sexta-feira, 16 de agosto de 2013

EXISTENCIALISMO - SOREN AABYE KIERKEGAARD



 Mozart -Documentário 
- O Gênio de Mozart - BBC-- 59min

Toda obra de Kierkegaard é a pura expressão de sua própria vida. Seu pensamento surgiu da luta de consciência perante sua condição de existir. A condição absoluta de sua filosofia, e até a única razão de seu viver, estava na relação estreita entre existir como pessoa e a consciência desse existir. Foi, na verdade, o primeiro representante da filosofia existencial e o primeiro a se preocupar em compreender a existência.
Kierkegaard defendia a ideia de que existe uma verdade subjetiva: “uma verdade que seja pra mim encontrar uma ideia pela qual eu possa viver ou morrer” (1974). Sua religião – luterana – se opunha a esta concepção. Tornou-se um filósofo solitário por não conseguir se adaptar às ideias religiosas então impostas, assim como pela angústia do pecado e da sensualidade que o invadiam na época.

A filosofia resumia-se na tomada de consciência das exigências absolutas feitas a qualquer pessoa que quisesse viver uma existência verdadeiramente autêntica. Para ele, pensar não é existir, mas tornar-se um espectador dessa vivência. Oposto ao racionalismo de Descartes. No racionalismo, o sujeito é objeto para si mesmo, deixando de existir como pessoa, e é ai que reside a grande diferença de Kierkegaard: o sujeito e o objeto são uma coisa só, ou melhor, são partes de uma mesma estrutura. Basta compreender-se existindo; viver a experiência ao invés de observá-la de fora. A verdade é própria existência, não havendo, por isso, uma verdade absoluta. Ela existe para o indivíduo na medida em que, por ação, a produz.

A escolha constitui uma das noções mais importantes de sua filosofia, pois era vista como uma espécie de núcleo da existência humana. A escolha é desprovida de lógica, mas não de uma psicológica: o que o indivíduo faz, depende do que ele quer, do que escolher, não do que compreende. Entretanto, nenhuma opção se realiza sem angústia. Cada escolha é um risco pela sua própria incerteza. Existir é escolher-se. Sendo artífice de si mesmo, realizando a sua essência, uma pessoa se expõe ao risco. A escolha é necessária e livre: o indivíduo é obrigado a fazer opções para existir, embora essas opções não sejam constrangedoras.

Ao mesmo tempo, existir implica em angústia e desespero. A obrigação de escolher, assim como o risco a que se está exposto, desespera.

Analisando a existência humana, percebe que esta se processa em três estágios: estético, ético e religioso. Não se tratam de estados que todos os indivíduos passariam sucessivamente, mas opções que cada um realiza no decorrer da existência.

O primeiro é causado por um hedonismo onde impera a dor e o tédio. Buscando um sentido para a sua existência, o indivíduo se coloca ao sabor dos impulsos. As possibilidades que o indivíduo realiza neste modo de vida não proporcionam uma realização plena, mas apenas uma atualização transitória. A ameaça do tédio é uma constante neste estágio, o que pode conduzir ao desespero. Diante disso, e frustrado em seu objetivo, o indivíduo passa para o segundo estágio. Este está ligado ao dever, às regras e às exigências a que o indivíduo está exposto.

O mais importante aí não é a quantidade de dever, mas a sua intensidade sentida pelo indivíduo. A liberdade agora está limitada pelo social. O extremo da etapa ética leva à contradição. Com a ideia de pecado, essa etapa fracassa, pois surge o arrependimento, sentimento supremo nesse momento. Acredita-se então que é necessário ultrapassar esse estágio, chegando a uma outra etapa, a religiosa. Neste caso, a escolha do indivíduo independe de critérios pulsivos, racionais ou ainda de regras universais. Entretanto, o desespero e a ansiedade são fortes sinais que ajudam o indivíduo a escolher. É pela religiosidade que o indivíduo atinge uma relação com o Absoluto e encontra a existência que tanto almeja.

O desespero de sim mesmo é a grande preocupação de Kierkegaard, que surge diante do vazio não-satisfeito pelos estados anteriores. O prazer antes alcançado no passado, somente pode se repetir no futuro quando o indivíduo se submete religiosamente diante do desconhecido.
O paradoxo e o absurdo, assim como o desespero e a angústia, o risco e o drama do indivíduo, a subjetividade em oposição à incerteza absoluta do objetivo, são o arcabouço da filosofia de Kierkegaard, que não chega a ser um sistema organizado e construído, pois sua maior preocupação é com o profundo conhecimento da personalidade, com a existência do indivíduo. Não se pode reduzir a existência humana a conceitos abstratos, já que a realidade é concreta.

É da doutrina Kierkegaardiana que os filósofos existenciais derivam seus conceitos. Precisavam no entrando, de um método de reflexão e de análise apropriado, e foram buscá-lo em Husserl.
 Publicado em: 20 de Janeiro de 2009 - Categoria: Humanismo

Bicentenário lembra filósofo dinamarquês Kierkegaard, "pai do existencialismo"

O intelectual imortal Soren Kierkegaard completa 200 anos no domingo (5). O filósofo lírico dinamarquês é amplamente considerado o pai do existencialismo, um movimento filosófico e literário que enfatiza a categoria do individual e medita sobre questões diáfanas tais como: há um sentido na vida?

O artigo é de Gordon Marino,  professor de filosofia e diretor da Biblioteca Hong-Kierkegaard, no Saint Olaf College, em Northfield, Minnesota, e publicado pelo International Herald Tribune e reproduzido pelo Portal Uol, 04-05-2013.

Sem causar surpresa, o existencialismo atingiu seu zênite após a humanidade ter dado uma boa olhada em si mesma no espelho do Holocausto, mas então as lembranças desapareceram, as economias prosperaram e o existencialismo começou a parecer um pouco esgotado.

