sábado, 22 de março de 2014

EM NOME DE DEUS : ABELARDO E HELOÍSA - 1:55:31


EM NOME DE DEUS FILME INTEIRO -1:55:31


COLUNAS - Digestivo Cultural


Sexta-feira,
28/2/2014


Abelardo e Heloísa


Gian Danton 

Pedro Abelardo foi um dos mais importantes filósofos da Idade Média. Diante da questão entre realistas (que, influenciados por Platão, acreditavam que as palavras universais, como "homem", tinham existência real) e nominalistas (que acreditavam que os universais eram apenas nomes, não tendo  existência nem na natureza, nem na mente), ele apresentou um terceiro  caminho, o conceitualismo, que sintetizava elementos dos dois e pregava
que os universais são conteúdos da mente derivadas das coisas. Com suas  ideias e novas formas de ensinar, ele criou a base do ensino  universitário. Mas, para além de suas ideias, Abelardo ficou mais  conhecido por ter protagonizado uma das mais famosas histórias de amor  de todos os tempos, influenciando o que viria a ser o romantismo.

Depois de passar por diversas cidades e ser perseguido por sua
genialidade e espírito rebelde, Abelardo chegou em Paris em 1113 e
começou a lecionar na escola de Notre Dame. Nessa época já era um
professor famoso e suas aulas eram concorridas. Sua metodologia
revolucionária quebrava com a metodologia platônica, maravilhando os
alunos com o jogo de argumentação.


Foi nesse período que ele conheceu uma jovem de 17 anos que chamava a
atenção de todos por sua beleza e inteligência, Heloísa. Interessado em
conquistar a moça, o filósofo se aproximou do tio (o cônego Fulberto),
com a qual ela vivia e se ofereceu para ensinar à moça gratuitamente, em
troca de moradia na casa. O cônego não só aceitou a oferta, como
confiou a sobrinha inteiramente à orientação do filósofo, que poderia,
inclusive, castigá-la severamente caso esta não se aplicasse nos
estudos.


Inicialmente o tio acompanhava os dois em suas lições, que geralmente
aconteciam à noite, quando o filósofo voltava de suas aulas, mas depois,
confiando na fama de casto de Abelardo, passou a deixa-los a sós.
"Assim, com a desculpa do ensino, nós nos entregávamos inteiramente ao
amor, e o estudo da lição nos proporcionava as secretas intimidades que o
amor desejava. Enquanto os livros ficavam abertos, introduziam-se mais
palavras de amor do que a respeito da lição, e havia mais beijos do que
sentenças; minhas mãos transportavam-se mais vezes aos seios do que para
os livros e mais frequentemente o amor se refletia nos olhos do que a
lição os dirigia para o texto", escreveu Abelardo no livro A história das minhas calamidades. O casal chegou até mesmo a simular surras corretivas para dissimular as atividades românticas e não levantar suspeitas.


Então começa a tragédia: Fulberto flagra o casal e expulsa Abelardo de
casa. Mas nessa época Heloísa já estava grávida. Ainda tremendamente
apaixonado por ela, Abelardo a tira às escondidas da casa do tio e a
leva para sua terra natal, onde ela fica, na casa de uma irmã do
filósofo, até dar à luz ao filho do casal, Astrolábio.


Nesse meio tempo, Abelardo procura Fulberto e se oferece para se casar
com a moça, desde que isso fosse mantido em segredo, a fim de que sua
reputação não fosse prejudicada.


Heloísa, no entanto, não concordava com o plano. Segundo ela, o
casamento acabaria com a carreira do amado, pois, na época,
acreditava-se que um verdadeiro filósofo deveria ser celibatário.
Cícero, por exemplo, ao ser instado a casar com a irmã de Hírcio,
respondeu que não podia consagrar-se igualmente a uma mulher e à
filosofia. "Quem poderia, aplicando-se às meditações sagradas ou
filosóficas, suportar o vagido das crianças, as cantarolas das amas que
embalam e a multidão barulhenta da família?", indagava Heloísa. No
final, o casal concordou com o casamento, desde que ele fosse totalmente
secreto. Unidos pela benção nupcial, foram cada um para lado e se viam
apenas às escondidas. O tio, envergonhado com a situação, passou a
divulgar o casamento.

