quarta-feira, 21 de abril de 2010

TAO - O SEGREDO DA FLOR DOURADA


TAO  E A SEXUALIDADE

Três grandes religiões floresceram na China pré-comunista : foi Confucionismo, doutrina austera de "fazer a coisa adequada" , além de filosofia aristocrática, com grande poder de atração para muitos intelectuais, em especial os mandarins, que formaram o Serviço Civil Imperial, mas que pouco tinham à oferecer ao chinês comum.

A segunda foi o Budismo, dividindo em numerosas, diversificadas e muitas vezes competitivas escolas, desde as concernentes aos sistemas racionalistas lógicos a outras que pregavam o rígido anti-intelectualismo, mais tarde dando origem ao Zen Budismo do Japão - agora tão popular no mundo ocidental. Algumas dessas seitas budistas já se tinham quase afastado inteiramente da simplicidade e anti-ritualismo do original Budismo da Índia e praticavam uma variedade de técnicas mágicas bastante ligadas ao apaziguamento de demônios e à conquista da "boa sorte".

Tais variedades mágicas de Budismo tendiam a mesclar-se com os aspectos mais populares do Taoísmo, a crença da grande massa do povo chinês. O Taoísmo, contudo, era muito mais do que uma variedade de tradição mágica e tinha algo para todos - ministrava não apenas encantamentos e cerimônias simples para uso dos camponeses, mas uma sublime filosofia do "Caminho do Céu" para quem entendesse suas escrituras e os muitos obscuros comentários sobre elas, um complexo sistema de ritos mágicos para os que se interessam pelo que os ocidentais em geral chamam de "oculto", bem como um sistema de exercícios envolvendo a sexualidade física para os que buscavam iluminação espiritual através dos canais dos sentidos.

O mais sagrado e básico das escrituras Taoístas era (e é, porque a crença ainda floresce entre os chineses do sudoeste da Ásia) o Tao-te-Ching, o livro do Tao. Este trabalho, atribuído a Lao-Tsé , sábio nascido em 604 a.C., é a mais breve das grandes escrituras do mundo. Na versão chinesa original, são empregados apenas uns cinco mil caracteres e, mesmo nas linguagens ocidentais mais verbosas, em geral as traduções abrangem tão -somente de quatro a dez mil palavras. No entanto, a despeito de sua brevidade, o Tao-te-Ching expressa doutrinas de tal profundidade e complexibilidade, que provocou um grande volume de comentários e tratados explanatórios: já no século VII a.C., havia nada menos do que 4.500 deles.

Exatamente o que é o "Tao" do título do livro ? A palavra é traduzida em geral como "Caminho", significando Caminho em seu destino religioso, como usado por Cristo ("Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida"), mas nenhuma palavra fornece um equivalente satisfatório.

Segundo uma inscrição, o Tao é "o ancestral de todas as doutrinas, o mistério além dos mistérios"; não pode ser posto em palavras, apenas compreendido em nível instintivo - "o Tao que se pode ser posto em palavras, não é o Eterno Tao".

Talvez a melhor maneira de um ocidental comum compreender algo do significado interior do Tao, seja imergido no Tao-te-Ching e outras escrituras Taoístas ou examinando as técnicas práticas, da acupuntura às artes marciais chinesas, que, em última análise derivam-se do Taoísmo. 

Nenhum destes cursos de ação é executado facilmente, pois os valores e vias de pensamentos expressos nos escritos e técnicas Taoístas são estranhos aos dominantes nas culturas baseadas na ciência e tecnologia da Europa e América do Norte. Os valores Taoístas são opostos à ação e realização material: "poder e saber acrescentam mais e mais a si mesmo, o Tao subtrai dia a dia". A passividade é vista como qualidade desejável, "o rigor é morte, o abandono é vida". 

A Lei é a Ordem, deuses gêmeos do policial e do advogado, são vistos como obstáculos para o Tao: "quando as leis aumentam aumentam os crimes".

Em seu máximo extremo, tais atitudes fazem do Taoísta um tipo de anarquista pacífico que rejeita inteiramente, não apenas as leis e governos como inimigos do Tao, mas até os mais simples auxílios mecânicos para a tarefa rotineira da vida. Uma popular história Taoísta mostra até onde vai essa rejeição às coisas materiais:
Um jovem inteligente observa um velho, camponês irrigando suas colheitas pelo tedioso processo de tirar água de um poço, um balde a cada vez, que então leva aos campos. O jovem lhe descreve um simples mecanismo que levaria a água diretamente do poço a lavoura. "Conheço esse aparelho"- diz o velho - mas aqueles que usam máquinas astutas logo começam a praticar meios astutos.