Mesmo assim, ao longo dos altos e baixos do mercado erudito, o mundo intelectual permaneceu otimista em relação a Kierkegaard, em parte porque o dinamarquês, diferente de outros membros do grêmio de crates, sempre tratou do que os seres humanos enfrentam em si mesmos, a ansiedade, a depressão, o desespero e a passagem do tempo.
Há pelo menos uma dúzia de festividades acadêmicas por todo o mundo para celebração do bicentenário de Kierkegaard, e aqui, na Biblioteca Hong-Kierkegaard no Saint Olaf College, nós estamos esperando mais de 100 participantes internacionais em nossa festa de aniversário.

Em sua juventude, Kierkegaard recebeu o apelido de "gaflen", ou "o garfo", por sua capacidade de discernir as fraquezas nas outras pessoas e espetá-las para elas. Por toda sua vida autoral, Kierkegaard empunhou sua pena vermelha para espetá-las para a cristandade burguesa. Sua vida foi uma meditação sobre o que significa ter fé.
Apesar de Kierkegaard nunca ter usado a frase "salto de fé", essas palavras se tornaram sua pedra de toque. Um luterano criado em um ambiente demasiadamente devoto, Kierkegaard insistia que não havia algo como já nascer no rebanho; não havia passagem fácil, não bastava proferir uma série de silogismos para se chegar à fé.

Para Kierkegaard, fé envolvia colisão com o entendimento e uma escolha radical, ou para usar os termos de seu best-seller singular, vida e fé exigem um "ou isto ou aquilo". Acreditar ou não acreditar, mas não imaginar que se possa ter ambos. Como a maioria dos bancos vazios atesta, grande parte da Europa aceitou o desafio de Kierkegaard.

Mas Kierkegaard foi mais do que um luterano de sua tradição luterana; seus textos estão repletos de entendimentos sobre a cultura e a humanidade que podem ser trocados na moeda do secularismo.
Por exemplo, Kierkegaard floresceu no nascimento da mídia de massa. Revistas e jornais diários e semanais estavam começando a circular amplamente. Como se pudesse sentir o Facebook e o Twitter mais à frente, ele previu um tempo em que a comunicação seria instantânea, mas ninguém teria nada a dizer; ou um momento em que todos estivessem obcecados por encontrar sua voz, mas sem muita substância ou "significado profundo" por trás de suas postagens em blogs.

Em um de seus livros, Kierkegaard lamenta: "A era presente é a era da publicidade, a era dos anúncios diversos: nada acontece, mas ainda assim há publicidade instantânea". No final, Kierkegaard estava preocupado com o poder da imprensa de fomentar e formar a opinião pública, e no processo nos desobrigando da necessidade de pensar nos assuntos à fundo por conta própria.
Em um espaço de 17 anos, Kierkegaard publicou vários livros e compilou milhares de páginas de anotações de diários. Como Nietzsche e outros gênios que muitas vezes foram imolados pela força de suas próprias ideias, Kierkegaard sacrificou seu corpo na dança da riqueza de seus pensamentos. Consciente de seus próprios poderes sobrenaturais, ele escreveu: "Os gênios são como as trovoadas: vão contra o vento, aterrorizam as pessoas, purificam o ar".

É claro, todos nós conhecemos horas de inspiração, mas viver com a Musa nos ombros ano após ano significa habitar próximo da fronteira do que às vezes pode parecer loucura. Não é uma tarefa fácil.
Apenas para colher algumas poucas ameixas da ampla árvore da obra extraordinária de Kierkegaard: ele não foi o que rotularíamos como um eticista. Ele não dedicou suas energias a tentar encontrar uma base racional para a ética, nem se ocupou em destrinchar dilemas morais. Mesmo assim, ele tem algo muito significativo a dizer sobre a ética.

Segundo Kierkegaard, não é mais conhecimento ou capacidade de análise que é necessário para se levar uma vida zelosa. Se conhecimento fosse a questão, então a ética seria uma espécie de talento. Algumas pessoas nasceriam gênios morais e outras palermas morais. Mesmo assim, até onde ele e Kant podem dizer, quando se trata de bem e mal, nós todos estamos em pé de igualdade.

Diferente da indústria da ética que está pulsando atualmente, Kierkegaard acreditava que a principal tarefa é se ater ao que sabemos, e evitar nos enganarmos, porque não gostaremos dos sacrifícios que fazer a coisa certa provavelmente exigirá. Como colocou Kierkegaard, quando nos vemos em um dilema moral, nós não apenas procuramos a saída fácil. Em vez disso, ele escreve, "deixe passar algum tempo e então abre-se um ínterim: cuidaremos disso amanhã".

E depois de amanhã, nós geralmente decidimos que a saída certa era, afinal, a saída fácil. E assim o provocador de Copenhague conclui: "Assim vive talvez a maioria de pessoas, trabalhando gradualmente para obscurecer o seu juízo ético e ético-religioso, o que os leva a decisões e conclusões com as quais sua natureza inferior não se importa".

Há epifanias em cada canto da obra de Kierkegaard, mas paradoxalmente, do início ao fim, o homem que parecia saber sobre tudo foi gentilmente enfático: "A maioria dos homens (...) vive e morre com a impressão de que a vida é simplesmente uma questão de entender mais e mais, e que se pudéssemos ter vidas mais longas, essa vida continuaria sendo um longo crescimento contínuo de entendimento. Quantos deles já experimentaram a maturidade de descobrir que chega um momento crítico em que tudo é invertido, após o qual o sentido se torna entender mais e mais que há algo que não pode ser entendido."

