«SOB OS NOSSOS OLHOS» A CIA coordena nazis e jihadistas Thierry Meyssan O mundo muda. Ontem, tínhamos uma direita capitalista e uma esquerda socialista. Hoje em dia o mundo é dominado pelos Estados Unidos, e a primeira questão que se coloca é ou de os servir ou de lhes resistir. Como durante a Segunda Guerra mundial encontram-se todas as ideologias em cada campo. De momento, Washington coordena a aliança na Europa entre nazis e jihadistas, com a bênção dos Russos anti- Putin. REDE VOLTAIRE | 19 DE MAIO DE 2014 A 8 de maio de 2007, em Ternopol (oeste da Ucrânia), grupúsculos nazis e islamistas criam uma pretensa Frente anti-imperialista afim de lutar contra a Rússia. Organizações da Lituânia, da Polónia, da Ucrânia e da Rússia tomam parte nisto, entres os quais separatistas islamistas da Crimeia, da Adigueia, do Daguestão, da Ingúchia, da Cabardino-Balcária, do Carachai-Cerquéssia, da Ossétia, da Chechénia. Não podendo aparecer nela devido às sanções internacionais, Dokka Umarov, fez ler nela a sua mensagem. A Frente é presidida por Dmytro Yarosh, o qual se tornou aquando do golpe de Estado de Kiev, em fevereiro de 2014, secretário-adjunto do Conselho de segurança nacional da Ucrânia. A confrontação entre os golpistas de Kiev, apoiados pela Otan e os federalistas ucranianos, apoiados pela Rússia, chegou a um ponto sem retorno. A 2 de maio o presidente Olexander Turchinov e o oligarca israelita Ihor Kolomoïsky organizaram um massacre na Sede dos sindicatos de Odessa, que a imprensa o ocidental a princípio minimizou, e depois silenciou quando os testemunhos e as provas se acumularam [1]. Após estes horrores, não é possível que continue mais a vivência conjunta de ambas as populações. São possíveis três cenários: ou os Estados Unidos vão fazer da Ucrânia uma nova Jugoslávia e lá provocar uma guerra, na esperança de aí envolver a Rússia e a União europeia e de os atolar nisto; ou vão multiplicar os teatros de confronto ao redor da Rússia, começando pela Geórgia; ou, ainda, vão mover combatentes irregulares que desestabilizem a própria Rússia, na Crimeia ou no Daguestão. Qualquer que seja a opção escolhida, Washington está desde já a montar um exército de mercenários. O Conselho de Defesa de Kiev enviou emissários à Europa Ocidental, para recrutar militantes de extrema-direita para vir lutar contra os federalistas (qualificados como «pró-russos»). Assim, foi já criada uma célula Pravy Sektor-França, cujos membros serão proximamente integrados na Guarda Nacional ucraniana. Para além disso, o Conselho de Defesa de Kiev pretende «aumentar o tamanho» acrescentando a estes neo-nazis, do ocidente europeu, jihadistas com uma real experiência militar. Na realidade, se nos abstrairmos bem do brique-à-braque simbólico de uns e de outros, nazis e jihadistas de hoje em dia têm em comum, ao mesmo tempo, o culto da violência e o sonho sionista de dominação mundial. Eles são, pois, compatíveis com todas as outras organizações apoiadas por Washington, inclusive com a Frente de esquerda russa de Serguei Oudaltsov e com o seu amigo, o líder anti-Putin, Alexeï Navalny. Há já, aliás, numerosos contatos entre eles. Mais do que aplicar a divisão direita/esquerda da guerra Fria, hoje a pertinente linha única de divisão, é imperialismo / resistência. Na Ucrânia, o pessoal de Kiev cita o combate da Wehrmacht contra os judeus, os comunistas e os russos, enquanto o de Donetsk celebra a vitória da pátria, contra o fascismo, durante a «Grande Guerra patriótica» (Segunda Guerra Mundial). As pessoas de Kiev definem a sua identidade pela sua História, real ou mitificada, enquanto as de Donetsk se afirmam como pessoas originárias de comunidades históricas diferentes, mas unidas pela sua luta contra a opressão. A prova que esta linha de divisão é a única pertinente é o oligarca judeu Ihor Kolomoïsky, que financia os que cantam «Morte aos judeus!». É um mafioso que amassou uma das maiores fortunas da Europa, capturando de pistola em punho grandes companhias de metalurgia, de finanças e de energia. Ele é apoiado pelos Estados Unidos, e colocou diversas personalidades dos EUA – um dos quais o filho do vice-presidente Biden—no conselho de administração da sua holding de gaz [2]. Mas não só, ele não tem nenhum problema em financiar grupos nazis, pelo contrário ele exultava quando estes assassinarem, às suas ordens, judeus anti-sionistas em Odessa. A colaboração entre nazis e jihadistas não é nova. Ela tem a sua origem nas três divisões muçulmanas das Waffen SS. A 13a divisão «Handschar» era formada por bósnios, a 21o «Skanderbeg» de Kosovares e a 23a «Kama» por croatas. Eram, pois, todos muçulmanos praticando um Islão (Islã-Br) influenciado pela Turquia. Para falar a verdade, a maioria destes combatentes