Assim, seus corações tornam-se astutos e um coração astuto impede que sejamos puros de pensamentos. Aqueles cujo pensamento é impuro têm espíritos perturbados, e estes cessam de ser veículos adequados ao Tao".
A tão curiosos modos de pensar, somam-se estranhas maneiras de julgar o tempo e o espaço e objetos materiais que acompanham o mundo.

No mundo ocidental, pensamos em tempo e espaço como coisas separadas . O tempo é visto como fluxo de unidades separadas - segundos, minutos e horas - cada um deles dividido em outros, embora , em um sentido idêntico a eles. Também o espaço é visto como dividido em elementos separados, alguns deles vivos, como pessoas e animais, outros inanimados, como mesas e cadeiras.

Ao adepto Taoísta, trata-se de um entendimento incompleto da verdadeira natureza da realidade. Para ele ou ela, (pois muitos sábios taoístas foram mulheres), tudo é parte de tudo o mais. A realidade não é rígida e fixa, mas incessante mutação. O rio que entramos ontem não é o mesmo rio que nos banhamos hoje, o universo é um sistema móvel, nada é permanente. Todas as separações de objetos e momentos de tempo que aceitamos como certos no Ocidente, não passa de filosóficas ficções. Apenas sendo consciente de sua natureza sempre flutuante, apenas abandonando o mito de um " eu " único e imutável, pode o homem alcançar a libertação espiritual e tornar-se um veículo adequado para o Tao.

Esta aceitação da natureza mutante da realidade, está recusa de encarar qualquer coisa como totalmente estranha à humanidade, fez o Taoísmo a mais tolerante religião do mundo. Nos templos Taoísta podem ser encontradas imagens de Cristo ao lado das de Lao-Tsé, aterrorizantes representações de demônios junto às da terna Deusa da Misericórdia - todas vistas como aspectos do fluxo constante de existência: todos os Deuses são "reais". 

Devido a esta tolerância não é de estranhar, entre as grandes religiões, somente o Taoísmo se recusou firmemente a condenar as "artes negras"- práticas mágicas e ocultas - em vez disso absorvendoa-as em si. Esta preocupação com a magia foi encarada pelos missionários cristãos e outros observadores hostis como evidência da degeneração do Taoísmo, uma indicação de que a filosofia sublime de Lao-Tsé ficara corrompida pela "superstição pagã". 

Lao-Tsé que em verdade não foi o fundador do Taoísmo, mas apenas seu restaurador e comentador, jamais condenou a separação do ritual mágico e existe evidência de que teorias ocultas foram parte integral da crença, desde a época do Imperador Amarelo, seu mítico fundador, as quais floresceram por volta de 2.500 a.C.

A magia Taoísta existem em muitos níveis diferentes. No mais inferior, situam-se os ritos empregados por camponeses, para conseguirem boa sorte em uma colheita ou para curarem animais doentes. E claro que tais ritos não passam de equivalentes chineses do encantamentos usados para objetivos similares pelos "ocultistas" europeus (feiticeiros brancos) e curandeiros da Pensilvânia, no século passado.

Num nível mais intelectual, situam-se as práticas associadas a escolas Taoístas como a do "Tao da União Permanente". Tais escolas pregam a abstenção do álcool, tabaco e outros estimulantes, são vegetarianas, adoram os deuses de toda religião, usam encantamentos mágicos em tentativas de realizar seus desejos e se empenham na comunicação com seres sobrenaturais, usando o "lápis do espírito voador". 

Este é uma variante chinesa da prancheta dos espiritualistas europeus - um instrumento de escrita é colocado dentro de um suporte montado sobre rodinhas, e cada um do grupo coloca um dedo sobre o suporte, que então se move, escrevendo frases inteligíveis, supostamente transmitidas por espíritos de uma ou outra espécie, agindo através dos corpos imóveis dos membros sentados.

Tais atividades podem parecer fúteis ao ocidental indiferente ao ocultismo, mas devemos admitir que os membros desses grupos Taoístas parecem achar tais práticas significativas e valiosas . Além disso é fora de dúvida que tais cultos por vez preservaram e transmitiram literatura Taoísta, a qual exerceram uma influência externa a cultura que lhe deu nascimento. Assim, O segredo da Flor Dourada, tratado que afetou profundamente C. G. Jung e toda a escola da psicologia ocidental dele derivada, originou-se precisamente de tal escola.