Abelardo, para evitar o falatório, enviou
Heloísa para um convento de monjas. Ultrajado, o tio arquitetou uma
vingança que se tornaria célebre: mandou castrá-lo. Além da ferida,
havia a vergonha: na época os eunucos eram considerados impuros e
proibidos até mesmo de entrar nas igrejas.


Ferido no corpo e na alma, humilhado, Abelardo internou-se no mosteiro
de Saint-Denis, tornando-se um monge para o resto da vida. Heloísa, com
apenas 20 anos, ingressou definitivamente no convento. Desde então, os
dois nunca mais se viram, apenas trocaram cartas nas quais lamentavam a
má sorte que os jogara naquela situação.



Túmulo do casal></P> Túmulo do casal<BR><BR><BR><BR>
Os dois jamais deixaram de se amar, como atesta uma das cartas de Heloísa:

Abelardo morreu em 1142, com 63 anos. Heloísa conseguiu que se
construísse uma sepultura em sua homenagem. Quando ela morreu, em 1162,
foi sepultada ao lado de seu amado. Conta-se que ao abrirem a sepultura
de Abelardo para enterrar Heloísa, seu copro ainda estava conservado e
se mantinha de braços abertos, como se esperasse a chegada de sua amada.
Em 1817 os restos mortais dos dois amantes mais famosos da Idade Média
foram levados para o cemitério do Padre Lachaise.


A história dos dois deu origem a um filme, 

Em nome de Deus, de 1988, de Clive Donner, 

que pode visto
aqui 



 
O Nome de Deus - 209min.



Gian Danton

Macapá,  - 28/2/2014

 http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=3935&titulo=Abelardo_e_Heloisa

 
  
 
Em Nome de Deus - Melhores momentos- 7min.

 
 
A Eterna Guerra em nome de Deus- 26min.
 
 
Em Nome de Deus - mitos e Verdades - 28min.




Publicado em 13/06/2012-Licença padrao do YouTube 


MEU BLOG COM INFORMAÇÕES SOBRE O FILME.
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 Sejam felizes todos os seres.Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

" LUX AETERNA" - Ligeti:




Ligeti: "Lux aeterna" 

 Gyorgy Ligeti: "Lux aeterna" (1966) for sixteen solo voices

 

Luz

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Diagrama da dispersão da luz através de um prisma

Representação de um raio de luz refletido

Sombras na praia

Efeito da luz do sol passando por uma janela
A luz é uma onda eletromagnética, cujo comprimento de onda se inclui num determinado intervalo dentro do qual o olho humano é a ela sensível.1 

 Trata-se, de outro modo, de uma radiação electromagnética que se situa entre a radiação infravermelha e a radiação ultravioleta. As três grandezas físicas básicas da luz são herdadas das grandezas de toda e qualquer onda eletromagnética: intensidade (ou amplitude), frequência e polarização (ângulo de vibração). No caso específico da luz, a intensidade se identifica com o brilho e a frequência com a cor. Deve ser ressaltada também a dualidade onda-partícula, característica da luz como fenômeno físico, em que esta tem propriedades de onda e partículas, sendo válidas ambas as teorias sobre a natureza da luz.

Um raio de luz é a trajetória da luz em determinado espaço, e sua representação indica de onde a luz é criada (fonte) e para onde ela se dirige. O conceito de raio de luz foi introduzido por Alhazen. Propagando-se em meio homogéneo, a luz percorre trajetórias retilíneas; somente em meios não-homogêneos a luz pode descrever trajetórias curvas.

Teorias sobre a luz


Primeiras ideias dos gregos

No século I a.C. Lucrécio, dando continuidade às ideias dos primeiros atomistas, escreveu que a luz solar e o seu calor eram compostos de pequenas partículas.

Teoria corpuscular da luz

A ideia de que a luz seria um corpúsculo vem desde a Antiguidade, com o atomismo de Epicuro e Lucrécio. Tal teoria não é a mesma que a atual, aceita como alternativa à teoria ondulatória.
Contudo, somente no século XVII, a teoria corpuscular para a luz consolidou-se como um conjunto de conhecimento capaz de explicar os mais variados fenómenos ópticos. O seu principal expoente nesse período foi o filósofo natural inglês Isaac Newton(1643-1727).2 3

Nos seus trabalhos publicados - o artigo "Nova teoria sobre luz e cores" (1672) (disponível em português em Silva & Martins 1996) e o livro Óptica (Newton 1996) - e também nos trabalhos não publicados - os artigos "Hipótese da luz" e "Discurso sobre as observações" (disponíveis em Cohen & Westfall 2002) - Newton discutiu implicitamente a natureza física da luz, fornecendo alguns argumentos a favor da materialidade da luz.

