sexta-feira, 22 de outubro de 2010

JOHANN WOLFGANG GOETHE




 Johann Wolfgang Goethe
 Por 
Delmar Domingos de Carvalho

Johann Wolfgang von Goethe
(1749 - 1832)

Goethe aos 69 anos, pintura de Joseph Karl Stieler, 1828



O ser humano liberta-se

de todos os poderes que

fascinam o mundo,

logo que obtenha

o DOMÍNIO DE SI MESMO.
J. W. Goethe


Quem como Goethe experimentou as ilusões do poder, da fama, da fortuna, como as dolorosas experiências das enfermidades, de tudo um pouco, numa vida plena de experiências que lhe deram belos perfumes de rosas de tal modo que reconheceu a grande verdade acima referida, constante no Conceito Rosacruz do Cosmo, de Max Heindel?

Como ele próprio afirmou: não desejo lamentar o curso da minha vida, contudo ela foi cheia de trabalho e cansaço... nos seus 75 anos não usufrui de 4 semanas de alegria, por isso não fui o que dizem de mim: um privilegiado benjamim.
E mais adiante desabafa: Jamais me sucedeu em minha vida encontrar uma dádiva inesperada, um bem que não tivesse de obter por meio de esforço.


Mapa natal de Goethe, exibindo Mercurio, o planêta do intelecto,  elevado ( em Leão e na casa IX ) em configuração harmonica (trino) com Marte, o planeta da ação,  ( em Capricornio e na casa II), indicando   não apenas habilidade, mas pragmatismo, sinalizando o fluxo de  energia para por em ação sua potencialidade. O Sol , o astro do poder, também está elevado ( em Virgem e na Casa X) configurando aspecto harmonico (trino ) com Marte, o planeta da ação. Venus também está elevado ( em Virgem e na casa XI) configurando aspecto harmonico ( trino)com Netuno, o planêta da espiritualidade ( em Cancer e na casa IX). A Lua é depositada por Netuno, em Peixes, refletindo o seu raio, e configura um trino com Saturno em Escorpião e na casa XII, mas próximo ao Ascendente, indicando transmutação das paixões e concentração.



Quando veio de novo ao mundo em 28 de Agosto de 1749, pelas 12 horas precisas, em Francfurt-sur-leMain, Alemanha, o Sol estava em Virgem, a 5º e 11’; a Lua em Peixes a 11º e 11’; Neptuno a 26º e 38’ de Caranguejo; Júpiter a 25º e 57’ de Peixes; Marte a 3º e 34’ de Capricórnio; Mercúrio a 25º e 58’ de Leão, etc.
Bem, Júpiter formava uma rosa com Neptuno; não seria de admirar que ele fosse um canal da luz divina, uma fonte donde brotava o néctar da sabedoria.

Legou uma grandiosa obra à Humanidade desde o Teatro à Poesia; foi investigador em diversas áreas desde ciências naturais até grafologia, dominava vários idiomas desde o hebreu até ao inglês, enfim um verdadeiro enciclopedista.
Em 1765 estava em Leipzig cursando Direito na Universidade desta cidade. Aqui começaria o seu Fausto num local onde hoje estão estátuas alusivas a cenas desta sua obra-prima.

Personagens do Fausto de Goethe, Leipzig
Uma das cenas de Fausto
Na PRIMEIRA PARTE desta obra magistral, em A NOITE, O Espírito afirma verdades com uma enorme profundidade, ensinamentos rosacrucianos: No Oceano da Vida e no Movimento da Tempestade, subo e desço, vou e volto! Nascimento e morte. (Está focando a Lei dos Renascimentos). Mar infinito, corpo em mutação, vida dinâmica na qual entrelaço, no tear musicado do Tempo (Harpa Celestial onde tudo está sempre em movimento harmónico e num ritmo infinito) os fios eternos, trajes animados para Deus. 

