1) A RAÇA BRASILEIRA - 2) A COMPREENSÃO DO PASSADO
A RAÇA BRASILEIRA
Brasil, este gigante que recebe e convive pacíficamente com todas as raças que
aportam em suas terras. País de incomum beleza, de clima tropical, de
povo trabalhador e pacato, de solo fértil e do maior manancial de água
potável do planeta. Vamos falar sobre as origens do continente, origens
do nome Brasil, origens dos índios, dos negros, dos vermelhos, dos
amarelos e dos brancos, miscigenação racial no Brasil, o karma do Brasil
e o karma do mundo, porque nascemos e porque moramos no Brasil, o
Brasil e o futuro da humanidade.
A COMPREENSÃO DO PASSADO
Estamos sempre recordando e presos ao passado.
Éuma parte do Sempre cuja importância desconhecemos. Saber quem fomos no
passado ajuda-nos a resolve-lo e sublimá-lo? Mas o que é e onde está o
passado?
Como o passado é mantido no plano invisível?
Que importância ele tem em nosso presente e futuro?
É possível acessá-lo e alterá-lo?
Apossibilidade de criar nosso próprio presente e futuro, além de
transformar nosso passado através da nossa mente abstrata. Transformando
o passado (isso é possível), zeramos o karma e passamos a viver o
Sempre.
PROGRAMA VIDA INTELIGENTE
com Eustáquio Andréa Patounas
Quinta-Feira, 8 às 9 da noite, AO VIVO
TV Floripa Canal 4 da NET
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A Verdade - O Filme - DVD 1 - Parte 1 - 3_4 - Os Extraterrestres - As Evidências -102min
Continuação clique aqui! - http://www.youtube.com/watch?v=sdTune...
Para
se entender o propósito do filme é necessário assistir até o FINAL do
DVD 2 parte 2, são mais de 10 horas de FILME, as partes do filmes estão
na descrição abaixo, e no final irão ver os problemas do Mundo e
precisamos de um patrocinador ou vários, quem estiver afim de fazer algo
decente na vida e ajudar as pessoas de verdade, favor entrar em contato
após terminar de ver o FILME.
Pessoal assistam ao filme completo, os 2 Dvds para entenderem tudo que está acontecendo, e por favor ajudem a divulgar o FILME.
No site www.averdade.tv tem o Filme completo para Download no 4shared.
A
parte 1 - DVD 1 - revela desde pinturas de disco voadores em cavernas a
milhares de anos, aos problemas das mentiras do governo americano em
esconder os discos voadores, a vários casos de abduções e muito +, as
histórias estão em ordem cronológica.
Parte 2 - Círculos nas Plantações - Provas que os círculos nas plantações não são
feitos pelo homem e muito +. http://www.youtube.com/watch?v=5Y5HWE...
______________________________________________________
DVD 2: - O Youtube bloqueou algumas partes recomendável baixar o filme pelo site averdade.tv
Parte
3 - Mundo Espiritual - Revela problemas de algumas das religiões
existentes, EQM, provas de reencarnação, Curas Espirituais, o Novo Buda,
as verdadeiras histórias de Jesus e muito +.
Parte
4 - Parte Final - Revela a farsa do 11 de Setembro e do Pentágono, as
Sociedades Secretas, Bohemian Club, Skull & Bones, Conspirações,
Flúor na água, Aspartame, Rastros Químicos, Corrupção do Governo, provas
que o Brasileiro é o mais escravo do Mundo, Farsa nas urnas
eletrônicas, Grupo Bildergerd e muito +
Adolf Eichmann, criminoso nazista. Mas, também, um burocrata preocupado apenas em cumprir ordens…
Filme de Margarethe von Trotta sugere que
totalitarismo pode assumir faces “normais” e parece indispensável num
cenário de democracia esvaziada e guerra iminente
Por Ladislau Dowbor
O filme causa impacto. Trata-se, tema central do
pensamento de Hannah Arendt, de refletir sobre a natureza do mal. O pano
de fundo é o nazismo, e o julgamento de um dos grandes mal-feitores
da época, Adolf Eichmann. Hannah acompanhou o julgamento para o jornal
New Yorker, esperando ver o monstro, a besta assassina. O que viu, e só
ela viu, foi a banalidade do mal. Viu um burocrata preocupado em cumprir
as ordens, para quem as ordens substituíam a reflexão, qualquer
pensamento que não fosse o de bem cumprir as ordens. Pensamento técnico,
descasado da ética, banalidade que tanto facilita a vida, a facilidade
de cumprir ordens. A análise do julgamento, publicada pelo New Yorker,
causou escândalo, em particular entre a comunidade judaica, como se ela
estivesse absolvendo o réu, desculpando a monstruosidade.
A banalidade do mal, no entanto, é central. O meu pai
foi torturado durante a II Guerra Mundial, no sul da França. Não era
judeu. Aliás, de tanto falar em judeus no Holocausto, tragédia cuja
dimensão trágica ninguém vai negar, esquece-se que esta guerra vitimou
60 milhões de pessoas, entre os quais 6 milhões de judeus. A perseguição
atingiu as esquerdas em geral, sindicalistas ou ativistas de qualquer
nacionalidade, além de ciganos, homossexuais e tudo que cheirasse a algo
diferente. O fato é que a questão da tortura, da violência extrema
contra outro ser humano, me marcou desde a infância, sem saber que eu
mesmo a viria a sofrer. Eram monstros os que torturaram o meu pai?