E o que significaria entender que há algo de vital importância na vida que não pode ser entendido? Com as vias indiretas de um mestre zen, nosso aniversariante nos ajuda a destravar esse e outros koans que atingem o âmago da questão do que significa ser um ser humano.
Veja também:
EXISTENCIALISMOPor Ana Lúcia Santana


Nascido no século XIX, através das ideias do filósofo dinamarquês Kierkegaard, esta vertente filosófica e literária conheceu seu apogeu na década de 50, no pós-guerra, com os trabalhos de Heidegger e Jean-Paul Sartre. A contribuição mais importante desta escola é sua ênfase na responsabilidade do homem sobre seu destino e no seu livre-arbítrio.
Para os existencialistas, a existência tem prioridade sobre a essência humana, portanto o homem existe independente de qualquer definição pré-estabelecida sobre seu ser. Assim, não há uma inquietação relativa aos postulados produzidos pela Ciência ou às especulações metafísicas, e sim no que se refere ao sentido da existência. Daí a predominância de elementos da Fenomenologia de Husserl – movimento que procura compreender os fenômenos tais como eles parecem ser, sem depender do real conhecimento de sua natureza  essencial – nesta corrente filosófica, já que ambas privilegiam a vivência subjetiva em detrimento da realidade objetiva.

O existencialismo pressupõe que a vida seja uma jornada de aquisição gradual de conhecimento sobre a essência do ser, por esta razão ela seria mais importante que a substância humana. Seus seguidores não crêem, assim, que o homem tenha sido criado com um propósito determinado, mas sim que ele se construa à medida que percorre sua caminhada existencial. Portanto, não é possível alcançar o porquê de tudo que ocorre na esfera em que vivemos, pois não se pode racionalizar o mundo como nós o percebemos. Esta visão dá margem a uma angústia existencial diante do que não se pode compreender e conceder um sentido. Resta a liberdade humana, característica básica do Existencialismo, a qual não se pode negar.

Coube a Sartre batizar esta escola filosófica com a expressão francesa ‘existence’, versão do termo alemão ‘dasein’, utilizado por Heidegger na sua obra Ser e Tempo. Além destes filósofos renomados, o movimento contava também com Albert Camus – adepto destes postulados apenas no campo literário – e Boris Vian.
 
Soren Aabye Kierkegaard, antecessor do Existencialismo, encontra seu caminho dentro da Filosofia ao rebater os conceitos de Aristóteles ainda presentes nas teorias da época, combatendo assim os ideais hegelianos, principalmente sua crença na submissão de todos os fenômenos às leis naturais, o que lhes confere um determinismo providencial e retira das mãos do homem sua liberdade individual.
Foi este filósofo que legou ao existencialismo a ideia central da liberdade do homem, bem como de sua eterna aflição perante a falta de um projeto que regeria a caminhada humana, o que deixa o indivíduo à mercê de suas próprias decisões e atitudes.

Ele vê a realidade como um feixe de possibilidades diante das quais o ser, com sua liberdade de escolha, pode optar pelas que mais lhe convém. Estes caminhos podem ser englobados, para ele, em três opções primordiais – o estilo estético, no qual cada um busca aproveitar ao máximo cada momento; o estilo ético, dentro do qual o homem procura viver com atitudes corretas e morais; e o estilo religioso, que se apoia sobre a fé.

De certa forma, a moderna física quântica parece adotar esta mesma visão, agora em uma versão mais científica, porém acompanhada da crença na existência de uma força superior, traduzida em termos energéticos. O existencialismo, porém, continua mais ativo que nunca, influenciando a filosofia, a literatura e as artes cinematográficas.
 

 
"Algun dia até,não somente os meus escritos,mas a minha vida e todo o complicado segredo do seu mecanismo serão minuciosamente estudados."Isso foi o que Kierkegaard disse de si mesmo. E a profecia tornou-se verdadeira com o existencialismo contemporâneo , que se propôs explicitamente como uma Kierkegaard-Renaissance, trazendo novamente ao primeiro plano, no palco da filosofia, o pensamento daquele filósofo solitário que foi Soren Aabye Kiekegaard, nascido e crescido no restrito ambiente cultural da Dinam arca de então.

Kierkegaard veio ao mundo em 5 de maio de 1813, em Copenhaga. Seu pai, comerciante, desposara em segunadas núpcias sua própria doméstica. Ao contrário do primeiro casamento, que fora infértil, o segundo foi fecundo de nada menos que sete filhos. Soren fo i o último dos sete filhos, tendo nascido quando o pai já tinha ciquenta e seis anos e a mãe quarenta e quatro. Por isso, ele se definiu "filho da velhice".Somente Pedro, que depois tornou-se bispo luterano, lhe sobreviveu.

Em sua família, sobretudo no pai, Kierkegaard viu a marca de trágio destino misterioso. Falando de obscura culpa do pai, ele afirma que a revelação dessa culpa constituiu para ele o "grande terremoto"de sua vida. Em 1844, no seu Diário, fala de "relação entre pai e filho, na qual o filho descobre involuntariamente tudo o que está por detrás dos bastidores, mas sem ter a coragem de ir até o funo. O pai é homem estimado, piedoso e austero. Somente uma vez, em estado de embriaguez, escapam-lhe algumas palav ras que fazem suspeitar de coisa mais horrenda. O filho não consegue sabê-lo por outra via. E não ousa nunca perguntar sobre o assunto ao pai ou a outras pessoas".