desertou durante a guerra contra o Exército Vermelho. Mais recentemente, nazis e takfiristas combateram novamente, em conjunto, contra os russos, durante a criação do emirado islâmico de Itchquéria (Segunda Guerra da chechénia, em 1999 -2000). A 8 de maio de 2007, em Ternopol (Oeste da Ucrânia), nazis baltas, polacos (poloneses-Br), ucranianos e russos e jihadistas, ucranianos e russos, criaram uma pretensa frente anti-imperialista com o apoio da CIA. Esta organização é presidida por Dmytro Yarosh, que se tornou após o golpe de estado de Kiev, em fevereiro de 2014, secretário-adjunto do Conselho de Segurança nacional da Ucrânia, depois candidato do Pravy Sektor («Sector de Direita»-ndT) à eleição presidencial de 25 de maio. Em julho, 2013, o emir do Cáucaso e responsável local da Al-Qaida, Dokou Oumarov, apelou aos membros da «frente anti-imperialista» para irem lutar na Síria. Porém, não há nenhuma prova clara sobre a participação de nazis nas actuais operações de desestabilização do Levante. Por fim algumas dezenas de jihadistas tártaros da Crimeia vieram bater-se na Síria, depois foram transportados pelo MIT (serviço secreto-ndT) turco para Kiev para participar nos eventos de EuroMaidan, e no golpe de Estado de 22 de fevereiro ao lado de Dmytro Yarosh [. As medidas tomadas na Europa, a pedido do secretário dos EUA para Segurança da Pátria, Jeh Johnson, afim de impedir o retorno dos jihadistas a casa, mostra que a CIA tenciona usá-los numa nova frente [4]. A resignação forçada do príncipe Bandar bin Sultan, a 15 de abril, a pedido do Secretário de Estado John Kerry [5], depois a do seu irmão, o príncipe Salman bin Sultan, no dia 14 de maio, por pressão do Secretário da Defesa Chuck Hagel [6], atestam a vontade dos Estados Unidos em reformular o dispositivo jihadista.
Saberão os resistentes europeus e árabes aliar-se também?
Thierry Meyssan
Tradução
Alva
A França participa no tráfico de migrantes REDE VOLTAIRE | 4 DE OUTUBRO DE 2015
Fabrice Leggeri, diretor da Frontex, a agência europeia de vigilância das fronteiras, lançou advertências, a 1 de setembro, face a um vasto tráfico de passaportes sírios falsificados.
O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizières,
denunciou enfaticamente este tráfico permitindo a migrantes econômicos,
vindos do mundo inteiro, fazer-se passar por refugiados políticos sírios.
O ministro sublinhou que muitos nem árabe falavam.
Até ao início da guerra contra a Síria,
os passaportes sírios genuínos não eram impressos na Síria,
mas, sim, pela Oficina de Impressão Nacional Francesa.
De facto, a única potência capaz de produzir passaporte sírio falsificados
como verdadeiros é a França.
Tradução
Alva
Xenofobismo na França - 10 min. Vídeo fraquinho
Preconceito e Xenofobia - 47 min.
Os Francos - Documentário - 45 min.
Rousseau - Desigualdade do Homem - 11 min.
Fonte
Al-Watan (Síria)
Licença padrão do YouTube
Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.
Dobrado 182 composição de Antonio Manoel do Espirito Santo
Musica executada pela BM PMSP
HINO À BANDEIRA - 4 min.
HOJE É DIA DA BANDEIRA !
Salve lindo pendão da esperança!
Salve símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra em nosso peito juvenil, Querido símbolo da terra, Da amada terra do Brasil! Em teu seio formoso retratas Este céu de puríssimo azul, A verdura sem par destas matas, E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
Recebe o afeto que se encerra Em nosso peito juvenil, Querido símbolo da terra, Da amada terra do Brasil! Contemplando o teu vulto sagrado, Compreendemos o nosso dever, E o Brasil por seus filhos amado, poderoso e feliz há de ser!
Recebe o afeto que se encerra Em nosso peito juvenil, Querido símbolo da terra, Da amada terra do Brasil!
Sobre a imensa Nação Brasileira, Nos momentos de festa ou de dor, Paira sempre sagrada bandeira Pavilhão da justiça e do amor! Recebe o afeto que se encerra Em nosso peito juvenil, Querido símbolo da terra, Da amada terra do Brasil!
Fontes:
Luis Antonio Rabelo
Enviado em 16 de dez de 2011-Licença padrão do YouTube
FRANÇA A França participa no tráfico de migrantes REDE VOLTAIRE | 4 DE OUTUBRO DE 2015
Fabrice Leggeri, diretor da Frontex, a agência europeia de vigilância das fronteiras, lançou advertências, a 1 de setembro, face a um vasto tráfico de passaportes sírios falsificados.
O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizières,
denunciou enfaticamente este tráfico permitindo a migrantes econômicos,
vindos do mundo inteiro, fazer-se passar por refugiados políticos sírios.
O ministro sublinhou que muitos nem árabe falavam.
Até ao início da guerra contra a Síria,
os passaportes sírios genuínos não eram impressos na Síria,
mas, sim, pela Oficina de Impressão Nacional Francesa.