Poderia até haver um torturador particularmente pervertido, tirando
prazer do sofrimento, mas no geral, eram homens como os outros,
colocados em condições de violência generalizada, de banalização do
sofrimento, dentro de um processo que abriu espaço para o pior que há em
muitos de nós.
Por que é tão importante isto, e por que a mensagem
do filme é autêntica e importante? Porque a monstruosidade não está na
pessoa, está no sistema. Há sistemas que banalizam o mal. O que implica
que as soluções realmente significativas, as que nos protegem do
totalitarismo, do direito de um grupo no poder dispor da vida e do
sofrimento dos outros, estão na construção de processos legais, de
instituições e de uma cultura democrática que nos permita viver em paz. O
perigo e o mal maior não estão na existência de doentes mentais que
gozam com o sofrimento de outros – por exemplo uns skinheads que
queimam um pobre que dorme na rua, gratuitamente, pela diversão – mas na
violência sistemática que é exercida por pessoas banais.
Entre os que me interrogaram no DOPS de São Paulo
encontrei um delegado que tinha estudado no Colégio Loyola de Belo
Horizonte, onde eu tinha estudado nos anos 1950. Colégio de orientação
jesuíta, onde se ensinava a nos amar uns aos outros. Encontrei um homem
normal, que me explicava que arrancando mais informações seria
promovido, me explicou os graus de promoções possíveis na época.
Aparentemente queria progredir na vida. Outro que conheci, violento
ex-jagunço do Nordeste, claramente considerava a tortura como coisa
banal, coisa com a qual seguramente conviveu nas fazendas desde a sua
infância. Monstros? Praticaram coisas monstruosas, mas o monstruoso
mesmo era a naturalidade com a qual a violência se pratica.
Um torturador na OBAN me passou uma grande pasta A-Z
onde estavam cópias dos depoimentos dos meus companheiros que tinham
sido torturados antes. O pedido foi simples: por não querer se dar a
demasiado trabalho, pediu que eu visse os depoimentos dos outros, e
fizesse o meu confirmando a verdades, bobagens ou mentiras que estavam
lá escritas. Explicou que eu escrevendo um depoimento que repetia o que
já sabiam, deixaria satisfeitos os coronéis que ficavam lendo
depoimentos no andar de cima (os coronéis evitavam sujar as mãos), pois
veriam que tudo se confirmava, ainda que fossem histórias absurdas.
Segundo ele, se houvesse discrepâncias, teriam de chamar os presos que
já estavam no Tiradentes, voltar a interrogá-los, até que tudo batesse.
Queria economizar trabalho. Não era alemão. Burocracia do sistema. Nos
campos de concentração, era a IBM que fazia a gestão da triagem e
classificação dos presos, na época com máquinas de cartões perfurados.
No documentário A Corporação, a IBM esclarece que apenas prestava assistência técnica.
O mal não está nos torturadores, e sim nos homens de
mãos limpas que geram um sistema que permite que homens banais façam
coisas como a tortura, numa pirâmide que vai desde o homem que suja as
mãos com sangue até um Rumsfeld que dirige uma nota aos exército
americano no Iraque, exigindo que os interrogatórios sejam harsher, ou
seja, mais violentos. Hannah Arendt não estava desculpando
torturadores, estava apontando a dimensão real do problema, muito mais
grave.
Adolf Eichmann em seu julgamento em Jerusalém, (Julho 17, 1961), por Ronald Searle
A compreensão da dimensão sistêmica das deformações
não tem nada a ver com passar a mão na cabeça dos criminosos que
aceitaram fazer ou ordenar monstruosidades. Hannah Arendt aprovou
plenamente e declaradamente o posterior enforcamento de Eichmann. Eu
estou convencido de que os que ordenaram, organizaram, administraram e
praticaram a tortura devem ser julgados e condenados.
O segundo argumento poderoso que surge no filme, vem
das reações histéricas de judeus pelo fato de ela não considerar
Eichmann um monstro. Aqui, a coisa é tão grave quanto a primeira. Ela
estava privando as massas do imenso prazer compensador do ódio
acumulado, da imensa catarse de ver o culpado enforcado. As pessoas
tinham, e têm hoje, direito a este ódio. Não se trata aqui de
deslegitimar a reação ao sofrimento imposto. Mas o fato é que ao tirar
do algoz a característica de monstro, Hannah estava-se tirando o gosto
do ódio, perturbando a dimensão de equilíbrio e de contrapeso que o ódio
representa para quem sofreu. O sentimento é compreensível, mas
perigoso. Inclusive, amplamente utilizado na política, com os piores
resultados. O ódio, conforme os objetivos, pode representar um campo
fértil para quem quer manipulá-lo.
Quando exilado na Argélia, durante a ditadura
militar, conheci Ali Zamoum, um dos importantes combatentes pela
independência do país. Torturado, condenado à morte pelos franceses, foi
salvo pela independência. Amigos da segurança do novo regime
localizaram um torturador seu, numa fazendo do interior. Levaram Ali até
a fazenda, onde encontrou um idiota banal, apavorado num canto. Que
iria ele fazer? Torturar um torturador? Largou ele ali para ser trancado
e julgado. Decepção geral. Perguntei um dia ao Ali como enfrentavam os
distúrbios mentais das vítimas de tortura. Na opinião dele, os que se
equilibravam melhor, eram os que, depois da independência, continuaram a
luta, já não contra os franceses mas pela reconstrução do país, pois a
continuidade da luta não apagava, mas dava sentido e razão ao que tinham
sofrido.