No nível mais alto da magia Taoísta, situam-se as práticas dos adeptos que podem, segundo se crê , levar o praticante a realização final desejada por taoístas de todos os níveis de sofisticação - unir-se às fileiras dos hsien, os legendários imortais que podem voar em dragões, fazer milagres, como alimentar multidões com pedras fervidas, ressuscitar mortos, conversar com os deuses e produzir, do ar rarefeito, legiões de soldados-espíritos. Sustenta-se que existem muitas variedades de técnicas capazes de conduzir o adepto à imortalidade e aos poderes que a acompanham. A mais conhecida, contudo, e mais largamente praticada, concerne a Magia Sexual, às vezes chamada alquimia sexual, um processo que transforma a sexualidade de mero canal de prazer físico a um rito sobrenatural.

Alguns desses processos envolvem a supressão da sexualidade física comum, outros sua expressão quase frenética, mas todos se baseiam na idéia de que as energias do Universo podem ser classificadas sob dois títulos: Yin e Yang. O primeiro é passivo, aquoso, pertinente a Lua - energia feminina. O segundo é ativo, ígneo e pertinente ao Sol - a energia masculina. Embora a imortalidade seja uma qualidade essencialmente masculina (yang), nenhum homem pode atingi-la sem algum elemento das essências yin, sendo o inverso válido para as mulheres.

Na pura magia sexual Taoísta, entretanto, um intercurso físico prazeroso entre o homem e a mulher desempenha uma parte essencial, pois as secreções sexuais visíveis são consideradas tão somente os subprodutos brutos das energias masculina e feminina, transmitidas de um ao outro parceiro no decorrer do orgasmo e dos eventos que a levaram. 

As energias de yin e yang são primeiro estimuladas pelas carícias preparatórias, depois elevadas ao mais alto grau pelo uso de posturas sexuais especiais - muitas delas recebendo nomes simbólicos, como a "asa da gaivota sobre a borda do penhasco" - e ritmos particulares de penetração, por exemplo, um sistema de introduções penianas profundas e rasas, como três rasas, cinco profundas, sete rasas e nove profundas.

O intercurso efetuado em tão complexos ritmos e posturas, segundo se supõe, estimula grandemente a produção das puras essências de yin e yang. À medida que o ato caminha para o clímax, o adepto masculino é capaz de extrair yin dos seios e de sob a língua da parceira. Por fim, sobrevêm o orgasmo e as energias masculino-femininas são liberadas e trocadas entre os amantes: o homem absorve energias femininas do útero da mulher, através do canal do pênis e, ao mesmo tempo, transmite a energia masculina, através do pênis, para o interior do útero.

No passado - e talvez ainda hoje - alguns Magos Taoístas, homens e mulheres, praticavam uma curiosa e possivelmente egoística variante deste rito. Eles afirmavam ser desejável conservar integralmente a própria energia, fosse ela masculina ou feminina, mas extraí-la ao máximo possível de membros do sexo oposto. Assim, tinham intercurso com os tantos parceiros quanto podiam, levando-os ao pleno orgasmo, mas evitando eles próprios, até ser incontrolável o desejo de atingir o clímax. De preferência , os parceiros empregados em tal prática eram jovens o mais possível, pois os que mal tinham atingido a puberdade eram considerados particularmente ricos em yin e yang.

Quando, finalmente, era alcançando o orgasmo pelos seguidores desta técnica, seu efeito era, naturalmente, explosivo - mas alguns adeptos evitavam deliberadamente esta culminação, por meio de métodos físicos e psicológicos para a dessensibilização dos órgãos sexuais embora várias escolas Taoístas considerassem a prática perigosa.

Através do intercâmbio dinâmico de yin e yang, quais os objetivos supostamente pretendidos? Ou não haverá qualquer real objetivo por trás da magia sexual Taoísta, existindo apenas uma escusa para a depravação? Um não muito definido é a resposta à última pergunta. Através da maioridade de sua história, a cultura chinesa foi muito mais liberada sexualmente do que a do mundo ocidental.