(Por meio de serviço amoroso e modesto, vamos tecendo o nosso traje nupcial, o vestido dourado, simbolizado no pentagrama do Emblema Rosacruz em que o deus interno liberta as suas potencialidades dinâmicas, expressão dos poderes Divinos, Omniscientes e Omniconscientes).

Personagens do Fausto de Goethe, Leipzig
Outra Cena.
Goethe e o Fausto vivem ainda hoje nesta bela e histórica cidade.

Vai até Dresden, mas, em 1768, é alvo de uma doença misteriosa, dizem os biógrafos. Afinal seria, em nosso ver e não só, a preparação para grau elevado no caminho da Iniciação Rosacruz. Em Agosto desse ano deixa esta cidade e volta para a sua terra natal.

Acaba por ler diversos autores rosacruzes desde Shakespeare até Paracelso.
Escreve o célebre poema esotérico Os Mistérios, onde Goethe comunica algo sobre a Ordem Rosacruz e sobre os seus ensinamentos, incluindo sobre a simbologia ligada a esta Escola: AS ROSAS NA CRUZ.
Está escrito em 45 estâncias, cada uma com 8 versos, o que dá um total de 360, o Círculo, a Fraternidade, a libertação por meio da vitória sobre a nossa besta interna, ligada ao número 9.

Todo o mundo sabe que muito existe para focar sobre a sua vida e a sua obra, como ainda há muito para investigar desde cartas inéditas até aos enredos mais ou menos esotéricos que elas encerram.

Mas, vamos ficar por aqui, apenas juntando uma pequeníssima amostra sobre Goethe para além do seu nascimento para os mundos superiores a 22 de Março de 1832, pouco depois do Sol ter entrado em Áries, O Cordeiro, na Ressurreição da Vida Cíclica com a Primavera.

Postal máximo sobre Goethe, em Paris
Paris recorda-o por meio deste Postal Máximo.

Sêlo da Coreia do Norte
A Coreia do Norte por meio destes selos,
nos 150 anos após a sua morte.
Estátua em Viena, foto de D.D.C. em 1991.
Estátua em sua honra, em Leipzig, foto de D.D.C. em 1997


Por fim, não esquecer que, quando se ouve ou vê a grandiosa Ópera de Gounod, o Fausto, ela foi elaborada tendo por base a sua obra com o mesmo nome.
Não podemos terminar sem lembrar as suas doutas palavras:
Aqueles que não crêem na outra vida, estão mortos já na presente.

Sem comentários... falou o sábio que era clarividente voluntário, sabia como S. Tomé que a morte não existe é tão só o nascimento para planos menos densos, em que como diz no Fausto, deixamos para trás os invólucros mais ou menos feitos de matéria. Como esta é espírito cristalizado, nada acaba tudo se transforma.
  

 Fonte:
Fraternidade Rosacruz Max Heindel -
Centro Autorizado do Rio de Janeiro
Rua Enes de Souza, 19 Tijuca,  
Rio de Janeiro, R.J. Brasil  20521-210 ,
celular:  (21) 9548-7397 ,  
Associada a The Rosicrucian Fellowship - 
Associação Internacional de Cristãos Místicos
2222 Mission Ave. , Mount Ecclesia, Oceanside, CA, USA
Sejam felizes todos os seres. 
Vivam em paz todos os seres. 
Sejam abençoados todos os seres.

CÂNDIDO PORTINARI



Exposição traz 25 momentos de Portinari
Mostra com reproduções das obras do artista, 
que ilustram o Relatório de Atividades 2009 da FAPESP,
é inaugurada na sede da Fundação e ficará aberta
ao público até 30 de novembro

Exposição traz 25 momentos de Portinari

Por Fábio de Castro

Uma exposição com as 25 obras do artista Candido Portinari (1903-1962) que ilustram o Relatório de Atividades FAPESP 2009 foi inaugurada nesta quarta-feira (20/10), em São Paulo, na sede da Fundação. A mostra ficará aberta ao público até o dia 30 de novembro.

