sábado, 20 de agosto de 2011

ISIS E OSIRIS - O CASAL DIVINO


Ísis

Ísis
st t
H8


st t
H8
C10
Outros nomes Ast, Aset, Auset
Nascimento
Parentesco Geb e Nut
Cônjuge Osíris
Filho(s) Hórus



Ísis (em egípcio: Auset) foi uma deusa da mitologia egípcia, cuja adoração se estendeu por todas as partes do mundo greco-romano. Foi cultuada como modelo da mãe e da esposa ideais, protetora da natureza e da magia. Era a amiga dos escravos, pescadores, artesãos, oprimidos, assim como a que escutava as preces dos opulentos, das donzelas, aristocratas e governantes.[1] Ísis é a deusa da maternidade e da fertilidade.

Os primeiros registros escritos acerca de sua adoração surgem pouco depois de 2500 a.C., durante a V dinastia egípcia. A deusa Ísis, mãe de Horus, foi a primeira filha de Geb, o deus da Terra, e de Nut, a deusa do Firmamento, e nasceu no quarto dia intercalar. Durante algum tempo Ísis e Hator ostentaram a mesma cobertura para a cabeça. Em mitos posteriores sobre Ísis, ela teve um irmão, Osíris, que veio a tornar-se seu marido, tendo se afirmado que ela havia concebido Horus.

Ísis contribuiu para a ressurreição de Osiris quando ele foi assassinado por Seth. As suas habilidades mágicas devolveram a vida a Osíris após ela ter reunido as diferentes partes do corpo dele que tinham sido despedaçadas e espalhadas sobre a Terra por Seth.[2] este mito veio a tornar-se muito importante nas crenças religiosas egípcias.

Ísis também foi conhecida como a deusa da simplicidade, protetora dos mortos e deusa das crianças de quem "todos os começos" surgiram, e foi a Senhora dos eventos mágicos e da natureza. Em mitos posteriores, os antigos egípcios acreditaram que as cheias anuais do rio Nilo ocorriam por causa das suas lágrimas de tristeza pela morte de seu marido, Osíris. Esse evento, da morte de Osíris e seu renascimento, foi revivido anualmente em rituais.
Consequentemente, a adoração a Ísis estendeu-se a todas as partes do mundo greco-romano, perdurando até à supressão do paganismo na Era Cristã.[3]

Origem do nome


Ísis alada (pintura mural, c. 1360 a.C.).
A pronúncia do nome desta deidade é uma corruptela do mesmo na língua grega antiga onde se modificou o nome egípcio original pela adição de um "-s" no final devido às normas gramaticais do antigo grego.

O nome egípcio foi grafado como
ỉs.t ou ȝs.t com o significado de 
'(Ela de o) Trono'. 
A sua pronúncia correta em antigo egípcio é incerta, entretanto, uma vez que o antigo sistema de escrita usualmente não previa as vogais. Com base em estudos recentes que nos oferecem aproximações com base em linguagens contemporâneas e na evidência da língua copta, a pronúncia reconstruida de seu nome é *ˈʔuː.sat (O nome de Osiris, "Usir" ou "Wsir" também se inicia com o glifo para trono ʔs ('-s').). O nome sobreviveu nos dialetos coptas como Ēse ou Ēsi, assim como em palavras compostas sobreviventes em nomes de pessoas posteriormente, como por exemplo 'Har-si-Ese', literalmente 'Hórus, filho de Ísis'.

Por conveniência, Egiptólogos arbitrariamente decidiram pronunciar o seu nome como 'ee-set'. Por vezes também podem dizer 'ee-sa' porque o 't' final em seu nome foi um sufixo feminino, que é sabido ter sido buscado à fala durante as últimas etapas da língua egípcia.

Literalmente, o seu nome significa "ela do trono". A sua cobertura original para a cabeça foi um trono. Como personificação do trono, ela foi uma representação importante do poder do faraó, assim como o faraó foi representado como seu filho, que se sentou no trono que ela forneceu. O seu culto foi popular em todas as partes do Egito, mas os santuários mais importantes eram em Guizé e em Behbeit El-Hagar, no Delta do Nilo, no Baixo Egito.

História

As origens do seu culto são incertas, mas acredita-se ser oriundo do delta do Nilo. Entretanto, ao contrário de outras divindades egípcias, não teve desse culto centralizado em nenhum ponto específico ao longo da história da sua adoração. Isto pode ser devido à ascensão tardia de seu culto.

As primeiras referências a Ísis remontam à V dinastia egípcia, período em que são encontradas as primeiras inscrições literárias a seu respeito, embora o culto apenas venha a ter tido proeminência ao final da história do antigo Egipto, quando se iniciou a absorção dos cultos de muitas outras deusas com centros de culto firmemente estabelecidos. Isto ocorreu quando o culto de Osíris se destacou e ela teve um papel importante nessa crença. Eventualmente, o seu culto difundiu-se além das fronteiras do Egito.

Durante os séculos de formação do cristianismo, a religião de Ísis obteve conversos de todas as partes do Império Romano. Na própria península Itálica, a fé nesta deusa egípcia era uma força dominante. Em Pompéia, as evidências arqueológicas revelam que Ísis desempenhava um papel importante. Em Roma, templos e obeliscos foram erguidos em sua homenagem. Na Grécia Antiga, os tradicionais centros de culto em Delos, Delfos e Elêusis foram retomados por seguidores de Ísis, e isto ocorreu no norte da Grécia e também em Atenas.

Portos de Ísis podiam ser encontrados no mar Arábico e no mar Negro. As inscrições mostram que possuía seguidores na Gália, na Espanha, na Panónia, na Alemanha, na Arábia Saudita, na Ásia Menor, em Portugal, na Irlanda e muitos santuários mesmo na Grã-Bretanha.[4] isis representa o amor ,a magia e os misterios da região.

Templos


Templo de Ísis, Filas.

Templo de Ísis, Roma.

Templo de Ísis, Pompéia.
A maioria das divindades egípcias surgiu pela primeira vez como cultos muito localizados e em toda a sua história mantiveram os seus centros locais de culto, com a maioria das capitais e cidades sendo amplamente conhecidas como lar dessas divindades. Ísis foi, em sua origem, uma divindade independente e popular estabelecida em tempos pré-dinásticos, anteriormente a 3100 a.C., em Sebennytos no delta do Nilo.[2]

No Egito, existiram três grandes templos em homenagem a Ísis:
Na ilha de Filas, no Alto Nilo, o culto a Ísis e Osíris persistiu até ao século VI, ou seja, muito tempo após a ascensão do Cristianismo e a subseqüente supressão do paganismo. O decreto de Teodósio (c. de 380) determinando a destruição de todos os templos pagãos, não foi aplicada em Filas até ao governo de Justiniano. Essa tolerância foi devido a um antigo tratado celebrado entre os Blemyes-Nobadae e Diocleciano. Todos os anos, eles visitavam Elefantina e, em determinados períodos levavam a imagem de Ísis rio acima para a terra dos Blemyes para fins divinatórios, devolvendo-a em seguida. Justiniano enviou Narses para destruir os santuários, prender os sacerdotes e arrestar as imagens sagradas para Constantinopla.[5] Filas foi o último dos antigos templos egípcios a ser fechado.

Eventualmente templos a Ísis começou a se difundir além das fronteiras do Egito. Em muitos locais, em especial em Biblos, o seu culto assumiu o lugar da deusa semita Astarte, aparentemente pela semelhança entre os seus nomes e atributos. À época do helenismo, devido aos seus atributos de protetora e mãe, assim como ao seu aspecto luxurioso, adquirido quando ela incorporou alguns dos aspectos de Hathor, ela tornou-se padroeira dos marinheiros, que difundiram o seu culto graças aos navios mercantes que circulavam no mar Mediterrâneo.

Através do mundo greco-romano, Ísis tornou-se um dos mais significativos mistérios, e muitos autores clássicos fazem referência, em suas obras, aos seus templos, cultos e rituais. Templos em sua homenagem foram erguidos na Grécia e em Roma, tendo sido colocado a descoberto um bem preservado exemplar em Pompéia.

Da mesma forma, a deusa árabe "Al-Ozza" ou "Al-Uzza" (em árabe, العُزّى - al ȝozza), cujo nome é semelhante ao de Ísis, acredita-se que seja uma manifestação sua. Isso, porém, é entendido apenas com base na semelhança entre os nomes.

Sacerdócio

Existem 3 templos feitos para a adoração de isis. Pouca informação chegou até nós acerca dos antigos rituais egípcios. Entretanto é claro que os oficiantes de seus cultos foram sacerdotes e sacerdotisas ao longo de sua história. Até ao período greco-romano, muitos deles eram curadores e teriam exercido outros poderes especiais, incluindo a interpretação dos sonhos e a capacidade de controlar o tempo atmosférico, o que faziam através de tranças ou penteados nos cabelos. Esta última habilidade era conceituada, uma vez que os antigos egípcios consideravam que os nós tinham poderes mágicos.

 Iconografia

 Associações

"tyet"
Nó de Ísis em hieroglifos é
V39
Por causa desta associação entre nós e poder mágico, um símbolo de Ísis foi o "tiet" ou tyet (com o significado de "bem-estar"/"vida"), também denominado como "Laço de Ísis", "Fivela de Ísis" ou "Sangue" de Ísis. Em muitos aspectos, o "tiet" se assemelha a uma cruz Ankh, exceto que os seus braços apontam para baixo e, quando usado como tal, parece representar a idéia de vida eterna ou ressurreição. O significado de "Sangue de Ísis" é mais obscuro, mas o "tiet" muitas vezes foi usado como um amuleto funerário, confeccionado em madeira, pedra ou vidro, na cor vermelha, embora isso possa ser apenas uma simples descrição dos materiais utilizados.

A estrela Spica ("Alpha Virginis") e a constelação que modernamente corresponde aproximadamente à de Virgo, surge no firmamento acima do horizonte em uma época do ano associada à colheita de trigo e grãos e, desse modo, ficou associada a divindades da fertilidade, como Hathor. Ísis viria a ser associada a esses astros devido à posterior fusão de seus atributos com os de Hathor.

Ísis também assimilou atributos de Sopdet, personificação da estrela Sirius, uma vez que este astro, ascendendo no horizonte um pouco antes da cheia do rio Nilo, foi interpretado como uma fonte de fertilidade, como Hathor o havia sido também. Sopdet manteve um elemento de identidade distinto: uma vez que Sirius era visivelmente uma estrela, ou seja, não vivia no submundo, o que poderia ter conflitado com a representação de Ísis como esposa de Osíris, senhor do submundo.

Provavelmente devido à equiparação com as deusas Afrodite e Vênus, durante o período greco-romano, a rosa foi usada em seu culto. A procura de rosas por todo o império tornou a sua produção em uma importante indústria.

Representações


Ísis com os atributos de Hathor (pintura mural).
Na arte, Ísis foi originalmente retratada como uma mulher com um vestido longo e coroada com o hieróglifo que significava "trono". Por vezes foi descrita como portadora de um lótus ("Nymphaea caerulea"), ou como um sicômoro ("Ficus sycomorus"). A faraó, Hatshepsut, foi retratada em seu túmulo sendo amamentada por um sicômoro que tinha um seio.