No 1984 do Orwell, os funcionários eram regularmente
reunidos para uma sessão de ódio coletivo. Aparecia na tela a figura do
homem a odiar, e todos se sentiam fisicamente transportados e
transtornados pela figura do Goldstein. Catarse geral. E odiar
coletivamente pega. Seremos cegos se não vermos o uso hoje dos mesmos
procedimentos, em espetáculos midiáticos.
Hannah Arendt, filósofa política alemã de origem judaica (1906-1975)
O texto de Hannah, apontando um mal pior, que são os
sistemas que geram atividades monstruosas a partir de homens banais,
simplesmente não foi entendido. Que homens cultos e inteligentes não
consigam entender o argumento é em si muito significativo, e socialmente
poderoso. Como diz Jonathan Haidt, para justificar atitudes
irracionais, inventam-se argumentos racionais, ou racionalizadores.1
No caso, Hannah seria contra os judeus, teria traído o seu povo, tinha
namorado um professor que se tornou nazista. Os argumentos não faltaram,
conquanto o ódio fosse preservado, e com o ódio o sentimento agradável
da sua legitimidade.
Este ponto precisa ser reforçado. Em vez de detestar e
combater o sistema, o que exige uma compreensão racional, é
emocionalmente muito mais satisfatório equilibrar a fragilização
emocional que resulta do sofrimento, concentrando toda a carga emocional
no ódio personalizado. E nas reações histéricas e na deformação
flagrante, por parte de gente inteligente, do que Hannah escreveu,
encontramos a busca do equilíbrio emocional. Não mexam no nosso ódio. Os
grandes grupos econômicos que abriram caminho para Hitler, como a
Krupp, ou empresas que fizeram a automação da gestão dos campos de
concentração, como a IBM, agradecem.
O filme é um espelho que nos obriga a ver o presente
pelo prisma do passado. Os americanos se sentem plenamente justificados
em manter um amplo sistema de tortura – sempre fora do território
americano pois geraria certos incômodos jurídicos -, Israel criou
através do Mossad o centro mais sofisticado de tortura da atualidade,
estão sendo pesquisados instrumentos eletrônicos de tortura que superam
em dor infligida tudo o que se inventou até agora, o NSA criou um
sistema de penetração em todos os computadores, mensagens pessoais e
conteúdo de comunicações telefônicas do planeta. Jovens americanos no
Iraque filmaram a tortura que praticavam nos seus celulares em Abu
Ghraib, são jovens, moças e rapazes, saudáveis, bem formados nas
escolas, que até acham divertido o que fazem. Nas entrevistas
posteriores, a bem da verdade, numerosos foram os jovens que denunciaram
a barbárie, ou até que se recusaram a praticá-la. Mas foram minoria.2
O terceiro argumento do filme, e central na visão de
Hannah, é a desumanização do objeto de violência. Torturar um semelhante
choca os valores herdados, ou aprendidos. Portanto, é essencial que não
se trate mais de um semelhante, pessoa que pensa, chora, ama, sofre. É
um judeu, um comunista, ou ainda, no jargão moderno da polícia, um
“elemento”. Na visão da KuKluxKlan, um negro. No plano internacional de
hoje, o terrorista. Nos programas de televisão, um marginal. Até nos
divertimos, vendo as perseguições. São seres humanos? O essencial, é que
deixe de ser um ser humano, um indivíduo, uma pessoa, e se torne uma
categoria. Sufocaram 111 presos nas celas? Ora, era preciso restabelecer
a ordem.
Um belíssimo documentário, aliás, Repare Bem, que
ganhou o prêmio internacional no festival de Gramado, e relata o que
viveu Denise Crispim na ditadura, traz com toda força o paralelo entre o
passado relatado no Hannah Arendt e o nosso cenário brasileiro.
Outras escalas, outras realidades, mas a mesma persistente tragédia da
violência e da covardia legalizadas e banalizadas.
Sebastian Haffner, estudante de direito na Alemanha em 1930, escreveu na época um livro – Defying Hitler: a memoir – manuscrito abandonado, resgatado recentemente por seu filho que o publicou com este título.3
O livro mostra como um estudante de família simples vai aderindo ao
partido nazista, simplesmente por influência dos amigos, da mídia, do
contexto, repetindo com as massas as mensagens. Na resenha do livro que
fiz em 2002, escrevi que o que deve assustar no totalitarismo, no
fanatismo ideológico, não é o torturador doentio, é como pessoas normais
são puxadas para dentro de uma dinâmica social patológica, vendo-a como
um caminho normal. Na Alemanha da época, 50% dos médicos aderiram ao
partido nazista.
O próximo fanatismo político não usará bigode nem bota, nem gritará Heil como os idiotas dos “skinheads”. Usará
terno, gravata e multimídia. E seguramente procurará impor o
totalitarismo, mas em nome da democracia, ou até dos direitos humanos.
CPFL - O Mal Primordial - Leandro Karnal - 120min.
Thomas Hobbes (1588 - 1679)
Arildo Luiz Marconatto
Para Hobbes a filosofia tem que ter um fundamento
prático, tem que ser útil, e dessa forma descarta a metafísica como
sendo de interesse da filosofia. A filosofia tem que se interessar pelos
corpos, a explicação das causas desses corpos e as suas propriedades. A
filosofia não tem que se preocupar com a teologia ou com Deus, esses
assuntos são de interesse da fé e não da filosofia. A filosofia também
não trabalha com a história, pois essa se fundamenta em indícios e
probabilidades.
