1. Sonata in F "for beginners", K547 (0:00) 2. Andante & Allegretto in C, K404 (17:10) 3. Andante in A & Fugue in A minor, K402 (20:27) 4. Sonata in C, K403 (27:21) 5. Adagio in C minor, K396 (39:42) 6. Allegro in B flat, K372 (43:30) 7. 12 Variations in G, K359 on "La Bergère Célimère" (51:10) 8. Sonata in C,46d (1:04:37) 9. Sonata in F, K46e (1:08:55) 10. Sonata in C, K6 (1:12:52) 11. Sonata in D, K7 (1:25:43) 12. Sonata in B flat, K8 (1:35:03) 13. Sonata in G, K9 (1:45:44) 14. Sonata in B flat, K10 (2:00:22) 15. Sonata in G, Ku (2:09:01) 16. Sonata in A, K12 (2:16:00) 17. Sonata in F, K13 (2:21:36) 18. Sonata in C, K14 (2:29:25) 19, Sonata in B flat, K15 (2:38:05) 20. Sonata in E flat, K26 (2:44:14) 21. Sonata in G, K27 (2:53:37) 22. Sonata in C, K28 (3:01:00) 23. Sonata in D, K29 (3:06:50) 24. Sonata in F, K30 (3:14:00) 25. Sonata in B flat, K31 (3:20:00) 26. Sonata in C, K296 (3:28:22) 27. Sonata in G, K301 (3:44:36) 28. Sonata in E flat, K302 (3:57:52) 29. Sonata in C, K303 (4:09:34) 30. Sonata in E minor, K304 (4:19:25)
As Séries Bíblica e Retirantes no MASP - Expressão - Espaço Húmus
A exposição Portinari - As Séries Bíblicas e Retirantes está em cartaz no
Masp, sem previsão de encerramento. Ela traz duas séries de Cândido
Torquato Portinari com alto teor de denúncia social, produzidas na
década de 40, mesmo período em que o pintor filiou-se ao Partido
Comunista Brasileiro (PCB) e concorreu duas vezes, deputado e senador,
sem se eleger. Quando caça aos comunistas começou a crescer no Brasil,
Portinari se mudou com a família para o Uruguai, país natal de sua
esposa.
As Séries Bíblicas que estão expostas foram produzidas a
partir de uma encomenda de Assis Chateubriand para decorar as paredes
da rádio Tupi de São Paulo. O tema religioso das obras possui influência
estética direta de Guernica, do pintor espanhol Pablo Picasso. Quando
Portinari estava pintando murais para a Biblioteca do Congresso em
Washington, visitou o MoMA (Museum of Modern Art) em Nova Iorque, onde
foi atingido pela obra do mestre espanhol. A influência é comentada por
Teixeira Coelho, um dos curadores da exposição: "A marca de Guernica -
feita por Picasso em 1937 em reação à destruição daquela cidade basca
pela aviação alemã com a cumplicidade da própria ditadura espanhola - é
evidente e nunca foi negada por Portinari".
Parte da Série Retirantes, que também estão na mostra, possui influência dos pintores
muralistas mexicanos, cujas obras tinham grande engajamento social. Em
Portinari esse engajamento reflete o povo brasileiro, em especial os
migrantes, pintando a fome e miséria dessas vidas.
A exposição teve sua primeira montagem três anos atrás e por uma demanda do público
foi montada novamente. As obras, produzidas a partir de um contexto
histórico da década de 40, continuam a dialogar com o contexto atual,
nos propondo reflexão sobre as transformações que ocorreram, ou não, ao
longo desses anos.
Daniel Paul Tammet (nascido Daniel Paul Corney, Londres, 31 de Janeiro de 1979) é um savantista britânico (autista-prodígioaltamente-funcional) que possui uma grande facilidade com matemática e aprendizado de línguas. É o primeiro filho de uma família com 9 crianças, cujos pais são operários em Londres.1 Em sua memória, Born on a Blue Day, ele fala sobre como o fato de ter epilepsia, sinestesia e savantismo afetou profundamente sua infância.