Após ter assimilado muitos dos papéis da deusa Hathor, a cobertura de cabeça de Ísis passa a ser a de Hathor: os cornos de uma vaca, com o disco solar inscrito entre eles. Às vezes, também foi representada como uma vaca, ou uma cabeça de vaca. Normalmente, porém, era retratada com o seu filho pequeno, Hórus (o faraó), com uma coroa e um abutre. Ocasionalmente, foi representada ou como um abutre pairando sobre o corpo de Osíris, ou com o Osíris morto em seu colo enquanto por artes mágicas o trazia de volta à vida.

Na maioria das vezes Ísis é retratada segurando apenas o símbolo Ankh com um pequeno grupo de acompanhantes, mas no período final de sua história, as imagens mostram-na, por vezes, com itens geralmente associados apenas a Hathor: o sistro sagrado e o colar símbolo de fertilidade "menat". No "The Book of Coming Forth By Day

Ísis está representada de pé
sobre a proa da Barca Solar
com os braços estendidos.[1]

A estrela "Sept" (Sirius
está associada a Ísis.

O surgimento dela no firmamento significava o advento de um novo ano, e Ísis foi igualmente considerada a deusa do renascimento e da reencarnação, e como protetora dos mortos.

O Livro dos Mortos descreve um ritual especial, para proteger os mortos, que permitia viajar em qualquer parte do mundo subterrâneo. A maior parte dos títulos de Ísis tem relação com o seu papel de deusa protetora dos mortos.

Mitologia

Quando visto como deificação da esposa do faraó em mitos tardios, o proeminente papel de Ísis foi como assistente do faraó morto. Desse modo, ela ganhou uma associação funerária, com o seu nome a aparecer mais de oitenta vezes nos chamados Textos das Pirâmides, afirmando-se que ela era a mãe das quatro divindades que protegiam os vasos canopos, nomeadamente a protetora da divindade do vaso do fígado, Imset. Esta associação com a esposa do faraó também trouxe a ideia de que Ísis era considerada a esposa de Hórus (outrora visto como seu filho), que era protetor e, posteriormente, a deificação do faraó.

À época do Médio Império, da XI dinastia egípcia até à XV dinastia egípcia, entre 2040 e 1640 a.C., à medida que os textos funerários começam a ser utilizados por maior número de membros da sociedade egípcia, além da família real, cresce também o seu papel de proteger os nobres e até mesmo os plebeus.

À época do Novo Império, a XVIII, a XIX e a XX dinastias, entre 1570 e 1070 a.C., Ísis adquiriu proeminência como a mãe e protetora do faraó. Durante este período, ela é descrita como amamentando o faraó e é frequentemente assim representada.

O papel do seu nome e de sua coroa-trono é incerto. Alguns dos primeiros egiptólogos acreditaram que ser a mãe-trono foi a primitiva função de Ísis, no entanto, uma corrente mais moderna afirma que aspectos desse papel vieram mais tarde, por associação. Em muitas tribos africanas, o trono é conhecido como "a mãe do rei", e esse conceito enquadra-se bem em ambas as teorias.[carece de fontes]

Irmã-esposa de Osíris


Possível representação de Ísis lamentando a perda de Osíris (terracota, XVIII dinastia egípcia, Museu do Louvre, Paris).
No Império Antigo, da III à VI dinastia egípcia, entre 2686 a.C. e 2134 a.C., os panteões das cidades egípcias variaram de região para região. Durante a V dinastia, Ísis pertenceu à Enéade da cidade de Heliópolis. Acreditava-se então que ela era filha de Nut e Geb, e irmã de Osíris, Néftis e Seth. As duas irmãs, Ísis e Néftis, muitas vezes eram representadas nos sarcófagos com grandes asas esticadas, como protetoras contra a maldade. Como deidade funerária, Ísis foi associada a Osíris, senhor do submundo (Duat), e foi considerada sua esposa.

A mitologia tardia (ultimamente em resultado da substituição de um outro deus do submundo, Anúbis, quando o culto de Osíris ganhou mais importância) fala-nos do nascimento de Anúbis. A narrativa descreve que, como Seth negava um filho a Néftis, esta então disfarçou-se como Ísis, muito mais atraente, para seduzi-lo.

O plano falhou, mas Osíris passou a achar Néftis muito atraente, pensando que ela era Ísis. Eles copularam, o que resultou no "nascimento" de Anúbis. Em outra narrativa, Néftis deliberadamente assumiu a forma de Ísis, a fim de enganar Osíris e assim obter dele a paternidade de seu filho. Com medo das represálias de Seth, Néftis persuadiu Ísis a adoptar Anubis, de modo a que a criança não viesse a ser descoberta e morta.

Essa narrativa explica tanto porque Anúbis é visto como uma divindade do submundo (uma vez que se torna filho de Osíris), quanto porque não poderia herdar a posição de Osíris (uma vez que não era um herdeiro legítimo), preservando posição de Osíris como Senhor do submundo. Deve ser lembrado, no entanto, que este novo mito foi apenas uma criação posterior do culto de Osíris que queria retratar Seth em um papel de maldade, como inimigo de Osíris.

Em outro mito de Osíris, Seth preparou um banquete para Osíris apresentando uma bela caixa e declarando que, quem coubesse perfeitamente nela, poderia ficar com ela como um presente.

Ora, Seth havia medido Osíris enquanto este dormia, certificando-se assim que este era o único a caber perfeitamente na caixa. Após vários dos presentes terem tentado encaixar-se nela, chegou a vez de Osíris, que a preencheu perfeitamente. Seth então fechou a tampa da caixa, transformando-a num caixão para Osíris. Em seguida, Seth afundou a caixa fechada com Osíris nas águas do rio Nilo, que a levaram para muito longe. Assim que soube do ocorrido, Ísis foi procurar a caixa, para Osíris pudesse ter um enterro apropriado. Foi encontrá-la na longínqua Biblos, cidade na costa da Fenícia, e trouxe-a de volta ao Egito, ocultando-a em um pântano. Entretanto, naquela noite Seth foi à caça, vindo a encontrar a caixa oculta. Enfurecido, Seth retalhou o corpo de Osíris em catorze pedaços, e os espalhou por todo o Egito, para se certificar de Ísis jamais poderia encontrá-los e dar assim um enterro adequado a Osíris.[6][7]

Ísis e Néftis, sua irmã, dedicaram-se então à busca dos pedaços, tendo conseguido encontrar apenas treze. Um peixe havia engolido o último, o pénis, que Ísis refez utilizando magia. Desse modo, com todas as partes reunidas do corpo morto de Osíris, ela pode conceber Hórus. O número de partes do corpo de Osíris é descrito de forma variável nas paredes de diversos templos, entre catorze e dezesseis e, ocasionalmente, em quarenta e duas, uma para cada nomo ou distrito.[7]

Mãe de Hórus


Ísis amamentando Hórus (Museu do Louvre).
Ísis amamentando Hórus, com a cobertura de Háthor.
Através da fusão de seus atributos com os de Hathor, Ísis tornou-se a mãe de Hórus, mais do que sua esposa, e isto, quando as crenças acerca de Ra absorveram Atum em Atum-Ra, sendo ainda necessário ter-se em conta que Ísis integrou a Enéade, como a esposa de Osíris.

É necessário explicar, entretanto, como é que Osíris que (como Senhor da Morte) estava morto, pode ser considerado pai de Hórus, que não era considerado morto. Este conflito nas narrativas conduziu à evolução da ideia de que Osíris mecessitava de ser ressuscitado e posteriormente, à versão da Lenda de Osíris e Ísis de que o grego Plutarco, no século I, em "De Iside et Osiride", nos deixou a versão mais extensa atualmente conhecida[8]

Um outro conjunto de mitos tardios detalha as aventuras de Ísis após o nascimento do filho póstumo de Osíris, Hórus. Foi dito que Ísis deu à luz Hórua e Khemmis, pensa-se, no delta do rio Nilo.[9] Muitos perigos surgiram para Hórus após o seu nascimento e Ísis navegou com o pequeno Hórus para escapar da ira de Seth, o assassino de seu esposo. Em um instante, Ísis curou Hórus de uma picada mortal de escorpião, além de outros milagres com relação ao cippi, as placas de Hórus. Ísis protegeu e promoveu Hórus até que estivesse suficientemente grande e forte para encarar Seth e tornar-se, subsequentemente, faraó do Egito.

Assimilação de Mut

Mut, uma divindade primordial chamada "mãe"", foi originalmente um título para as águas primordiais do cosmos, a mãe de quem o universo surgiu. Quando o emparelhamento das divindades começou, Mut tornou-se uma consorte de Amon, a quem já tinha sido atribuída uma esposa completamente diferente. Após a autoridade de Tebas haver aumentado durante a XVIII dinastia egípcia e ter tornado Amon em um deus muito mais significativo, o seu culto diminuiu, e Amon foi assimilado a Ra.

Em consequência, a consorte de Amon, Mut, até então descrita como uma coruja[10] mãe-adotiva que, nessa altura já tinha absorvido os atributos de outras deusas, outras deusas-se, também foi assimilada como esposa de Rá, Ísis-Hathor como "Mut-Ísis-Nekhbet". Na ocasião, a infertilidade de Mut foi levada em consideração, e assim, o nascimento de Hórus, que era demasiado importante para ser ignorado, necessitou ser explicado afirmando-se que Ísis ficou grávida por magia, quando ela se transformou em um papagaio e voou sobre o corpo morto de Osíris.

Mais tarde, os mitos tornaram-se bastante mais complexos. O consorte de Mut era Amon, que nessa época tinha se identificado com Min como "Amon-Min" (também conhecido pelo seu epíteto "Kamutef"). Desde que Mut tornou-se parte de Ísis, era natural tentar fazer Amon parte de Osíris, marido de Ísis, mas isso não era facilmente conciliável, uma vez que Amon-Min era um deus da fertilidade e Osíris era o deus dos mortos. Consequentemente, eles permaneceram considerados em separado, e Ísis, por vezes, afirmou-se ser amante de Min.

Posteriormente, em uma fase em que Amon-Min foi considerado um aspecto de Ra ("Amon-Ra"), ele também foi considerado um aspecto de Hórus, uma vez que Hórus foi identificado como Ra, e, portanto, filho de Horus e, em raras ocasiões, afirmou-se ao contrário ser Min, evitando a confusão sobre o estatuto de Hórus como marido e filho de Ísis.

Atributos mágicos

De modo a ressuscitar Osíris com o fim de gerar um filho, Hórus, era necessário a Ísis "aprender" magia (que por muito tempo havia sido um atributo seu, antes do surgimento do culto a Ra), e então passou a afirmar-se que Ísis enganou Ra (Amon-Ra ou Atum-Ra), fazendo com que este fosse picado por uma serpente egípcia - para o que apenas ela possuía a cura -, para que este lhe dissesse o seu nome "secreto".

Os nomes das divindades eram secretos, de domínio apenas dos altos líderes religiosos, uma vez que esse conhecimento permitia invocar o poder da divindade. Que ele fosse usar o seu nome "secreto" para "sobreviver" implica que a serpente tivesse que ser uma divindade mais poderosa do que Ra. Ora, a mais antiga divindade conhecida no Egito foi Uadjit, a cobra egípcia, cujo culto nunca foi suplantado na antiga religião egípcia. Como uma divindade da mesma região, teria sido um recurso benevolente para Ísis.

O uso dos nomes secretos tornou-se um elemento central nas práticas mágicas egípcias do período tardio, e Ísis é invocada muitas vezes para que use "o verdadeiro nome de Rá" durante os rituais. Ao final do período histórico do antigo Egito, após a sua ocupação pelos gregos e pelos romanos, Ísis tornou-se a mais importante e poderosa divindade do panteão egípcio por causa de suas habilidades mágicas.

