amplamente utilizado na política, com os piores resultados. O ódio, conforme os objetivos, pode representar um campo fértil para quem quer manipulá-lo.
Quando exilado na Argélia, durante a ditadura militar, conheci Ali Zamoum, um dos importantes combatentes pela independência do país. Torturado, condenado à morte pelos franceses, foi salvo pela independência. Amigos da segurança do novo regime localizaram um torturador seu, numa fazendo do interior. Levaram Ali até a fazenda, onde encontrou um idiota banal, apavorado num canto. Que iria ele fazer? Torturar um torturador? Largou ele ali para ser trancado e julgado. Decepção geral. Perguntei um dia ao Ali como enfrentavam os distúrbios mentais das vítimas de tortura. Na opinião dele, os que se equilibravam melhor, eram os que, depois da independência, continuaram a luta, já não contra os franceses mas pela reconstrução do país, pois a continuidade da luta não apagava, mas dava sentido e razão ao que tinham sofrido.
No 1984 do Orwell, os funcionários eram regularmente reunidos para uma sessão de ódio coletivo. Aparecia na tela a figura do homem a odiar, e todos se sentiam fisicamente transportados e transtornados pela figura do Goldstein. Catarse geral. E odiar coletivamente pega. Seremos cegos se não vermos o uso hoje dos mesmos procedimentos, em espetáculos midiáticos.
Hannah Arendt,  filósofa política alemã de origem judaica (1906-1975)
Hannah Arendt, filósofa política alemã de origem judaica (1906-1975)

O texto de Hannah, apontando um mal pior, que são os sistemas que geram atividades monstruosas a partir de homens banais, simplesmente não foi entendido. Que homens cultos e inteligentes não consigam entender o argumento é em si muito significativo, e socialmente poderoso. Como diz Jonathan Haidt, para justificar atitudes irracionais, inventam-se argumentos racionais, ou racionalizadores.1 No caso, Hannah seria contra os judeus, teria traído o seu povo, tinha namorado um professor que se tornou nazista. Os argumentos não faltaram, conquanto o ódio fosse preservado, e com o ódio o sentimento agradável da sua legitimidade.

Este ponto precisa ser reforçado. Em vez de detestar e combater o sistema, o que exige uma compreensão racional, é emocionalmente muito mais satisfatório equilibrar a fragilização emocional que resulta do sofrimento, concentrando toda a carga emocional no ódio personalizado. E nas reações histéricas e na deformação flagrante, por parte de gente inteligente, do que Hannah escreveu, encontramos a busca do equilíbrio emocional. Não mexam no nosso ódio. Os grandes grupos econômicos que abriram caminho para Hitler, como a Krupp, ou empresas que fizeram a automação da gestão dos campos de concentração, como a IBM, agradecem.

O filme é um espelho que nos obriga a ver o presente pelo prisma do passado. Os americanos se sentem plenamente justificados em manter um amplo sistema de tortura – sempre fora do território americano pois geraria certos incômodos jurídicos -, Israel criou através do Mossad o centro mais sofisticado de tortura da atualidade, estão sendo pesquisados instrumentos eletrônicos de tortura que superam em dor infligida tudo o que se inventou até agora, o NSA criou um sistema de penetração em todos os computadores, mensagens pessoais e conteúdo de comunicações telefônicas do planeta. Jovens americanos no Iraque filmaram a tortura que praticavam nos seus celulares em Abu Ghraib, são jovens, moças e rapazes, saudáveis, bem formados nas escolas, que até acham divertido o que fazem. Nas entrevistas posteriores, a bem da verdade, numerosos foram os jovens que denunciaram a barbárie, ou até que se recusaram a praticá-la. Mas foram minoria.2
O terceiro argumento do filme, e central na visão de Hannah, é a desumanização do objeto de violência. Torturar um semelhante choca os valores herdados, ou aprendidos. Portanto, é essencial que não se trate mais de um semelhante, pessoa que pensa, chora, ama, sofre. É um judeu, um comunista, ou ainda, no jargão moderno da polícia, um “elemento”. Na visão da KuKluxKlan, um negro. No plano internacional de hoje, o terrorista. Nos programas de televisão, um marginal. Até nos divertimos, vendo as perseguições. São seres humanos? O essencial, é que deixe de ser um ser humano, um indivíduo, uma pessoa, e se torne uma categoria. Sufocaram 111 presos nas celas? Ora, era preciso restabelecer a ordem.