Talvez a culpa secreta do pai tenha sido a "maldição"que lançara, quando menino, contra Deus na deserta charneca de Jutland e que ainda não esquecera com a idade de oitenta e dois anos. Ou então o "pecado com Betsabéia", cometido com a doméstica poucos m eses depois da morte da primeira mulher. Seja como for, a imprevista revelação da culpa do pai representaria para Kiekegaard uma como que lâmpada no escuro, que lhe permitiria a compreensão profunda do mistério de sua vida.
Escreveu ele: "Foi então que tive a suspeita de que a avançada idade do meu pai não fosse uma bênção divina, mas muito mais uma maldição, e que os eminentes dons de inteligência de nossa família nos houvessem sido dados só para que se extirpassem um ao o utro. Então senti o silência da morte crescer em torno de mim: meu pai apareceu-me como condenado a sobrevivier a todos nós, como cruz funérea plantada sobre o túmulo de todas as suas próprias esperanças. Alguma culpa devia pesar sobre a família inteira, pois um castigo de Deus pendia sobre ela: ele devia desaparecer, derrubada ao solo pela divina onipotência, cancelada como tentativa malograda(..)"
A relaçao de Kierkegaard com o pai e com a família é uma "cruz", uma dolorosa relação religiosa vivida sob a marca do castigo de Deus. É relação voltada para algo de culpado e pecaminoso, que bloqueou a tentativa de Kierkegaard de se realizar no ideal ét ico e impediu-o de casar com Regina Olsen ou de tornarse pastor. Regina Olsen, filha de alto funcionário, tinha dezoito anos quando, em 1840, com vinte e sete anos, Kierkegaard pediu-a em casamento.

A doze anos de distância do seu primeiro encontro com Regina, eis o que Kierkegaard ainda escreve dela: "Era jovem deliciosa, de natureza amável, como que feita de propósito para que uma melancolia como a minha pudesse encontrar no encantá-la a sua única alegria. Ela estava verdadeiramente graciosa na primeira vez em que a vi: graciosa no seu abandono, era comovente em sentido nobre, não sem certa sublimidade no último momento da separação. Infantil do princípio ao fim, malgrado a sua cabecinha esperta, uma coisa sempre encontrei nela, algo que, para me, vale como elogio quando pedia, que teria podido comover até as pedras. Teria sido uma bem-aventurança poder encantar-lhe a vida e uma bem-aventurança poder ver a sua bem-aventurança indescritível."

Essa atormentada recordação que o apaixonado tem de sua jovem amada testemunha o profundo significado da presença de Regina na vida de Kierkegaard. Sua relação com Regina foi a sua "grande relação". E, no entanto, ele não conseguiu concluir o noivado: "Pedi uma conversa com ela, que aconteceu na tarde de 10 de setembro. Não disse uma palavra sequer para iludi-la: consenti(...). Mas, no dia seguinte, no meu íntimo, vi que me tinha enganado. Um penitente como eu, com a minha vida ante acta e a minha melancolia... já devia ser o bastante. Naquele momento, sofri penas indescritíveis(...). O rompimento definitivo ocorreu cerca de dois meses depois. Ela se desesperou(...)"

Mais tarde, Regina casou-se com certo Schlegel e teve matrimônio tranquilo. Mas Kierkegaard não a esqueceu: no fundo, continou esperando que a oposição do mundo de que ele era vítima talvez lhe conferisse "novo valor"aos olhos de Regina. Além disso, os pontos decisivos. Como aquele general que comandou pessoalmente os que o fuzilavam, em também sempre comandei quando devia ser ferido (...) O pensamento (e isso era amor) era: eu serei teu ou ter será permitido ferir-me tão profundamente, no mais íntimo da minha melancolia e na minha relação com Deus que, ainda que de ti separado, continuo sendo teu".

O conteúdo daquel ano de noivado, observa Kierkegaard, "no fundo, nada mais foi para mim do que sequela de penosas reflexões de consciência angustiada. Perguntava-me: ousarias noivar, ousarias te casar? Que estranho! Sócrates fala sempre do que havia apr endido com uma mulher. Também eu posso dizer que devo tudo o que tenho de melhor a uma moça: não o aprendi dela, propriamente, mas por causa dela".

Na opinião de Kierkegaard, um penitente, alguém que abraçou o ideal cristão da vida, com toda aquela tremenda seriedade que o cristianismo comporta, não pode viver a tranquila existência de homem casado. Ele não pode aceitar o compromisso mundano e a gra tificante inserção na ordem constituída. Regina não podeia tornar-se sua esposa "porque Deus tinha a precedência". E essa também é a razão por que Kierkegaard a tornar-se pastor.

É ainda aía, na fé que relativiza todas as coisas humanas e que não pode ser reduzida à cultura, que Kierkegaard se lança à ruína, em violenta polêmica contra a cristandade de sua própria época. O bispo luterano Mynster - que, à renovação da vida crstã, como Kierkegaard a entendia, opôs a defesa da "ordem constituída"- morreu tranquilamente em fins de janeiro de 1854 e, homenageado por seu povo, foi celebrado por seu sucessor, Martensen, como "um elo da cadeia sagrada que liga entre si as testemunhas da verdade". Mas, em polêmica com Martensen, Kierkegaard se pergunta: "O bispo Mynster era testemunha da verdade, uma daquelas verdadeiras testemunhas: será isso verdade?"

A verdade, para Kierkegaard, era que não poderia ser celebrado como "testemunha da verdade quem viveu desfrutando a vida, ao abrigo dos sofrimentos, da luta interior, do medo e do temor, dos escrúpulos, das angústias da alma e das penas do espírito (...) . A verdadeira testemunha da verdade é o homem que, na humuldade e no rebaixamento, é desprezado, odiado, rejeitado, desconhecido, ironizado, que tem a perseguição como o seu pão cotidiano e é tratado como resíduo. Será que foi essa a vida do bispo Mynste r?"

A polêmica de Kierkegaard desenvolveu-se nos nove fascículos de "O Momento", de maio a setembro de 1855. Foi nela que ele consumiu suas últimas energias antes de ceder de repente e morrer em 11 de novembro desse mesmo ano. Alguns anos antes, Kierkegaard escrevera: "Mynster pensa provavelmente (e, habitualmente, isso é a modernidade) que cristianismo é cultura. Mas esse conceito de cultura é pelo menos inadequado e talvez até diametralmente oposto ao cristianismo quando se torna desfrutamento, refinamento e pura cultura humana."