O evento teve a participação do fundador e diretor-geral do Projeto Portinari João Candido Portinari – filho do pintor –, do presidente da FAPESP, Celso Lafer, dos membros do Conselho Técnico Administrativo – diretor presidente Ricardo Renzo Brentani, diretor administrativo Joaquim José de Camargo Engler e diretor científico Carlos Henrique de Brito Cruz –, além dos membros do Conselho Superior da Fundação.
Pelo quinto ano consecutivo, o Relatório de Atividades homenageia artistas plásticos que nasceram ou se radicaram em São Paulo. A edição de 2005 apresentou obras de Francisco Rebolo (1902-1980), seguida por Aldo Bonadei (1906-1974) no ano seguinte, Lasar Segall (1891-1957) em 2007 e Tarsila do Amaral (1886-1973) em 2008.

“O relatório de 2009 homenageia esse homem e esse extraordinário artista que foi Portinari. Uma das obras reproduzidas, os painéis Guerra e Paz, foi considerada pelo próprio Portinari como sua melhor obra. Pessoalmente, também acho que essa obra é uma síntese do trabalho de um artista de muitas facetas”, disse Lafer.

A seleção das obras, segundo João Candido, procura mostrar os principais momentos da carreira do artista. “Uma carreira com mais de 5 mil obras, com uma temática muito abrangente: temas sociais, históricos, religiosos. Ele abordou com muita recorrência as festas populares, o trabalho e a criança. Além das questões universais, sua obra é um grande retrato do Brasil”, disse à Agência FAPESP.

Durante o lançamento da exposição, João Candido apresentou a palestra Do cafezal às Nações Unidas. O título remete à longa trajetória artística de seu pai, que teve início nos cafezais por ele retratados – o pintor, filho de imigrantes italianos, nasceu em uma fazenda na região de Brodowski, no interior paulista – e culminou com a criação dos dois painéis de 14 metros de altura com o tema Guerra e Paz, concebidos especialmente para a sede das Nações Unidas em Nova York.

“Sua obra pode ser sintetizada na famosa frase do escritor russo Leon Tolstoi: ‘se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia’. Esse movimento de universalização ocorre paulatinamente em seus trabalhos”, disse João Candido.

Os painéis Guerra e Paz mostram o ápice desse movimento em direção ao universal. As crianças de todas as raças que brincam no painel Paz, por exemplo, claramente não são mais os meninos de Brodowski, segundo João Candido.
“No painel Guerra não há armas, 
tanques ou soldados 
– há apenas dor,

que ele retratou no maior sofrimento conhecido pelo ser humano: a imagem da mãe que perdeu o filho. O painel tem seis a oito dessas figuras, que são autênticas pietàs. Na série Retirantes, da década de 1940, encontramos também a mãe com o filho morto. Sem dúvida, trata-se também de uma pietà, mas inserida em um drama brasileiro. No painel Guerra, vemos o drama universal”, explicou.

De acordo com João Candido, o trabalho de seu pai tem como característica um experimentalismo incessante – a ponto de críticos dizerem que na obra de Portinari há uma dezena de pintores diferentes. Mas a temática é sempre a mesma: a profunda preocupação social.
“Ele foi mudando o estilo e a forma de expressão. Dava importância à técnica, dizia que sem ela é impossível expressar o que vai na alma, mas destacava que seu tema era o homem. Está presente invariavelmente em sua obra esse desejo profundo de solidariedade e de compaixão. É uma obra permeada de valores sociais e humanos”, disse.

Uma versão on-line das reproduções expostas no hall da FAPESP está disponível em: www.fapesp.br/publicacoes/portinari.

Candido Portinari

Pintor fundamentalmente realista, Candido Portinari – filho de imigrantes italianos nascido em 1903, em uma  fazenda de café em Brodowski, SP, e falecido em 1962, no Rio de Janeiro – demonstra, desde logo, a vontade de enfocar o habitat nacional, visto a partir dos personagens a ele associados. Fiel a esse programa, elabora uma vasta galeria dos tipos sociais e étnicos brasileiros. Trabalhadores gigantescos, grupos de retirantes – ora “clássicos”, ora expressionistas –, crianças brincando convivem lado a lado com uma vasta produção de retratos, que se distinguem pela captação da essencialidade psicológica dos modelos.