A magia é um elemento central 
em toda a mitologia de Ísis, 
possivelmente mais do que 
para qualquer outra divindade egípcia.

Antes desta alteração tardia na natureza da religião antiga egípcia, a lei de Ma'at havia orientado as ações corretas para a maioria dos milhares de anos de religião egípcia, com pouca necessidade de magia. Thoth era o deus que recorria à magia quando era necessário.

A deusa que detinha o papel quadruplo de curadora, protetora dos vasos canopos, protetora do casamento, e senhora da magia anteriormente havia sido Serket. Ela então foi considerada como atributo de Ísis, pelo que não é de surpreender que Ísis tinha um papel central nos rituais e feitiços egípcios, nomeadamente os de proteção e cura.

Em muitos feitiços, essas atribuições são inteiramente fundidas, mesmo com as de Hórus, uma vez que invocações a Ísis supostamente envolvem automáticamente poderes de Hórus. Na história do Egito a imagem de um Hórus ferido tornou-se uma característica padrão de feitiços de Ísis de cura, em que geralmente se invocam os poderes curativos do leite de Ísis.[11]

O mundo greco-romano


Uma sacerdotisa de Ísis (estátua romana, século II).
Após a conquista do Egito por Alexandre o Grande o culto de Ísis difundiu-se através do mundo greco-romano..[12] No período helenístico Ísis adquiriu uma nova posição como deusa dominante no mundo mediterrânico.
A deusa protetora de Cleópatra era Ísis, e durante o seu reinado acreditou-se que ela era a reencarnação e incorporação da deusa da sabedoria.

Em Roma, Tácito registrou que após o assassinato de Júlio César, foi decretada a construção de um templo em honra de Ísis; Augusto suspendeu esta construção, e tentou trazer os Romanos de volta às antigas divindades, que eram estreitamente associadas à figura do Estado. Eventualmente o imperador Calígula abandonou os cuidados de Augusto em favor do que foi descrito como "cultos orientais", e foi em seu reinado que o festival de Ísis foi estabelecido em Roma. De acordo com Flávio Josefo, Calígula vestiu-se como uma mulher e tomou parte nos mistérios que instituiu.

Vespasiano, assim como Tito, praticaram incubação no Iseum romano. Domiciano fez erguer um outro Iseum juntamente com um Serapeum. Trajano foi representafo diante de Ísis e de Hórus, presenteando-os com oferendas votivas de vinho em um baixo-relevo em seu arco do triunfo.[13] Adriano decorou a sua villa em Tibur com cenas Isíacas. Galério considerou-a sua protetora.[14]

As perspectivas Romanas dos cultos eram sincréticas, vendo nas novas divindades meros aspectos locais dos que lhes eram familiares. Para muitos Romanos, a Ísis egípcia era um aspecto da Cibele Frígia, cujos ritos orgíacos estavam há muito implantados em Roma. De fato, ela foi conhecida como "Ísis dos Dez Mil Nomes".

Entre os nomes da Ísis Romana, "Rainha do Céu" destaca-se por sua longa e continua história. Heródoto identifica Ísis com as deusas da agricultura Deméter na mitologia grega e Ceres na romana.

No período tardio, Ísis também teve templos através da Europe, Britania, África e Ásia. Uma estátua de Ísis em alabastro, do século III encontrada em Ohrid, na República da Macedónia, está representada no anverso da nota de 10 dinares macedónios emitida em 1996.[15]

O pré-nome masculino "Isidoro" (também "Isidro") significa em Língua grega antiga "Presente de Ísis" (semelhante a "Teodoro", "Presente de Deus"). O nome, comum à época romana, sobreviveu à supressão do culto a Ísis e permanece popular até aos nossos dias - sendo, entre outros, o nome de diversos santos cristãos.

 Ísis na Literatura

Plutarco, um sábio da Grécia antiga, que viveu entre 46 a.C. e 120, é autor de "Ísis e Osíris",[16] considerada uma das principais fontes sobre os mitos tardios sobre Ísis.[17]

Nela, acerca de Ísis, refere "ela é tanto sábia quanto amante da sabedoria; como o seu nome parece denotar que, mais do que qualquer outro, o saber e o conhecimento pertencem a ela." e que o santuário da deusa em Sais continha a inscrição

"Eu sou tudo o que foi, é, e será, 
e meu véu nenhum mortal levantou 
até agora.".
Em Sais, no entanto, a padroeira do seu antigo culto foi Neith, deusa de que muitos traços tinham começado a ser atribuídos a Ísis durante a ocupação grega. Mais tarde, o escritor romano Apuleio, em O Asno de Ouro, dá-nos o seu entendimento acerca de Ísis no século II. O parágrafo abaixo é particularmente significativo:
"Você me vê aqui, Lúcio, em resposta à sua oração. Eu sou a natureza, Mãe universal, senhora de todos os elementos, filha primordial do tempo, soberana de todas as coisas espirituais, rainha dos mortos, também rainha dos imortais, a manifestação única de todos os deuses e deusas que são, o meu comando governa as alturas brilhantes dos Céus, a salutar brisa do mar. Embora eu seja adorada em muitos aspectos, conhecidos por nomes incontáveis alguns me conhecem como Juno, alguns como Belona os egípcios que se destacam no aprendizado e culto antigo me chamam pelo meu verdadeiro nome  Rainha Ísis."

Paralelos com a Virgem Maria

Alguns eruditos traçam paralelos entre a adoração de Ísis na época final do Império Romano e a veneração à Virgem Maria cristã. Quando o cristianismo começou a ganhar popularidade, difundindo-se na Europa e em todas as partes do Império, os primitivos cristãos converteram um relicário da Ísis egípcia em um para Maria e de outros modos "deliberadamente tomaram imagens do mundo pagão".[19]

Embora a Virgem Maria não seja idolatrada pelos cristãos (é venerada tanto pelos Católicos quanto pelos Ortodoxos), o seu papel, como figura de mãe compassiva, tem paralelos com a figura de Ísis.[19] O historiador Will Durant observou que "os primitivos Cristãos por vezes fizeram os seus cultos diante de estátuas de Ísis amamentando o filho Hórus, vendo nelas uma outra forma do nobre a antigo mito pelo qual a mulher (isto é, o princípio feminino) é a criadora de todas as coisas, tornando-se por fim, a "Mãe de Deus"".[20] Hórus, sob este aspecto infantil, foi denominado Harpócrates pelos antigos Gregos.
Isto é fruto da exposição dos primitivos cristãos à arte egípcia.

Uma pesquisa com "os vinte principais Egiptólogos", conduzida pelo Dr. W. Ward Gasque, um erudito cristão, revelou que todos os participantes reconheceram "que a imagem de Ísis com o bebê Hórus influiu na iconografia cristã da Virgem e o Menino", mas que não houve nenhuma outra semelhança, como por exemplo, que Hórus tenha nascido de uma virgem, que tenha tido doze seguidores, ou outras.[21]

A veneração a Maria na Igreja Ortodoxa[22] e mesmo na tradição da Igreja Anglicana é frequentemente superestimada.[23] As imagens tradicionais (ícones) de Maria ainda são populares na Igreja Ortodoxa nos dias de hoje.[24]

 Títulos

No Livro dos Mortos Ísis encontra-se referida com os seguintes títulos:
  • Aquela que dá origem ao Céu e à Terra
  • Aquela que conhece o órfão
  • Aquela que conhece a aranha viúva
  • Aquela que procura justiça para os pobres
  • Aquela que procura abrigo para as pessoas fracas
Outros dos muitos títulos de ísis, são:
  • Rainha do Céu
  • Mãe dos Deuses
  • Aquela que é Todos
  • Senhora das Culturas Verdejantes,
  • A mais brilhante no firmamento
  • Stella Maris[25]
  • Grande Senhora da Magia
  • Senhora da Casa da Vida,
  • Aquela que sabe fazer o uso correto do Coração
  • Doadora da Luz do Céu
  • Senhora das Palavras de Poder,
  • Lua brilhante sobre o Mar 
  •  

Osíris

Osíris
Q1
D4
A40
Outros nomes Usiris, Asar, Aser, Ausar, Ausir, Wesir, Usir, Usire ou Ausare
Nascimento
Parentesco Geb e Nut [1]
Filho(s) Hórus

Osíris (Ausar em egípcio) era um deus da mitologia egípcia, associado à vegetação e a vida no Além. Oriundo de Busíris, no Baixo Egipto, Osíris foi um dos deuses mais populares do Antigo Egipto, cujo culto remontava às épocas remotas da história egípcia e que continuou até à era Greco-Romana, quando o Egito perdeu a sua independência política.

Marido de Ísis e pai de Hórus[2], era ele quem julgava os mortos na "Sala das Duas Verdades", onde se procedia à pesagem do coração ou psicostasia.
Osíris, é sem dúvida o deus mais conhecido do Antigo Egipto, devido ao grande número de templos que lhe foram dedicados por todo o país; porém, os seus começos foram os de qualquer divindade local,e é também um deus que julgava a alma dos egípcios se eles iam para o paraíso (lugar onde só há fartura).

Para os seus primeiros adoradores, Osíris era apenas a encarnação das forças da terra e das plantas. À medida que o seu culto se foi difundindo por todo o espaço do Egipto, Osíris enriqueceu-se com os atributos das divindades que suplantava, até que, por fim substituiu a religião solar. Por outro lado a mitologia engendrou uma lenda em torno de Osíris, que foi recolhida fielmente por alguns escritores gregos, como Plutarco.

A dupla imagem que de ambas as fontes chegou até nós deste deus, cuja cabeça aparece coberta com a mitra branca, é a de um ser bondoso que sofre uma morte cruel e que por ela assegura a vida e a felicidade eterna a todos os seus protegidos, bem como a de uma divindade que encarna a terra egipcia e a sua vegetação, destruída pelo sol e a seca, mas sempre ressurgida pelas águas do Nilo.

 O nome Osíris


Estátua de Osiris
Segundo Diodoro Sículo, os primeiros egípcios, logo que surgiram, olharam para o céu e ficaram com temor do Universo, e imaginaram dois deuses eternos, o Sol e a Lua, respectivamente Osísis e Ísis.[3]

Osíris significa muitos-olhos, um significado apropriado para representar os raios do Sol, que vêem tudo, tanto a terra quanto o mar.[4] Os mitógrafos gregos, ainda segundo Diodoro Sículo, identificaram Osíris com Dionísio e com a estrela Sirius; Diodoro cita poemas de Eumolpo e Orfeu identificando Dionísio com a estrela Sirius.[5]

Segundo alguns, Orísis era 
representado com uma capa de estrelas, 
imitando o céu estrelado.[6]
Segundo Isaac Newton, Osíris é um nome grego; eles interpretaram o lamento egípcio 0 Sihor, Bou Sihor como Osíris, Busíris[7]. Ele identifica Osíris com o faraó Sesac ou Sesóstris, um grande conquistador, que reinou de 1002 a.C. a 956 a.C.[8].

O nome Osíris deriva do grego que por sua vez deriva da forma síria Usire. O significado exacto do nome é desconhecido. Entre os vários significados propostos pelos especialistas, encontram-se hipóteses como "Aquele que ocupa um trono", "Para criar um trono", "Lugar/Força do Olho" ou "Aquele que copula com Ísis". Contudo, a interpretação considerada mais aceitável é a que considera que Osíris significa "O Poderoso".

Osíris também era 
o chefe dos deuses egipcios.