Um belíssimo documentário, aliás, Repare Bem, que ganhou o prêmio internacional no festival de Gramado, e relata o que viveu Denise Crispim na ditadura, traz com toda força o paralelo entre o passado relatado no Hannah Arendt e o nosso cenário brasileiro. Outras escalas, outras realidades, mas a mesma persistente tragédia da violência e da covardia legalizadas e banalizadas.

Sebastian Haffner, estudante de direito na Alemanha em 1930, escreveu na época um livro – Defying Hitler: a memoir – manuscrito abandonado, resgatado recentemente por seu filho que o publicou com este título.3 O livro mostra como um estudante de família simples vai aderindo ao partido nazista, simplesmente por influência dos amigos, da mídia, do contexto, repetindo com as massas as mensagens. Na resenha do livro que fiz em 2002, escrevi que o que deve assustar no totalitarismo, no fanatismo ideológico, não é o torturador doentio, é como pessoas normais são puxadas para dentro de uma dinâmica social patológica, vendo-a como um caminho normal. Na Alemanha da época, 50% dos médicos aderiram ao partido nazista.

O próximo fanatismo político não usará bigode nem bota, nem gritará Heil como os idiotas dos “skinheads”. Usará terno, gravata e multimídia. E seguramente procurará impor o totalitarismo, mas em nome da democracia, ou até dos direitos humanos.

2 Melhor do que qualquer comentário, é ver o filme O Fantasma de Abu Ghraib, disponível no Youtube em http://www.youtube.com/watch?v=_TpWQj0MjvI&feature=youtube_gdata_player ; ver também a pesquisa da BBC http://guardian.co.uk/world/2013/mar/06/pentagon-iraq-torure-centres-link ; sobre Guantanamo, ver o artigo do New York Times de 15/04/2013
3 Sebastian Haffner – Defying Hitler – http://dowbor.org/2003/08/defying-hitler-a-memoir.html/







Fontes
Licença padrão do YouTube
http://outraspalavras.net/posts/a-atualidade-brutal-de-hannah-arendt/
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres. 
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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A ORIGEM DO MAL NO HOMEM




CPFL -  O Mal Primordial - Leandro Karnal - 120min.



Thomas Hobbes (1588 - 1679)

 Arildo Luiz Marconatto


    Para Hobbes a filosofia tem que ter um fundamento prático, tem que ser útil, e dessa forma descarta a metafísica como sendo de interesse da filosofia. A filosofia tem que se interessar pelos corpos, a explicação das causas desses corpos e as suas propriedades. A filosofia não tem que se preocupar com a teologia ou com Deus, esses assuntos são de interesse da fé e não da filosofia. A filosofia também não trabalha com a história, pois essa se fundamenta em indícios e probabilidades.

    A filosofia tem que estudar os corpos em geral, como os objetos inanimados; os copos dos homens, que são animados; e os corpos artificiais, como o estado. Tudo o que for espiritual ou não corpóreo, não é do interesse da filosofia. Os interesses da filosofia são os mesmos interesses da ciência, ambas buscam aumentar o poder dos homens sobre a natureza.

    Hobbes acreditava que a razão não é uma prioridade humana, pois em certos graus os animais também usam da razão, como quando conseguem prever os acontecimentos futuros com base em suas experiências passadas. O que acontece é que nos homens essa previsão do futuro é muito superior, pois conseguem calcular e modificar o futuro com base nos experimentos passados.
  
 A razão humana vai muito além e consegue através da lógica tornar mais complexo e profundo o nosso pensamento que derivam e se fundamentam em sinais que são os nomes que damos aos pensamentos ou acontecimentos passados. Esse processo tem por objetivo repassar aos outros seres humanos nossas experiências e pensamentos só que de forma sistematizada e elaborada.
  