Fato especificamente notório é que, apesar de ser conhecido como o grande defensor da teoria corpuscular, Newton nunca discutiu em detalhes o assunto, sendo sempre cauteloso ao abordá-lo Georg Cantor4 . A razão desse comportamento seria as críticas recebidas sobre o artigo "Nova teoria sobre a luz e cores" de 1672, advindas principalmente de Robert Hooke, Christiaan Huygens.
A teoria corpuscular foi amplamente desenvolvida no século XVIII, pelos seguidores de Newton.
No início do século XIX, com o aperfeiçoamento da teoria ondulatória de Thomas Young e Augustin Fresnel, a teoria corpuscular foi, aos poucos, sendo rejeitada.

É importante compreender que a teoria corpuscular desenvolvida entre os séculos XVII e XIX não é a mesma da atual, inserida na concepção da dualidade onda-partícula da luz.

Teoria ondulatória da luz

No século XVII, Huygens, entre outros, propôs a ideia de que a luz fosse um fenómeno ondulatório. Francesco Maria Grimaldi observou os efeitos de difracção, actualmente conhecidos como associados à natureza ondulatória da luz, em 1665, mas o significado das suas observações não foi entendido naquela época.

As experiências de Thomas Young e Augustin Fresnel sobre interferência e difracção no primeiro quarto do século XIX, demonstraram a existência de fenómenos ópticos, para os quais a teoria corpuscular da luz seria inadequada, sendo possíveis se à luz correspondesse um movimento ondulatório. As experiências de Young capacitaram-no a medir o comprimento de onda da luz e Fresnel provou que a propagação rectilínea, tal como os efeitos observados por Grimaldi e outros, podiam ser explicados com base no comportamento de ondas de pequeno comprimento de onda.
O físico francês Jean Bernard Léon Foucault, no século XIX, descobriu que a luz se deslocava mais rápido no ar do que na água. O efeito contrariava a teoria corpuscular de Newton, esta afirmava que a luz deveria ter uma velocidade maior na água do que no ar.
James Clerk Maxwell, ainda no século XIX, provou que a velocidade de propagação de uma onda eletromagnética no espaço equivalia à velocidade de propagação da luz de aproximadamente 300.000 km/s.

Foi de Maxwell a afirmação:
  • A luz é uma "modalidade de energia radiante" que se "propaga" através de ondas eletromagnéticas.

Teoria da dualidade onda-partícula

No final do século XIX, a teoria que afirmava que a natureza da luz era puramente uma onda eletromagnética, (ou seja, a luz tinha um comportamento apenas ondulatório), começou a ser questionada.
Ao se tentar teorizar a emissão fotoelétrica, ou a emissão de elétrons quando um condutor tem sobre si a incidência de luz, a teoria ondulatória simplesmente não conseguia explicar o fenômeno, pois entrava em franca contradição.

Foi Albert Einstein, usando a ideia de Max Planck, que conseguiu demonstrar que um feixe de luz são pequenos pacotes de energia e estes são os fótons, logo, assim foi explicado o fenômeno da emissão fotoelétrica.

A confirmação da descoberta de Einstein se deu no ano de 1911, quando Arthur Compton demonstrou que "quando um fóton colide com um elétron, ambos comportam-se como corpos materiais."
Assim, hoje, a luz pode ser considerada como onda ou como partícula, sendo ambos os modelos considerados válidos.5

Comprimentos de onda da luz visível

As fontes de luz visível dependem essencialmente do movimento de elétrons. Os elétrons nos átomos podem ser elevados de seus estados de energia mais baixa até os de energia mais alta por diversos métodos, tais como aquecendo a substância ou fazendo passar uma corrente elétrica através dela. Quando os elétrons eventualmente retornam a seus níveis mais baixos, os átomos emitem radiação que pode estar na região visível do espectro.

A fonte mais familiar de luz visível é o Sol. Sua superfície emite radiação através de todo o espectro eletromagnético, mas sua radiação mais intensa está na região que definimos como visível, e a intensidade radiante do sol tem valor de pico num comprimento de onda de cerca de 550 nm, isso sugere que nossos olhos se adaptaram ao espectro do Sol.