De facto, a única potência capaz de produzir passaporte sírio falsificados
como verdadeiros é a França.
Tradução
Alva
Porque quer a França derrubar a República Árabe da Síria? Thierry Meyssan Voltando à história da colonização francesa da Síria e comparando-a com a ação dos presidentes Sarkozy e Hollande, Thierry Meyssan põe em evidência a vontade de recolonizar o país por parte de certos dirigentes franceses actuais. Uma posição anacrônica e criminosa que faz a França do presente um estado cada vez mais odiado no mundo. REDE VOLTAIRE | DAMASCO (SÍRIA) | 19 DE OUTUBRO DE 2015
Nicolas Sarkozy e David Cameron
assinam os Acordos de Lancaster House. Eles reiteraram, um século depois,
a "entente cordiale" do Acordo Sykes-Picot.
A França é, hoje em dia, o principal poder apelando ao derrube da República Árabe da Síria. Enquanto a Casa Branca e o Kremlin negociam, em segredo, o modo de se livrarem dos jiadistas, Paris persiste em acusar o " regime de Bashar" (sic) de ter criado o Daesh (E. I. -ndT), e em declarar que após a eliminação do Emirado Islâmico convirá derrubar a «ditadura Alauíta» (re-sic). A França é publicamente apoiada pela Turquia e Arábia Saudita, e às escondidas por Israel. Como explicar este posicionamento de perdedor, quando a França não tem nenhum interesse econômico ou político nesta cruzada, quando os Estados Unidos deixaram de treinar combatentes contra a República, e quando a Rússia está em vias de reduzir a cinzas os grupos jiadistas? A maior parte dos comentadores sublinharam, com razão, os laços pessoais do presidente Nicolas Sarkozy com o Catar, patrocinador da Irmandade Muçulmana, e os do presidente François Hollande igualmente com o Catar, e, também, com a Arábia Saudita. Os dois presidentes financiaram, ilegalmente, uma parte das suas campanhas eleitorais com estes estados, e tem beneficiado de toda a espécie de facilidades oferecidas por esses mesmos Estados. Além disso, a Arábia Saudita detêm, agora, uma parte não negligenciável das empresas do CAC40, de modo que o seu desinvestimento brutal causaria graves prejuízos econômicos à França Eu gostaria de evocar, aqui, uma outra hipótese explicativa: os interesses coloniais de certos dirigentes franceses. Para tal, é necessário um regresso ao passado. O tratado Sykes-Picot Durante a Primeira Guerra Mundial, os Impérios Britânico, Francês e Russo acordaram, secretamente, em dividir as colônias dos impérios Austro-Húngaro, Alemão e Otomano, assim que estes fossem derrotados. Na sequência de negociações secretas em Downing Street, o conselheiro do Ministro da Guerra e superior de «Lawrence da Arábia», Sir Mark Sykes, e o enviado especial do Quai d’Orsay, François Georges-Picot, decidem partilhar a província otomana da Grande Síria entre eles e disso informam o Czar. Os Britânicos, cujo império era comercial, apropriam-se das zonas petrolíferas conhecidas à época, e da Palestina, para aí instalar uma colônia de povoamento judaico. O seu território estendia-se por sobre o do Estado da Palestina, de Israel, da Jordânia, do Iraque e do Koweit actuais. Paris, que estava dividida entre os partidários e adversários da colonização, admitia, por si, uma colonização ao mesmo tempo econômica, cultural e política. Apropriou-se, pois, dos territórios do Líbano e da Pequena Síria, atuais, dos quais quase metade da população à época era cristã, e da qual ela se declarava a «protetora» desde o rei Francisco Iº. Finalmente, os lugares santos de Jerusalém e de São João de Acre deviam ser internacionalizados. Mas, na realidade, esses acordos nunca foram plenamente aplicados, quer porque os Britânicos haviam assumido compromissos contraditórios como, sobretudo, porque entendiam criar um Estado judeu para prosseguir a sua expansão colonial. Jamais as «democracias» britânica e francesa debateram publicamente estes acordos. Teriam chocado o Povo britânico, e teriam sido rejeitados pelo Povo francês. O Acordo Sykes-Picot foi revelado pelos revolucionários bolcheviques que os descobrem nos arquivos do Czar. Eles provocam a fúria dos Árabes, mas os Britânicos e os Franceses não reagiram perante as ações dos seus governos. A ideia colonial francesa A colonização francesa começou no reinado de Charles X com a conquista sangrenta da Argélia. Era uma questão de prestígio, que nunca foi apoiada pelos franceses e levou à revolução de julho de 1830. Mas, a ideia colonial apareceu em França após a queda do Segundo Império e a perda da Alsácia-Mosela. Dois homens de esquerda, Gambetta e Jules Ferry, propõem a conquista de novos territórios em África e na Ásia na impossibilidade de poder libertar a Alsácia e a Mosela, ocupadas pelo Reich alemão. Eles juntaram-se aos interesses econômicos da direita ligados à exploração da Argélia. Como a motivação pela derivação, em relação à libertação do território nacional, não é muito gloriosa, os amigos de Gambetta e de Ferry vão embrulhá-la num discurso mobilizador. Não se trata de satisfazer apetites expansionistas ou econômicos, mas, sim, de «libertar povos oprimidos» (sic) e de os «emancipar» de culturas «inferiores» (re-sic). O que era muito mais nobre. Na Assembleia Nacional e no Senado, os partidários da colonização tinham criado um lóbi para defender os seus apetites: o «Partido Colonial». O termo «partido» não deve aqui induzir em erro, ele não designava uma formação política, mas, antes, uma