Origens e evolução


Fragmento de Livro dos Mortos onde se representa Osíris
Deus cujo culto está atestado desde épocas muito antigas, Osíris seria oriundo de Busíris (nome que significa "Lugar de Osíris" ou "Domínio de Osíris) localidade na região central do Delta do Nilo (Baixo Egipto). Nesta localidade julga-se que Osíris substituiu um deus local de nome Andjeti, tendo herdado as suas insígnias. Osíris era em Busíris apenas um deus da fertilidade, cuja principal função era garantir uma boa colheita, personificando o ciclo da vegetação e as águas do Nilo.

No Império Antigo Osíris adquire a vertente de deus funerário, sendo o rei defunto identificado com ele; o rei vivo era por sua vez identificado com o seu filho, o deus Hórus.

A partir do fim do Primeiro Período Intermediário e do Império Médio ocorre aquilo que se designa como "democratização" da possibilidade de uma vida no Além, ou seja, esta deixa de estar reservada ao rei para se alargar, primeiro aos altos funcionários, e depois a toda a população. Todos os homens, independentemente da sua classe social, desde que cumprissem os ritos funerários adequados, poderiam unir-se a Osíris, conquistando a imortalidade.

 Iconografia



Representação mais comum de Osíris

"Osíris Vegetante".
A representação mais antiga conhecida de Osíris data de 2300 a.C.. A sua representação mais comum correspondia ao de um homem mumificado com uma barba postiça, com braços que emergem do corpo cruzados sob o peito. As suas mãos seguram os ceptros hekat e nekhakha. Na cabeça Osíris apresentava a coroa atef, isto é, uma coroa branca com duas plumas de avestruz. Em algumas representações poderia ter um uraeus (serpente) sob a coroa e uns cornos de carneiro.

Poderia também ser retratado como uma múmia deitada de cujo corpo emergiam espigas ("Osíris vegetante"). Esta representação está associada a um prática dos Egípcios que consistia em regar uma estátua do deus feita de terra e de trigo. Estas estátuas eram depois enterradas nas terras agrícolas, acreditando-se que seriam a garantia de uma próspera colheita. Este costume está atestado desde a Pré-História do Egipto até à época ptolemaica.
A pele do deus poderia ser verde ou negra, cores que os Egípcios associavam à fertilidade e ao renascimento.

A representação de Osíris 
como um animal era rara. 

Quando se verificava o deus 
poderia surgir como um touro negro, 
um crocodilo ou um grande peixe.

O mito de Osíris

O mito de Osíris é conhecido graças a várias fontes, sendo a principal o relato de Plutarco (século I) De Iside et Osiride (Sobre Ísis e Osíris). Alguns textos egípcios, como os Textos das Pirâmides, os Textos dos Sarcófagos e Livro dos Mortos, narram vários elementos do mito, mas de uma forma fragmentária e desconexa.

Osíris é apresentado como filho de Geb e Nut[1], tendo como irmãos Ísis, Néftis e Seth. É portanto um dos membros da Enéade de Heliópolis. Ísis não era apenas sua irmã, mas também a sua esposa.
Osíris governou a terra (o Egipto), tendo ensinado aos seres humanos as técnicas necessárias à civilização, como a agricultura e a domesticação de animais. Foi uma era de prosperidade que contudo chegaria ao fim.

O irmão de Osíris, Seth, governava apenas o deserto, situação que não lhe agradava. Movido pela inveja, decide engendrar um plano para matar o irmão. Auxiliado por setenta e dois conspiradores, Set convidou Osíris para um banquete. No decurso do banquete, Set apresentou uma magnífica caixa-sarcófago que prometeu entregar a quem nela coubesse. Os convidados tentar ganhar a caixa, mas ninguém cabia nesta, dado que Set a tinha preparado para as medidas de Osíris. Convidado por Set, Osíris entra na caixa. É então que os conspiradores trancam-na e atiram-na para o rio Nilo.

A corrente do rio arrasta a caixa até ao mar Mediterrâneo, acabando por atingir Biblos (Fenícia).
Ísis, desesperada com o sucedido, parte à procura do marido, procurando obter todo o tipo de informações dos encontra pelo caminho. Chegada a Biblos Ísis descobre que a caixa ficou inscrustrada numa árvore que tinha entretanto sido cortada para fazer uma coluna no palácio real. Com a ajuda da rainha, Ísis corta a coluna e consegue regressar ao Egipto com o corpo do amado, que esconde numa plantação de papiros.

Contudo, Seth encontrou a caixa e furioso decide esquartejá-lo em catorze pedaços o corpo que espalha por todo o Egipto; em alguns textos do período ptolemaico teriam sido dezesseis ou quarenta e duas partes. Quanto ao significado destes números, deve referir-se que o catorze é número de dias que decorre entre a lua cheia e a lua nova e o quarenta era o número de províncias (ou nomos) em que o Egipto se encontrava dividido.

Ísis, auxiliada pela sua irmã Néftis, partiu à procura das partes do corpo de Osíris. Conseguiu reunir todas, com excepção do pénis, que teria sido devorado por um ou três peixes, conforme a versão. Para suprir a falta deste, Ísis criou um falo artificial com caules vegetais. Ísis, Néftis e Anúbis procedem então à prática da primeira mumificação.

Ísis transforma-se de seguida num milhafre que graças ao bater das suas asas sobre o corpo de Osíris cria uma espécie de ar mágico que acaba por ressuscitá-lo; ainda sob a forma de ave, Ísis une-se sexualmente a Osíris e desta cópula resulta um filho, o deus Hórus. Ísis deu à luz este filho numa ilha do Delta, escondida de Set. A partir de então, Osíris passou a governar apenas o mundo dos mortos. Quanto ao seu filho, conseguiu derrubar Set e passou a reinar sobre a terra.

Mito e história

Alguns autores especulam que o mito de Osíris possa ter ligações com eventos históricos. Assim, Osíris seria um chefe nômade responsável pela introdução da agricultura na região do Delta. Aqui teria entrado em conflito com Seth, líder das populações do Delta. Osíris teria sido morto por Seth e vingado pelo seu filho.

Segundo Newton, Osíris e Busíris é como os gregos interpretaram o lamento egípcio O Siris e Bou Siris; Newton identifica Osíris com vários conquistadores mitológicos: Sesac, Baco, Marte, o Hércules egípcio citado por Cícero e Belo[8]. Sua morte é dada no ano 956 a.C., e ele é morto por seu irmão Jápeto[8].

Símbolos


Pilares djed (a verde)
O símbolo mais importante associado a Osíris era o pilar ou coluna djed. Não se sabe o significado exacto deste símbolo, tendo sido proposto que representaria quatro pilares vistos uns atrás dos outros, a coluna vertebral de um homem ou do próprio Osíris ou uma árvore de cedro da Síria com os ramos cortados (esta última hipótese relaciona-se no relato mítico segundo o qual a caixa-sarcófago ficou inscrustrado num cedro).

O djed representava 
para os Egípciosa estabilidade 
e a continuidade do poder.

Ísis

Ísis
st t
H8


st t
H8
C10
Outros nomes Ast, Aset, Auset
Nascimento
Parentesco Geb e Nut
Cônjuge Osíris
Filho(s) Hórus



Ísis (em egípcio: Auset) foi uma deusa da mitologia egípcia, cuja adoração se estendeu por todas as partes do mundo greco-romano. Foi cultuada como modelo da mãe e da esposa ideais, protetora da natureza e da magia. Era a amiga dos escravos, pescadores, artesãos, oprimidos, assim como a que escutava as preces dos opulentos, das donzelas, aristocratas e governantes.[1] Ísis é a deusa da maternidade e da fertilidade.

Os primeiros registros escritos acerca de sua adoração surgem pouco depois de 2500 a.C., durante a V dinastia egípcia. A deusa Ísis, mãe de Horus, foi a primeira filha de Geb, o deus da Terra, e de Nut, a deusa do Firmamento, e nasceu no quarto dia intercalar. Durante algum tempo Ísis e Hator ostentaram a mesma cobertura para a cabeça. Em mitos posteriores sobre Ísis, ela teve um irmão, Osíris, que veio a tornar-se seu marido, tendo se afirmado que ela havia concebido Horus.

Ísis contribuiu para a ressurreição de Osiris quando ele foi assassinado por Seth. As suas habilidades mágicas devolveram a vida a Osíris após ela ter reunido as diferentes partes do corpo dele que tinham sido despedaçadas e espalhadas sobre a Terra por Seth.[2] este mito veio a tornar-se muito importante nas crenças religiosas egípcias.

Ísis também foi conhecida como a deusa da simplicidade, protetora dos mortos e deusa das crianças de quem "todos os começos" surgiram, e foi a Senhora dos eventos mágicos e da natureza. Em mitos posteriores, os antigos egípcios acreditaram que as cheias anuais do rio Nilo ocorriam por causa das suas lágrimas de tristeza pela morte de seu marido, Osíris. Esse evento, da morte de Osíris e seu renascimento, foi revivido anualmente em rituais.
Consequentemente, a adoração a Ísis estendeu-se a todas as partes do mundo greco-romano, perdurando até à supressão do paganismo na Era Cristã.[3]

Origem do nome


Ísis alada (pintura mural, c. 1360 a.C.).
A pronúncia do nome desta deidade é uma corruptela do mesmo na língua grega antiga onde se modificou o nome egípcio original pela adição de um "-s" no final devido às normas gramaticais do antigo grego.

O nome egípcio foi grafado como
ỉs.t ou ȝs.t com o significado de 
'(Ela de o) Trono'. 
A sua pronúncia correta em antigo egípcio é incerta, entretanto, uma vez que o antigo sistema de escrita usualmente não previa as vogais. Com base em estudos recentes que nos oferecem aproximações com base em linguagens contemporâneas e na evidência da língua copta, a pronúncia reconstruida de seu nome é *ˈʔuː.sat (O nome de Osiris, "Usir" ou "Wsir" também se inicia com o glifo para trono ʔs ('-s').). O nome sobreviveu nos dialetos coptas como Ēse ou Ēsi, assim como em palavras compostas sobreviventes em nomes de pessoas posteriormente, como por exemplo 'Har-si-Ese', literalmente 'Hórus, filho de Ísis'.

Por conveniência, Egiptólogos arbitrariamente decidiram pronunciar o seu nome como 'ee-set'. Por vezes também podem dizer 'ee-sa' porque o 't' final em seu nome foi um sufixo feminino, que é sabido ter sido buscado à fala durante as últimas etapas da língua egípcia.

Literalmente, o seu nome significa "ela do trono". A sua cobertura original para a cabeça foi um trono. Como personificação do trono, ela foi uma representação importante do poder do faraó, assim como o faraó foi representado como seu filho, que se sentou no trono que ela forneceu. O seu culto foi popular em todas as partes do Egito, mas os santuários mais importantes eram em Guizé e em Behbeit El-Hagar, no Delta do Nilo, no Baixo Egito.

História

As origens do seu culto são incertas, mas acredita-se ser oriundo do delta do Nilo. Entretanto, ao contrário de outras divindades egípcias, não teve desse culto centralizado em nenhum ponto específico ao longo da história da sua adoração. Isto pode ser devido à ascensão tardia de seu culto.

As primeiras referências a Ísis remontam à V dinastia egípcia, período em que são encontradas as primeiras inscrições literárias a seu respeito, embora o culto apenas venha a ter tido proeminência ao final da história do antigo Egipto, quando se iniciou a absorção dos cultos de muitas outras deusas com centros de culto firmemente estabelecidos. Isto ocorreu quando o culto de Osíris se destacou e ela teve um papel importante nessa crença. Eventualmente, o seu culto difundiu-se além das fronteiras do Egito.