O prêmio ganho por Café (1935) na Exposição Internacional de Arte do Instituto Carnegie, de Pittsburg (1935), chama a atenção do ministro Gustavo Capanema, que lhe encomenda a feitura dos afrescos dos “Ciclos econômicos” (1936-1944) para o edifício do Ministério da Educação e Saúde. Uma concepção altamente sintética é o traço distintivo do conjunto. Inspirando-se no exemplo dos primitivos italianos, o pintor reduz o ambiente natural a poucos elementos referenciais, recorre a uma arquitetura simbólica para alguns fundos, a fim de poder melhor destacar o aspecto colossal e escultórico dos trabalhadores e dar a ver o equilíbrio alcançado entre a deformação das figuras e o rigor geométrico da composição.

Outra encomenda oficial marca o ano de 1936: a realização de quatro painéis para o friso do Monumento Rodoviário da estrada Rio de Janeiro-São Paulo. Lançando mão de uma técnica insólita, Portinari confere um tratamento metálico e mecânico a uma composição dominada por um realismo gigantesco e, desse modo, antecipa o realismo radical dos anos 1960. Nas décadas de 1940 e 1950, o pintor dedica-se a trabalhos de vastas proporções, alguns dos quais de caráter histórico, como os murais para a Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso de Washington (1941), A primeira missa no Brasil (1948), Tiradentes (1949) e Chegada de D. João VI ao Brasil (1952). 

Apesar da temática, o que deve ser ressaltado nessas obras é a leitura particular que o artista faz da história: o que lhe interessa é destacar a dimensão humana dos acontecimentos, suas relações com o cotidiano, e não a celebração oficial do herói ou do episódio.

Nos anos 1940, o realismo de Portinari transforma-se num expressionismo exacerbado, em virtude do impacto de dois acontecimentos: a Segunda Guerra Mundial e a visão de Guernica (1936), de Pablo Picasso. Os tons cinza da obra deste migram para a paleta do pintor brasileiro na Série bíblica (1942-1943), em que a deformação se torna muito contundente e agressiva. Outras obras do período trazem igualmente a marca do impacto de Picasso: a série Retirantes (1944), mais controlada do que as figuras bíblicas em termos dramáticos e caracterizada por uma rica gama cromática; e o painel São Francisco se despojando das vestes (1945), em que é alcançado um ponto de equilíbrio entre a deformação expressionista e uma concepção mais clássica e mais contida.

Aspectos do Portinari expressionista estão também presentes nos painéis Guerra e Paz (1953-1956), doados pelo Itamaraty à sede das Nações Unidas em Nova York. Inspirados no livro do Apocalipse e nas Eumênides (Ésquilo), os painéis, concebidos de maneira intemporal, podem ser considerados uma espécie de síntese iconográfica da trajetória do pintor. Cenas da vida na roça, a mãe com o filho morto, os retirantes, os meninos de Brodowski, dentre outros, transformam-se em símbolos de toda a humanidade, enfatizando o compromisso humanista de Portinari e justificando, mais uma vez, sua opção por uma linguagem realista.

Annateresa Fabris

Apresentação

 Fonte:
Agência FAPESP
21/10/2010
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres. 
Sejam abençoados todos os seres.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

René Descartes em debate no Loucuras Filosóficas do Alexandrelli - JustT...

Pensar e existir...


marcoamfernandes | 27 de novembro de 2009
Assista TV pela internet, http://www.justtv.com.br.

Fabio Alexandrelli apresenta o filósofo Paulo Ghiraldelli Jr., O Filósofo da Cidade de São Paulo e ambos discutem sobre diversos temas filosóficos.
Seus neurônios nunca mais farão sinapses da mesma cor.