Todos os objetos emitem radiação magnética, denominada radiação térmica, devido à sua temperatura. Objetos tais como o Sol, cuja radiação térmica é visível, são denominados incandescentes. A incandescência geralmente está associada a objetos quentes; tipicamente, são necessárias temperaturas que excedam a 1.000 °C.

Também é possível que a luz seja emitida de objetos frios; esse fenômeno é chamado luminescência. Os exemplos incluem as lâmpadas fluorescentes, relâmpagos, mostradores luminosos, e receptores de televisão. A luminescência pode ter várias causas. Quando a energia que excita os átomos se origina de uma reação química, é denominada quimiluminescência. Quando ocorre em seres vivos, tais como vagalumes e organismos marinhos, é chamado de bioluminescência. A luz também pode ser emitida quando certos cristais (por exemplo o açúcar) são comprimidos, chama-se triboluminescência.

A velocidade da luz

De acordo com a teoria da relatividade restrita, toda radiação eletromagnética, incluindo a luz visível, se propaga no vácuo a uma velocidade constante, comumente chamada de velocidade da luz, que é uma constante da Física, representada por c e é igual a 299.792.458 m/s, equivalente a 1.079.252.849 Km/h.


NewMusicXX

Enviado em 17/03/2009-Licença padrão do YouTube

sexta-feira, 21 de março de 2014

AS RAIZES OCULTAS DO FILME " O MÁGICO DE OZ"



 O Mágico de Oz - Em busca de um mundo melhor - 

 
O Mágico de Oz - Desenho - 25min.

 
                                           
                                                         O Mágico de Oz - 14min.

 
 
A Mídia Iluminati - o mágico de Oz - 15min.

 
 
Verdadeira História do Mágico de Oz -
 
 

O Mágico de Oz que ninguém viu - 10min.

As raízes ocultas do filme "O Mágico de Oz"


 
Por que o filme “O Mágico de Oz” (The Wizard of Oz, 1939) teve um impacto tão duradouro na cultura e comportamento (da música, passando pela moda até chegar no movimento GLBT) após diversas gerações de crianças e adultos? A imagem de Dorothy com seus amigos em uma estrada de tijolos amarelos tornou-se uma complexa associação de simbolismos. Muito do impacto desse filme estaria nas raízes no Ocultismo no livro escrito por Frank Baum “The Wonderful Wizard of Oz” há mais de cem anos. Baum era um reconhecido membro da Sociedade Teosófica de Madame Blavatski e um profundo conhecedor das escolas herméticas e esotéricas.

Ao longo dos anos o filme “O Mágico de Oz” de 1939 transcendeu sua condição de produto cinematográfico para se firmar como um poderoso arquétipo cultural de pelo menos três gerações de crianças e adultos. Lançado simultaneamente com o filme “E o Vento Levou” (“Gone With Wind”), foram consideradas na época duas grandes produções hollywoodianas: a primeira voltada para crianças e a segunda para adultos. Mas a imagem de Dorothy e seus amigos (o Homem de Lata, o Espantalho e o Leão) caminhando em uma estrada de tijolos amarelos tornou-se muito mais complexa em associações e simbolismos do que o romantismo de “E o Vento Levou”.

Há algo de oculto e misterioso em um livro infantil escrito há mais de 100 anos, que resultou na adaptação cinematográfica definitiva em 1939 e que criou um impacto ao longo das décadas em todos os setores da cultura, moda e comportamento. Linhas de diálogo do filme como “Estou derretendo! Estou derretendo!”, “Nunca mais voltaremos para Kansas” aparecem em variados filmes e gêneros como “O Campo dos Sonhos”, “Avatar”, “Matrix” e “Depois de Horas” de Scorsese onde um personagem gritava outra linha de diálogo (“Renda-se Dorothy”) toda vez que tinha um orgasmo.

Elton John com o disco e o hit “Goodbye Yellow Brick Road” de 1971, os sapatos mágicos de cristal de Dorothy em uma óbvia referência para a moda Disco dos anos 1970 e o fato de Judy Garland ter se tornado um ícone gay em um filme repleto de simbolismos para o movimento GLBT. O enigmático filme de ficção científica “Zardoz” de John Boorman cujo título é uma contração dos termos “Wizard” e “Oz”. Isso sem falar na mãe de todos os boatos e teorias conspiratórias sobre o filme: a suposta sincronia entre o disco do Pink Floyd “The Dark Side of the Moon” de 1973 e o timing da edição do filme “O Mágico de Oz”.