Raciocinar é calcular nomes e sentenças, esse calcular pode ser uma soma, subtração, multiplicação ou divisão. Os cálculos do nosso raciocínio têm por base os sinais linguísticos que usamos para significar as nossas experiências, que são retiradas dos nossos sentidos, pois a origem de todos os nossos pensamentos está nos sentidos que estão baseados nos objetos externos ao nosso corpo.
    Em Hobbes a ciência e a filosofia são vistas como sendo a busca do conhecimento da origem das coisas e desse conhecimento devemos excluir a teologia, pois o objeto de estudo da teologia é Deus e de Deus não podemos descobrir a origem.
    A filosofia de Hobbes é ainda definida como corpórea e mecanicista. É corpórea porque os corpos são gerados e por isso são os únicos sobre os quais é possível raciocinar. É mecanicista porque somente um corpo pode sofrer uma ação. O prazer, a dor, o querer o ódio e o amor também são movimentos. Em todos esses movimentos não existe um bem e um mal, pois ambos são relativos se levarmos em conta que o bem é aquilo que buscamos e o mal aquilo do qual fugimos e que as pessoas buscam ou tentam se afastar de maneira e de coisas diferentes.
    Mesmo não existindo um bem e um mal como valor absoluto, Hobbes admite que exista um primeiro bem que precede muitos outros, esse bem é a conservação da vida, e o contrário desse primeiro bem é a morte.

    Levando seus princípios para a análise política e social, Hobbes discorda da posição aristotélica que diz que o homem é um animal político. Hobbes acredita que cada homem é diferente do outro e que a vida social é definida pelo egoísmo dessa diferença e pela convenção da convivência em grupo. O Estado em que esses indivíduos vivem não é algo natural, mas artificial, criado por esses indivíduos para alcançar da melhor forma seus objetivos egoístas.

    Naturalmente os homens, devido ao seu egoísmo, viveriam em guerra de todos contra todos, cada um tendendo a defender os seus próprios interesses. Conforme palavras de Hobbes, em estado natural o "homem é o lobo do homem". Nesse estado o homem ficaria prejudicado em seus interesse egoístas pois a qualquer momento poderia perder o seu primeiro bem que é a vida.

    Usando o instinto e a razão ele tenta fugir dessa situação e se autoconservar. Para se conservarem os homens fazem entre si um pacto social e delegam a um único homem ou a uma assembleia o direito de representá-los. Esse único homem é o rei e ele detém todos os poderes.

    Em torno desse rei ou da assembleia é formado o estado que Hobbes chama de Leviatã. Esse estado defenderá os homens das agressões estrangeiras e das agressões deles contra eles mesmos.

Sentenças:

- O homem é o lobo do homem.

- A natureza é a guerra de todos contra todos.

- O papa é o fantasma do imperador romano.

- O interesse e o medo são o princípio da sociedade.

- Sem a espada os acordos são só palavras.

- As leis são feitas pela autoridade e não pela verdade.

- As grandes sociedades se baseiam em medos recíprocos.

- O ócio é a mãe da filosofia.

- Quem não está contra nós, está do nosso lado.

- Toda infração da lei é uma ofensa contra o estado.

Thomas Hobbes

O Problema do Mal

Há mal no mundo: isto não pode ser seriamente negado. Basta pensar no Holocausto, nos massacres de Pol Pot no Camboja ou na prática generalizada da tortura. Todos eles são exemplos de mal moral e crueldade: seres humanos que provocam sofrimento a outros seres humanos por uma razão qualquer. A crueldade tem também muitas vezes como objecto os animais. Há também outro tipo de mal, conhecido como mal natural ou metafísico: terramotos, doença e fome são exemplos deste tipo de mal.

O mal natural tem causas naturais, apesar de se poder tornar ainda pior em função da incompetência humana ou falta de cuidado. A palavra «mal» talvez não seja a melhor para designar estes fenómenos naturais, que dão origem ao sofrimento humano, uma vez que é habitualmente usada para referir a crueldade deliberada. Contudo, quer lhe chamemos «mal natural», quer lhe chamemos qualquer outra coisa, a existência de coisas como a doença e as calamidades naturais tem, sem dúvida, de ser tomada em conta se queremos manter a crença num deus benevolente.

Visto existir tanto mal, como pode alguém acreditar seriamente na existência de um deus sumamente bom? Um deus omnisciente saberia que o mal existe; um deus todo poderoso poderia evitar que o mal ocorresse; e um Deus sumamente bom não quereria que o mal existisse. Mas o mal continua a existir. Este é o problema do mal: o problema de explicar como os alegados atributos de Deus podem ser compatíveis com o facto inegável de o mal existir. Este é o mais sério desafio à crença no deus dos teístas. O problema do mal levou muitas pessoas a rejeitar completamente a crença em Deus, ou, pelo menos, a rever a sua opinião acerca da suposta benevolência, omnipotência ou omnisciência de Deus.
Os teístas têm sugerido várias soluções para o problema do mal, três das quais serão aqui consideradas.