Na Just TV: http://www.justtv.com.br (direto online no seu PC)

No décimo quinto programa Paulo Ghiraldelli Jr e Alexandrelli debatem o pensamento de René Descartes.

Livros com a fran: fghiza@gmail.com

Programa transmitido ao vivo todas as quintas às 19h.
Programa exibido dia 26/11/09
Powered By http://www.Goorila.com.br

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Testes práticos ajudam a melhorar a memória

Testes práticos ajudam a melhorar a memória:

"Testes de memorização não servem apenas para mostra
como está a capacidade de retenção de informação na memória,
eles melhoram a memória."

Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

ARMAZÉM DAS MEMÓRIAS

 

O armazém das memórias: como o cérebro guarda recordações

O que memorizamos melhor? Por que esquecemos os últimos momentos antes de um acidente? Tudo o que lembramos é real? A resposta a todas essas perguntas está no hipocampo, justo na parte do cérebro onde as vivências permanecem à espera de serem recuperadas.

Como um filme desenhado pela mente onde as coisas importantes sobrevivem ao tempo e as supérfluas se distorcem para desaparecer na exibição. Assim trabalha a memória, influenciada sempre pela emoção que um fato nos desperta e sob o olhar atento do esquecimento, que em ocasiões aparece para molestar e, em outras, para aliviar aquele que sofre. Ambos se encaixam como peças de um quebra-cabeça para configurar a identidade e a história de uma vida, que cada um recupera como quer e pode.

Os especialistas calculam que se conheça apenas 10% do cérebro, o resto praticamente se mantém oculto. Pablo Martínez-Lage, coordenador do Grupo de Estudo de Conduta e Demência da Sociedade Espanhola de Neurologia, assegura que os médicos conheceram por surpresa as partes do cérebro que participavam da memória quando, há 40 anos, operaram um menino que sofria crises graves de epilepsia. “Testaram todo tipo de medicamento e quando viram que não dava resultado, decidiram eliminar o foco epiléptico que se encontrava nos lobos temporais. O paciente H. M. foi curado de sua doença, mas a partir desse momento não conseguiu mais armazenar novas memórias nem recuperar as vivências dos últimos dois anos, embora se recordasse com perfeição do que acontecera antes.”

As melhores memórias



Demonstrou possuir uma das melhores memórias do mundo quando, em 1974, foi capaz de recitar 16 mil páginas de textos canônicos budistas.


Recitou mais de 15 mil números de telefone depois de estudar técnicas mnemônicas.

Foi oito vezes campeão mundial de memória. Pode lembrar a ordem de cartas de um baralho em 45 segundos e memoriza a ordem exata de 54 maços de cartas em 12 horas.

É conhecido por bater o recorde mundial de memorização de dígitos do número pi várias vezes. Sua marca pessoal está em 100 mil dígitos.


Ostenta o recorde europeu em recitar o número pi e tem uma capacidade assombrosa para o aprendizado de idiomas. Fala 11 línguas e criou uma nova, o mänti, uma mistura de finlandês e estônio.


Tem a memória mais prodigiosa da Espanha. Nasceu em Madri em 1986 e começou a falar aos sete meses. Agora domina 14 idiomas, entre eles o egípcio clássico e o hebreu bíblico. É licenciado em Filosofia, Ciências Químicas e Estudos Eclesiásticos.
Isso permitiu saber que a informação que é enviada ao hipocampo se mantém flutuando no circuito da memória até que o cérebro decida armazená-la. Em alguns casos, como demonstrou a história de H. M., isso pode durar até dois anos, o que explica porque ele não conseguia se lembrar de coisas que haviam acontecido nesse tempo.