Biografia
A síndrome do sábio2 confere a Daniel Tammet capacidades especiais na memorização de números e grande facilidade na aprendizagem de línguas. Ele foi capaz de dizer 22.514 dígitos de Pi e de aprender a falar islandês em uma semana. Atualmente fala onze línguas diferentes, além de ter criado seu próprio idioma, o Mänti.
Daniel Tammet ganhou a mídia ao quebrar o recorde europeu de memorização e recitação de pi, nas comemorações do dia do pi do Museu de História da Ciência de Oxford, em 14 de março de 2004.3
Daniel recitou os 22.514 dígitos corretamente em cinco horas, nove
minutos e 24 segundos. Os fundos arrecadados neste dia foram doados a
instituições que tratam de pessoas com epilepsia, mal que acometeu
Tammet na infância.
O que torna Tammet único entre os portadores de savantismo é que ele
consegue explicar para os cientistas o que se passa em sua mente.4 Ele diz que em sua mente cada número inteiro
até 10.000 possui uma forma, textura e cor únicas, e utiliza essa
capacidade para realizar cálculos matemáticos. Daniel desenhou como ele
vê os primeiros vinte dígitos de pi para o programa 60 minutes. Uma prévia pode ser encontrada na seção de artes de seu site oficial.
Segundo o próprio Daniel afirmou no Late Show with David Latterman de 27 de abril de 2005, alguns cientistas estão estudando seus processos mentais para tentar repeti-los em indivíduos "normais".
Em 2005, foi rodado o documentário Brainman: The boy with incredible brain
(algo como: "Homem-cérebro: o garoto com um cérebro inacreditável"), a
respeito da vida e das habilidades de Daniel Tammet (um trocadilho com o
título de Rain Man, filme que popularizou a figura do idiota-prodígio).5
Escreveu os livros "Born on a Blue Day" (Nascido num dia azul, cor que representa, para ele, as quartas-feiras, dia da semana em que nasceu)ISBN 978-972-8929-72-5 e "Embracing the wide sky: A tour accross the horizons of mind" (Abraçando o imenso céu: Uma viagem através dos horizontes da mente, ainda sem edição em português), em que analisa suas habilidades à luz de estudos científicos.6ISBN 978-141-6570-13-4
Atualmente, ensina idiomas segundo seu próprio método, pelo site Optimnem.
Savantismo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A síndrome do sábio,1síndrome do idiota-prodígio23 ou savantismo (do francês savant,
"sábio") é considerado um distúrbio psíquico com o qual a pessoa possui
uma grande habilidade intelectual aliada a um déficit de inteligência.
Tais habilidades são sempre ligadas a uma memória extraordinária, porém
com pouca compreensão do que está sendo descrito.4
Caracterização
Encontrada em mais ou menos uma em cada 10 pessoas com autismo
e em, aproximadamente, uma em cada 2 mil com danos cerebrais ou
retardamento mental, a síndrome do sábio é citada na literatura
científica desde 1789, quando Benjamim Rush, o pai da psiquiatria americana, descreveu a incrível habilidade de calcular de Thomas Fuller, que de matemática sabia pouco mais do que contar. Em 1887, no entanto, John Langdon Down, mais conhecido por ter identificado a síndrome de Down,
descreveu 10 pessoas com a síndrome do sábio, com as quais manteve
contato ao longo de 30 anos – como superintendente do Earlswood Asylum
(Londres). Langdon usou o termo idiot savant (idiota-prodígio), para identificar a síndrome, aceito na época em que um idiota era alguém com QI inferior a 25.4
Atualmente, graças aos cerca de cem casos descritos na literatura
científica, sabe-se muito mais sobre esse conjunto de habilidades -
condição rara caracterizada pela existência de grande talento ou
habilidade, contrastando fortemente com limitações que, geralmente,