Tentativas de solução do problema do mal

Santidade
Algumas pessoas argumentaram que a presença de mal no mundo se justifica, apesar de não ser claramente uma coisa boa, porque conduz a uma maior virtude moral. Sem a pobreza e a doença, por exemplo, não seria possível a virtude moral que a Madre Teresa demonstrava ao ajudar os necessitados. Sem guerra, tortura e crueldade, os santos e os heróis não poderiam existir. O mal permite a existência do bem, supostamente maior, que este tipo de triunfo sobre o sofrimento humano representa. Contudo, esta solução está sujeita a pelo menos duas objecções. Em primeiro lugar, o grau e a dimensão do sofrimento são muito maiores do que seria necessário para permitir que santos e heróis desempenhassem os seus actos de bem moral. É extremamente difícil justificar com este argumento as mortes horríveis de vários milhões de pessoas nos campos de concentração nazis. Além disso, grande parte deste sofrimento passa despercebido e não é registado, de forma que não pode ser explicado desta maneira: em alguns casos, o indivíduo que sofre é a única pessoa capaz de aperfeiçoamento moral em tal situação, mas é altamente improvável que este aperfeiçoamento possa ocorrer em casos de dor extrema.

Em segundo lugar, não é óbvio que um mundo no qual exista muito mal seja preferível a um mundo no qual existisse menos mal e, consequentemente, menos santos e heróis. De facto, há qualquer coisa de ofensivo na tentativa de justificar a agonia de uma criança que morre de uma doença incurável, por exemplo, argumentando que isto permite que os que a presenciam se tornem melhores pessoas do ponto de vista moral. Iria realmente um deus sumamente bom usar tais métodos para nos ajudar a aperfeiçoar-nos moralmente?

Analogia artística
Algumas pessoas defenderam a existência de uma analogia entre o mundo e uma obra de arte. A harmonia geral de uma peça de música inclui geralmente dissonâncias que são subsequentemente convertidas num acorde; uma pintura tem, tipicamente, grandes áreas de pigmento mais escuro e mais claro. De forma análoga, defende este argumento, o mal contribui para a harmonia ou beleza geral do mundo. Esta perspectiva está também sujeita a pelo menos duas objeções.

Em primeiro lugar, é pura e simplesmente difícil de aceitar. Por exemplo, é difícil de perceber como se pode dizer que alguém a morrer em grande sofrimento na cerca de arame farpado da terra de ninguém na Batalha de Somme esteve a contribuir para a harmonia geral do mundo. Se a analogia com a obra de arte for realmente a explicação da razão pela qual Deus permite tanto mal, isto é quase uma admissão de que o mal não pode ser satisfatoriamente explicado, uma vez que coloca a compreensão do mal para além da compreensão meramente humana. A harmonia só pode ser observada e apreciada do ponto de vista de Deus. Se é isto que os teístas querem dizer quando afirmam que Deus é sumamente bom, trata-se de um uso muito diferente da palavra "bom", relativamente ao uso habitual.

Em segundo lugar, um deus que permite tal sofrimento por motivos meramente estéticos ― de forma a poder apreciá-lo da mesma maneira que se aprecia uma obra de arte ― parece mais um sádico do que o deus sumamente bom de que falam os teístas. Se o papel do sofrimento é este, Deus está desconfortavelmente próximo do psicopata que põe uma bomba no meio da multidão de forma a poder observar os belos padrões criados pela explosão e pelo sangue. Para muitas pessoas, esta analogia entre uma obra de arte e o mundo teria mais sucesso como um argumento contra a benevolência de Deus do que a seu favor.