É verdade que a China sofreu períodos de puritanismo e repressão sexual, usualmente impostos por alguns dirigentes confucianos fanáticos, mas, em geral, os chineses que mais desejavam entregar-se ao atletismo sexual foram capazes de fazê-lo sem incorrer em penalidades (salvo a de serem objeto de pilhérias vulgares ) ou em qualquer desaprovação acentuada.

Longe de ser pretendido como uma escusa para a imortalidade, o intercâmbio de yin e yang sempre teve uma finalidade muitíssimo séria, a "transmutação do chumbo em ouro". Em outras palavras, a elevação das energias sexuais de um indivíduo que a aproxima do puro e indiferenciado Tao.

Tal transformação é conseguida em "cadinhos". Para o taoísta estes não são os recipientes usados na química ocidental ou oriental, mas os centros de atividade psíquico-espirituais que existem no corpo sutil - aproximadamente o equivalente à "alma" cristã - que sustenta o corpo físico de cada homem ou mulher. 

A exata natureza do processo usando para empregar o yin e yang nesta transmutação espiritual é demasiado complexa para ser explanada em um tão breve artigo, sendo suficiente dizer que o adepto Taoísta executa exercícios meditativos, físicos e visualmente imaginativos, de certa forma similares àqueles empregados pelos Iogues Tântricos (sexo - religioso) da Índia.

Exercícios quase idênticos são empregados pelos Taoístas, homens em geral ,que preferem outra variedade de magia sexual em que não existe parceiro do sexo oposto. A base de tal prática é o deliberado despertar dos instintos sexuais, freqüentemente pela masturbação, mas evitando "torná-la terrena" pelo orgasmo. Em vez disto as energias físicas e emocionais "sobem" dos genitais para os cadinhos psíco-espirituais, onde exercícios similares aos mencionados acima as transformam no ouro espiritual do Tao.

Embora, como foi descrito, a magia Taoísta pareça existir em vários níveis, é prudente recordarmos que tal diferenciação provém do pensamento de molde ocidental, não Taoísta. Para o verdadeiro adepto, que se recusa a fazer qualquer separação real entre uma coisa e outra, todas as variedades de magia são essencialmente uma. Em última análise, é impossível separar os mágicos de aldeia, com seus encantamentos e prestigiações, do praticante da variedade de magia sexual, mais intelectualmente sutil, ou mesmo do majestático filósofo Taoísta, que nada mais faz além de meditar nas palavras sublimes do Tao-te-Ching e seus comentários.

Para ilustrar esta recusa Taoísta em dividir a realidade, nada melhor do que o I Ching o livro das mutações chinês, um livro - oráculo - isto é, um livro que fornece respostas às perguntas - hoje largamente conhecido na Europa e América, em especial graças a tradução apresentada pelo eminente psicólogo C. G. Jung.

O mundo já teve muitos livros oráculares e quase todas as escrituras religiosas foram, por vezes, empregadas como tal; por exemplo, é uma prática cristã comum abrir-se a Bíblia ao acaso, deixar o dedo apontar ou cair sobre um texto e, se este texto contiver significado, aplicá-lo como uma resposta à pergunta que se deseja fazer.

O I Ching difere de todos os livros oraculares, no entanto, porque ao invés de considerar o presente e o futuro como fixos imutáveis, fornecendo instruções "faça isto" ou "faça aquilo", encara tanto o passado como o presente de maneira dinâmica, fluente, nunca sendo os mesmos em um e outro momento. Desta forma, ao invés de impor um curso definido de ação, o I Ching indica possibilidades - se você fizer assim - assim, isto provocará tal-e-tal resultado. Um relacionamento similar com o dinamismo e mutação pode ser visto na acupuntura, um tradicional sistema de Medicina chinesa, derivado do Taoísmo.

Antes menosprezada no Ocidente, mas agora sendo investigada* seriamente por cientistas médicos, a acupuntura difere da Medicina ortodoxa, não apenas nos métodos que emprega-a inserção ampla de agulhas de ouro ou de prata na pele do paciente - mas também pela maneira como considera o ser humano individualmente.

No conceito do médico ortodoxo, o indivíduo efêmero é visto como uma máquina biológica, inteiramente separada do restante do universo. Assim sendo, ele sente que existe alguma espécie de avaria mecânica, a qual é corrigida pelas drogas ou através da cirurgia. Por outro lado, o acupunturista encara seu paciente como um aspecto da realidade subjacente, em que sua enfermidade não consiste em outra coisa senão uma artificial separação das energias do universo, abundantes e fornecedoras de vida. 