Durante os séculos de formação do cristianismo, a religião de Ísis obteve conversos de todas as partes do Império Romano. Na própria península Itálica, a fé nesta deusa egípcia era uma força dominante. Em Pompéia, as evidências arqueológicas revelam que Ísis desempenhava um papel importante. Em Roma, templos e obeliscos foram erguidos em sua homenagem. Na Grécia Antiga, os tradicionais centros de culto em Delos, Delfos e Elêusis foram retomados por seguidores de Ísis, e isto ocorreu no norte da Grécia e também em Atenas.

Portos de Ísis podiam ser encontrados no mar Arábico e no mar Negro. As inscrições mostram que possuía seguidores na Gália, na Espanha, na Panónia, na Alemanha, na Arábia Saudita, na Ásia Menor, em Portugal, na Irlanda e muitos santuários mesmo na Grã-Bretanha.[4] isis representa o amor ,a magia e os misterios da região.

Templos


Templo de Ísis, Filas.

Templo de Ísis, Roma.

Templo de Ísis, Pompéia.
A maioria das divindades egípcias surgiu pela primeira vez como cultos muito localizados e em toda a sua história mantiveram os seus centros locais de culto, com a maioria das capitais e cidades sendo amplamente conhecidas como lar dessas divindades. Ísis foi, em sua origem, uma divindade independente e popular estabelecida em tempos pré-dinásticos, anteriormente a 3100 a.C., em Sebennytos no delta do Nilo.[2]

No Egito, existiram três grandes templos em homenagem a Ísis:
Na ilha de Filas, no Alto Nilo, o culto a Ísis e Osíris persistiu até ao século VI, ou seja, muito tempo após a ascensão do Cristianismo e a subseqüente supressão do paganismo. O decreto de Teodósio (c. de 380) determinando a destruição de todos os templos pagãos, não foi aplicada em Filas até ao governo de Justiniano. Essa tolerância foi devido a um antigo tratado celebrado entre os Blemyes-Nobadae e Diocleciano. Todos os anos, eles visitavam Elefantina e, em determinados períodos levavam a imagem de Ísis rio acima para a terra dos Blemyes para fins divinatórios, devolvendo-a em seguida. Justiniano enviou Narses para destruir os santuários, prender os sacerdotes e arrestar as imagens sagradas para Constantinopla.[5] Filas foi o último dos antigos templos egípcios a ser fechado.

Eventualmente templos a Ísis começou a se difundir além das fronteiras do Egito. Em muitos locais, em especial em Biblos, o seu culto assumiu o lugar da deusa semita Astarte, aparentemente pela semelhança entre os seus nomes e atributos. À época do helenismo, devido aos seus atributos de protetora e mãe, assim como ao seu aspecto luxurioso, adquirido quando ela incorporou alguns dos aspectos de Hathor, ela tornou-se padroeira dos marinheiros, que difundiram o seu culto graças aos navios mercantes que circulavam no mar Mediterrâneo.

Através do mundo greco-romano, Ísis tornou-se um dos mais significativos mistérios, e muitos autores clássicos fazem referência, em suas obras, aos seus templos, cultos e rituais. Templos em sua homenagem foram erguidos na Grécia e em Roma, tendo sido colocado a descoberto um bem preservado exemplar em Pompéia.

Da mesma forma, a deusa árabe "Al-Ozza" ou "Al-Uzza" (em árabe, العُزّى - al ȝozza), cujo nome é semelhante ao de Ísis, acredita-se que seja uma manifestação sua. Isso, porém, é entendido apenas com base na semelhança entre os nomes.

Sacerdócio

Existem 3 templos feitos para a adoração de isis. Pouca informação chegou até nós acerca dos antigos rituais egípcios. Entretanto é claro que os oficiantes de seus cultos foram sacerdotes e sacerdotisas ao longo de sua história. Até ao período greco-romano, muitos deles eram curadores e teriam exercido outros poderes especiais, incluindo a interpretação dos sonhos e a capacidade de controlar o tempo atmosférico, o que faziam através de tranças ou penteados nos cabelos. Esta última habilidade era conceituada, uma vez que os antigos egípcios consideravam que os nós tinham poderes mágicos.

 Iconografia

 Associações

"tyet"
Nó de Ísis em hieroglifos é
V39
Por causa desta associação entre nós e poder mágico, um símbolo de Ísis foi o "tiet" ou tyet (com o significado de "bem-estar"/"vida"), também denominado como "Laço de Ísis", "Fivela de Ísis" ou "Sangue" de Ísis. Em muitos aspectos, o "tiet" se assemelha a uma cruz Ankh, exceto que os seus braços apontam para baixo e, quando usado como tal, parece representar a idéia de vida eterna ou ressurreição. O significado de "Sangue de Ísis" é mais obscuro, mas o "tiet" muitas vezes foi usado como um amuleto funerário, confeccionado em madeira, pedra ou vidro, na cor vermelha, embora isso possa ser apenas uma simples descrição dos materiais utilizados.

A estrela Spica ("Alpha Virginis") e a constelação que modernamente corresponde aproximadamente à de Virgo, surge no firmamento acima do horizonte em uma época do ano associada à colheita de trigo e grãos e, desse modo, ficou associada a divindades da fertilidade, como Hathor. Ísis viria a ser associada a esses astros devido à posterior fusão de seus atributos com os de Hathor.

Ísis também assimilou atributos de Sopdet, personificação da estrela Sirius, uma vez que este astro, ascendendo no horizonte um pouco antes da cheia do rio Nilo, foi interpretado como uma fonte de fertilidade, como Hathor o havia sido também. Sopdet manteve um elemento de identidade distinto: uma vez que Sirius era visivelmente uma estrela, ou seja, não vivia no submundo, o que poderia ter conflitado com a representação de Ísis como esposa de Osíris, senhor do submundo.

Provavelmente devido à equiparação com as deusas Afrodite e Vênus, durante o período greco-romano, a rosa foi usada em seu culto. A procura de rosas por todo o império tornou a sua produção em uma importante indústria.

Representações


Ísis com os atributos de Hathor (pintura mural).
Na arte, Ísis foi originalmente retratada como uma mulher com um vestido longo e coroada com o hieróglifo que significava "trono". Por vezes foi descrita como portadora de um lótus ("Nymphaea caerulea"), ou como um sicômoro ("Ficus sycomorus"). A faraó, Hatshepsut, foi retratada em seu túmulo sendo amamentada por um sicômoro que tinha um seio.

Após ter assimilado muitos dos papéis da deusa Hathor, a cobertura de cabeça de Ísis passa a ser a de Hathor: os cornos de uma vaca, com o disco solar inscrito entre eles. Às vezes, também foi representada como uma vaca, ou uma cabeça de vaca. Normalmente, porém, era retratada com o seu filho pequeno, Hórus (o faraó), com uma coroa e um abutre. Ocasionalmente, foi representada ou como um abutre pairando sobre o corpo de Osíris, ou com o Osíris morto em seu colo enquanto por artes mágicas o trazia de volta à vida.

Na maioria das vezes Ísis é retratada segurando apenas o símbolo Ankh com um pequeno grupo de acompanhantes, mas no período final de sua história, as imagens mostram-na, por vezes, com itens geralmente associados apenas a Hathor: o sistro sagrado e o colar símbolo de fertilidade "menat". No "The Book of Coming Forth By Day

Ísis está representada de pé
sobre a proa da Barca Solar
com os braços estendidos.[1]

A estrela "Sept" (Sirius
está associada a Ísis.

O surgimento dela no firmamento significava o advento de um novo ano, e Ísis foi igualmente considerada a deusa do renascimento e da reencarnação, e como protetora dos mortos.

O Livro dos Mortos descreve um ritual especial, para proteger os mortos, que permitia viajar em qualquer parte do mundo subterrâneo. A maior parte dos títulos de Ísis tem relação com o seu papel de deusa protetora dos mortos.

Mitologia

Quando visto como deificação da esposa do faraó em mitos tardios, o proeminente papel de Ísis foi como assistente do faraó morto. Desse modo, ela ganhou uma associação funerária, com o seu nome a aparecer mais de oitenta vezes nos chamados Textos das Pirâmides, afirmando-se que ela era a mãe das quatro divindades que protegiam os vasos canopos, nomeadamente a protetora da divindade do vaso do fígado, Imset. Esta associação com a esposa do faraó também trouxe a ideia de que Ísis era considerada a esposa de Hórus (outrora visto como seu filho), que era protetor e, posteriormente, a deificação do faraó.

À época do Médio Império, da XI dinastia egípcia até à XV dinastia egípcia, entre 2040 e 1640 a.C., à medida que os textos funerários começam a ser utilizados por maior número de membros da sociedade egípcia, além da família real, cresce também o seu papel de proteger os nobres e até mesmo os plebeus.

À época do Novo Império, a XVIII, a XIX e a XX dinastias, entre 1570 e 1070 a.C., Ísis adquiriu proeminência como a mãe e protetora do faraó. Durante este período, ela é descrita como amamentando o faraó e é frequentemente assim representada.

O papel do seu nome e de sua coroa-trono é incerto. Alguns dos primeiros egiptólogos acreditaram que ser a mãe-trono foi a primitiva função de Ísis, no entanto, uma corrente mais moderna afirma que aspectos desse papel vieram mais tarde, por associação. Em muitas tribos africanas, o trono é conhecido como "a mãe do rei", e esse conceito enquadra-se bem em ambas as teorias.[carece de fontes]

Irmã-esposa de Osíris


Possível representação de Ísis lamentando a perda de Osíris (terracota, XVIII dinastia egípcia, Museu do Louvre, Paris).
No Império Antigo, da III à VI dinastia egípcia, entre 2686 a.C. e 2134 a.C., os panteões das cidades egípcias variaram de região para região. Durante a V dinastia, Ísis pertenceu à Enéade da cidade de Heliópolis. Acreditava-se então que ela era filha de Nut e Geb, e irmã de Osíris, Néftis e Seth. As duas irmãs, Ísis e Néftis, muitas vezes eram representadas nos sarcófagos com grandes asas esticadas, como protetoras contra a maldade. Como deidade funerária, Ísis foi associada a Osíris, senhor do submundo (Duat), e foi considerada sua esposa.

A mitologia tardia (ultimamente em resultado da substituição de um outro deus do submundo, Anúbis, quando o culto de Osíris ganhou mais importância) fala-nos do nascimento de Anúbis. A narrativa descreve que, como Seth negava um filho a Néftis, esta então disfarçou-se como Ísis, muito mais atraente, para seduzi-lo.

O plano falhou, mas Osíris passou a achar Néftis muito atraente, pensando que ela era Ísis. Eles copularam, o que resultou no "nascimento" de Anúbis. Em outra narrativa, Néftis deliberadamente assumiu a forma de Ísis, a fim de enganar Osíris e assim obter dele a paternidade de seu filho. Com medo das represálias de Seth, Néftis persuadiu Ísis a adoptar Anubis, de modo a que a criança não viesse a ser descoberta e morta.

Essa narrativa explica tanto porque Anúbis é visto como uma divindade do submundo (uma vez que se torna filho de Osíris), quanto porque não poderia herdar a posição de Osíris (uma vez que não era um herdeiro legítimo), preservando posição de Osíris como Senhor do submundo. Deve ser lembrado, no entanto, que este novo mito foi apenas uma criação posterior do culto de Osíris que queria retratar Seth em um papel de maldade, como inimigo de Osíris.