A defesa do livre arbítrio
A tentativa mais importante de solução do problema do mal é, de longe, a defesa do livre arbítrio. Trata se da afirmação de que Deus deu o livre arbítrio aos seres humanos: a capacidade para escolhermos o que queremos fazer. Se não tivéssemos livre arbítrio, seríamos como robots, ou autómatos, sem escolhas próprias. Os que aceitam a defesa do livre arbítrio argumentam que uma consequência necessária da posse do livre arbítrio é a possibilidade de praticar o mal; caso contrário, não seria, genuinamente, livre arbítrio. Os seus defensores afirmam que um mundo no qual os seres humanos têm livre arbítrio, conduzindo-nos por vezes ao mal, é preferível a um mundo no qual a ação humana fosse predeterminada, um mundo no qual seríamos como robots, programados para praticar apenas boas acções.

De facto, se fôssemos programados desta forma, não poderíamos sequer dizer que as nossas ações seriam moralmente boas, uma vez que o bem moral depende de poder escolher o que fazemos. Uma vez mais, há várias objeções  a esta proposta de solução.

Críticas à Defesa do Livre Arbítrio

Admite dois pressupostos básicos
O pressuposto básico que a defesa do livre arbítrio admite é o de que um mundo com livre arbítrio e a possibilidade do mal é preferível a um mundo de pessoas-robots que nunca praticam más acções. Mas será isto obviamente verdade? O sofrimento pode ser tão terrível que muitas pessoas, dada a possibilidade de escolha, prefeririam que toda a gente tivesse sido pré-programada para só praticar o bem, em vez de ter de passar por certos sofrimentos. Estes seres pré-programados poderiam mesmo ter sido concebidos de maneira a acreditarem ter livre arbítrio, apesar de o não terem: poderiam ter a ilusão do livre arbítrio com todos os benefícios que a crença de que seriam livres lhes traria, mas sem nenhuma das desvantagens.

Este argumento sugere um segundo pressuposto da defesa do livre arbítrio, nomeadamente o de que temos de facto livre arbítrio, e não apenas a ilusão de que o temos. Alguns psicólogos pensam que podemos explicar todas as decisões ou escolhas que uma pessoa faz através de um condicionamento anterior que a pessoa sofreu, de forma que, apesar de a pessoa se poder sentir livre, a sua acção é na realidade inteiramente determinada pelo que aconteceu no passado. Não podemos ter a certeza de que não é assim que as coisas realmente se passam.

Contudo, deve notar-se, a favor da defesa do livre arbítrio, que a maior parte dos filósofos acredita que os seres humanos têm de facto, genuinamente, num certo sentido, livre arbítrio; e deve também notar-se que o livre arbítrio é geralmente considerado essencial ao ser humano.

Livre arbítrio sem mal
Se Deus é onipotente, é presumível que esteja dentro dos seus poderes a criação de um mundo no qual existisse livre arbítrio sem que existisse mal. De facto, um tal mundo não é particularmente difícil de imaginar. Apesar de a posse do livre arbítrio nos dar sempre a possibilidade de fazer o mal, não há razão para que esta possibilidade se torne real. É logicamente possível que toda a gente tivesse tido livre arbítrio mas tivesse decidido evitar sempre a má linha de ação.
Aqueles que aceitam a defesa do livre arbítrio responderiam possivelmente a este argumento afirmando que num tal estado de coisas não existiria verdadeiro livre arbítrio. Esta ideia está em discussão.

Deus poderia intervir
Os teístas acreditam, tipicamente, que Deus pode intervir e que intervém de facto no mundo, sobretudo através da execução de milagres. Se Deus intervém por vezes, por que escolhe Deus executar o que podem parecer, a quem não for crente, "truques" menores, como provocar estigmas (marcas nas mãos das pessoas, como os buracos dos pregos das mãos de Cristo), ou transformar a água em vinho? Porque não interveio Deus de forma a prevenir o Holocausto, ou toda a segunda guerra mundial ou a epidemia da SIDA?

Uma vez mais, os teístas podem responder que, se Deus tivesse intervindo, não teríamos genuíno livre arbítrio. Mas isto seria abandonar um aspecto da crença em Deus defendido pela maioria dos teístas, nomeadamente que a intervenção divina ocorre por vezes.