corrente de pensamento trans-partidário, reunindo uma centena de parlamentares de direita e de esquerda. Eles juntaram-se a poderosos homens de negócios, militares, geógrafos e altos-funcionários, como François Georges-Picot. Se muito poucos Franceses se interessavam pela colonização, antes da Primeira Guerra Mundial, já eram muito mais numerosos no período Entre-as-duas-Guerras... quer dizer, após a restituição da Alsácia e da Mosela. O Partido Colonial, que já não era mais, agora, senão o do capitalismo cego, enroupado de direitos-do-homem, tentou convencer a população através de grandes eventos como a sinistra Exposição Colonial de 1931, e atingiu o seu apogeu com a Frente Popular de Léon Blum, em 1936. A colonização da Pequena Síria Na sequência da Guerra e da queda do Império Otomano, o Sherife Hussein das duas mesquitas de Meca e de Medina proclamou a independência dos Árabes. Em conformidade com as promessas de «Lawrence da Arábia» ele proclamou-se «rei dos Árabes», mas é chamado à ordem pela «pérfida Albion». Em 1918, o seu filho, o Emir Faisal, proclama um governo árabe provisório em Damasco, enquanto os britânicos ocupam a Palestina e os Franceses a costa Mediterrânica. Os Árabes tentam criar um Estado unitário, multiconfessional, democrático e independente. O presidente dos E.U.A, Woodrow Wilson, reconciliou o seu país com o Reino Unido em torno do projeto comum de criação de um Estado judeu, mas, ele opõe-se à ideia de colonizar o resto da região. Retirando-se da conferência de Versalhes, a França faz-se atribuir um mandato, pelo Conselho Supremo Inter-aliados, para administrar a sua zona de influência, aquando da conferência de San Remo. A colonização tinha encontrado um álibi legal: era preciso ajudar os Levantinos a organizarem-se após a queda dos otomanos. As primeiras eleições democráticas são organizadas na Síria pelo governo árabe provisório. Elas dão a maioria, do Congresso Geral sírio, a caciques sem verdadeira cor política, mas a assembleia é dominada pelas figuras da minoria nacionalista. Ela adota uma Constituição monárquica e bi-camarária (cameral-br). Ao anúncio do mandato francês, o Povo revolta-se contra o Emir Faisal, que havia decidido colaborar com os Franceses e os Maronitas do Líbano, que o apoiam. Paris envia a tropa sob o comando do General Gouraud, um dos membros do «Partido Colonial». Os nacionalistas sírios dão-lhe combate em Marjayoun, onde eles são esmagados. Começa a colonização. O General Gouraud separa primeiro o Líbano ---onde ele dispõe do apoio dos Maronitas--- do resto da Síria, que ele se esforça por governar dividindo, e opondo entre si, os grupos religiosos. A capital da «Síria» é transferida para Homs, uma pequena cidade sunita, antes de regressar a Damasco, mas o poder colonial permanece baseado no Líbano, em Beirute. É conferida uma bandeira à colônia, em 1932, que é composta por três bandas horizontais representando as dinastias Fatímidas (verde), Omíadas (branca) e Abássidas (preta), símbolo para os muçulmanos xiitas quanto à primeira, e para os sunitas quanto às duas seguintes. As três estrelas vermelhas representando as três minorias, cristã, drusa e alauita. A França pensa fazer do Líbano um Estado maronita, já que os Maronitas são cristãos que reconhecem a autoridade do papa, e da Síria um Estado muçulmano. Ela não parará de combater os cristãos da Síria Pequena já que eles são maioritariamente ortodoxos. Em 1936, a esquerda acede ao poder em França, com o governo da Frente Popular. Ele aceita negociar com os nacionalistas árabes e promete-lhes a independência. O sub-secretário de Estado para os protetorados do Magrebe e dos mandatos do Médio-Oriente, Pierre Viénot, negocia a independência do Líbano e da Síria (tal como ele havia tentado fazer para a Tunísia). O Tratado é ratificado, por unanimidade, pelo Parlamento sírio, mas, jamais será apresentado por Léon Blum ---membro do «Partido Colonial»--- ao Senado. No mesmo período, o governo da Frente Popular decide separar a cidade de Antioquia da Pequena Síria e propõe juntá-la à Turquia, o que será feito em 1939. Desta forma, Léon Blum entende livrar-se dos cristãos ortodoxos, cujo patriarca é o titular do Patriarcado de Antioquia, e que os Turcos não deixarão de reprimir. Por fim, é a divisão da França durante a Segunda Guerra Mundial, que porá termo à colonização. O governo legal de Philippe Pétain tenta manter o mandato, enquanto o governo legítimo de Charles de Gaulle proclama a independência do Líbano e da Síria, em 1941. No fim da II Guerra Mundial, o Governo Provisório da República põe em ação o programa do Conselho Nacional de Resistência. No entanto, o «Partido Colonial» opõe-se às independências dos povos colonizados. A 8 de maio de 1945 dá-se o massacre de Setif (Argélia), sob o comando do general Raymond Duval, a 29 de maio o de Damasco sob o comando do general Fernand Olive. A cidade é bombardeada pela Força Aérea Francesa durante dois dias. Uma grande parte do "souk" histórico é destruído. A Assembleia do Congresso do Povo Sírio é, ela própria, bombardeada. Roland Dumas atira uma pedrada ao charco em direto na TV, e rebenta assim o discurso oficialista de François Hollande : «os Ingleses preparavam a guerra na Síria dois anos antes das manifestações de 2011». Ora, isto não estava previsto no programa! Obrigado, Sr. Dumas! As ambições coloniais da França