ocorrem em pessoas com QIs entre 40 e 70 – embora possa ser encontrado
em outras com QIs de até 114.4
Há ainda muito a ser esclarecido sobre a síndrome do sábio. Os
avanços das técnicas de imageamento cerebral, entretanto, vêm permitindo
uma visão mais detalhada da condição, embora nenhuma teoria possa
descrever exatamente como e por que ocorre a genialidade no savantista.4
Mais de um século, desde a descrição original de Down, especialistas vêm acumulando experimentos. Estudos realizados por Bernard Rimland, do Autism Research Institute (Instituto de Pesquisa do Autismo), em San Diego, Califórnia,
vêm corroborar a tese de que algum dano no hemisfério esquerdo do
cérebro faz com que o direito compense a perda. Rimland possui o maior
banco de dados sobre autistas do mundo, com informações sobre 34 mil
indivíduos. Ele observa que as habilidades presentes em
autistas-prodígio são mais freqüentemente associadas às funções do
hemisfério direito (incluem música, arte, matemática, formas de
cálculos, entre outras aptidões), e as habilidades mais deficientes são
as relacionadas com as funções do hemisfério esquerdo (incluem linguagem
e a especialização da fala).4
A síndrome do sábio afeta o sexo masculino com frequência quatro a
seis vezes maior e pode ser congênita ou adquirida após uma doença (como
a encefalite) ou algum dano cerebral.
Casos mais conhecidos
Abaixo uma relação de algumas pessoas com a síndrome do sábio:
Leslie Lemke – Aos 14 anos tocou, com perfeição, o Concerto nº 1 para piano de Tchaikovsky,
depois de ouvi-lo pela primeira vez enquanto escutava um filme de
televisão. Lemke jamais tinha tido aula de piano, é cego, mentalmente
incapacitado e tem paralisia cerebral.4
Richard Wawro (Escócia)
é reconhecido internacionalmente por seus trabalhos artísticos. Um
professor de arte (Londres), quando Wawro era ainda criança, descreveu-o
como incrível fenômeno, com a precisão de um mecânico e a visão de um poeta. Wawro é autista.4
Kim Peek memorizou mais de 12.000 livros. Descreveu os números de rodovias que vão para qualquer cidade, vilarejo ou condado dos EUA,
códigos DDD, CEPs, estações de TV e as redes telefônicas que os servem.
Identificava o dia da semana de uma determinada data em segundos. Era
mentalmente incapacitado e dependia de seu pai para suas necessidades
básicas. Peek serviu de inspiração para o personagem Raymond Babbit, que
Dustin Hoffman representou em 1988 no filme Rain man. Faleceu, aos 58 anos, no dia 19/12/2009 de infarto nos EUA.4
Alonzo Clemons pode criar réplicas de cera perfeitas de
qualquer animal, não importa quão brevemente o veja. Suas estátuas de
bronze são vendidas por uma galeria em Aspen, Colorado, e lhe deram
reputação nacional. Clemons é mentalmente incapacitado.4
Daniel Tammet tem a capacidade de dizer os "primeiros" 22.514 dígitos de PI e aprender línguas rapidamente (fala 11 línguas).
DanielTammet.net
Livros - Pensandoem Números - Abraçando ovasto céu - Nascidoem um dia azul
Biografia
DanielTammetFRSAnasceu emum subúrbioda classe trabalhadorade Londres, Inglaterra, em 31 dejaneiro de 1979,o mais velho denove filhos.Sua mãehavia trabalhado comoassistente de secretariado; seu pai era empregadoem uma fábrica dechapas de metal. Ambos se tornarampaisem tempo integral.
Apesarda primeira infânciacrises epilépticas ecomportamento atípico, Tammetrecebeu uma educaçãopadrãoem escolas locais. Seuaprendizadofoi enriquecidopor uma paixãoprecocepara a leitura.Eleganhou o prêmio'Leitor Ansioso' da cidade, com a idade de onze anos.Na escolasecundária, ele foiduas vezesnomeadoStudentof the Year.Elematriculouem 1995e completou seus estudosde nível avançado(em francês, alemão e História)dois anos depois.