Na opinião de Kierkegaard, o contraste entre cristianismo e cristandade estabelecida é claro: "O cristianismo é de uma seriedade tremenda: é nesta vida que se decide a tua eternidade(...). Ser cristão é sê-lo como espírito, é a inquietude mais elevada do espírito, é a impaciência da eternidade, é temor e tremor contínuo, aguçados pelo fato de encontrar-se neste mundo perverso que crucifica o amor e abalado de estremecimento pela prestação de contas final, quano o Senhor e Mestre retornará para julgar se os cristãos foram fiéis".

Entretanto, depois de mil e oitocentos anos de cristianismoa, "tudo se tornou superficialidade na cristandade atual". E isso porque o cristianismo é visto como instrumento capaz de "facilitar sempre mais a vida, a temporalidade no sentido mais trivial". O que se quer é "viver tranquilo e atravessar o mundo em felicidade". essa é a razão por que "toda a cristandade é disfarce, mas o cristianismo não existe em absoluto". e Kierkegaard se escandaliza diante da realidade - para ele, terrível - de que, entre as heresias e os cismas, não se encontra nunca a heresia mais sutil e mais cheia de perigos: a heresia que consiste em "brincar de cristianismo".

 
 InfoEscola » Filosofia » 
 http://www.antroposmoderno.com/antro-articulo.php?id_articulo=623
http://artigos.psicologado.com/abordagens/humanismo/existencialismo-soren-aabye-kierkegaard
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres. 
Sejam abençoados todos os seres.
 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

EXILADOS DE CAPELA



Palestra Os Exilados de Capella - 100min

 
Exilados de Capella 11min.


Exilados de Capella - 23min.


sábado, 22 de maio de 2010


EXILADOS DE CAPELA

[Os Exilados de Capela]
Os Exilados de Capela


Dentre os vários contingentes de exilados trazidos para o planeta Terra, o caso mais vivo em nossa memória espiritual, talvez por ter sido o mais recente, é o dos exilados provenientes do sistema de Capela.

Conforme nos relata Ramatis em "Mensagens do Astral", obra psicografada por Hercílio Maes, "...temos à disposição em nosso mundo, literatura mediúnica que cita muitos casos de espíritos expulsos de outros orbes para a Terra, em fases de seleção entre o "trigo e o joio" ou entre os "lobos e as ovelhas", fases essas pelas quais tereis em breve de passar, para higienização do vosso ambiente degradado.

Entre os muitos casos de exílio que vosso mundo tem acolhido, ocorreram diversos casos isoladamente (em pequenos contingentes) , e bem como emigrações em massa, como a proveniente do sistema de Capela, as quais constituíram no vosso mundo as civilizações dos chineses, hindus, hebraicos e egípcios, e ainda o tronco formativo dos árias. Esse o motivo por que, ao mesmo tempo em que floresciam civilizações faustosas e se revelavam elevados conhecimentos de ciência e arte, desenvolvidos pelos exilados, os espíritos originais da Terra mourejavam sob o primitivismo de tribos acanhadas.
Ombreando com o barro amassado, das cabanas rudimentares do homem terrícola, foram-se erguendo palácios, templos e túmulos faustosos, comprovando um conhecimento e poder evocado pelos exilados de outros planetas."

"No vosso mundo, esses enxotados de um paraíso planetário constituíram o tronco dos árias, descendendo dele os celtas, latinos, gregos e alguns ramos eslavos e germânicos; outros formaram a civilização épica dos hindus, predominando o gênero de castas que identificava a soberbia e o orgulho de um tipo psicológico exilado. As mentalidades mais avançadas constituíram a civilização egípcia, retratando na pedra viva a sua "Bíblia" suntuosa, enquanto a safra dos remanescentes, inquietos, indolentes e egocêntricos, no orbe original, fixou-se na Terra na figura do povo de Israel.
Certa parte desses exilados propendeu para os primórdios da civilização chinesa, onde retrataram os exóticos costumes das corporações frias, impiedosas e impassivas do astral inferior, muito conhecidas como os "dragões" e as "serpentes vermelhas".

Segundo Edgar Armond na obra "Os Exilados da Capela", "esta humanidade atual foi constituída, em seus primórdios, por duas categorias de homens, a saber: uma retardada, que veio evoluindo lentamente através das formas rudimentares da vida terrena, pela seleção natural das espécies, ascendendo trabalhosamente da inconsciência para o Instinto e deste para a Razão; homens, vamos dizer autóctones, componentes das raças primitivas das quais os "primatas" foram o tipo anterior melhor definido; e outra categoria, composta de seres exilados da Capela, o belo orbe da constelação do Cocheiro a que já nos referimos, outro dos inumeráveis sistemas planetários que formam a portentosa, inconcebível e infinita criação universal."





 Estrela Capela

 Possível Planeta de Capella

"Esses milhões de ádvenas para aqui transferidos, eram detentores de conhecimentos mais amplos, e de entendimento mais dilatado, em relação aos habitantes da Terra e foi o elemento novo que arrastou a humanidade animalizada daqueles tempos para novos campos de atividade construtiva, para o aconchego da vida social e, sobretudo, deu-lhe as primeiras noções de espiritualidade e do conhecimento de uma divindade criadora."

"Essa permuta de populações entre orbes afins de um mesmo sistema sideral, e mesmo de sistemas diferentes, ocorre periodicamente, sucedendo sempre a expurgos de caráter seletivo; como também é fenômeno que se enquadra nas leis gerais da justiça e da sabedoria divinas, porque vem permitir reajustamentos oportunos, retomadas de equilíbrio, harmonia e continuidade de avanços evolutivos para as comunidades de espíritos habitantes dos diferentes mundos."