na Síria desde 2011 Enquanto o presidente Nicolas Sarkozy convidava o seu homólogo sírio, Bashar al-Assad, para as cerimônias do "14 de julho", de 2008, nos Campos Elísios, celebrando com isso os seus avanços democráticos, ele negoceia com os E.U. e o Reino Unido a remodelagem do «Médio-Oriente Alargado», em 2009-10. A Secretária de Estado, Hillary Clinton, convence-o a relançar o projeto colonial franco-britânico sob orientação norte-americana, ou seja a teoria da «liderança nos bastidores». A 2 de novembro de 2010 –-isto é, antes da «Primavera Árabe»---, a França e o Reino Unido assinam uma série de documentos conhecidos como os acordos de Lancaster House. Se a parte pública indica que os dois Estados juntarão as suas forças de projeção (quer dizer, as suas forças coloniais), a parte conservada secreta previa atacar a Líbia e a Síria, a 21 de março de 2011. Sabe-se que a Líbia será atacada dois dias mais cedo pela França, provocando a cólera do Reino Unido que foi assim ultrapassado pelo seu aliado. O ataque contra a Síria, pelo contrário, jamais terá lugar porque o comanditário, os Estados Unidos, mudarão de opinião. Os Acordos de Lancaster House foram negociados, por parte da França, por Alain Juppé e pelo general Benoît Puga, um partidário ferrenho(fanático-br) da colonização. Em 29 de julho de 2011, a França criou o Exército Sírio Livre (os «moderados»). Contrariamente à propaganda oficial sobre o seu chefe, o coronel Riyadh al-Asaad, os seus primeiros elementos não são sírios, mas, sim, Líbios da al-Qaida. Riyadh al-Asaad não é mais que uma cobertura destinada a dar o verniz sírio. Ele foi escolhido por causa da sua homonímia com o presidente Bashar al-Assad, com o qual não tem nenhum laço de parentesco. No entanto, ignorando que os dois nomes não se escrevem da mesma maneira em árabe, a imprensa atlantista vê nele o sinal da «primeira defecção no seio do regime». O Exército Sírio Livre (ESL) é enquadrado por legionários franceses, destacados das suas unidades e colocados à disposição do Eliseu e do general Benoît Puga, o chefe do Estado-maior privativo do presidente Sarkozy. O ESL recebe como estandarte a bandeira da colonização francesa. Atualmente, o ESL não constitui mais um exército permanente. Mas, a sua marca é usada, pontualmente, para operações imaginadas pelo Eliseu e realizadas por mercenários de outros grupos armados. A França persiste em distinguir jiadistas em «moderados» e, outros, «extremistas». Não existe, no entanto, diferença em termos de pessoal ou de comportamento entre os dois grupos. Foi o ESL que começou as execuções de homossexuais, precipitando-os do alto a partir dos telhados dos edifícios. Foi igualmente o ESL que difundiu um vídeo de um de seus dirigentes, canibal, comendo o coração e o fígado de um soldado sírio. A única diferença, entre moderados e extremistas, é a sua bandeira : ou, a da colonização francesa, ou a da jiade. No início de 2012, os legionários franceses escoltam 3.000 combatentes do ESL para Homs, a antiga capital da colonização francesa, para fazer dela a «capital da revolução». Eles entrincheiram-se no quarteirão novo de Baba Amr e proclamam um Emirado Islâmico. Um tribunal revolucionário condena à morte mais de 150 moradores que permaneceram no quarteirão e fá-los degolar em público. O ESL aguentou um cerco de um mês protegido por posições de tiro com mísseis anti-tanque Milan, colocados à disposição pela França. Quando o presidente François Hollande relança a guerra contra a Síria, em julho de 2012, ele conserva –—facto único na história da França--- o chefe de Estado-maior privado do seu antecessor, o general Benoît Puga. Este retoma a retórica e a pose colonial. Assim, ele declara que a República Árabe Síria é uma «ditadura sanguinária» (é preciso, pois, «libertar um povo oprimido»), e que o poder é confiscado pela minoria Alauíta (é preciso, pois, «emancipar» os sírios desta seita horrível). Ele consegue interditar a participação nas eleições, que se realizam no seu próprio país, aos refugiados sírios na Europa, e decide em seu lugar que o Conselho Nacional Sírio –-não eleito–- é o seu legítimo representante. O seu ministro dos Negócios Estrangeiros (Relações Exteriores-br), Laurent Fabius, declara que o presidente democraticamente eleito, Bashar al-Assad «não merece estar sobre a Terra». As declarações de Valéry Giscard d’Estaing A 27 de setembro passado, o antigo Presidente Valéry Giscard d’Estaing deu uma entrevista, de uma página, ao diário «Le Parisien / Aujourd’hui en France» a propósito dos refugiados e da intervenção russa contra os terroristas na Síria. Ele declarou : «Eu interrogo-me quanto à possibilidade de criar um mandato da ONU sobre a Síria, por um período de cinco anos». Jamais, desde a sua criação, a ONU concedeu "mandato". Esta simples palavra reenvia-nos para os horrores da colonização. Nunca, jamais, havia um líder francês evocado assim, publicamente, as ambições coloniais francesas desde a independência da Argélia, há 53 anos. Importa aqui lembrar que Geneviève, a irmã de François Georges-Picot (o do Acordo Sykes-Picot), se casou com o senador Jacques Bardoux ---membro do «Partido Colonial»---. A sua filha, May Bardoux, desposou, por sua vez, o presidente da Sociedade Financeira Francesa e Colonial, Edmond Giscard d’Estaing, o pai do antigo presidente francês (Valéry Giscard d’Estaing- ndT).