Em 1998Tammetpegouum voluntárioInglêscargo de professoremKaunas, na Lituânia, de retornar a Londresno ano seguinte.Em 2002, elelançou a empresaaprendizagem de línguason-lineOptimnem. Foi nomeadomembro da'National Grid for Learning"do Reino Unido em 2006.
Em 2004,Tammetfoi finalmente capaz decolocar um nome paraa suadiferençaquando ele foi diagnosticadocom a síndrome desavantautistade alto funcionamentopelo professorSimonBaron-Cohen, no Centro de Pesquisa de Autismoda Universidade deCambridge.
No mesmo ano,em 14 de março, Tammetchamou a atenção dopúblico quandoele recitouaconstante matemática pi(3,141 ...) da memória para22.514casas decimaisem 5 horas, 9 minutos, sem erro.A recitação, no Museu deHistória da CiênciaemOxford,estabeleceu um novo recordeeuropeu.
Tammetcomeçou a escreverem 2005seu primeiro livro, Nascidoem um dia azul, com o subtítulo 'A Memoir deAspergereuma MenteExtraordinária,foi publicadono Reino Unidoem 2006e tornou-seum best-sellerSunday Times. Aedição norte-americana, publicadaem 2007, passou oito semanasna listade bestsellers do NewYork Times.Em 2008, aAmerican Library Associationnomeouum "Melhor Livro para Jovens Adultos". Ele tambémfoia escolha de um'Booklist Editores. Ela já vendeumais de 500.000 cópiasem todo o mundo, efoi traduzido para maisde 20 idiomas.
Em 2009,TammetpublicadoAbraçandoWideSky, uma pesquisa pessoalda neurociênciaatual.A edição francesa(co-traduzido pelo próprioTammet) se tornou um doslivros mais vendidosdo anode não-ficçãodo país.Ele tambémapareceu nalista dos mais vendidosno Reino Unido, Canadá e Alemanha, efoi traduzido paravárias línguas.
Pensandoem números, a primeira coleção deensaios deTammet, é publicadoem agosto de 2012.
Em 2008Tammetemigroupara a França.Ele vive emParis.
Ele foi eleitomembro daRoyal Societyof Arts (FRSA) em 2012.
Daniel Tammet tem sinestesia linguística, numérica e visual
— o que
significa que a sua percepção das palavras, números e cores está
entrelaçada em uma nova forma de apreender e compreender o mundo. O
autor de "Nascido num Dia Azul",
Tammet partilha sua arte e sua paixão
por línguas neste vislumbre da sua mente maravilhosa.
"Pensando Números"
Resumo do editor (UK)
Este é o livro que Daniel Tammet, autor best-seller e savant matemático, nasceu para escrever. No mundo de Tammet, os números são lindas e matemática ilumina nossas vidas e mentes.
Usando histórias e exemplos do cotidiano, Tammet nos permite
compartilhar seus insights únicos e deliciar-se com a forma como os
números, frações e equações nortear todas as nossas vidas.
Inspirado pela complexidade dos flocos de neve, sexto dedo de Ana
Bolena ou comportamento imprevisível de sua mãe, Tammet explora questões
como por que o tempo parece acelerar à medida que envelhecemos, se é
que existe tal coisa como uma pessoa comum e como podemos dar sentido a
esses nós amamos.
Pensando em Números vai mudar a maneira de pensar sobre matemática e
disparar a sua imaginação para ver o mundo com outros olhos.
Daniel Tammet: uma mente privilegiada
Daniel
é capaz de fazer difíceis cálculos matemáticos como divisões com 32
números, superando um computador, recitar mais de 22.000 dígitos do
número Pi. Estas e outras habilidades foram desenvolvidas após Daniel
sofrer um ataque epiléptico aos 3 anos.