A filosofia tem que estudar os corpos em geral,
como os objetos inanimados; os copos dos homens, que são animados; e os
corpos artificiais, como o estado. Tudo o que for espiritual ou não
corpóreo, não é do interesse da filosofia. Os interesses da filosofia
são os mesmos interesses da ciência, ambas buscam aumentar o poder dos
homens sobre a natureza.
Hobbes acreditava que a razão não é uma
prioridade humana, pois em certos graus os animais também usam da
razão, como quando conseguem prever os acontecimentos futuros com base
em suas experiências passadas. O que acontece é que nos homens essa
previsão do futuro é muito superior, pois conseguem calcular e modificar
o futuro com base nos experimentos passados.
A razão humana vai
muito além e consegue através da lógica tornar mais complexo e profundo o
nosso pensamento que derivam e se fundamentam em sinais que são os
nomes que damos aos pensamentos ou acontecimentos passados. Esse
processo tem por objetivo repassar aos outros seres humanos nossas
experiências e pensamentos só que de forma sistematizada e elaborada.
Raciocinar é calcular nomes e sentenças, esse calcular pode ser uma
soma, subtração, multiplicação ou divisão. Os cálculos do nosso
raciocínio têm por base os sinais linguísticos que usamos para
significar as nossas experiências, que são retiradas dos nossos
sentidos, pois a origem de todos os nossos pensamentos está nos sentidos
que estão baseados nos objetos externos ao nosso corpo. Em
Hobbes a ciência e a filosofia são vistas como sendo a busca do
conhecimento da origem das coisas e desse conhecimento devemos excluir a
teologia, pois o objeto de estudo da teologia é Deus e de Deus não
podemos descobrir a origem. A filosofia de Hobbes é ainda
definida como corpórea e mecanicista. É corpórea porque os corpos são
gerados e por isso são os únicos sobre os quais é possível raciocinar. É
mecanicista porque somente um corpo pode sofrer uma ação. O prazer, a
dor, o querer o ódio e o amor também são movimentos. Em todos esses
movimentos não existe um bem e um mal, pois ambos são relativos se
levarmos em conta que o bem é aquilo que buscamos e o mal aquilo do qual
fugimos e que as pessoas buscam ou tentam se afastar de maneira e de
coisas diferentes. Mesmo não existindo um bem e um mal como valor
absoluto, Hobbes admite que exista um primeiro bem que precede muitos
outros, esse bem é a conservação da vida, e o contrário desse primeiro
bem é a morte.
Levando seus princípios para a análise política e
social, Hobbes discorda da posição aristotélica que diz que o homem é um
animal político. Hobbes acredita que cada homem é diferente do outro e
que a vida social é definida pelo egoísmo dessa diferença e pela
convenção da convivência em grupo. O Estado em que esses indivíduos
vivem não é algo natural, mas artificial, criado por esses indivíduos
para alcançar da melhor forma seus objetivos egoístas.
Naturalmente os homens, devido ao seu egoísmo, viveriam em guerra de
todos contra todos, cada um tendendo a defender os seus próprios
interesses. Conforme palavras de Hobbes, em estado natural o "homem é o
lobo do homem". Nesse estado o homem ficaria prejudicado em seus
interesse egoístas pois a qualquer momento poderia perder o seu primeiro
bem que é a vida.
Usando o instinto e a razão ele tenta fugir
dessa situação e se autoconservar. Para se conservarem os homens fazem
entre si um pacto social e delegam a um único homem ou a uma assembleia o
direito de representá-los. Esse único homem é o rei e ele detém todos
os poderes.
Em torno desse rei ou da assembleia é formado o
estado que Hobbes chama de Leviatã. Esse estado defenderá os homens das
agressões estrangeiras e das agressões deles contra eles mesmos.
Sentenças:
- O homem é o lobo do homem.
- A natureza é a guerra de todos contra todos.
- O papa é o fantasma do imperador romano.
- O interesse e o medo são o princípio da sociedade.
- Sem a espada os acordos são só palavras.
- As leis são feitas pela autoridade e não pela verdade.
- As grandes sociedades se baseiam em medos recíprocos.
- O ócio é a mãe da filosofia.
- Quem não está contra nós, está do nosso lado.
- Toda infração da lei é uma ofensa contra o estado. Thomas Hobbes
O Problema do Mal
Há mal no mundo: isto não pode ser seriamente negado.
Basta pensar no Holocausto, nos massacres de Pol Pot no Camboja ou na
prática generalizada da tortura. Todos eles são exemplos de mal moral e
crueldade: seres humanos que provocam sofrimento a outros seres humanos
por uma razão qualquer. A crueldade tem também muitas vezes como objecto
os animais. Há também outro tipo de mal, conhecido como mal natural ou
metafísico: terramotos, doença e fome são exemplos deste tipo de mal.
O mal natural tem causas naturais, apesar de se poder
tornar ainda pior em função da incompetência humana ou falta de cuidado.
A palavra «mal» talvez não seja a melhor para designar estes fenómenos
naturais, que dão origem ao sofrimento humano, uma vez que é
habitualmente usada para referir a crueldade deliberada. Contudo, quer
lhe chamemos «mal natural», quer lhe chamemos qualquer outra coisa, a
existência de coisas como a doença e as calamidades naturais tem, sem
dúvida, de ser tomada em conta se queremos manter a crença num deus
benevolente.