Assim, a solução do problema sírio,
segundo o sobrinho-neto do homem que negociou com os Britânicos
o mandato francês sobre a Síria, é recolonizar o país.
O Presidente Chávez tinha também,
quanto a ele, compreendido, e muito antes da sua morte,
o que se passava na Síria.
Thierry Meyssan
Tradução
Alva
A falsa «crise dos refugiados»
Thierry Meyssan
REDE VOLTAIRE | DAMASCO (SÍRIA) | 7 DE SETEMBRO DE 2015
Enquanto os média europeus provocam comoção mostrando fotografias de uma criança afogada e reportagens sobre multidões atravessando os Balcãs a pé, Thierry Meyssan mostra que estas imagens são fabricadas. Claro, elas servem os propósitos do patrão dos patrões alemães, Ulrich Grillo, e da Otan. Mas elas não dão conta do fenómeno no seu conjunto e conduzem os Europeus a respostas desadaptadas.
A parte esquerda desta fotografia foi repetidamente publicada pela imprensa atlantista. A vítima, uma criança síria curda, Aylan Kurdi, é suposta ter sido devolvida pelo mar. No entanto, o seu cadáver está perpendicular às ondas em vez de lhes ser paralela. A presença, sobre a parte direita da imagem, de um fotógrafo turco oficial confirma a ideia de uma encenação. Ao longe, distinguem-se alguns banhistas.
Uma onda de emoção submergiu, brutalmente, as populações vivendo no espaço da Otan. De repente, elas tomaram consciência do drama dos refugiados no Mediterrâneo; uma tragédia que dura há vários anos perante a indiferença geral permanente.
Esta reviravolta é devida à publicação de uma fotografia mostrando uma criança afogada, atirada a uma praia turca. Pouco importa que esta imagem seja uma grosseira montagem: o mar rejeita os cadáveres paralelamente às ondas, nunca de forma perpendicular. Pouco importa que ela tenha sido, instantaneamente, reproduzida nas «actualidades» de quase todos os jornais da zona da Otan, em menos de dois dias. Afinal estão sempre a a dizer que a imprensa ocidental é livre e pluralista.
Prosseguindo no mesmo registo, as televisões multiplicaram as reportagens sobre o êxodo de milhares de Sírios, a pé, através dos Balcãs. Uma atenção especial foi dada à travessia da Hungria, que, primeiro, construiu até uma inútil barreira em arame farpado, depois multiplicou as decisões contraditórias de modo a que se pudesse filmar multidões caminhando ao longo de vias férreas, e tomando comboios(trens-br) de assalto.
«Reagindo» à emoção que provocaram nos seus concidadãos, os dirigentes europeus «surpresos» e entristecidos desfizeram-se sobre a maneira como irão levar socorro a estes refugiados. António Guterres, antigo presidente da Internacional Socialista e actual Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, convida-se para tal debate, defendendo : «a participação obrigatória de todos os Estados membros da UE. Segundo as estimativas preliminares, os países europeus têm uma necessidade potencial de aumentar as oportunidades de reinstalação em 200 000 lugares», declara ele.
Qual é afinal o real problema, quem o instrumentaliza e com que finalidade ?
Os refugiados do Mediterrâneo
Desde as «Primaveras árabes», em 2011, o número de pessoas tentando atravessar o Mediterrâneo e entrar na União Europeia aumentou consideravelmente. Mais do que dobrou e elevou-se em 2014 a 626 000.
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Fluxo de migrantes para a União Europeia (em centenas de milhares)
Fonte : Eurostat
No entanto, contrariamente a uma ideia espalhada, não se trata aqui de uma vaga nova e ingerível. Em 1992, quando a União era composta por apenas 15 dos 28 estados atuais ela albergou ainda mais: 672 000 para um total de 380 milhões de habitantes. Existe, pois, uma margem considerável antes que os migrantes desestabilizem a economia europeia e os seus 508 milhões de habitantes atuais.