O rapaz
não só é bom com os números. Fala 11 línguas: inglês, francês,
finlandês, alemão, espanhol, lituano, romeno, estônio, islandês, galês e
esperanto.
Está capacitado para aprender novas línguas
de uma maneira surpreendentemente rápida. Para demonstrá-lo, como motivo
de um documentário de um canal britânico, foi desafiado a aprender
islandês numa semana. Sete dias depois, apareceu na televisão islandesa
conversando com fluência neste idioma, com seu instrutor comentando ao
fundo:
- "Este rapaz não parece humano, parece um ET, é um gênio!"
- "Vejo coisas com a mente, como clarões ou lmapejos. Mas até o ultimo momento não sei exatamente o que significam..."
No
Youtube você pode ver um documentário que explica as proezas
intelectuais de Daniel Tammet, um gênio capaz de realizar cálculos
mentais à velocidade do relâmpago. Está em espanhol, mas não deve ser empecilho para o entendimento:
- Por Dentro da Mente de um Autista Extraordinário - Daniel Tammet
Sinopse -
Essa é a história de Daniel Tammet: autista, gênio da matemática, recordista na aprendizagem de idiomas estrangeiros e uma das chaves para entendermos o funcionamento do cérebro humano.
Esse livro de memórias, que revela a maneira de pensar de um autista fenomenal, conquistou o 2º lugar na lista de mais vendidos do The New York Times. Daniel Tammet é considerado por cientistas uma das chaves para compreender o funcionamento da mente. Gênio da matemática, campeão de xadrez e recordista na aprendizagem de idiomas, esse inglês de 27 anos é capaz de aprender línguas estrangeiras em uma semana, ou de memorizar e recitar 22.514 casas decimais do número pi diante de uma platéia de acadêmicos, em Oxford.
Mas em Nascido em um dia azul o autor relembra sua confusa e dolorosa infância, quando se sentia isolado e limitado pela incapacidade social que marca pessoas como ele ? um portador da síndrome de savant e da síndrome de Asperger. Crianças com esses distúrbios têm dificuldades de relacionamento, de compreender frases ou piadas de duplo sentido, de captar nuances emocionais do comportamento humano, ou de dirigir automóveis.
Apesar dessas limitações, ele se tornou professor de línguas estrangeiras, é atração de programas de televisão e de universidades com suas habilidades singulares para fazer cálculos com velocidade, graças à forma especial como consegue lidar com números. Assim como o personagem de Dustin Hoffman no filme Rain Man, Daniel dá lições de superação, engajamento social e afetivo, raras para um jovem nas suas condições.
Acredita-se que seu desenvolvimento tenha sido facilitado pelo estímulo recebido no relacionamento com seus oito irmãos e com pais amorosos e tranquilizadores. O fato é que o fenômeno do cérebro de Daniel é hoje pesquisado pelo neurocientista V.S. Ramachandran, diretor do Centro do Cérebro, na Universidade da Califórnia. Sua vida, narrada neste relato pleno de poesia e entusiasmo, se tornou tema do documentário The Boy with the Incredible Brain, destaque na televisão britânica.
Nascido Em Um Dia Azul - Por Dentro da Mente de um Autista Extraordinário - Daniel Tammet
As mentes mais extraordinárias da Terra pertencem a pessoas que
mal conseguem falar ou calçar os próprios sapatos. Conheça os savants -
e o que eles podem nos ensinar sobre os limites da inteligência humana
por
Texto Reinaldo José Lopes
Kim Peek lê um livro de 300 páginas em 40 minutos. Uma página
com cada olho. Esse americano de 57 anos já leu 9 mil livros, o que dá
mais ou menos um a cada dois dias desde a infância. E com uma diferença
em relação a você: ele não esquece nada do que leu. Kim sabe de cor a
história de todos os países, seus presidentes, quando eles nasceram,
quem foram as esposas deles... Recita qualquer trecho da Bíblia, do
Alcorão ou da estrutura de um ônibus espacial.