Em outro mito de Osíris, Seth preparou um banquete para Osíris apresentando uma bela caixa e declarando que, quem coubesse perfeitamente nela, poderia ficar com ela como um presente.

Ora, Seth havia medido Osíris enquanto este dormia, certificando-se assim que este era o único a caber perfeitamente na caixa. Após vários dos presentes terem tentado encaixar-se nela, chegou a vez de Osíris, que a preencheu perfeitamente. Seth então fechou a tampa da caixa, transformando-a num caixão para Osíris. Em seguida, Seth afundou a caixa fechada com Osíris nas águas do rio Nilo, que a levaram para muito longe. Assim que soube do ocorrido, Ísis foi procurar a caixa, para Osíris pudesse ter um enterro apropriado. Foi encontrá-la na longínqua Biblos, cidade na costa da Fenícia, e trouxe-a de volta ao Egito, ocultando-a em um pântano. Entretanto, naquela noite Seth foi à caça, vindo a encontrar a caixa oculta. Enfurecido, Seth retalhou o corpo de Osíris em catorze pedaços, e os espalhou por todo o Egito, para se certificar de Ísis jamais poderia encontrá-los e dar assim um enterro adequado a Osíris.[6][7]

Ísis e Néftis, sua irmã, dedicaram-se então à busca dos pedaços, tendo conseguido encontrar apenas treze. Um peixe havia engolido o último, o pénis, que Ísis refez utilizando magia. Desse modo, com todas as partes reunidas do corpo morto de Osíris, ela pode conceber Hórus. O número de partes do corpo de Osíris é descrito de forma variável nas paredes de diversos templos, entre catorze e dezesseis e, ocasionalmente, em quarenta e duas, uma para cada nomo ou distrito.[7]

Mãe de Hórus


Ísis amamentando Hórus (Museu do Louvre).
Ísis amamentando Hórus, com a cobertura de Háthor.

Através da fusão de seus atributos com os de Hathor, Ísis tornou-se a mãe de Hórus, mais do que sua esposa, e isto, quando as crenças acerca de Ra absorveram Atum em Atum-Ra, sendo ainda necessário ter-se em conta que Ísis integrou a Enéade, como a esposa de Osíris.

É necessário explicar, entretanto, como é que Osíris que (como Senhor da Morte) estava morto, pode ser considerado pai de Hórus, que não era considerado morto. Este conflito nas narrativas conduziu à evolução da ideia de que Osíris mecessitava de ser ressuscitado e posteriormente, à versão da Lenda de Osíris e Ísis de que o grego Plutarco, no século I, em "De Iside et Osiride", nos deixou a versão mais extensa atualmente conhecida[8]

Um outro conjunto de mitos tardios detalha as aventuras de Ísis após o nascimento do filho póstumo de Osíris, Hórus. Foi dito que Ísis deu à luz Hórua e Khemmis, pensa-se, no delta do rio Nilo.[9] Muitos perigos surgiram para Hórus após o seu nascimento e Ísis navegou com o pequeno Hórus para escapar da ira de Seth, o assassino de seu esposo. Em um instante, Ísis curou Hórus de uma picada mortal de escorpião, além de outros milagres com relação ao cippi, as placas de Hórus. Ísis protegeu e promoveu Hórus até que estivesse suficientemente grande e forte para encarar Seth e tornar-se, subsequentemente, faraó do Egito.

Assimilação de Mut

Mut, uma divindade primordial chamada "mãe"", foi originalmente um título para as águas primordiais do cosmos, a mãe de quem o universo surgiu. Quando o emparelhamento das divindades começou, Mut tornou-se uma consorte de Amon, a quem já tinha sido atribuída uma esposa completamente diferente. Após a autoridade de Tebas haver aumentado durante a XVIII dinastia egípcia e ter tornado Amon em um deus muito mais significativo, o seu culto diminuiu, e Amon foi assimilado a Ra.

Em consequência, a consorte de Amon, Mut, até então descrita como uma coruja[10] mãe-adotiva que, nessa altura já tinha absorvido os atributos de outras deusas, outras deusas-se, também foi assimilada como esposa de Rá, Ísis-Hathor como "Mut-Ísis-Nekhbet". Na ocasião, a infertilidade de Mut foi levada em consideração, e assim, o nascimento de Hórus, que era demasiado importante para ser ignorado, necessitou ser explicado afirmando-se que Ísis ficou grávida por magia, quando ela se transformou em um papagaio e voou sobre o corpo morto de Osíris.

Mais tarde, os mitos tornaram-se bastante mais complexos. O consorte de Mut era Amon, que nessa época tinha se identificado com Min como "Amon-Min" (também conhecido pelo seu epíteto "Kamutef"). Desde que Mut tornou-se parte de Ísis, era natural tentar fazer Amon parte de Osíris, marido de Ísis, mas isso não era facilmente conciliável, uma vez que Amon-Min era um deus da fertilidade e Osíris era o deus dos mortos. Consequentemente, eles permaneceram considerados em separado, e Ísis, por vezes, afirmou-se ser amante de Min.

Posteriormente, em uma fase em que Amon-Min foi considerado um aspecto de Ra ("Amon-Ra"), ele também foi considerado um aspecto de Hórus, uma vez que Hórus foi identificado como Ra, e, portanto, filho de Horus e, em raras ocasiões, afirmou-se ao contrário ser Min, evitando a confusão sobre o estatuto de Hórus como marido e filho de Ísis.

Atributos mágicos

De modo a ressuscitar Osíris com o fim de gerar um filho, Hórus, era necessário a Ísis "aprender" magia (que por muito tempo havia sido um atributo seu, antes do surgimento do culto a Ra), e então passou a afirmar-se que Ísis enganou Ra (Amon-Ra ou Atum-Ra), fazendo com que este fosse picado por uma serpente egípcia - para o que apenas ela possuía a cura -, para que este lhe dissesse o seu nome "secreto".

Os nomes das divindades eram secretos, de domínio apenas dos altos líderes religiosos, uma vez que esse conhecimento permitia invocar o poder da divindade. Que ele fosse usar o seu nome "secreto" para "sobreviver" implica que a serpente tivesse que ser uma divindade mais poderosa do que Ra. Ora, a mais antiga divindade conhecida no Egito foi Uadjit, a cobra egípcia, cujo culto nunca foi suplantado na antiga religião egípcia. Como uma divindade da mesma região, teria sido um recurso benevolente para Ísis.

O uso dos nomes secretos tornou-se um elemento central nas práticas mágicas egípcias do período tardio, e Ísis é invocada muitas vezes para que use "o verdadeiro nome de Rá" durante os rituais. Ao final do período histórico do antigo Egito, após a sua ocupação pelos gregos e pelos romanos, Ísis tornou-se a mais importante e poderosa divindade do panteão egípcio por causa de suas habilidades mágicas.

A magia é um elemento central 
em toda a mitologia de Ísis, 
possivelmente mais do que 
para qualquer outra divindade egípcia.


Antes desta alteração tardia na natureza da religião antiga egípcia, a lei de Ma'at havia orientado as ações corretas para a maioria dos milhares de anos de religião egípcia, com pouca necessidade de magia. Thoth era o deus que recorria à magia quando era necessário.

A deusa que detinha o papel quadruplo de curadora, protetora dos vasos canopos, protetora do casamento, e senhora da magia anteriormente havia sido Serket. Ela então foi considerada como atributo de Ísis, pelo que não é de surpreender que Ísis tinha um papel central nos rituais e feitiços egípcios, nomeadamente os de proteção e cura.

Em muitos feitiços, essas atribuições são inteiramente fundidas, mesmo com as de Hórus, uma vez que invocações a Ísis supostamente envolvem automáticamente poderes de Hórus. Na história do Egito a imagem de um Hórus ferido tornou-se uma característica padrão de feitiços de Ísis de cura, em que geralmente se invocam os poderes curativos do leite de Ísis.[11]

O mundo greco-romano


Uma sacerdotisa de Ísis (estátua romana, século II).
Após a conquista do Egito por Alexandre o Grande o culto de Ísis difundiu-se através do mundo greco-romano..[12] No período helenístico Ísis adquiriu uma nova posição como deusa dominante no mundo mediterrânico.
A deusa protetora de Cleópatra era Ísis, e durante o seu reinado acreditou-se que ela era a reencarnação e incorporação da deusa da sabedoria.

Em Roma, Tácito registrou que após o assassinato de Júlio César, foi decretada a construção de um templo em honra de Ísis; Augusto suspendeu esta construção, e tentou trazer os Romanos de volta às antigas divindades, que eram estreitamente associadas à figura do Estado. Eventualmente o imperador Calígula abandonou os cuidados de Augusto em favor do que foi descrito como "cultos orientais", e foi em seu reinado que o festival de Ísis foi estabelecido em Roma. De acordo com Flávio Josefo, Calígula vestiu-se como uma mulher e tomou parte nos mistérios que instituiu.

Vespasiano, assim como Tito, praticaram incubação no Iseum romano. Domiciano fez erguer um outro Iseum juntamente com um Serapeum. Trajano foi representafo diante de Ísis e de Hórus, presenteando-os com oferendas votivas de vinho em um baixo-relevo em seu arco do triunfo.[13] Adriano decorou a sua villa em Tibur com cenas Isíacas. Galério considerou-a sua protetora.[14]

As perspectivas Romanas dos cultos eram sincréticas, vendo nas novas divindades meros aspectos locais dos que lhes eram familiares. Para muitos Romanos, a Ísis egípcia era um aspecto da Cibele Frígia, cujos ritos orgíacos estavam há muito implantados em Roma. De fato, ela foi conhecida como "Ísis dos Dez Mil Nomes".

Entre os nomes da Ísis Romana, "Rainha do Céu" destaca-se por sua longa e continua história. Heródoto identifica Ísis com as deusas da agricultura Deméter na mitologia grega e Ceres na romana.

No período tardio, Ísis também teve templos através da Europe, Britania, África e Ásia. Uma estátua de Ísis em alabastro, do século III encontrada em Ohrid, na República da Macedónia, está representada no anverso da nota de 10 dinares macedónios emitida em 1996.[15]

O pré-nome masculino "Isidoro" (também "Isidro") significa em Língua grega antiga "Presente de Ísis" (semelhante a "Teodoro", "Presente de Deus"). O nome, comum à época romana, sobreviveu à supressão do culto a Ísis e permanece popular até aos nossos dias - sendo, entre outros, o nome de diversos santos cristãos.

 Ísis na Literatura

Plutarco, um sábio da Grécia antiga, que viveu entre 46 a.C. e 120, é autor de "Ísis e Osíris",[16] considerada uma das principais fontes sobre os mitos tardios sobre Ísis.[17]

Nela, acerca de Ísis, refere "ela é tanto sábia quanto amante da sabedoria; como o seu nome parece denotar que, mais do que qualquer outro, o saber e o conhecimento pertencem a ela." e que o santuário da deusa em Sais continha a inscrição

"Eu sou tudo o que foi, é, e será, 
e meu véu nenhum mortal levantou 
até agora.".
Em Sais, no entanto, a padroeira do seu antigo culto foi Neith, deusa de que muitos traços tinham começado a ser atribuídos a Ísis durante a ocupação grega. Mais tarde, o escritor romano Apuleio, em O Asno de Ouro, dá-nos o seu entendimento acerca de Ísis no século II. O parágrafo abaixo é particularmente significativo:
"Você me vê aqui, Lúcio, em resposta à sua oração. Eu sou a natureza, Mãe universal, senhora de todos os elementos, filha primordial do tempo, soberana de todas as coisas espirituais, rainha dos mortos, também rainha dos imortais, a manifestação única de todos os deuses e deusas que são, o meu comando governa as alturas brilhantes dos Céus, a salutar brisa do mar. Embora eu seja adorada em muitos aspectos, conhecidos por nomes incontáveis alguns me conhecem como Juno, alguns como Belona os egípcios que se destacam no aprendizado e culto antigo me chamam pelo meu verdadeiro nome  Rainha Ísis."

