sábado, 22 de março de 2014

EM NOME DE DEUS : ABELARDO E HELOÍSA - 1:55:31


EM NOME DE DEUS FILME INTEIRO -1:55:31


COLUNAS - Digestivo Cultural


Sexta-feira,
28/2/2014


Abelardo e Heloísa


Gian Danton 

Pedro Abelardo foi um dos mais importantes filósofos da Idade Média. Diante da questão entre realistas (que, influenciados por Platão, acreditavam que as palavras universais, como "homem", tinham existência real) e nominalistas (que acreditavam que os universais eram apenas nomes, não tendo  existência nem na natureza, nem na mente), ele apresentou um terceiro  caminho, o conceitualismo, que sintetizava elementos dos dois e pregava
que os universais são conteúdos da mente derivadas das coisas. Com suas  ideias e novas formas de ensinar, ele criou a base do ensino  universitário. Mas, para além de suas ideias, Abelardo ficou mais  conhecido por ter protagonizado uma das mais famosas histórias de amor  de todos os tempos, influenciando o que viria a ser o romantismo.

Depois de passar por diversas cidades e ser perseguido por sua
genialidade e espírito rebelde, Abelardo chegou em Paris em 1113 e
começou a lecionar na escola de Notre Dame. Nessa época já era um
professor famoso e suas aulas eram concorridas. Sua metodologia
revolucionária quebrava com a metodologia platônica, maravilhando os
alunos com o jogo de argumentação.


Foi nesse período que ele conheceu uma jovem de 17 anos que chamava a
atenção de todos por sua beleza e inteligência, Heloísa. Interessado em
conquistar a moça, o filósofo se aproximou do tio (o cônego Fulberto),
com a qual ela vivia e se ofereceu para ensinar à moça gratuitamente, em
troca de moradia na casa. O cônego não só aceitou a oferta, como
confiou a sobrinha inteiramente à orientação do filósofo, que poderia,
inclusive, castigá-la severamente caso esta não se aplicasse nos
estudos.


Inicialmente o tio acompanhava os dois em suas lições, que geralmente
aconteciam à noite, quando o filósofo voltava de suas aulas, mas depois,
confiando na fama de casto de Abelardo, passou a deixa-los a sós.
"Assim, com a desculpa do ensino, nós nos entregávamos inteiramente ao
amor, e o estudo da lição nos proporcionava as secretas intimidades que o
amor desejava. Enquanto os livros ficavam abertos, introduziam-se mais
palavras de amor do que a respeito da lição, e havia mais beijos do que
sentenças; minhas mãos transportavam-se mais vezes aos seios do que para
os livros e mais frequentemente o amor se refletia nos olhos do que a
lição os dirigia para o texto", escreveu Abelardo no livro A história das minhas calamidades. O casal chegou até mesmo a simular surras corretivas para dissimular as atividades românticas e não levantar suspeitas.


Então começa a tragédia: Fulberto flagra o casal e expulsa Abelardo de
casa. Mas nessa época Heloísa já estava grávida. Ainda tremendamente
apaixonado por ela, Abelardo a tira às escondidas da casa do tio e a
leva para sua terra natal, onde ela fica, na casa de uma irmã do
filósofo, até dar à luz ao filho do casal, Astrolábio.


Nesse meio tempo, Abelardo procura Fulberto e se oferece para se casar
com a moça, desde que isso fosse mantido em segredo, a fim de que sua
reputação não fosse prejudicada.


Heloísa, no entanto, não concordava com o plano. Segundo ela, o
casamento acabaria com a carreira do amado, pois, na época,
acreditava-se que um verdadeiro filósofo deveria ser celibatário.
Cícero, por exemplo, ao ser instado a casar com a irmã de Hírcio,
respondeu que não podia consagrar-se igualmente a uma mulher e à
filosofia. "Quem poderia, aplicando-se às meditações sagradas ou
filosóficas, suportar o vagido das crianças, as cantarolas das amas que
embalam e a multidão barulhenta da família?", indagava Heloísa. No
final, o casal concordou com o casamento, desde que ele fosse totalmente
secreto. Unidos pela benção nupcial, foram cada um para lado e se viam
apenas às escondidas. O tio, envergonhado com a situação, passou a
divulgar o casamento.

Abelardo, para evitar o falatório, enviou
Heloísa para um convento de monjas. Ultrajado, o tio arquitetou uma
vingança que se tornaria célebre: mandou castrá-lo. Além da ferida,
havia a vergonha: na época os eunucos eram considerados impuros e
proibidos até mesmo de entrar nas igrejas.


Ferido no corpo e na alma, humilhado, Abelardo internou-se no mosteiro
de Saint-Denis, tornando-se um monge para o resto da vida. Heloísa, com
apenas 20 anos, ingressou definitivamente no convento. Desde então, os
dois nunca mais se viram, apenas trocaram cartas nas quais lamentavam a
má sorte que os jogara naquela situação.



Túmulo do casal></P> Túmulo do casal<BR><BR><BR><BR>
Os dois jamais deixaram de se amar, como atesta uma das cartas de Heloísa:

Abelardo morreu em 1142, com 63 anos. Heloísa conseguiu que se
construísse uma sepultura em sua homenagem. Quando ela morreu, em 1162,
foi sepultada ao lado de seu amado. Conta-se que ao abrirem a sepultura
de Abelardo para enterrar Heloísa, seu copro ainda estava conservado e
se mantinha de braços abertos, como se esperasse a chegada de sua amada.
Em 1817 os restos mortais dos dois amantes mais famosos da Idade Média
foram levados para o cemitério do Padre Lachaise.


A história dos dois deu origem a um filme, 

Em nome de Deus, de 1988, de Clive Donner, 

que pode visto
aqui 



 
O Nome de Deus - 209min.



Gian Danton

Macapá,  - 28/2/2014

 http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=3935&titulo=Abelardo_e_Heloisa

 
  
 
Em Nome de Deus - Melhores momentos- 7min.

 
 
A Eterna Guerra em nome de Deus- 26min.
 
 
Em Nome de Deus - mitos e Verdades - 28min.




Publicado em 13/06/2012-Licença padrao do YouTube 


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