E tudo isso é pouco perto do que o britânico Daniel Tammet faz. Ele
simplesmente inventou uma matemática particular. Pergunte para Daniel
quanto é, digamos, 27 elevado à 5ª potência. Ele vai responder rapidinho
que isso dá 10 460 353 203. Só que sem ter feito uma conta nem
decorado nada. Os resultados surgem por mágica na cabeça desse inglês
tímido de 29 anos. E ele não é incrível só com números. A rede americana
de TV PBS o desafiou a aprender islandês, uma língua que até quem
nasceu na Islândia acha complicada, em uma semana. Sete dias depois,
Daniel estava num talk show em Reykjavik contando que o idioma deles era
“mjög fallegur” (“muito bonito”) – era a 11a das línguas que ele
aprendia a falar fluentemente.
Daniel e Kim, diga-se, têm outra coisa em comum além desses
superpoderes: os dois são deficientes mentais, diagnosticados como
autistas. Kim mal consegue falar, não sabe abotoar a camisa e, quando
criança, lhe recomendaram internação para o resto da vida. Daniel é mais
comunicativo, um rapaz bem simpático até, mas se sente perturbado
quando anda em ruas movimentadas e é tão desligado que não consegue
pegar um ônibus sem se perder. E eles não são únicos. Isso de combinar
algum problema mental com brilhantismo, ou até genialidade, em certas
áreas, é conhecido como síndrome de savant (“sábio”, em francês), uma
condição raríssima que desafia as idéias sobre como a mente funciona.
Afinal, ninguém deveria ser capaz de decorar com precisão a
quantidade de informações que os savants (vamos chamá-los assim, daqui
para a frente) conseguem acessar sem o menor esforço em seus “discos
rígidos” cerebrais. Também não parece fazer sentido a maneira como
muitos deles lidam com a matemática: fazer contas gigantes é, para eles,
uma atividade não consciente, como andar de bicicleta. E se pessoas com
inteligência e habilidades sociais normais aprendessem como fazer isso?
Será que todo mundo tem um “savant adormecido” dentro do próprio
cérebro? É o que veremos a seguir.
Idiotas sábios
A primeira descrição que temos do savantismo foi feita em 1887 por
John Langdon Down, psiquiatra britânico mais conhecido por ter feito
também o primeiro relato científico sobre a síndrome de Down. Uma das
principais experiências de Down com savants envolveu um paciente que
conseguia recitar de cabeça o livro O Declínio e Queda do Império
Romano, um catatau de 6 volumes. Down batizou os portadores do problema
de “idiotas savants” (calma, na época “idiota” era um termo técnico).
Alguma forma extraordinária de memorização parece estar por trás de
todos os casos de savantismo, mas é bom qualificar essa afirmação:
trata-se de uma memória diferente da que você usaria para decorar um
número de telefone, por exemplo. Parece envolver pouco pensamento
consciente e, muitas vezes, nem exige compreensão do que está sendo
decorado. Darold Treffert, psiquiatra da Universidade de Wisconsin em
Madison (EUA), relata o caso de dois gêmeos americanos com dano cerebral
congênito, George e Charles, que não conseguiam fazer contas de somar
simples, mas se divertiam gritando um para o outro números primos (os
que só são divisíveis por 1 e por eles mesmos) de 20 dígitos, da ordem
de quintilhões. Em comparação, a sua memória só consegue lidar com 7 ou 8
algarismos. É inconcebível fazer operações mentais conscientes com
números desse tamanho.
George e Charles, assim como Kim Peek e vários outros savants, também
eram calculadores de calendário. Se você disser a Peek em que dia do
mês e ano nasceu, ele responde imediatamente com o dia da semana em que
você veio ao mundo.