Não explica o mal natural
Uma crítica da maior importância à defesa do livre arbítrio afirma que este argumento só poderá, na melhor das hipóteses, justificar a existência do mal moral, o mal que resulta  diretamente dos seres humanos. Não se concebe qualquer conexão entre a posse de livre arbítrio e a existência de males naturais, como terremotos, doenças, erupções vulcânicas, etc., a não ser que se aceite uma espécie qualquer da doutrina do pecado original, segundo a qual a traição da confiança de Deus, perpetrada por Adão e Eva, terá trazido toda a espécie de mal ao mundo. A doutrina do pecado original torna os seres humanos responsáveis por todas as formas de mal existente no mundo. Contudo, tal doutrina só seria aceitável para alguém que já acreditasse na existência do deus judaico-cristão.
Há outras explicações, mais plausíveis, do mal natural, uma das quais afirma que a regularidade das leis da natureza oferece, em geral, um maior benefício, que ultrapassa as calamidades ocasionais a que dá origem.

Leis benéficas da natureza
Sem regularidade na natureza, o nosso mundo seria um mero caos e não teríamos forma de prever os resultados de nenhuma das nossas acções. Se, por exemplo, as bolas de futebol só às vezes deixassem os nossos pés quando as chutamos, limitando-se outras vezes a ficar coladas aos pés, teríamos muita dificuldade em prever o que iria acontecer numa qualquer ocasião específica em que fôssemos chutar uma bola. A falta de regularidade noutros aspectos do mundo poderia fazer que a própria vida fosse impossível. A ciência, tal como a vida quotidiana, apoia-se na existência de muitas regularidades na natureza, na qual causas análogas têm a tendência para produzir efeitos análogos.

Argumenta-se por vezes que, porque esta regularidade é habitualmente benéfica para nós, o mal natural se justifica, uma vez que é um efeito colateral da operação regular e contínua das leis da natureza. Os efeitos benéficos gerais desta regularidade ultrapassariam os prejudiciais. Mas este argumento é vulnerável de duas maneiras, pelo menos.

Primeiro, não explica por que razão não poderia um Deus omnipotente ter criado leis da natureza que nunca pudessem de facto conduzir ao mal natural. Uma resposta possível a isto é afirmar que mesmo Deus está submetido às leis da natureza; mas isto sugere que Deus não é realmente omnipotente.
Segundo, continua a não explicar por que razão Deus não intervém para executar milagres mais vezes. Se argumentarmos que Deus nunca intervém, eliminamos um aspecto central da crença em Deus da maioria dos teístas.

Nigel Warburton,
 Elementos Básicos de Filosofia
Gradiva, Lisboa, 1998, pp. 45-52.

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 MAL, O problema do (Santo Agostinho)

 Santo Agostinho

 FILOSOFIA 3º ANO
Do latim, malum. 1. Em um sentido geral, tudo que é negativo, nocivo ou prejudicial a alguém. "Podemos considerar o mal em um sentido metafísico, físico ou moral. O mal metafísico consiste na simples imperfeição; o mal físico no sofrimento; o mal moral no pecado, segundo Leibniz (Dicionário de Filosofia).

O mal, segundo Santo Agostinho, é o estado em que o homem se afasta de Deus, de seus preceitos, de seu amor. Contudo, é uma condição presente na vida de todos os homens, devido ao pecado original de Adão e Eva, conforme o livro bíblico, Gênesis. O afastamento da convivência espiritual com Deus e a desobediência à sua vontade provoca todo o mal presente na vida dos homens. Somente por intermédio de Jesus Cristo, o filho de Deus encarnado, os homens podem ser redimidos e reviver o estado pleno de bondade junto a Deus (Chalita).

Santo Agostinho tenta provar de forma filosófica de que Deus não é o criador do mal, em seu livro 'O Livre-arbítrio'. Pois, para ele, tornava-se inconcebível o fato de que um ser tão bom, pudesse ter criado o mal. A concepção que Agostinho tem do mal, esta baseada na teoria platônica, assim o mal não é um ser, mas sim a ausência de um outro ser, o bem. O mal é aquilo que "sobraria" quando não existe mais a presença do bem. Deus seria a completa personificação deste bem, portanto não poderia ter criado o mal. Deus em sua perfeição, quis criar um ser que pudesse ser autônomo e assim escolher o bem de forma voluntária. O homem, então, é o único ser que possuiria as faculdades da vontade, da liberdade e do conhecimento. Por esta forma ele é capaz de entender os sentidos existentes em si mesmo e na natureza. Ele é um ser capacitado a escolher entre algo bom (proveniente da vontade de Deus) e algo mal (a prevalência da vontade das paixões humanas) (Wikipedia).