"Por outro lado é a misericórdia divina que se manifesta, possibilitando a reciprocidade do auxílio, a permuta de ajuda e de conforto, o exercício enfim, da fraternidade para todos os seres da criação. Os escolhidos, neste caso, foram os habitantes de Capela que deviam ser dali expurgados por terem se tornado incompatíveis com os altos padrões de vida moral já atingidos pela evoluída humanidade daquele orbe."

"Mestres, condutores e líderes que então se tornaram das tribos primitivas, foram eles, os exilados, que definiram os novos rumos que a civilização tomou, conquanto sem completo êxito."
Vamos prosseguir neste tópico com informações trazidas por Emmanuel em "A Caminho da Luz", obra psicografada por Francisco Cândido Xavier, as quais nos proporcionam uma rápida idéia de como e em que regiões do planeta foram organizados os exilados provenientes de Capela.

O Sistema de Capela
 Estrela Alfa-Capella
 Capella e Possível planeta Gigante
 Planeta Gigante perto de Capella
Mapa- Google Earth

Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela na Constelação do Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnífico sol entre os astros que nos são mais vizinhos, Capela é uma estrela inúmeras vezes maior que o nosso Sol e, se este fosse colocado em seu lugar, mal seria percebido por nós, à vista desarmada.

Na abóbada celeste está situada no hemisfério boreal, limitada pelas constelações da Girafa, Perseu e Lince; e quanto ao Zodíaco, sua posição é entre Gêminis, Perseu e Tauro. Na sua trajetória pelo Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos, cantando as glórias do Ilimitado. A sua luz gasta cerca de 42 anos para chegar à face da Terra, considerando- se, desse modo, a regular distância existente entre Capela e o nosso planeta, já que a luz percorre o espaço com a velocidade aproximada de 300.000 quilômetros por segundo.

Quase todos os mundos que lhe são dependentes já se purificaram física e moralmente, examinadas as condições de atraso moral da Terra, onde o homem se reconforta com as vísceras dos seus irmãos inferiores, como nas eras pré-históricas de sua existência, marcham uns contra os outros ao som de hinos guerreiros, desconhecendo os mais comezinhos princípios de fraternidade e pouco realizando em favor da extinção do egoísmo, da vaidade, do seu infeliz orgulho.

Um Mundo em Transições
Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam delineadas, como ora acontece convosco, relativamente às transições esperadas no século XX, neste crepúsculo de civilização.

Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos.

As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, deliberam, então, localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores.


Espíritos Exilados na Terra
Foi assim que Jesus recebeu, 
à luz do seu reino de amor e de justiça, 
aquela turba de seres sofredores e infelizes.

Com a sua palavra sábia e compassiva, exortou essas almas desventuradas à edificação da consciência pelo cumprimento dos deveres de solidariedade e de amor, no esforço regenerador de si mesmas. Mostrou-lhes os campos imensos de luta que se desdobravam na Terra, envolvendo-as no halo bendito da sua misericórdia e da sua caridade sem limites. Abençoou-lhes as lágrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a sua colaboração cotidiana e a sua vinda no porvir.

Aqueles seres angustiados e aflitos, que deixavam atrás de si todo um mundo de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura; reencarnariam no seio de raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos sofrimentos distantes. Por muitos séculos não veriam a suave luz da Capela, mas trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e confortados na sua imensa misericórdia.

A Civilização Egípcia
Dentre os Espíritos degredados na Terra, os que constituíram a civilização egípcia foram os que mais se destacaram na prática do Bem e no culto da Verdade.

Aliás, importa considerar que eram eles os que menos débitos possuíam perante o tribunal da Justiça Divina. Em razão dos seus elevados patrimônios morais, guardavam no íntimo uma lembrança mais viva das experiências de sua pátria distante. Um único desejo os animava, que era trabalhar devotadamente para regressar, um dia, aos seus penates (deuses do lar entre os romanos e etruscos - Derivação:sentido figurado. casas paternas; lares, famílias) resplandecentes. Uma saudade torturante do céu foi a base de todas as suas organizações religiosas.

Em nenhuma civilização da Terra o culto da morte foi tão altamente desenvolvido. Em todos os corações a ansiedade de voltar ao orbe distante, ao qual se sentiam presos pelos mais santos afetos. Foi por esse motivo que, representando uma das mais belas e adiantadas civilizações de todos os tempos, as expressões do antigo Egito desapareceram para sempre do plano tangível do planeta. Depois de perpetuarem nas pirâmides os seus avançados conhecimentos, todos os Espíritos daquela região africana regressaram à pátria sideral.

A Ciência Secreta

Em virtude das circunstâncias mencionadas, os egípcios traziam consigo uma ciência que a evolução não comportava.
Aqueles grandes mestres da antiguidade foram, então, compelidos a recolher o acervo de suas tradições e de suas lembranças no ambiente reservado dos templos, mediante os mais terríveis compromissos dos iniciados nos seus mistérios. Os conhecimentos profundos ficaram circunscritos ao círculo dos mais graduados sacerdotes da época, observando-se o máximo cuidado no problema da iniciação.

A própria Grécia, que aí buscou a alma de suas concepções cheias de poesia e beleza, através da iniciativa dos seus filhos mais eminentes, no passado longínquo, não recebeu toda a verdade das ciências misteriosas. Tanto é assim, que as iniciações no Egito se revestiam de experiências terríveis para o candidato à ciência da vida e da morte - fatos esses que, entre os gregos eram motivos de festas inesquecíveis.