O cérebro, segundo Martínez-Lage, amadurece durante os primeiros 20 - e até mesmo 30 anos de nossa vida; tudo o que se assimila antes dessa idade é feito sem esforço, nas palavras do neurologista. Mas, a partir dos 40 anos, é mais difícil para o cérebro guardar coisas na memória. A infância é o período da vida em que se retém mais facilmente. As doenças neuronais que afetam a memória por um acidente ou um problema físico muitas vezes transportam os doentes à sua infância, porque as recordações são mais sólidas. Assim, o filme fica preso numa cena que o afetado revive vez ou outra.

Charo Figueres compartilhou com sua mãe o mesmo capítulo todos os dias até o final de seu Alzheimer. Ela acreditava que ainda era criança e perguntava sem cessar por seu irmão. A mãe de Charo se olhava no espelho e falava com “uma senhora mais velha muito simpática” que aparecia no reflexo. Ela lembrava e pedia para sair e confundia sua filha mais velha com sua mãe, “a mãe mais bonita do mundo”, repetia. Suas filhas acham que sua mãe foi feliz, embora tenha vivido todos os dias a mesma história, um conto que para ela era completamente novo e que Charo relata com perfeição, nove anos depois da morte de sua progenitora.

A neuropsicóloga da Associação Nacional de Alzheimer, Virginia Silva, compara esta doença com um vírus que entra no sistema de um computador e arrasa o que encontra, deixando o disco rígido vazio. “O pior de tudo é que o doente perde o que é e o que foi; a memória é identidade e, se é apagada, desaparecemos com ela”, diz Silva.
Leonardo da Vinci - desenho

Outras das regras básicas da Neurologia é que existe uma estreita relação entre as recordações mais permanentes e seus significados emocionais. Assim como um cineasta recorre à música e aos planos curtos para destacar as cenas dramáticas, o cérebro estimula a memória para que armazene aquilo que sentimos com mais força. Martínez-Lage afirma que esta conexão entre o circuito da memória e o emocional se explica também do ponto de vista físico, já que estão ligados anatômica e funcionalmente. “Quem não se lembra do que estava fazendo quando aconteceu o atentado nas Torres Gêmeas?”, pergunta o neurologista. Silva luta contra o esquecimento devastador que acaba pouco a pouco com a identidade de seus pacientes, mas não hesita em agradecer à existência do conhecido “despiste” por seu trabalho de descarga num cérebro “superexplorado”.

“O esquecimento em sua forma habitual é benéfico e ajuda a superar alguns traumas”, diz ele. Segundo a neuropsicóloga, o cérebro podem apagar momentos terríveis como os estupros ou agressões, difíceis de assumir para quem os sofre, de tal forma que a pessoa nunca se lembre deles. Trata-se de um recurso físico contra uma dor emocional que não se pode aceitar.

No lado oposto das recordações ligadas às emoçõe, se encontram as mais recentes, caracterizadas por serem mais efêmeras. Elas se perdem se,  em meia hora, o cérebro não for capaz de armazená-los como memória a longo prazo. Os instantes anteriores a um acidente de trânsito não se fixam e em sua maioria são irrecuperáveis. Rosa de las Heras, de 70 anos, não consegue continuar um dos capítulos mais trágicos de seu filme. Ela acordou, vestiu-se e apareceu num hospital, e não se lembra de nada que acontece entre uma coisa e outra. Ela e seu marido viajavam de carro quando este saiu da estrada e bateu contra um muro. Ela ficou duas semanas em coma.

Os neurologistas determinaram  em seu diagnóstico que ela padecia de uma síndrome confusional. Rosa se recuperou quase por completo, mas ainda não entende como pode falar durante horas em um italiano perfeito. Foi guia turística durante um tempo na Itália, quarenta anos antes do acidente, mas reconhece que não estava consciente de que se lembrava até que apareceu de forma espontânea. “Dizem que eu falava como um papagaio em italiano e inglês, mas nos últimos anos eu só havia praticado o inglês”, assegura. Martínez-Lage afirma que os idiomas são armazenados na parte esquerda do cérebro e não fazem parte do circuito da memória. “Este caso aconteceu porque durante uma lesão cerebral, o órgão coloca em funcionamento os mecanismos para recuperar seu funcionamento o mais rápido possível, de forma que se potencializou esta parte, trazendo à tona os idiomas aprendidos.”