O que é a modernidade? 
Numa definição curta e exata a modernidade é a negação de Deus. 
Ela tenta, em tudo e por tudo, matar a Revelação, 
conspurcar as coisas tidas como sagradas e negar a verdade. 

Eu vi Satã cair do céu como um relâmpago.Lucas 10, 18
O que transforma a obra FAUSTO, de Goethe, em um monumento imorredouro não é apenas a grandiosidade de sua construção e a beleza de seus versos. Nem mesmo o seu tema. George Satayana o classificou como um poema filosófico, ao lado dos poemas de Dante e de Lucrécio. É esse caráter filosófico que lhe eleva acima do seu tempo, mas não apenas. A genialidade de Goethe lhe permitiu fazer a síntese de uma era - os tempos modernos ou a modernidade - e registrar para a posteridade de forma ornamental essa fotografia histórica. O poema é também uma crônica extraordinária.

É preciso olhar a história da filosofia para se dar conta da grandiosidade de Goethe. O Ocidente sofreu uma inflexão filosófica no assim chamado Renascimento, que ocorreu no período que medeia o século XIII e o século XVII. Nesse intervalo a hegemonia do pensamento cristão na Europa ocidental sucumbiu. A filosofia que teve origem em Sócrates, Platão e Aristóteles é questionada e, depois, abandonada. A teologia, que colocava Deus no centro da Criação e o homem como coisa criada, Deus como ser e o homem como ser dele dependente, é jogada no lixo. Descartes, como bem ensinou João Paulo II no livro MEMÓRIA E IDENTIDADE, é o autor final desse processo, que se inicia com os nominalistas. Emerge triunfante o humanismo renascentista, que refaz tudo e recupera de novo o lema de Protágoras: o homem é a medida de todas as coisas.

A trinca de filósofos clássica e seus seguidores cristãos, especialmente São Tomás de Aquino, é abandonada, dando lugar à herança de Epicuro e Zenon e dos seguidores que lhe sucederam desde a antiguidade, como Cícero. Foi uma grande revolução no sentido exato da expressão. Os homens renascentistas talvez não tivessem a exata dimensão espiritual e filosófica do que faziam, mas fizeram. Tudo que era sagrado foi conspurcado, tudo que era sólido desmanchou no ar. No plano teológico o mal se introduziu como força motora da história, o mal derivado do pecado no sentido exato como entendido por Santo Agostinho: "Amor de si mesmo até o desprezo de Deus", como escreveu na Cidade de Deus.

O mal, como força personificada operante, a Igreja Católica sempre o chamou pelo nome bíblico: Satã e suas legiões. Os cristãos sempre souberam que o homem sozinho não tem como lutar contra essa força poderosa, que ousou confrontar o próprio Deus. A rejeição do auxílio divino contra essa força é o famoso pecado contra o Espírito Santo, ao qual não cabe redenção. Foi o que se deu no Renascimento. E o Ocidente cristão, cujas ideias depois se espalharam por todo o mundo, foi além. FAUSTO é o canto supremo desse momento, quando ainda a humanidade tinha ao menos consciência do seu mergulho na Negação. Goethe versificou sobre esse espírito que vagava sobre a terra e que encontrou em filósofos como Descartes, Rousseau, Kant, Hegel e Marx seus agentes criadores.

O "Penso, logo existo", a máxima de Descartes, deslocou o tema da filosofia do ser para o aspecto particular das habilidades humanas, o pensar; ao fazê-lo, rompeu com a necessidade de se refletir sobre o ser, ou seja, Deus ele mesmo. O pensamento humano tornou-se o lócus da criação e o homem como o autor dessa criação. Fausto e Mefistófeles narram nas suas aventuras esse momento crucial em que o intelectual - provavelmente modelado na figura do próprio Descartes ou alguém equivalente - entediado diante da criação, invoca o Espírito de Negação para transformar o mundo ao seu talante. A dialética hegeliana e, depois, a marxista, dá foro filosófico e teológico a esse princípio de que a negação é o motor da história e o homem é o elemento que permite a síntese criadora.

Essa filosofia dará origem a todas as ideologias - entendidas como substitutas do real e explicações fantásticas da realidade, ou a Segunda Realidade - que virão nos século subsequentes. Nazismo, marxismo, abortismo e gayzismo são todas variações desse tema, e enquanto ideologias, foram colocadas no mesmo patamar destrutivo por João Paulo II.