Em mais de dois terços estes migrantes são homens. Segundo as suas declarações, mais da metade de entre eles têm entre 18 e 34 anos. Em geral, não se trata portanto de famílias.
Contrariamente à ideia atualmente martelada pelos média(mídia-br), apenas menos de um terço são refugiados, fugindo de zonas de guerra: 20% são Sírios, 7% Afegãos e 3% Iraquianos.
Os outros dois terços não vêem de países em guerra e são sobretudo migrantes econômicos.
Por outras palavras, o fenômeno das migrações só marginalmente está ligado ás «Primaveras Árabes» e ás guerras. Os pobres deixam os seus países, e tentam a sua sorte nos países ricos, em virtude da ordem pós-colonial e da globalização. Este fenômeno, depois de ter regredido de 1992-2006, recomeçou e amplifica-se progressivamente. Representa atualmente apenas 0,12% anual da população da UE, ou seja – se fôr corretamente gerido— não apresenta nenhum perigo a curto prazo para a União.
O presidente da Federação da indústria alemã, Ulrich Grillo, pretende 800. 000 trabalhadores estrangeiros suplementares na Alemanha. Uma vez que os acordos europeus o interditam, e a opinião pública é hostil a isso , ele participa na encenação da «crise dos refugiados» afim de fazer evoluir a regulamentação.
Colocam os migrantes algum problema ?
Este fluxo de migrantes inquieta as populações europeias, mas é aplaudido pelo patronato alemão. Em dezembro de 2014, o «patrão dos patrões» alemães, Ulrich Grillo, declarou à DPA, mascarando hipocritamente os seus interesses por trás de bons sentimentos: «Nós somos desde há muito um país de imigração, e devemos continuar a ser». «Enquanto país próspero, e também por amor cristão ao próximo, o nosso país deverá permitir-se acolher mais refugiados». E, ainda mais : «Eu distancio-me, muito claramente, de neo-nazis e de racistas que se reúnem em Dresden e em outros lados». Mais a sério: «Devido à nossa evolução demográfica, nós garantimos o crescimento econômico e a prosperidade com a imigração» [1].
Este discurso retoma os mesmos argumentos que os do patronato francês dos anos 70. Mais ainda hoje que as populações europeias são relativamente instruídas e qualificadas, enquanto a grande maioria dos migrantes não o são e podem facilmente realizar certos tipos de trabalho. Progressivamente a chegada de uma mão de obra não-qualificada, aceitando condições de vida inferiores ás dos Europeus, suscitou tensões no mercado de trabalho. O patronato francês pressionou, então, para o reagrupamento familiar. A lei de 1976, a sua interpretação pelo Conselho de Estado em 1977 e a jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem desestabilizaram imenso a sociedade. O mesmo fenômeno é observável na Alemanha, após a adoção das mesmas disposições com a inscrição, em 2007, do reagrupamento familiar na lei sobre a imigração.
Contrariamente a uma ideia feita, os migrantes econômicos não colocam problema de identidade à Europa, fazem é falta nos seus países de origem. Mas, ao contrário, colocam um problema social na Alemanha, onde, devido à política inspirada, nomeadamente, por Ulrich Grillo, a classe operária é já vítima de uma exploração brutal.
Por todo o lado, aliás, não são os migrantes ecoômicos, mas, sim, o subsequente reagrupamento familiar que levanta problemas.
Quem fabrica a atual imagem da «crise de refugiados» ?
Desde o início do ano a passagem da Turquia para a Hungria que custava 10.000 dólares baixou para 2.000 dólares, por pessoa. É claro que alguns passadores são esclavagistas, mas muitos buscam, simplesmente, fornecer um serviço a pessoas em aflição. Seja como fôr, quem paga a diferença?
Além disso, se no início da guerra contra a Síria o Catar imprimia e distribuía aos jiadistas da al-Qaida falsos passaportes sírios, para que eles pudessem convencer os jornalistas atlantistas que eram «rebeldes» e não mercenários, passaportes sírios falsos são agora distribuídos por certos passadores a migrantes não-sírios. Os migrantes que os aceitam pensam, muito justamente, que estes documentos falsos facilitarão o seu acolhimento na União. Com efeito, tendo os Estados membros da União fechado as suas embaixadas na Síria – salvo a República Checa e a Roménia—, não lhes é mais possível verificar a autenticidade destes passaportes.
Há seis meses atrás, eu espantava-me com a cegueira dos dirigentes da União que não viam a vontade dos Estados Unidos em enfraquecer os seus países, e nomeadamente com uma «crise de refugiados» [2]. No mês passado, o magazine Info Direkt afirmou que, segundo os serviços de Inteligência austríacos, a passagem para a Europa de refugiados sírios era organizada pelos Estados Unidos [3]. Esta imputação ainda precisa ser verificada, mas constitui, desde logo, uma hipótese a levar a sério.
No entanto, todos estes acontecimentos, e estas manipulações, não teriam qualquer gravidade se os Estados membros da União colocassem um fim ao reagrupamento familiar. O único real problema não seria então a entrada dos migrantes, mas a sorte dos que morressem na passagem, ao atravessar o Mediterrâneo. Ou seja, a única realidade que não mobiliza nenhum dirigente europeu.
Que prepara a Otan ?