Os sábios egípcios conheciam perfeitamente a inoportunidade das grandes revelações espirituais naquela fase do progresso terrestre; chegando de um mundo de cujas lutas, na oficina do aperfeiçoamento, haviam guardado as mais vivas recordações, os sacerdotes mais eminentes conheciam o roteiro que a Humanidade terrestre teria de realizar. Aí residem os mistérios iniciáticos e a essencial importância que lhes era atribuída no ambiente dos sábios daquele tempo.

O Politeísmo Simbólico
Nos círculos esotéricos, onde pontificava a palavra esclarecida dos grandes mestres de então, sabia-se da existência do Deus Único e Absoluto, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres, mas os sacerdotes conheciam, igualmente, a função dos Espíritos prepostos de Jesus, na execução de todas as leis físicas e sociais da existência planetária, em virtude das suas experiências pregressas.


Desse ambiente reservado de ensinamentos ocultos, partiu, então, a idéia politeísta dos numerosos deuses, que seriam os senhores da Terra e do Céu, do Homem e da Natureza. As massas requeriam esse politeísmo simbólico, nas grandes festividades exteriores da religião. Já os sacerdotes da época conheciam essa franqueza das almas jovens, de todos os tempos, satisfazendo- as com as expressões exotéricas de suas lições sublimadas.


Dessa idéia de homenagear as forças invisíveis que controlam os fenômenos naturais, classificando- as para o espírito das massas, na categoria dos deuses, é que nasceu a mitologia da Grécia, ao perfume das árvores e ao som das flautas dos pastores, em contato permanente com a Natureza.

O Culto da Morte e a Metempsicose
Um dos traços essenciais desse grande povo foi a preocupação insistente e constante da Morte. A sua vida era apenas um esforço para bem morrer. Seus papiros e afrescos estão cheios dos consoladores mistérios do além-túmulo.


Era natural. O grande povo dos faraós guardava a reminiscência do seu doloroso degredo na face obscura do mundo terreno. E tanto lhe doía semelhante humilhação, que, na lembrança do pretérito, criou a teoria da metempsicose, acreditando que a alma de um homem podia regressar ao corpo de um irracional, por determinação punitiva dos deuses. a metempsicose era o fruto da sua amarga impressão, a respeito do exílio penoso que lhe fora infligido no ambiente terrestre.

Inventou-se, desse modo, uma série de rituais e cerimônias para solenizar o regresso dos seus irmãos à pátria espiritual. Os mistérios de Ísis e Osíris mais não eram que símbolos das forças espirituais que presidem aos fenômenos da morte.

Os Egípcios e as Ciências psíquicas
As ciências psíquicas da atualidade eram familiares aos magnos sacerdotes dos templos. O destino e a comunicação dos mortos e a pluralidade das existências e dos mundos eram, para eles, problemas solucionados e conhecidos. O estudo de suas artes pictóricas positivam a veracidade destas nossas afirmações. Num grande número de afrescos, apresenta-se o homem terrestre acompanhado do seu duplo espiritual.

Os papiros nos falam de suas avançadas ciências nesse sentido, e, através deles, podem os egiptólogos modernos reconhecer que os iniciados sabiam da existência do corpo espiritual preexistente, que organiza o mundo das coisas e das formas. Seus conhecimentos, a respeito das energias solares com relação ao magnetismo humano, eram muito superiores aos da atualidade. Desses conhecimentos nasceram os processo de mumificação dos corpos, cujas fórmulas se perderam na indiferença e na inquietação dos outros povos.

Seus reis estavam tocados do mais alto grau de iniciação enfeixando nas mãos todos os poderes espirituais e todos os conhecimentos sagrados. É por isso que a sua desencarnação provocava a concentração mágica de todas as vontades, no sentido de cercar-lhes o túmulo de veneração e de supremo respeito. Esse amor não se traduzia, apenas, nos atos solenes da mumificação. Também o ambiente dos túmulos era santificado por estranho magnetismo. Os grandes diretores da raça, que faziam jus a semelhantes consagrações, eram considerados dignos de toda a paz no silêncio da morte.

As Pirâmides
A assistência carinhosa do Cristo não desamparou a marcha desse povo cheio de nobreza moral. Enviou-lhe auxiliares e mensageiros, inspirando-o nas suas realizações, que atravessaram todos os tempos provocando a admiração e o respeito da posteridade de todos os séculos.


Aquelas almas exiladas, que as mais interessantes características espirituais singularizam, conheceram, em tempo, que o seu degredo na Terra atingira o fim. Impulsionados pelas forças do Alto, os círculos iniciáticos sugerem a construção das grandes pirâmides, que ficariam como a sua mensagem eterna para as futuras civilizações do orbe. Esses grandiosos monumentos teriam duas finalidades simultâneas: representariam os mais sagrados templos de estudos e iniciação, ao mesmo tempo em que constituiriam, para os pósteros (que ainda vai acontecer; futuro - a geração ou as gerações que vêm depois da de quem fala ou escreve) um livro do passado, com as mais singulares profecias em face das obscuridade do porvir.

Levantaram-se, dessarte (advérbio - destarte - assim, desta maneira; desarte) as grandes construções que assombraram a engenharia de todos os tempos. Todavia, não é o colosso de seus milhões de toneladas de pedra nem o esforço hercúleo do trabalho de sua justaposição o que mais empolga e impressiona a quantos contemplam esses monumentos. As pirâmides revelam os mais extraordinários conhecimentos daquele conjunto de Espíritos estudiosos das verdades da vida. A par desses conhecimentos, encontram-se ali os roteiros futuros da Humanidade terrestre.

Cada medida tem a sua expressão simbólica, relativamente ao sistema cosmogônico (relativo ou pertencente a cosmogonia; cosmogenético - conjunto de teorias que propõe uma explicação para o aparecimento e formação do sistema solar) do planeta e à sua posição no sistema solar. Ali está o meridiano ideal, que atravessa mais continentes e menos oceanos, e através do qual se pode calcular a extensão das terras habitáveis pelo homem, a distância aproximada entre o Sol e a Terra, a longitude percorrida pelo globo terrestre sobre a sua órbita no espaço de um dia, a precessão dos equinócios, bem como muitas outras conquistas científicas que somente agora vêm sendo consolidadas pela moderna astronomia.