Paralelos com a Virgem Maria

Alguns eruditos traçam paralelos entre a adoração de Ísis na época final do Império Romano e a veneração à Virgem Maria cristã. Quando o cristianismo começou a ganhar popularidade, difundindo-se na Europa e em todas as partes do Império, os primitivos cristãos converteram um relicário da Ísis egípcia em um para Maria e de outros modos "deliberadamente tomaram imagens do mundo pagão".[19]

Embora a Virgem Maria não seja idolatrada pelos cristãos (é venerada tanto pelos Católicos quanto pelos Ortodoxos), o seu papel, como figura de mãe compassiva, tem paralelos com a figura de Ísis.[19] O historiador Will Durant observou que "os primitivos Cristãos por vezes fizeram os seus cultos diante de estátuas de Ísis amamentando o filho Hórus, vendo nelas uma outra forma do nobre a antigo mito pelo qual a mulher (isto é, o princípio feminino) é a criadora de todas as coisas, tornando-se por fim, a "Mãe de Deus"".[20] Hórus, sob este aspecto infantil, foi denominado Harpócrates pelos antigos Gregos.
Isto é fruto da exposição dos primitivos cristãos à arte egípcia.

Uma pesquisa com "os vinte principais Egiptólogos", conduzida pelo Dr. W. Ward Gasque, um erudito cristão, revelou que todos os participantes reconheceram "que a imagem de Ísis com o bebê Hórus influiu na iconografia cristã da Virgem e o Menino", mas que não houve nenhuma outra semelhança, como por exemplo, que Hórus tenha nascido de uma virgem, que tenha tido doze seguidores, ou outras.[21]

A veneração a Maria na Igreja Ortodoxa[22] e mesmo na tradição da Igreja Anglicana é frequentemente superestimada.[23] As imagens tradicionais (ícones) de Maria ainda são populares na Igreja Ortodoxa nos dias de hoje.[24]

 Títulos

No Livro dos Mortos Ísis encontra-se referida com os seguintes títulos:
  • Aquela que dá origem ao Céu e à Terra
  • Aquela que conhece o órfão
  • Aquela que conhece a aranha viúva
  • Aquela que procura justiça para os pobres
  • Aquela que procura abrigo para as pessoas fracas
Outros dos muitos títulos de ísis, são:
  • Rainha do Céu
  • Mãe dos Deuses
  • Aquela que é Todos
  • Senhora das Culturas Verdejantes,
  • A mais brilhante no firmamento
  • Stella Maris[25]
  • Grande Senhora da Magia
  • Senhora da Casa da Vida,
  • Aquela que sabe fazer o uso correto do Coração
  • Doadora da Luz do Céu
  • Senhora das Palavras de Poder,
  • Lua brilhante sobre o Mar 
  •  

Osíris

Osíris
Q1
D4
A40
Outros nomes Usiris, Asar, Aser, Ausar, Ausir, Wesir, Usir, Usire ou Ausare
Nascimento
Parentesco Geb e Nut [1]
Filho(s) Hórus

Osíris (Ausar em egípcio) era um deus da mitologia egípcia, associado à vegetação e a vida no Além. Oriundo de Busíris, no Baixo Egipto, Osíris foi um dos deuses mais populares do Antigo Egipto, cujo culto remontava às épocas remotas da história egípcia e que continuou até à era Greco-Romana, quando o Egito perdeu a sua independência política.

Marido de Ísis e pai de Hórus[2], era ele quem julgava os mortos na "Sala das Duas Verdades", onde se procedia à pesagem do coração ou psicostasia.
Osíris, é sem dúvida o deus mais conhecido do Antigo Egipto, devido ao grande número de templos que lhe foram dedicados por todo o país; porém, os seus começos foram os de qualquer divindade local,e é também um deus que julgava a alma dos egípcios se eles iam para o paraíso (lugar onde só há fartura).

Para os seus primeiros adoradores, Osíris era apenas a encarnação das forças da terra e das plantas. À medida que o seu culto se foi difundindo por todo o espaço do Egipto, Osíris enriqueceu-se com os atributos das divindades que suplantava, até que, por fim substituiu a religião solar. Por outro lado a mitologia engendrou uma lenda em torno de Osíris, que foi recolhida fielmente por alguns escritores gregos, como Plutarco.

A dupla imagem que de ambas as fontes chegou até nós deste deus, cuja cabeça aparece coberta com a mitra branca, é a de um ser bondoso que sofre uma morte cruel e que por ela assegura a vida e a felicidade eterna a todos os seus protegidos, bem como a de uma divindade que encarna a terra egipcia e a sua vegetação, destruída pelo sol e a seca, mas sempre ressurgida pelas águas do Nilo.

 O nome Osíris


Estátua de Osiris
Segundo Diodoro Sículo, os primeiros egípcios, logo que surgiram, olharam para o céu e ficaram com temor do Universo, e imaginaram dois deuses eternos, o Sol e a Lua, respectivamente Osísis e Ísis.[3]

Osíris significa muitos-olhos, um significado apropriado para representar os raios do Sol, que vêem tudo, tanto a terra quanto o mar.[4] Os mitógrafos gregos, ainda segundo Diodoro Sículo, identificaram Osíris com Dionísio e com a estrela Sirius; Diodoro cita poemas de Eumolpo e Orfeu identificando Dionísio com a estrela Sirius.[5]

Segundo alguns, Orísis era 
representado com uma capa de estrelas, 
imitando o céu estrelado.[6]
Segundo Isaac Newton, Osíris é um nome grego; eles interpretaram o lamento egípcio 0 Sihor, Bou Sihor como Osíris, Busíris[7]. Ele identifica Osíris com o faraó Sesac ou Sesóstris, um grande conquistador, que reinou de 1002 a.C. a 956 a.C.[8].

O nome Osíris deriva do grego que por sua vez deriva da forma síria Usire. O significado exacto do nome é desconhecido. Entre os vários significados propostos pelos especialistas, encontram-se hipóteses como "Aquele que ocupa um trono", "Para criar um trono", "Lugar/Força do Olho" ou "Aquele que copula com Ísis". Contudo, a interpretação considerada mais aceitável é a que considera que Osíris significa "O Poderoso".

Osíris também era 
o chefe dos deuses egipcios.

Origens e evolução


Fragmento de Livro dos Mortos onde se representa Osíris
Deus cujo culto está atestado desde épocas muito antigas, Osíris seria oriundo de Busíris (nome que significa "Lugar de Osíris" ou "Domínio de Osíris) localidade na região central do Delta do Nilo (Baixo Egipto). Nesta localidade julga-se que Osíris substituiu um deus local de nome Andjeti, tendo herdado as suas insígnias. Osíris era em Busíris apenas um deus da fertilidade, cuja principal função era garantir uma boa colheita, personificando o ciclo da vegetação e as águas do Nilo.

No Império Antigo Osíris adquire a vertente de deus funerário, sendo o rei defunto identificado com ele; o rei vivo era por sua vez identificado com o seu filho, o deus Hórus.

A partir do fim do Primeiro Período Intermediário e do Império Médio ocorre aquilo que se designa como "democratização" da possibilidade de uma vida no Além, ou seja, esta deixa de estar reservada ao rei para se alargar, primeiro aos altos funcionários, e depois a toda a população. Todos os homens, independentemente da sua classe social, desde que cumprissem os ritos funerários adequados, poderiam unir-se a Osíris, conquistando a imortalidade.

 Iconografia



Representação mais comum de Osíris

"Osíris Vegetante".
A representação mais antiga conhecida de Osíris data de 2300 a.C.. A sua representação mais comum correspondia ao de um homem mumificado com uma barba postiça, com braços que emergem do corpo cruzados sob o peito. As suas mãos seguram os ceptros hekat e nekhakha. Na cabeça Osíris apresentava a coroa atef, isto é, uma coroa branca com duas plumas de avestruz. Em algumas representações poderia ter um uraeus (serpente) sob a coroa e uns cornos de carneiro.

Poderia também ser retratado como uma múmia deitada de cujo corpo emergiam espigas ("Osíris vegetante"). Esta representação está associada a um prática dos Egípcios que consistia em regar uma estátua do deus feita de terra e de trigo. Estas estátuas eram depois enterradas nas terras agrícolas, acreditando-se que seriam a garantia de uma próspera colheita. Este costume está atestado desde a Pré-História do Egipto até à época ptolemaica.
A pele do deus poderia ser verde ou negra, cores que os Egípcios associavam à fertilidade e ao renascimento.

A representação de Osíris 
como um animal era rara. 

Quando se verificava o deus 
poderia surgir como um touro negro, 
um crocodilo ou um grande peixe.

O mito de Osíris

O mito de Osíris é conhecido graças a várias fontes, sendo a principal o relato de Plutarco (século I) De Iside et Osiride (Sobre Ísis e Osíris). Alguns textos egípcios, como os Textos das Pirâmides, os Textos dos Sarcófagos e Livro dos Mortos, narram vários elementos do mito, mas de uma forma fragmentária e desconexa.

Osíris é apresentado como filho de Geb e Nut[1], tendo como irmãos Ísis, Néftis e Seth. É portanto um dos membros da Enéade de Heliópolis. Ísis não era apenas sua irmã, mas também a sua esposa.
Osíris governou a terra (o Egipto), tendo ensinado aos seres humanos as técnicas necessárias à civilização, como a agricultura e a domesticação de animais. Foi uma era de prosperidade que contudo chegaria ao fim.

O irmão de Osíris, Seth, governava apenas o deserto, situação que não lhe agradava. Movido pela inveja, decide engendrar um plano para matar o irmão. Auxiliado por setenta e dois conspiradores, Set convidou Osíris para um banquete. No decurso do banquete, Set apresentou uma magnífica caixa-sarcófago que prometeu entregar a quem nela coubesse. Os convidados tentar ganhar a caixa, mas ninguém cabia nesta, dado que Set a tinha preparado para as medidas de Osíris. Convidado por Set, Osíris entra na caixa. É então que os conspiradores trancam-na e atiram-na para o rio Nilo.

A corrente do rio arrasta a caixa até ao mar Mediterrâneo, acabando por atingir Biblos (Fenícia).
Ísis, desesperada com o sucedido, parte à procura do marido, procurando obter todo o tipo de informações dos encontra pelo caminho. Chegada a Biblos Ísis descobre que a caixa ficou inscrustrada numa árvore que tinha entretanto sido cortada para fazer uma coluna no palácio real. Com a ajuda da rainha, Ísis corta a coluna e consegue regressar ao Egipto com o corpo do amado, que esconde numa plantação de papiros.

Contudo, Seth encontrou a caixa e furioso decide esquartejá-lo em catorze pedaços o corpo que espalha por todo o Egipto; em alguns textos do período ptolemaico teriam sido dezesseis ou quarenta e duas partes. Quanto ao significado destes números, deve referir-se que o catorze é número de dias que decorre entre a lua cheia e a lua nova e o quarenta era o número de províncias (ou nomos) em que o Egipto se encontrava dividido.