De momento a Otan, quer dizer o braço armado internacional dos Estados Unidos, não se mexeu. Mas, segundo as suas novas missões, a Aliança Atlântica reserva-se a possibilidade de intervir militarmente logo que surjam migrações importantes.
Sabendo nós, que apenas a Otan é conhecida por dispôr da capacidade de espalhar uma intoxicação de "atualidades" em todos os quotidianos dos seus Estados membros, é altamente provável que ela esteja por trás da campanha atual. Por outro lado, a assimilação de todos os migrantes à qualidade de refugiados fugindo de zonas de guerra, e a insistência sobre a suposta origem síria destes migrantes, leva a pensar que a Otan prepara uma ação pública ligada à guerra que ela secretamente conduz contra a Síria.
Thierry Meyssan
Tradução
Alva
A estratégia do caos
Manlio Dinucci
REDE VOLTAIRE | ROMA (ITÁLIA) | 17 DE NOVEMBRO DE 2015
Bandeiras a meio mastro nos países da Otan pelo "11 de setembro da França", enquanto o presidente Obama anuncia aos meios de comunicação : "Nós lhes forneceremos informações sérias sobre quem são os responsáveis". Sem que seja necessário esperar, já está claro. O enésimo massacre de inocentes foi provocado pela série de bombas de fragmentação geopolítica, que explodiram segundo uma estratégia precisa.
Esta foi aplicada desde que os Estados Unidos, depois de terem vencido a confrontação com a União Soviética, autonomearam-se "o único Estado com uma força, uma envergadura e uma influência em todas as dimensões – política, econômica, militar – realmente globais", propondo-se "impedir que qualquer potência hostil domine uma região – a Europa ocidental, a Ásia oriental, o território da ex-União Soviética e a Ásia sudoeste - onde os recursos seriam suficientes para gerar uma potência global". Com esse objetivo, os Estados Unidos reorientaram desde 1991 a sua própria estratégia e, em acordo com as potências europeias, a da Otan.
Desde então, foram fragmentados ou demolidos com a guerra (aberta ou encoberta), uns após outros, os Estados considerados como um obstáculo ao plano de dominação global - Iraque, Iugoslávia, Afeganistão, Líbia, Síria, Ucrânia etc. – enquanto que outros mais (incluindo o Irã) ainda estão na mira. Essas guerras, que esmagaram milhões de vítimas, desagregaram sociedades inteiras, criando uma massa enorme de desesperados, cuja frustração e rebelião conduzem, de uma parte, a uma resistência real, mas de outra são exploradas pela CIA e outros serviços secretos (inclusive franceses) para seduzir os combatentes a uma "jihad" de fato funcional à estratégia dos Estados Unidos e da Otan.
Assim se formou um exército sombrio, constituído por grupos islamitas (frequentemente concorrentes) utilizados para minar desde o interior o Estado líbio enquanto a Otan o atacava, depois por uma operação análoga na Síria e no Iraque. Disto nasceu o Isis (EI), no qual confluíram os "foreign fighters" (combatentes estrangeiros), entre os quais agentes de serviços secretos, que recebeu bilhões de dólares e de armas modernas da Arábia Saudita e de outras monarquias árabes, aliadas dos EUA e em particular da França. Esta estratégia não é nova: há mais de 35 anos, para derrubar a URSS na "armadilha afegã", foram recrutados por meio da CIA dezenas de milhares de mudjahedins de mais de 40 países. Entre esses o saudita rico Osama Bin Laden, chegado ao Afeganistão com quatro mil homens, o mesmo que iria em seguida fundar a Al Qaeda tornando-se o "inimigo número um" dos EUA. Washington não é o aprendiz de feiticeiro incapaz de controlar as forças postas em ação. Ele é o centro propulsor de uma estratégia que, demolindo Estados inteiros, provoca uma reação caótica em cadeia de divisões e conflitos a utilizar segundo o método de «dividir para reinar».
O ataque terrorista em Paris, cometido por uma mão de obra convencida de golpear o Ocident, aconteceu numa perfeita oportunidade no momento em que a Rússia, intervindo militarmente, bloqueou o plano dos EUA e da Otan de demolição do Estado sírio e anunciou contra-medidas militares à crescente expansão da Otan para o Leste. O ataque terrorista, criando na Europa um clima de estado de sítio, «justifica» um crescimento em poder militar acelerado dos países europeus da Otan, incluindo o aumento de suas despesas militares reclamadas pelos EUA, e abre o caminho a outras guerras sob o comando estadunidense.
A França que até o presente tinha conduzido "contra o Estado Islâmico na Síria apenas ataques esporádicos", escreve o New York Times, efetuou na noite de domingo "em represália, o ataque aéreo mais agressivo contra a cidade síria de Raqqa, atingindo alvos do EI indicados pelos Estados Unidos". Entre os quais, esclarecem funcionários estadunidenses, "algumas clínicas e um museu".
Manlio Dinucci
Tradução :José Reinaldo Carvalho
Editor do site Vermelho - Fonte :Il Manifesto (Itália)
Atentado em Paris - 4 min.
Le Monde: O Atentado em Paris - 3 min.
Fontes: Licença padrão do YouTube http://www.voltairenet.org/article188926.html