Visto existir tanto mal, como pode alguém acreditar
seriamente na existência de um deus sumamente bom? Um deus omnisciente
saberia que o mal existe; um deus todo poderoso poderia evitar que o mal
ocorresse; e um Deus sumamente bom não quereria que o mal existisse.
Mas o mal continua a existir. Este é o problema do mal: o problema de
explicar como os alegados atributos de Deus podem ser compatíveis com o
facto inegável de o mal existir. Este é o mais sério desafio à crença no
deus dos teístas. O problema do mal levou muitas pessoas a rejeitar
completamente a crença em Deus, ou, pelo menos, a rever a sua opinião
acerca da suposta benevolência, omnipotência ou omnisciência de Deus.
Os teístas têm sugerido várias soluções para o problema do mal, três das quais serão aqui consideradas.
Tentativas de solução do problema do mal
Santidade
Algumas pessoas argumentaram que a presença de mal no
mundo se justifica, apesar de não ser claramente uma coisa boa, porque
conduz a uma maior virtude moral. Sem a pobreza e a doença, por exemplo,
não seria possível a virtude moral que a Madre Teresa demonstrava ao
ajudar os necessitados. Sem guerra, tortura e crueldade, os santos e os
heróis não poderiam existir. O mal permite a existência do bem,
supostamente maior, que este tipo de triunfo sobre o sofrimento humano
representa. Contudo, esta solução está sujeita a pelo menos duas
objecções. Em primeiro lugar, o grau e a dimensão do sofrimento são
muito maiores do que seria necessário para permitir que santos e heróis
desempenhassem os seus actos de bem moral. É extremamente difícil
justificar com este argumento as mortes horríveis de vários milhões de
pessoas nos campos de concentração nazis. Além disso, grande parte deste
sofrimento passa despercebido e não é registado, de forma que não pode
ser explicado desta maneira: em alguns casos, o indivíduo que sofre é a
única pessoa capaz de aperfeiçoamento moral em tal situação, mas é
altamente improvável que este aperfeiçoamento possa ocorrer em casos de
dor extrema.
Em segundo lugar, não é óbvio que um mundo no qual
exista muito mal seja preferível a um mundo no qual existisse menos mal
e, consequentemente, menos santos e heróis. De facto, há qualquer coisa
de ofensivo na tentativa de justificar a agonia de uma criança que morre
de uma doença incurável, por exemplo, argumentando que isto permite que
os que a presenciam se tornem melhores pessoas do ponto de vista moral.
Iria realmente um deus sumamente bom usar tais métodos para nos ajudar a
aperfeiçoar-nos moralmente?
Analogia artística
Algumas pessoas defenderam a existência de uma analogia
entre o mundo e uma obra de arte. A harmonia geral de uma peça de música
inclui geralmente dissonâncias que são subsequentemente convertidas num
acorde; uma pintura tem, tipicamente, grandes áreas de pigmento mais
escuro e mais claro. De forma análoga, defende este argumento, o mal
contribui para a harmonia ou beleza geral do mundo. Esta perspectiva
está também sujeita a pelo menos duas objeções.
Em primeiro lugar, é pura e simplesmente difícil de
aceitar. Por exemplo, é difícil de perceber como se pode dizer que
alguém a morrer em grande sofrimento na cerca de arame farpado da terra
de ninguém na Batalha de Somme esteve a contribuir para a harmonia geral
do mundo. Se a analogia com a obra de arte for realmente a explicação
da razão pela qual Deus permite tanto mal, isto é quase uma admissão de
que o mal não pode ser satisfatoriamente explicado, uma vez que coloca a
compreensão do mal para além da compreensão meramente humana. A
harmonia só pode ser observada e apreciada do ponto de vista de Deus. Se
é isto que os teístas querem dizer quando afirmam que Deus é sumamente
bom, trata-se de um uso muito diferente da palavra "bom", relativamente
ao uso habitual.
Em segundo lugar, um deus que permite tal sofrimento por
motivos meramente estéticos ― de forma a poder apreciá-lo da mesma
maneira que se aprecia uma obra de arte ― parece mais um sádico do que o
deus sumamente bom de que falam os teístas. Se o papel do sofrimento é
este, Deus está desconfortavelmente próximo do psicopata que põe uma
bomba no meio da multidão de forma a poder observar os belos padrões
criados pela explosão e pelo sangue. Para muitas pessoas, esta analogia
entre uma obra de arte e o mundo teria mais sucesso como um argumento contra a benevolência de Deus do que a seu favor.
A defesa do livre arbítrio
A tentativa mais importante de solução do problema do
mal é, de longe, a defesa do livre arbítrio. Trata se da afirmação de
que Deus deu o livre arbítrio aos seres humanos: a capacidade para
escolhermos o que queremos fazer. Se não tivéssemos livre arbítrio,
seríamos como robots, ou autómatos, sem escolhas próprias. Os que
aceitam a defesa do livre arbítrio argumentam que uma consequência
necessária da posse do livre arbítrio é a possibilidade de praticar o
mal; caso contrário, não seria, genuinamente, livre arbítrio. Os seus
defensores afirmam que um mundo no qual os seres humanos têm livre
arbítrio, conduzindo-nos por vezes ao mal, é preferível a um mundo no
qual a ação humana fosse predeterminada, um mundo no qual seríamos como
robots, programados para praticar apenas boas acções.
De facto, se fôssemos programados desta forma, não
poderíamos sequer dizer que as nossas ações seriam moralmente boas, uma
vez que o bem moral depende de poder escolher o que fazemos. Uma vez
mais, há várias objeções a esta proposta de solução.