Outra capacidade é a de memorizar elementos que não estão relacionados pelos fios emocionais. Foi comprovado que o primeiro elemento e o último de toda uma série são facilmente retidos, assim como aquilo que é estranho ou novidade, ou o que se repete de uma forma lógica. Os neurologistas afirmam que a memória é uma das capacidades intelectuais mais apreciadas, mas poucos dedicam tempo para utilizá-la. “Colocamos nosso corpo em forma, vamos à academia e queremos chegar à velhice em bom estado de saúde, mas nunca pensamos que a memória necessita do mesmo tempo e dedicação”, diz Silva.

Surgiram muitos cientistas especializados no estudo da memória desde que, em 1870, o psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus decidiu abrir o caminho da investigação da memória. Seus herdeiros reconhecem que existem tantas lacunas nas ciências neurológicas como as que existem na operação neurocognitiva, objeto de estudo.

Martínez-Lage define duas linhas de atuação neste momento: a ciência básica tenta conhecer as mudanças que acontecem dentro de um neurônio e entre neurônios, quando uma memória é fixada. A neurociência avança para novas técnicas, como a ressonância magnética funcional, que mede a quantidade de sangue que se desloca para determinadas áreas do cérebro num processo de fixação da memória.

Assim, os especialistas podem saber que áreas se ativam e em que momento. Martínez-Lage faz parte da Funcação Cita Alzheimer, que investiga as vantagens dessas técnicas para conhecer como as áreas cerebrais começam a se alterar quando aparecem os primeiros sintomas da doenças: “Se estudamos as pessoas dez anos antes que apareça o problema, poderemos ver os esforços do órgão para compensar as perdas de memória e assim poderemos estimular este processo de compensação.”

Os filmes que o cérebro humano cria têm omissões voluntárias e forçadas, ficam presos num ponto e às vezes voltam ao início. São fotogramas que, unidos em cadeia, dão forma a uma história inacabada que soma vivências a cada minuto, em troca de renunciar a outras. A memória é um balaio de gatos que espera um sentido que só o dono pode oferecer. Em suas emoções está o poder de decidir que recordações quer conservar à espera de que nenhum vírus entre em seu sistema e arrase com o quem você é e com quem foi.

Isso eu já vivi
Mais de 80% dos seres humanos têm um déjà vu ao longo da vida, especialmente nas idades entre os 15 e 25 anos, segundo as pesquisas sobre este fenômeno. Trata-se de uma desordem que consiste na ilusão de viver algo pela segunda vez e lembrar uma situação que na realidade é nova. As causas dessas paramnésias ainda não estão claras, mas os especialistas tentam explicá-las por diferentes pontos de vista. Para os psicanalistas, é uma filtração do inconsciente.

O déjà vu estaria relacionado com as memórias “encobridoras”, instaladas na memória de forma inconsciente e que escondem sensações negativas. Tereza Muñoz pertencem à Assocaição Nacional de Psicanálise e explica esta desordem como uma operação que escapou do inconsciente e se encontra entre este e o pré-consciente, de forma que se faz presente.

Uma hipótese deste campo de estudo assegura que quando uma pessoa sente uma déjà vu, costuma substituir com rostos e situações desejadas uma realidade que lhe causa angústia. Outra teoria mais tradicional diz que este fenômeno se deve ao fato de que as imagens que o olho envia para o cérebro se superpõem, dando lugar a uma sensação de repetição, mas esta análise foi descartada ao comprovar-se que os cegos experimentam paramnésias através do olfato e do som. Para os neurologistas, é uma falha no cérebro que armazena algo de forma repetida.
 Fonte
El País
Tradução: Eloise De Vylder
Sejam felizes todos os seres. 
Vivam em paz todos os seres. Sejam abençoados todos os seres.