Goethe levou sessenta anos para escrever o poema e é possível notar que, nos momentos iniciais, ele foi mais entusiasta com a suposta capacidade criativa do mal. O Urfaust e, depois, o Fausto I, são documentos de vigorosa adesão às teses de que o mal é capaz de criar e ajudar ao homem. Goethe ele mesmo aderiu a um naturalismo radical tomado da filosofia de Spinoza - uma forma panteísta que via na matéria a própria emanação da divindade - e, com ela, suportando essa visão dualista de cunho teológico. Goethe abraça o maniqueísmo. Seu poema inicial é um cântico a ele. Ao final, no Fausto II, o fecho do mesmo na véspera de sua morte revela que alguma coisa mudou no seu modo de pensar, vindo Goethe a colorir os versos derradeiros com ícones do catolicismo. Mesmo assim o poema continuou a ser uma peça maniqueísta.

A influência de Goethe na literatura foi profunda, pois deu voz às ideias dominantes do seu tempo, que são as ideias dominantes até os dias de hoje. Nenhum grande autor escapou à influência magnética de Goethe. Ao cantar o Microcosmo não pensou que seu símbolo estaria, tempos depois, inserido em todos os lugares, em todas as bandeiras, em todas as nações. O pentagrama é o estandarte do mal metafísico que se propôs substituir o próprio símbolo da cruz. Desde o Renascimento ele tem ganhado a batalha iconográfica. É uma maneira de as gerações sucessivas desde então reafirmarem sua rebelião contra Deus.

O que é a modernidade? Numa definição curta e exata a modernidade é a negação de Deus. Ela tenta, em tudo e por tudo, matar a Revelação, conspurcar as coisas tidas como sagradas e negar a verdade. A recente decisão do Supremo Tribunal Federal - STF sobre a união de pessoas do mesmo sexo é um dos triunfos maiúsculos da modernidade entre nós, brasileiros. O mesmo pode ser dito, no âmbito do Poder Judiciário, do banimento dos crucifixos das repartições públicas, gesto repetido na primeira hora por Dilma Rousseff, quando assumiu o poder. Não devemos esquecer que o Microcosmo está estampado no próprio Escudo da República e é símbolo do poder de Estado. Vê-se que as ondas de propagação da modernidade e de Goethe, seu grande cantor, continuam vigorosas. Não por acaso Lula mandou desenhar o símbolo do Microcosmo nos jardins do palácio presidencial.

É preciso lembrar que o FAUSTO antecipa o que viria a ser o nazismo e o comunismo. Goethe o apresenta como o Demônio do Norte. Fausto fará suas núpcias com Helena, a deusa Vênus ela mesma, a representação feminina do mal, ajudado por generais oriundos de cada uma das tribos germânicas. Nesse momento do poema afirma-se a superioridade do germanismo, tão em voga nos tempos de vida de Goethe, e a mentira nele embutida, a de que o germanismo é uma cultura superior a todas as outras. Goethe liga o glorioso passado grego ao presente germânico, ignorando Roma e o cristianismo. Esse foi o passo essencial para que no século XX o personagem Eufórion encarnasse na figura de Hitler. A alucinação mais delirante da mente doentia dos modernos entrou com força na história e deixou o seu rastro de morte. Hitler foi a sua representação.

As ideologias de morte mudam de forma, mas não desistem de seu intento. Por isso ler e compreender FAUSTO, de Goethe, é essencial para que se compreenda o que se passa. O mal opera no cotidiano e está à porta de cada um. Sem perceber o que se passa é impossível buscar o único refúgio capaz de fazer frente ao mal: a tradição. Nas Escrituras estão as profecias e o registro de tudo que se passou e que vai passar. A grande mentira do Maligno é fazer com que as pessoas pensem que ele não existe e que está inerte. Ler os jornais do dia sob a luz de Goethe vai mostrar o quanto essa mentira é grotesca, como o mal é grotesco.





 Fontes:
CPFL - TV Cultura
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http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=77
http://www.filedu.com/nwarburtonoproblemadomal.html
http://jaueras.blogspot.com.br/2009/11/o-problema-do-mal.html
http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/12066-goethe-e-a-filosofia-do-mal.html
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres. 
Sejam abençoados todos os seres.