Críticas à Defesa do Livre Arbítrio
Admite dois pressupostos básicos
O pressuposto básico que a defesa do livre arbítrio
admite é o de que um mundo com livre arbítrio e a possibilidade do mal é
preferível a um mundo de pessoas-robots que nunca praticam más
acções. Mas será isto obviamente verdade? O sofrimento pode ser tão
terrível que muitas pessoas, dada a possibilidade de escolha,
prefeririam que toda a gente tivesse sido pré-programada para só
praticar o bem, em vez de ter de passar por certos sofrimentos. Estes
seres pré-programados poderiam mesmo ter sido concebidos de maneira a
acreditarem ter livre arbítrio, apesar de o não terem: poderiam ter a
ilusão do livre arbítrio com todos os benefícios que a crença de que
seriam livres lhes traria, mas sem nenhuma das desvantagens.
Este argumento sugere um segundo pressuposto da defesa
do livre arbítrio, nomeadamente o de que temos de facto livre arbítrio, e
não apenas a ilusão de que o temos. Alguns psicólogos pensam que
podemos explicar todas as decisões ou escolhas que uma pessoa faz
através de um condicionamento anterior que a pessoa sofreu, de forma
que, apesar de a pessoa se poder sentir livre, a sua acção é na
realidade inteiramente determinada pelo que aconteceu no passado. Não
podemos ter a certeza de que não é assim que as coisas realmente se
passam.
Contudo, deve notar-se, a favor da defesa do livre
arbítrio, que a maior parte dos filósofos acredita que os seres humanos
têm de facto, genuinamente, num certo sentido, livre arbítrio; e deve
também notar-se que o livre arbítrio é geralmente considerado essencial
ao ser humano.
Livre arbítrio sem mal
Se Deus é onipotente, é presumível que esteja dentro
dos seus poderes a criação de um mundo no qual existisse livre arbítrio
sem que existisse mal. De facto, um tal mundo não é particularmente
difícil de imaginar. Apesar de a posse do livre arbítrio nos dar sempre a
possibilidade de fazer o mal, não há razão para que esta possibilidade
se torne real. É logicamente possível que toda a gente tivesse tido
livre arbítrio mas tivesse decidido evitar sempre a má linha de ação.
Aqueles que aceitam a defesa do livre arbítrio
responderiam possivelmente a este argumento afirmando que num tal estado
de coisas não existiria verdadeiro livre arbítrio. Esta ideia está em
discussão.
Deus poderia intervir
Os teístas acreditam, tipicamente, que Deus pode
intervir e que intervém de facto no mundo, sobretudo através da execução
de milagres. Se Deus intervém por vezes, por que escolhe Deus executar o
que podem parecer, a quem não for crente, "truques" menores, como
provocar estigmas (marcas nas mãos das pessoas, como os buracos dos
pregos das mãos de Cristo), ou transformar a água em vinho? Porque não
interveio Deus de forma a prevenir o Holocausto, ou toda a segunda
guerra mundial ou a epidemia da SIDA?
Uma vez mais, os teístas podem responder que, se Deus
tivesse intervindo, não teríamos genuíno livre arbítrio. Mas isto seria
abandonar um aspecto da crença em Deus defendido pela maioria dos
teístas, nomeadamente que a intervenção divina ocorre por vezes.
Não explica o mal natural
Uma crítica da maior importância à defesa do livre
arbítrio afirma que este argumento só poderá, na melhor das hipóteses,
justificar a existência do mal moral, o mal que resulta diretamente dos
seres humanos. Não se concebe qualquer conexão entre a posse de livre
arbítrio e a existência de males naturais, como terremotos, doenças,
erupções vulcânicas, etc., a não ser que se aceite uma espécie qualquer
da doutrina do pecado original, segundo a qual a traição da confiança de
Deus, perpetrada por Adão e Eva, terá trazido toda a espécie de mal ao
mundo. A doutrina do pecado original torna os seres humanos responsáveis
por todas as formas de mal existente no mundo. Contudo, tal doutrina só
seria aceitável para alguém que já acreditasse na existência do deus
judaico-cristão.
Há outras explicações, mais plausíveis, do mal natural,
uma das quais afirma que a regularidade das leis da natureza oferece, em
geral, um maior benefício, que ultrapassa as calamidades ocasionais a
que dá origem.
Leis benéficas da natureza
Sem regularidade na natureza, o nosso mundo seria um
mero caos e não teríamos forma de prever os resultados de nenhuma das
nossas acções. Se, por exemplo, as bolas de futebol só às vezes
deixassem os nossos pés quando as chutamos, limitando-se outras vezes a
ficar coladas aos pés, teríamos muita dificuldade em prever o que iria
acontecer numa qualquer ocasião específica em que fôssemos chutar uma
bola. A falta de regularidade noutros aspectos do mundo poderia fazer
que a própria vida fosse impossível. A ciência, tal como a vida
quotidiana, apoia-se na existência de muitas regularidades na natureza,
na qual causas análogas têm a tendência para produzir efeitos análogos.
Argumenta-se por vezes que, porque esta regularidade é
habitualmente benéfica para nós, o mal natural se justifica, uma vez que
é um efeito colateral da operação regular e contínua das leis da
natureza. Os efeitos benéficos gerais desta regularidade ultrapassariam
os prejudiciais. Mas este argumento é vulnerável de duas maneiras, pelo
menos.