Então, necessário se torna restaurar a harmonia e conexão dessas energias com as correntes de idênticas energias no indivíduo. Se esta crença é falsa ou verdadeira, se a acupuntura é ou não eficiente, está claro que sua filosofia subjacente é sem dúvida Taoísta e, como tal, alheia ao método do pensamento ocidental.

Hoje em dia, o Taoísmo é tolerado nominalmente na China. Entretanto, na prática ele tem sido submetido a sérias perseguições. Seus templos e outros lugares sagrados foram transformados em museus, locais para armazenagem e celeiros, sendo até derrubados. Seus adeptos e magos foram forçados ao "trabalho útil" em lavouras ou fábricas. Por vezes muitas cópias de suas estruturas foram destruídas como "contra revolucionárias".

Paradoxalmente, no entanto, muitas das técnicas práticas derivadas do Taoísmo são ativamente encorajadas. Assim, o T’ai Chi, um sistema Taoísta de cultura física é praticado por milhões de chineses, a acupuntura é empregada em alguns dos mais modernos hospitais da China e as ervas medicinais do curandeiros Taoístas estão começando a ser investigada cientificamente.
No Ocidente também há um amplo interesse por tais técnicas mas, neste caso, a atenção aos aspectos práticos do Taoísmo é acompanhada por um aumento de curiosidade sobre as idéias religiosas e filosóficas que os geraram.

O I Ching
O I Ching é um dos mais antigos e respeitados oráculos do mundo. Em sua forma presente, pode ser pesquisado até há três mil anos e, mesmo assim, já era antigo nessa época, estando baseado em oráculos mais primitivos.
O I Ching sobreviveu intacto através dos séculos, porque sábios de todas as épocas os mantivera em alto apreço, como fonte de profunda sabedoria e precioso guia, tanto para a busca da iluminação espiritual, como para a conduta de assuntos materiais.

Sua magia impalpável fascinou algumas das maiores mentes que o mundo já conheceu, desde Confúcio, a pedra angular da tradicional sociedade chinesa, a C. G. Jung. Hoje em dia, o I Ching é provavelmente mais conhecido e consultado por pessoas de todas as condições sociais do que em qualquer época anterior.

O I Ching é montado em torno de 64 figuras de seis linhas, chamadas hexagramas. Estes são formados por todas as permutações possíveis de uma linha cheia ou divididas em combinações de seis. Todos os fenômenos são o resultado da interação das forças yang, positivistas, criativas, masculinas, e as forças yin, negativas, passivas, femininas. Yang é representado pelas linhas indivisas e yin pelas linhas divididas que compõem cada hexagrama. Assim, pode-se dizer que os 64 hexagramas simbolizam, entre si, todos os estágios de mutação e fluxo operando no universo, com os textos do I Ching descrevendo tais mutações e aplicando-as às inquietações da humanidade. 

O primeiro deles , denominado O Julgamento é o mais antigo. Foi composto pelo Rei Wen, fundador da dinastia Chu, após ter sido aprisionado por Chu Hsin, o último Imperador Shang.

O segundo texto, o Comentário, é uma das interpretações posteriores atribuídas a Confúcio.

O terceiro texto, A Imagem, é outro comentário de Confúcio. Tenta explicar como a pessoa sensata que seguir o conselho ditado pelo I Ching - em geral referida como o "homem superior"- agirá em tal momento.

O grupo final de textos, um para cada uma das seis linhas do hexagrama, foi composto pelo filho do Rei Wen. Essas linhas, curtas e freqüentemente enigmáticas, foram escritas cerca de quarenta anos após o texto do Rei Wen.


 Fonte:
* Texto escrito antes da aprovação da acupuntura 
como especialidade médica no brasileiro ocidente.(1998)
http://swaramadra.sites.uol.com.br/swaramadra-taoismo.htm

Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

terça-feira, 20 de abril de 2010

CELIBATO É EVOLUÇÃO


CMS (Chamber Music Society)Chamber Ensemble



Sócrates 
. Para o filósofo grego o celibato era uma opção fundamental que permitia a plena dedicación ao conhecimento.