Ísis, auxiliada pela sua irmã Néftis, partiu à procura das partes do corpo de Osíris. Conseguiu reunir todas, com excepção do pénis, que teria sido devorado por um ou três peixes, conforme a versão. Para suprir a falta deste, Ísis criou um falo artificial com caules vegetais. Ísis, Néftis e Anúbis procedem então à prática da primeira mumificação.

Ísis transforma-se de seguida num milhafre que graças ao bater das suas asas sobre o corpo de Osíris cria uma espécie de ar mágico que acaba por ressuscitá-lo; ainda sob a forma de ave, Ísis une-se sexualmente a Osíris e desta cópula resulta um filho, o deus Hórus. Ísis deu à luz este filho numa ilha do Delta, escondida de Set. A partir de então, Osíris passou a governar apenas o mundo dos mortos. Quanto ao seu filho, conseguiu derrubar Set e passou a reinar sobre a terra.

Mito e história

Alguns autores especulam que o mito de Osíris possa ter ligações com eventos históricos. Assim, Osíris seria um chefe nômade responsável pela introdução da agricultura na região do Delta. Aqui teria entrado em conflito com Seth, líder das populações do Delta. Osíris teria sido morto por Seth e vingado pelo seu filho.

Segundo Newton, Osíris e Busíris é como os gregos interpretaram o lamento egípcio O Siris e Bou Siris; Newton identifica Osíris com vários conquistadores mitológicos: Sesac, Baco, Marte, o Hércules egípcio citado por Cícero e Belo[8]. Sua morte é dada no ano 956 a.C., e ele é morto por seu irmão Jápeto[8].

Símbolos


Pilares djed (a verde)
O símbolo mais importante associado a Osíris era o pilar ou coluna djed. Não se sabe o significado exacto deste símbolo, tendo sido proposto que representaria quatro pilares vistos uns atrás dos outros, a coluna vertebral de um homem ou do próprio Osíris ou uma árvore de cedro da Síria com os ramos cortados (esta última hipótese relaciona-se no relato mítico segundo o qual a caixa-sarcófago ficou inscrustrado num cedro).

O djed representava 
para os Egípciosa estabilidade 
e a continuidade do poder.
 

O djed era o elemento principal de uma cerimónia ritual que se celebrava durante a festa heb sed do faraó (o jubileu real), denominada como a "erecção da coluna djed" e das quais se conhecem várias representações.
A nébride, ou seja, a pele de um animal esfolado (julga-se que seria a pele de uma vaca ou então de um felino) pendurada num pau que está inserido num recipiente, era outro símbolo associado ao deus.

Osíris tinha como barca sagrada a nechemet, na qual as Ísis e Néftis eram representadas ocupando respectivamente a proa e a popa.

O culto

O culto de Osíris encontrava-se difundido um pouco por todo o Egipto, sendo os seus principais centros cultuais Abido e Busíris, localidades que os Egípcios procuravam visitar em peregrinação pelo menos uma vez na vida.
Em Abido realizava-se uma procissão todos os anos durante a qual a barca do deus era transportada, celebrando-se a vitória do deus sobre os seus inimigos. Nesta cidade o antigo túmulo do rei Djer seria identificado como o túmulo de Osíris.

Os locais onde o culto de Osíris era relevante reclamavam possuir uma das partes do corpo do deus. Assim, acreditava-se que em Abido encontrava-se inumada a cabeça do deus; em Busíris estaria a espinha dorsal; em Sebenitos estaria a parte superior e inferior da parte; em Atribis, o coração; em Heracleópolis a coxa, cabeça, dois flancos e duas pernas.

Um pouco por todo o Egito, anualmente, durante o mês egípcio de Khoaik (o que corresponde no calendário gregoriano a Outubro-Novembro) celebravam-se os "Mistérios de Osíris", nos quais se relatavam episódios do mito. Para os Egípcios tinha sido neste mês que Ísis tinha encontrado as partes do corpo de Osíris.

Foi também adorado fora do Egito em vários pontos da bacia do Mediterrâneo, mas nunca nas dimensões que alcançou o culto da sua irmã e esposa. A popularidade do deus pode ser explicada pela ideia transmitida ao homem comum de que este poderia ter uma vida depois da morte.

Referências

  1. a b Textos das Pirâmides, 1. NUT AND THE DECEASED KING, UTTERANCES 1-11, 8d-8f na tradução por Samuel A. B. Mercer
  2. Isaac Newton, The Chronology of Ancient Kingdoms, Chapter 2: Of the Empire of Egypt, p.192
  3. Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro I, 11.1
  4. Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro I, 11.2
  5. Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro I, 11.3
  6. Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro I, 11.4
  7. Isaac Newton, The Chronology of Ancient Kingdoms, Chapter 1: Of the Chronology of the First Ages of the Greeks, p.98
  8. a b c Isaac Newton, The Chronology of Ancient Kingdoms, A Short Chronicle from the First Memory of Things in Europe, to the Conquest of Persia by Alexander the Great

Ashirion



A Lenda de Ísis e Osíris

         Era crença dos antigos egípcios, que a sua civilização lhes tinha sido transmitida diretamente pelo Deus Thoth, que viera a terra justamente para essa missão civilizadora. Ele lhes deu os rudimentos da civilização, ensinando-lhes a agricultura, a metalurgia e a organização social. Ele a ensinou a Osiris, o primeiro rei a governar em todas as terras do Egito, e este a propagou entre todos os povos do reino mantendo a harmonia e a paz no Egito até o dia em que foi assassinado por seu invejoso irmão Seth. 

         O Mito de Osiris e o drama da ressurreição desse deus, morto e esquartejado por Seth, seu invejoso irmão, é o conteúdo dos chamados Mistérios Egípcios, ou Mistérios de Ísis e Osíris. 
Na origem esses Mistérios eram tradições religiosas muito antigas, nas quais se celebrava o poder de regeneração concedida por esses deus aos seus afiliados na terra. O conteúdo desses rituais nunca foi descrito na literatura egípcia e só se tornou conhecido no Ocidente através da narrativa feita por Plutarco, escritor grego do século V a C, que escreveu um longo trabalho explicando o verdadeiro significado desse mito. 

          Em síntese, esse mito diz que Osíris era filho do deus Seb com a deusa Nut. Tornou-se rei do Egito, tendo ensinado para aquele povo todos os rudimentos da civilização. Teria sido também o introdutor do culto a deusa Maat, como forma de conservar o equilíbrio e a ordem no país dos egípcios, repetindo, dessa forma, o reino do céu na terra. 

         Tendo organizado o povo no vale do Nilo, partiu em peregrinação por toda a terra, para fazer o mesmo com outros povos. Na Babilônica ficou conhecido como Enlil, na Pérsia como Mitra, na India como Shiva, o civilizador. Enquanto peregrinava pelo mundo ensinando os povos os segredos da agricultura, da metalurgia, das artes e demais disciplinas que fazem uma civilização,  sua irmã e esposa Ísis ficou governando o Egito em seu lugar. Quando voltou, após implantar a civilização pelo resto do mundo, foi assassinado por seu irmão Seth, que escondeu seu corpo dentro de uma arca e o atirou ás águas do Rio Nilo.

         Quando Ísis soube do ocorrido, partiu á procura do corpo encontrando-o, afinal, nas praias da cidade de Biblos, preso aos galhos de um tamarineiro. Todavia, o rei de Biblos, (esta não é a cidade fenícia onde foi inventado o termo Bíblia, mas um povoado egípcio que ficava numa das bocas do Nilo), havia cortado a referida árvore, para com ela sustentar o teto do seu palácio. Ísis, entretanto, conseguiu recuperar a arca com o corpo do marido e retornou ao Egito. Quando Seth soube que ela havia recuperado o corpo de Osiris, ele o roubou e cortou-o em quatorze partes, as quais enterrou em diversos lugares do país. 

        Ísis, ao tomar conhecimento da nova maldade de seu invejoso cunhado, saiu á procura dos restos mortais do marido, e onde encontrava uma parte, sepultava-a com as devidas cerimônias, erguendo no lugar da tumba um templo em homenagem a Rá, o deus da luz. Tendo reunido todas as partes do corpo do rei assassinado, dando a cada uma delas sepultura de acordo com os rituais, foi possível a ela promover a sua regeneração. Osíris recomposto tornou-se um deus e foi feito governador da terra dos mortos, a Tuat. 

       Recomposto em espírito, Osiris instruiu Hórus, seu filho, a continuar a sua obra, combatendo Seth, o princípio do mal. Hórus,  á frente de um exército de “filhos da luz”, deu combate a Seth e o venceu. Osíris, morto para a vida, ressuscitou espiritualmente por força das cerimônias que Ísis prodigalizou aos seus restos mortais. Daí passou a simbolizar o dia que vence a noite, a luz que supera as trevas; Ísis é a terra, a mãe em cujo útero se processa a regeneração da semente morta..

        Os sacerdotes egípcios usavam esse mito para cultuar o poder regenerador da terra. Pois assim como a semente lançada ao solo contém a vida que renascerá das trevas, também o homem que morresse e fosse sepultado de acordo com os ritos instituídos pelos deuses renasciam na terra, no corpo do seu sucessor, e nos Campos Elísios como ka (espírito) revigorado, capaz de viver eternamente. E o seu espírito, iluminado pela luz de Rá, incorporava-se ao Princípio Criador de todos os seres ( Rá, o Sol radiante), tornando-se também um deus, cuja face brilhava para sempre, na forma de um astro no céu. 
Dai a idéia de que cada estrela no céu 
é representativa de uma alma
que foi admitida no céu.

        Os egípcios viam o corpo humano como um conjunto de potencialidades que não se esgotavam na vida terrestre, mas que se completava na existência do além-túmulo. Assim, aquele que obtivesse sucesso em viver de acordo com os princípios da Maat ( A Justiça), adquiria os méritos para se tornar, ele também um Osíris, revivendo num mundo ideal. Eis porque o corpo humano não podia desaparecer com a morte, pois da sua conservação dependia a preservação de algumas das potencialidades que o defunto necessitaria para viver feliz na outra vida. Daí o desenvolvimento de técnicas de embalsamamento e conservação das múmias que até hoje desafiam a ciência moderna. 

        Nesses dias anteriores aos tempos históricos, os deuses eram tidos como Mestres da construção universal e os homens os seus aprendizes. O que os primeiros faziam no céu refletia sobre a terra, e o que os homens faziam na terra repercutia no céu. Por isso a responsabilidade recíproca na construção e no equilíbrio do edifício cósmico se dividia por igual entre homens e deuses.
      
  Um dia esse equilíbrio foi rompido, por isso a desordem, a desarmonia, a injustiça, o mal, enfim, entraram no universo e nele se mantém. E nele se manterá até que nós restabeleçamos esse fluxo, tornando-nos justos e perfeitos novamente.
Notas

O historiador grego Plutarco foi sacerdote de Ísis no santuário de Delfos. Em sua obra sobre os Antigos Mistérios ele informa que Hermes, o guardião dos segredos dos deuses, era pai de Ísis.

Para maiores informações sobre a lenda de Ísis e Osíris, vejam-se as nossas obras Veja-se a nossa obra “Conhecendo a Arte Real”, publicada pela Madras, 2007.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 25/02/2010
Reeditado em 09/11/2010
Código do texto: T2107719
Li
Fontes:
Wikipédia
Recanto das Letras 
http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/2107719
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.