Primeiro, não explica por que razão não poderia um Deus
omnipotente ter criado leis da natureza que nunca pudessem de facto
conduzir ao mal natural. Uma resposta possível a isto é afirmar que
mesmo Deus está submetido às leis da natureza; mas isto sugere que Deus
não é realmente omnipotente.
Segundo, continua a não explicar por que razão Deus não
intervém para executar milagres mais vezes. Se argumentarmos que Deus
nunca intervém, eliminamos um aspecto central da crença em Deus da
maioria dos teístas.
FILOSOFIA 3º ANO Do latim, malum. 1. Em um sentido geral, tudo que é negativo, nocivo ou prejudicial a alguém. "Podemos considerar o mal em um sentido metafísico, físico ou moral. O mal metafísico consiste na simples imperfeição; o mal físico no sofrimento; o mal moral no pecado, segundo Leibniz (Dicionário de Filosofia).
O mal, segundo Santo Agostinho, é o estado em que o homem se afasta de Deus, de seus preceitos, de seu amor. Contudo, é uma condição presente na vida de todos os homens, devido ao pecado original de Adão e Eva, conforme o livro bíblico, Gênesis. O afastamento da convivência espiritual com Deus e a desobediência à sua vontade provoca todo o mal presente na vida dos homens. Somente por intermédio de Jesus Cristo, o filho de Deus encarnado, os homens podem ser redimidos e reviver o estado pleno de bondade junto a Deus (Chalita).
Santo Agostinho tenta provar de forma filosófica de que Deus não é o criador do mal, em seu livro 'O Livre-arbítrio'. Pois, para ele, tornava-se inconcebível o fato de que um ser tão bom, pudesse ter criado o mal. A concepção que Agostinho tem do mal, esta baseada na teoria platônica, assim o mal não é um ser, mas sim a ausência de um outro ser, o bem. O mal é aquilo que "sobraria" quando não existe mais a presença do bem. Deus seria a completa personificação deste bem, portanto não poderia ter criado o mal. Deus em sua perfeição, quis criar um ser que pudesse ser autônomo e assim escolher o bem de forma voluntária. O homem, então, é o único ser que possuiria as faculdades da vontade, da liberdade e do conhecimento. Por esta forma ele é capaz de entender os sentidos existentes em si mesmo e na natureza. Ele é um ser capacitado a escolher entre algo bom (proveniente da vontade de Deus) e algo mal (a prevalência da vontade das paixões humanas) (Wikipedia).
Numa
definição curta e exata a modernidade é a negação de Deus.
Ela tenta, em
tudo e por tudo, matar a Revelação,
conspurcar as coisas tidas como
sagradas e negar a verdade.
Eu vi Satã cair do céu como um relâmpago.Lucas 10, 18
O
que transforma a obra FAUSTO, de Goethe, em um monumento imorredouro
não é apenas a grandiosidade de sua construção e a beleza de seus
versos. Nem mesmo o seu tema. George Satayana o classificou como um
poema filosófico, ao lado dos poemas de Dante e de Lucrécio. É esse
caráter filosófico que lhe eleva acima do seu tempo, mas não apenas. A
genialidade de Goethe lhe permitiu fazer a síntese de uma era - os
tempos modernos ou a modernidade - e registrar para a posteridade de
forma ornamental essa fotografia histórica. O poema é também uma crônica
extraordinária.
É preciso olhar a história da filosofia para se dar conta da
grandiosidade de Goethe. O Ocidente sofreu uma inflexão filosófica no
assim chamado Renascimento, que ocorreu no período que medeia o século
XIII e o século XVII. Nesse intervalo a hegemonia do pensamento cristão
na Europa ocidental sucumbiu. A filosofia que teve origem em Sócrates,
Platão e Aristóteles é questionada e, depois, abandonada. A teologia,
que colocava Deus no centro da Criação e o homem como coisa criada, Deus
como ser e o homem como ser dele dependente, é jogada no lixo.
Descartes, como bem ensinou João Paulo II no livro MEMÓRIA E IDENTIDADE,
é o autor final desse processo, que se inicia com os nominalistas.
Emerge triunfante o humanismo renascentista, que refaz tudo e recupera
de novo o lema de Protágoras: o homem é a medida de todas as coisas.
A trinca de filósofos clássica e seus seguidores
cristãos, especialmente São Tomás de Aquino, é abandonada, dando lugar à
herança de Epicuro e Zenon e dos seguidores que lhe sucederam desde a
antiguidade, como Cícero. Foi uma grande revolução no sentido exato da
expressão. Os homens renascentistas talvez não tivessem a exata dimensão
espiritual e filosófica do que faziam, mas fizeram. Tudo que era
sagrado foi conspurcado, tudo que era sólido desmanchou no ar. No plano
teológico o mal se introduziu como força motora da história, o mal
derivado do pecado no sentido exato como entendido por Santo Agostinho:
"Amor de si mesmo até o desprezo de Deus", como escreveu na Cidade de
Deus.
O mal, como força personificada operante, a
Igreja Católica sempre o chamou pelo nome bíblico: Satã e suas legiões.
Os cristãos sempre souberam que o homem sozinho não tem como lutar
contra essa força poderosa, que ousou confrontar o próprio Deus. A
rejeição do auxílio divino contra essa força é o famoso pecado contra o
Espírito Santo, ao qual não cabe redenção. Foi o que se deu no
Renascimento. E o Ocidente cristão, cujas ideias depois se espalharam
por todo o mundo, foi além. FAUSTO é o canto supremo desse momento,
quando ainda a humanidade tinha ao menos consciência do seu mergulho na
Negação. Goethe versificou sobre esse espírito que vagava sobre a terra e
que encontrou em filósofos como Descartes, Rousseau, Kant, Hegel e Marx
seus agentes criadores.