Celibato (em latín caelebs, caelibis) refere-se ao estado daqueles que não se casam ou que não têm um casal sexual

Um solteiro pode ser chamado célibe, no entanto, o conceito adquiriu um sentido de opção de vida. Pelo geral entende-se como célibe àquele que não quer se casar e prefere a soltería de maneira permanente por alguma razão. Disto se desprende que a opção pelo celibato pode ser religião|religiosa]] como se apresenta entre o sacerdotes católicos, os monges budistas e outras religiões; filosófica como a opção de Platón pelo estado celibatal; social como se apresenta em muitas pessoas que optam por dito estado como opção pessoal. 

O comum é que o estado celibatal seja voluntário, mas também pode ser induzido ou forçado como no caso histórico do escravos. 

No mundo ocidental o conceito de celibato tem sido fortemente influenciado pela Igreja Católica no ponto que muitos o identificam como um assunto exclusivo do catolicismo. Por sua vez, Oriente conhece este estado pela Igreja Ortodoxa, o Budismo e o Hinduismo. As opções célibes de pensadores, escritores, artistas ou líderes, são menos conhecidas que a dos religiosos, mas não por isso menos significativas.

História
Noviços budistas entre cujas práticas de vida religiosa se encontra o celibatismo, bem mais antigo que em Occidente com o cristianismo.

Do hinduismo ao budismoAs opções célibes eram já conhecidas na Índia]] através do Hinduismo com o surgimiento dos ascetas e anacoretas e aqueles que deixavam o mundo material para procurar a explicação trascendental da existência através da contemplación. Este esquema pode ser provado nos depoimentos de Siddharta Gautama (a. 560 e 480 a. C.) quem em busca da verdade une-se a estes. Conquanto o jovem brahmín não continuou o caminho dos anacoretas hinduistas, indubitavelmente estes influencierían muito no novo sistema espiritualista do qual ele seria o fundador.

O monge budista é o que segue o caminho do Buda e portanto procura o desapego como método da realização plena. Segundo o budismo, o sofrimento do mundo é produto do apego[1] e em dito sentido o casar-se não está contemplado dentro desse caminho de desprendimiento. O mesmo Siddharta abandonou a Yasodhara, com a qual se tinha casado à idade de 16 anos e tido um filho, Rahula, quem depois unir-se-ia a seus ensinos como bonzi.

O celibato budista tem tido seus contestaciones contemporâneas por parte de movimentos seculares em países de maioria budista. Um dos exemplos é o filme de Pan Nalin, "Samsara", (2001), na qual se questiona o abandono de Yasodhara e seu filho por parte de Siddharta através da história de amor de um jovem bonzi em um lamasterio do Himalaya que se apaixona de uma rapariga da aldeia próxima. 

O jovem abandona o monasterio e casa-se com ela, mas após vários anos sente a nostalgia da comunidade religiosa e, tal como Siddharta com Yasodhara, a abandona depois da imprecación de sua esposa quem lhe diz "que é mais importante: satisfazer mil desejos ou conquistar tão só um...".[2]
Entre a filosofia grega
Jacob, seguido de suas esposas e filhos, encontra-se com seu irmão Esaú.[3] 

Nas culturas semitas a procriação é um preceito divino inevitável.

Por sua vez, quase contemporaneamente em Ocidente, seriam os gregos os que conheceriam dito estado através da filosofia, por exemplo Platón e Sócrates que a viam como um elemento primordial para quem se dedica inteiramente ao conhecimento. No diálogo "O banquete ou do amor", Sócrates dá seu próprio ponto de vista a respeito do significado do amor segundo um diálogo que teve com Diotima, uma estrangeira. Dantes, escuta os elogios ao amor por parte de seus amigos, quem ressaltam a beleza e a virtude de engendrar:
Por esta razão, quando o ser fecundante se aproxima ao belo, cheio de amor e de alegria, se dilata, engendra, produz.[4]

Por sua vez, Diotima faz a Sócrates uma comparação entre o desejo de engendrar entre os animais e o homem:
(...) enfermizos, efeito da agitación amorosa que lhes persegue durante o emparejamiento, e depois, quando se trata do sustenta da prole, não vês como os mais débis se preparam para combater aos mais fortes, até perder a vida, e como se impõem a fome e toda a classe de privações para a fazer viver? Com respeito aos homens, pode achar-se que é por razão o fazer assim; mas os animais, de onde lhes vêm estas disposições amorosas? Poderias dizê-lo?[5]

Por último conclui Sócrates que existem dois tipos de fecundidades:

   1. Aquela "relação ao corpo" que "(...) amam as mulheres, e inclinam-se com preferência a elas, crendo assegurar, mediante a procriação dos filhos, a imortalidade, a perpetuidad de seu nome e a felicidade que se imaginam no curso dos tempos".[5]

   2. e a de "os que são fecundos com relação ao espírito...". Diotima acrescenta: "porque há que são mais fecundos de espírito que de corpo para as coisas que ao espírito toca produzir. E daí é o que toca ao espírito produzir? A sabedoria e as demais virtudes que têm nascido dos poetas e de todos os artistas dotados do génio de invenção. Mas a sabedoria mais alta e mais bela é a que preside ao governo dos Estados e das famílias humanas, e que se chama prudência e justiça".[5]

No judaismo e o Islão
Aparte de hinduistas e gregos, são escassos os povos que lhe dessem valor ao celibato como opção de vida e, como sucedeu com o judaísmo bíblico este era visto mais como uma maldição divina. Por exemplo, no voto de Juízes|Jefte]], sua filha, a qual devia ser sacrificada segundo a promessa de seu pai, não chora por sua morte, senão porque morrerá virgem.[6] 

Povoar a terra estabelece-se como um mandato divino tal como está expressar no Génesis e inclusive dantes do pecado do homem, "Deus abençoa-os e disse-lhes: Sejam fecundos e multipliquem-vos, encham a terra".[7] Dito mandamiento é reiterado após o relato do Diluvio universal: "Sejam fecundos e multipliquem-vos e encham a terra".[8]

O dever bíblico de procrear-se expressa-se em Sara, a qual diz de si mesma que "Deus impediu-me de ter filhos" e para cumprir com o mandamiento esta dá a seu marido a seu escrava Agar: "une a minha escrava, de repente dela terás filhos".[9] Depois as duas esposas de Jacob com suas respectivas escravas começam uma autêntica concorrência de procriação para dar descendentes a seu marido do qual nasceriam as doze tribos de Israel.[10] Neste aspecto é significativo o diálogo entre Raquel e seu marido quem reclama-lhe "dêem-me filhos ou se não me morro".[11]

Outras personagens bíblicas teriam casos similares, mas o mais significativo é aquele que se encontra já sobre a solia do cristianismo quando Isabel, a esposa do sacerdote Zacarías, lhe é concedida um filho em sua velhice e dizem os presentes "o Senhor tinha exaltado nela sua misericordia".[12]

Esta ideia judaica passaria igual ao Islão que é fiel à reprodução da vida como uma lei divina segundo os mandamientos antigos, inclusive através da poligamia, praticada na actualidade em muitos países.

Do judaismo ao cristianismo
Os monges do deserto contam-se entre os primeiros cristãos que praticaram o celibatismo, a ascesis e o desprendimiento do mundo como uma maneira de seguir a Cristo de maneira radical.

A evolução do celibatismo cristão é bastante complexo e adquire duas dimensões: o celibato sacerdotal e o celibato monacal, os quais costumam se confundir.

O sacerdocio cristão como evolução conceptual das comunidades cristãs dos primeiros séculos de nossa era não contempla nem bíblica nem tradicionalmente o celibatismo como preceito obrigatório para a condição do sacerdote. 

Como um movimento nascido no seio do judaismo, o cristianismo vê a reprodução humana como preceito divino, no entanto, surgem várias novidades que o distinguem.

Se para o judaismo bíblico a não procriação era signo de maldição ou castigo, para o cristianismo dita perspectiva pode ser assumida desde outra posição se a não procriação é por opção religiosa. O cristianismo primitivo, quiçá por uma influência helénica, cria uma verdadeira dicotomía entre a dimensão espiritual e os que "vivem segundo a carne".[13]

A diferença do Buda, Cristo não propõe o celibato como médio obrigado para atingir a meta divina. Pelo contrário, utiliza múltiplas figuras que correspondem plenamente à cosmogonía semita, por exemplo, quando se refere ao casal recorda a tradição:
Não tendes leido que o Criador desde o começo os fez varão e hembra e que disse: Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á a sua mulher, e os dois farão uma sozinha carne?[14]

O ponto inovador é precisamente na menção da continência voluntária que segue imediatamente a esta menção do casal como lei divina:
Porque há eunucos que nasceram assim do seio materno, e há eunucos factos pelos homens, e há eunucos que se fizeram tais a si mesmos pelo Reino dos Céus.[15]

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Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
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