O caso do filme “O Mágico de Oz” parece ser mais um exemplo de um
fenômeno sincromístico na cultura (o poder de um produto cultural criar arquétipos ou “formas-pensamento” que repercutem no imaginário da cultura), ainda mais sabendo que o autor do livro de 1900 “The Wonderful Wizard of Oz”, Frank Baum, era um membro da Sociedade Teosófica – organização empenhada em pesquisas sobre ocultismo e o estudo comparativo de religiões baseada principalmente nos ensinamentos de Helena Blavatski. Com o seu livro, consciente ou não, Frank Baum criou uma profunda alegoria dos ensinamentos teosóficos por trás de um inocente conto de fadas para crianças.
 

 
Vamos refrescar um pouco a memória sobre o plot do filme. “O Mágico de Oz” acompanha a trajetória de uma menina de doze anos, Dorothy Gale, que vive com a sua família em uma fazenda no Kansas, mas sonha com um lugar melhor “Somewhere Over the Rainbow”. Após ter sido golpeda na cabeça e perder os sentidos no momento em que um tornado levanta sua casa para o céu, ela e seu cão Toto acordam na terra mágica de Oz. Lá a Bruxa Boa do Norte aconselha Dorothy a seguir a estrada de tijolos amarelos para encontrar a Cidade de Esmeralda onde habita o Mágico de Oz que lhe ajudará a retornar a Kansas. No caminho encontra o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão que se reúnem na esperança de conseguirem o que acha que lhes falta – respectivamente um cérebro, um coração e coragem. Tudo isso enfrentando a Bruxa Má do Oeste que quer os sapatos de cristal mágicos de Dorothy dados pela Bruxa Boa.

Como um bom teosófico, Frank Baum certamente baseou o argumento dessa busca dos personagens em uma frase Madame Blavatski: “não há perigo que a intrépida coragem não consiga conquistar, não há prova que a pureza imaculada não consiga passar, não há dificuldade que um forte intelecto não consiga superar”. Intelecto, pureza de sentimentos e coragem, três elementos que comporiam a nossa “centelha” interior que nos conecta à Plenitude. E a busca dessa descoberta interior inicia em uma jornada espiritual representada pela estrada de tijolos amarelos.

A Espiral: o início do caminho espiritual

 
É interessante notar que a estrada começa com uma espiral em expansão, da mesma forma como o tornado conduziu Dorothy a um mundo mágico. No simbolismo oculto a espiral representa a auto-evolução, a alma ascendente, da matéria ao mundo espiritual. Além disso, a espiral partilha de uma complexa simbologia do eixo e da verticalidade. Enquanto forma ela enquadra-se perfeitamente no tema da identidade. Por ser uma forma logarítmica, isto é, por crescer de modo terminal sem modificar a forma total constitui-se no ícone da temporalidade, da permanência, do ser através das mudanças.

Os protagonistas vão encontrar muitos perigos e mudanças na estrada, mas devem descobrir aquilo que lhes é eterno e imutável: coração, inteligência e coragem.

Além disso, a alegoria da “estrada de tijolos amarelos” é uma evidente associação com o termo do Budismo (importante componente dos ensinamentos teosóficos) “Caminho Dourado” como a jornada da alma para a iluminação.

O Mágico/Deus é uma farsa

Assim como no filme “Matrix” onde Neo se decepciona com o aspecto do Oráculo (uma simples dona de casa fazendo biscoitos no fogão) que vai determinar se ele é de fato o Escolhido, da mesma forma em “O Mágico de Oz” o Mágico é desmascarado por Dorothy que descobre ser tudo uma farsa cercado de artifícios e efeitos especiais. Mas, apesar disso, desempenham papeis centrais na jornada espiritual do protagonista.

Em “Matrix” fica evidente que o Oráculo não possuía o dom da profecia, mas trabalha com uma espécie de psicologia reversa: ao dizer para Neo que ele não era o Escolhido sabia que ele faria de tudo para lutar contra esse destino, tornado-se o Salvador que todos esperavam. Com isso o Oráculo inseria o acaso e o livre-arbírio na previsibilidade dos códigos da Matrix.
Os dois eixos que estruturam a narrativa de
"O Mágico de Oz": eixo espiritual
versus eixo material das religiões tradicionais

 
Em “O Mágico de Oz” todos vão em busca do Mágico (Deus?) para conseguir alguma coisa: voltar para casa, coragem, coração e inteligência. É nessa jornada que descobrirão que tudo isso já está dentro deles. No combate contra a Bruxa Malvada do Oeste demonstrarão todas essas qualidades. Então, quem precisa do Mágico?