O "Penso, logo existo", a
máxima de Descartes, deslocou o tema da filosofia do ser para o aspecto
particular das habilidades humanas, o pensar; ao fazê-lo, rompeu com a
necessidade de se refletir sobre o ser, ou seja, Deus ele mesmo. O
pensamento humano tornou-se o lócus da criação e o homem como o autor
dessa criação. Fausto e Mefistófeles narram nas suas aventuras esse
momento crucial em que o intelectual - provavelmente modelado na figura
do próprio Descartes ou alguém equivalente - entediado diante da
criação, invoca o Espírito de Negação para transformar o mundo ao seu
talante. A dialética hegeliana e, depois, a marxista, dá foro filosófico
e teológico a esse princípio de que a negação é o motor da história e o
homem é o elemento que permite a síntese criadora.
Essa
filosofia dará origem a todas as ideologias - entendidas como
substitutas do real e explicações fantásticas da realidade, ou a Segunda
Realidade - que virão nos século subsequentes. Nazismo, marxismo,
abortismo e gayzismo são todas variações desse tema, e enquanto
ideologias, foram colocadas no mesmo patamar destrutivo por João Paulo
II.
Goethe levou sessenta anos para escrever o poema e
é possível notar que, nos momentos iniciais, ele foi mais entusiasta
com a suposta capacidade criativa do mal. O Urfaust e, depois, o Fausto
I, são documentos de vigorosa adesão às teses de que o mal é capaz de
criar e ajudar ao homem. Goethe ele mesmo aderiu a um naturalismo
radical tomado da filosofia de Spinoza - uma forma panteísta que via na
matéria a própria emanação da divindade - e, com ela, suportando essa
visão dualista de cunho teológico. Goethe abraça o maniqueísmo. Seu
poema inicial é um cântico a ele. Ao final, no Fausto II, o fecho do
mesmo na véspera de sua morte revela que alguma coisa mudou no seu modo
de pensar, vindo Goethe a colorir os versos derradeiros com ícones do
catolicismo. Mesmo assim o poema continuou a ser uma peça maniqueísta.
A
influência de Goethe na literatura foi profunda, pois deu voz às ideias
dominantes do seu tempo, que são as ideias dominantes até os dias de
hoje. Nenhum grande autor escapou à influência magnética de Goethe. Ao
cantar o Microcosmo não pensou que seu símbolo estaria, tempos depois,
inserido em todos os lugares, em todas as bandeiras, em todas as nações.
O pentagrama é o estandarte do mal metafísico que se propôs substituir o
próprio símbolo da cruz. Desde o Renascimento ele tem ganhado a batalha
iconográfica. É uma maneira de as gerações sucessivas desde então
reafirmarem sua rebelião contra Deus.
O que é a
modernidade? Numa definição curta e exata a modernidade é a negação de
Deus. Ela tenta, em tudo e por tudo, matar a Revelação, conspurcar as
coisas tidas como sagradas e negar a verdade. A recente decisão do
Supremo Tribunal Federal - STF sobre a união de pessoas do mesmo sexo é
um dos triunfos maiúsculos da modernidade entre nós, brasileiros. O
mesmo pode ser dito, no âmbito do Poder Judiciário, do banimento dos
crucifixos das repartições públicas, gesto repetido na primeira hora por
Dilma Rousseff, quando assumiu o poder. Não devemos esquecer que o
Microcosmo está estampado no próprio Escudo da República e é símbolo do
poder de Estado. Vê-se que as ondas de propagação da modernidade e de
Goethe, seu grande cantor, continuam vigorosas. Não por acaso Lula
mandou desenhar o símbolo do Microcosmo nos jardins do palácio
presidencial.
É preciso lembrar que o FAUSTO antecipa
o que viria a ser o nazismo e o comunismo. Goethe o apresenta como o
Demônio do Norte. Fausto fará suas núpcias com Helena, a deusa Vênus ela
mesma, a representação feminina do mal, ajudado por generais oriundos
de cada uma das tribos germânicas. Nesse momento do poema afirma-se a
superioridade do germanismo, tão em voga nos tempos de vida de Goethe, e
a mentira nele embutida, a de que o germanismo é uma cultura superior a
todas as outras. Goethe liga o glorioso passado grego ao presente
germânico, ignorando Roma e o cristianismo. Esse foi o passo essencial
para que no século XX o personagem Eufórion encarnasse na figura de
Hitler. A alucinação mais delirante da mente doentia dos modernos entrou
com força na história e deixou o seu rastro de morte. Hitler foi a sua
representação.
As ideologias de morte mudam de forma,
mas não desistem de seu intento. Por isso ler e compreender FAUSTO, de
Goethe, é essencial para que se compreenda o que se passa. O mal opera
no cotidiano e está à porta de cada um. Sem perceber o que se passa é
impossível buscar o único refúgio capaz de fazer frente ao mal: a
tradição. Nas Escrituras estão as profecias e o registro de tudo que se
passou e que vai passar. A grande mentira do Maligno é fazer com que as
pessoas pensem que ele não existe e que está inerte. Ler os jornais do
dia sob a luz de Goethe vai mostrar o quanto essa mentira é grotesca,
como o mal é grotesco.