Redenção
Depois dessa edificação extraordinária, os grandes iniciados do Egito voltam ao plano espiritual, no curso incessante dos séculos. Com seu regresso aos mundos ditosos da Capela, vão desaparecendo os conhecimentos sagrados dos templos tebanos, que, por sua vez, os receberam dos grandes sacerdotes de Mênfis.

Aos mistérios de Ísis e de Osíris, sucedem-se os de Elêusis, naturalmente transformados nas iniciações da Grécia antiga.


Em algumas centenas de anos, reuniram-se de novo, nos planos espirituais, os antigos degredados, com a sagrada bênção do Cristo, seu patrono e salvador. A maioria regressa, então, ao sistema da Capela, onde os corações se reconfortam nos sagrados reencontros das suas afeições mais santas e mais puras, mas grande número desses Espíritos, estudiosos e abnegados, conservou-se nas hostes de Jesus, obedecendo a sagrados imperativos do sentimento e, ao seu influxo divino, muitas vezes têm reencarnado na Terra, para desempenho de generosas e abençoadas missões.

A Índia
Dos Espíritos degredados no ambiente da Terra, os que se agruparam nas margens do Ganges foram os primeiros a formar os pródromos
(Uso: formal: o que antecede a (algo); precursor, prenúncio, antecedente - Ex.: os p. da revolução - 2 espécie de prefácio; introdução, preâmbulo) de uma sociedade organizada, cujos núcleos representariam a grande percentagem de ascendentes das coletividades do porvir. As organizações hindus são de origem anterior à própria civilização egípcia e antecederam de muito os agrupamentos israelitas (sempre sofreram as conseqüências nefastas do orgulho e do exclusivismo) , de onde sairiam mais tarde personalidades notáveis como as de Abraão e Moisés.


As almas exiladas naquela parte do Oriente muito haviam recebido da misericórdia do Cristo, cuja palavra de amor e de cuja figura luminosa guardavam as mais comovedoras recordações, traduzidas na beleza dos Vedas e dos Upanishads. Foram elas as primeiras vozes da filosofia e da religião no mundo terrestre, como provindo de uma raça de profetas, de mestres e iniciados, em cujas tradições iam beber a verdade os homens e os povos do porvir, salientando- se que também as suas escolas de pensamento guardavam os mistérios iniciáticos, com as mais sagradas tradições de respeito.
- O povo hindu não aproveitou como devia as experiências sagradas no orbe terrestre, embora grandes emissários como KRISHNA e BUDA tenham sido mandados em sua ajuda - Muitos destes encontram-se ainda hoje em sua jornada de redenção no globo terrestre.

Os Arianos
Era na Índia de então que se reuniam os arianos puros, entre os quais cultivavam-se igualmente as lendas de um mundo perdido, no qual o povo hindu colocava as fontes de sua nobre origem. Alguns acreditavam se tratasse do antigo continente da Lemúria, arrasado em parte pelas águas dos Oceanos Pacífico e Índico.

A realidade, porém, qual já vimos, é que, como os egípcios e os hindus eram um dos ramos da massa de proscritos da Capela, exilados no planeta. Deles descendem todos os povos arianos, que floresceram na Europa e hoje atingem um dos mais agudos períodos de transição na sua marcha evolutiva. O pensamento moderno é o descendente legítimo daquela grande raça de pensadores, que se organizou nas margens do Ganges, desde a aurora dos tempos terrestres, tanto que todas as línguas das raças brancas guardam as mais estreitas afinidades com o sânscrito, originário de sua formação e que constituía uma reminiscência da sua existência pregressa, em outros planos.

Os Mahatmas
Da região do Ganges partiram todos os elementos irresignados com a situação humilhante que o degredo na Terra lhes infligia. As arriscadas aventuras forneceriam uma noção de vida nova e aqueles seres revoltados supunham encontrar o esquecimento de sua posição nas paisagens renovadas dos caminhos; lá ficaram, apenas, as almas resignadas e crentes nos poderes espirituais que as conduziriam de novo às magnificências dos seus paraísos perdidos e distantes.


Os cânticos dos Vedas são bem uma glorificação da fé e da esperança, em face da Majestade Suprema do Senhor do Universo. A faculdade de tolerar, e esperar, aflorou no sentimento coletivo das multidões, que suportaram heroicamente todas as dores e aguardaram o momento sublime da redenção.


Os "mahatmas" (grandes almas) criaram um ambiente de tamanha grandeza espiritual para seu povo, que, ainda hoje, nenhum estrangeiro visita a terra sagrada da Índia sem de lá trazer as mais profundas impressões acerca de sua atmosfera psíquica. Eles deixaram também, ao mundo, as suas mensagens de amor, de esperança e de estoicismo resignado, salientando- se que quase todos os grandes vultos do passado humano, progenitores do pensamento contemporâneo, deles aprenderam as lições mais sublimes.


Irmãos de Órion - Transmigrações Interplanetárias
Segundo pesquisadores, muitos de nós somos esses exilados tentando recuperar o tempo perdido, portanto caminhemos juntos sempre com a intenção de avanço, mas não só para o nosso progresso, mas para o de todas as civilizações.
Paz e Luz nessa caminhada!
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O amor nunca faz reclamações; dá sempre.
O amor tolera; jamais se irrita e nunca exerce vingança.
O amor é a força mais sutil do mundo.

(Mahatma Gandhi)
Dissemine a paz.
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Várias fontes: (?)
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Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
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