A sequência em que Dorothy abre a cortina e encontra quem realmente é o Mágico de Oz (um homem cruel, rude e inseguro que, como um Demiurgo, manipula um sistema que projeta a imagem de um Deus ameaçador em meio a trovões e jatos de fogo) é repleta de significados teosóficos e, principalmente, gnósticos.

Oz corresponde ao Deus das religiões convencionais para manter as massas na escuridão espiritual. Um charlatão que criou dispositivos para assustar as pessoas e fazê-las adorá-lo. Oz certamente seria incapaz de ajudar os protagonistas na sua missão. Na literatura das escolas de mistérios esse é o ponto de vista em relação ao deus pessoal dos cristãos e judeus. E depois de tudo isso, o cérebro, o coração e a coragem foram encontrados em cada um dos protagonistas: as escolas de mistérios ensinam que se deve confiar em si mesmo para se obter a salvação.

E essa voz intuitiva interior de Dorothy é justamente o cãozinho Toto que, ao longo do filme, sempe está certo em seus latidos de advertência a Dorothy. É ele que, com seus latidos, denuncia alguém atrás da cortina controlando os efeitos especiais do charlatão Oz.

E é Toto que ao final late e pula fora do cesto do balão em que Dorothy viajaria com o mágico Oz para retornar a Kansas. É a transformação final e a gnose de Dorothy para a descoberta dos seus poderes internos. O passeio de balão seria a viagem de volta representativa das religiões tradicionais, enquanto fora dele Dorothy encontra a magia e a revelação final da Bruxa Boa do Norte: ela teve que derrotar as bruxas malvadas do Oriente (Leste) e Ocidente (Oeste) – o eixo horizontal do mundo material e das religiões. Ela soube ouvir o eixo vertical (as bruxas boas do Norte e do Sul), a dimensão espiritual.

Dorothy descobre a farsa de Oz por trás
da cortina: Deus é um Demiurgo que impõe
a adoração por meio do medo
 
 E Dorothy consegue a gnose final ao afirmar com convicção para Tia Ema: “Não há lugar melhor do que em nosso lar”, ou seja, tudo que precisamos já está dentro de nós mesmos. Foi necessária toda uma jornada em busca da ilusão do Mágico/Deus/Demiurgo Oz para criar o desencanto e a transformação final dentro de si mesma.

Princípio da Correspondência

Também fica evidente em “O Mágico de Oz” o Princípio da Correspondência da Filosofia Hermética, presentes na Antiguidade tanto na Astronomia como na Alquimia: “O que está em cima é como está em baixo, e o que está em baixo é como está em cima”. Embora as sequências de Kansas e do reino de Oz sejam visualmente opostas (preto e branco versus colorido), são mundo espelhados e invertidos com os mesmos atores fazendo personagens diferentes, mas que, de certa forma, têm uma correspondência espiritual.

O trio de trabalhadores da fazenda de Dorothy formará, mais tarde, o trio de companheiros de jornada da protagonista; e a megera Sra. Gulch será a Bruxa Malvada do Oeste. Gulch na vida real quer retirar Toto (o simbolismo da intuição que levará à iluminação espiritual) dos braços de Doroth para matá-lo, enquanto no mundo de Oz a bruxa quer roubar os sapatos mágicos de Cristal.

Oz é o Plano Astral da humanidade onde estão expressos de forma arquetípica os conflitos e batalhas no mundo físico. Os conflitos e buscas do Homem de Lata, do Leão e do Espantalho correspondem aos mesmos dilemas e personalidades mostradas nas primeiras cenas do trio de trabalhadores nos afazeres do dia a dia da fazenda.

Ficha Técnica

  • Título: O Mágico de Oz
  • Diretor: Victor Fleming
  • Roteiro: Noel Langley e Florence Ryerson baseado no livro de Frank Baum
  • Elenco: Judy Garland, Frank Morgan, Ray Bolger, Bert Lahr, Jack Haley
  • Produção: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
  • Distribuição: Warner Home Vídeo (Brasil)
  • Ano: 1939
  • País: EUA

 
 http://cinegnose.blogspot.com.br/2013/05/as-raizes-ocultas-do-filme-o-magico-de.html
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