O preço que se paga para ser um savant é alto. Em geral, esses
indivíduos são 10% dos autistas, ou uma a cada 2 mil pessoas que
sofreram algum dano no cérebro ou nasceram com retardo mental. Uma
grande exceção é justamente Daniel Tammet, diagnosticado com síndrome de
Asperger, uma forma moderada de autismo – o portador tem boa capacidade
verbal, embora normalmente seja um desastre social.
Além de ser um savant, Tammet também tem sinestesia, uma forma rara
de percepção que faz o cérebro misturar sentidos – sons podem ter cores
associadas a eles, por exemplo. E isso torna a mente do rapaz ainda mais
fascinante. A sinestesia dele é numérica. Ele afirma que todos os
números de 0 a 10 mil possuem formas visuais específicas e até
personalidades, como se fossem indivíduos mesmo. “O 11 é amigável, o 5 é
barulhento e o 4 é meu número favorito, porque é quieto e tímido como
eu”, conta Tammet em sua autobiografia.
O britânico também reconhece todos os números primos até 9 973 porque
eles lhe parecem “redondos e lisos, como os seixos numa praia”. Ao
fazer multiplicações enormes, seu tipo favorito de contas, Tammet
visualiza as tais formas dos números que estão sendo multiplicados lado a
lado, separados por um espaço. Essa brecha entre os números tem
exatamente o formato do produto da multiplicação: basta ele preenchê-la
para que ele saiba, em poucos segundos, a resposta certa (veja aqui ao
lado).
O neurocientista Vilayanur Ramachandran, do Centro de Estudos do
Cérebro de San Diego, testou as formas numéricas de Tammet, pedindo que
ele as moldasse usando massinha de modelar e, no dia seguinte, que as
refizesse. O resultado foi consistente, ou seja, o rapaz associa sempre a
mesma forma ao mesmo número. O inesperado nas capacidades de Tammet é
que as pessoas normais tendem a pensar nos números como abstrações
puras, enquanto ele os transformou em objetos altamente concretos,
coisas tão fáceis de entender intuitivamente quanto um cachorro ou um
gato. Esse pode ser um segredo da inteligência savant, de acordo com
Darold Treffert. A memória que mais usamos para atividades intelectuais é
a consciente, que nos ajuda a lembrar se “espaço” se escreve com s ou
cê-cedilha. Mas há outro tipo importantíssimo de memória: a implícita –
aquela que nos permite trocar as marchas do carro sem pensar.
Você pode ser um savant
Ao que parece, os danos mentais que os savants têm os deixam sem
acesso a grande parte da memória consciente. Então seu cérebro
simplesmente transfere as funções dela para a implícita. E eles fazem
automaticamente coisas que temos de pensar (e muito) para fazer. É uma
capacidade não muito diferente de reconhecer um rosto. Nós nunca
precisamos de uma descrição verbal da cara de um amigo para determinar
que ele é o Paulo, e não o José: nosso cérebro simplesmente sabe. Para
Tammet, os números funcionam assim. E talvez você seja mais parecido com
ele do que imagina.
É o que pensa o neurologista Allan Snyder, da Universidade de Sydney.
Para ele, existe um Daniel Tammet dentro da sua cabeça. Esse “savant
interior”, segundo o autraliano, foi quem fez você aprender a falar. Se
você se mudar para a islândia e tiver um filho lá, terá uma criança
bilíngüe em casa. Ela vai aprender português em casa e islandês na
escola, e falar os dois idiomas. Você pode até aprender a língua local,
mas nunca terá a fluência do seu filho.
Essa habilidade mágica de “sugar” um idioma existe apenas na infância
porque a mente vai “calejando” com o tempo. Por exemplo: Qem lê um txto
scrito dste jto consegue entender a frase porque o cérebro criou
padrões para cada uma dessas palavras. Com os sons de um idioma estranho
é o contrário: sua mente está tão calejada com o português que decifrar
novas línguas de ouvido não é fácil. Já os savants não teriam esse
problema. Para Snyder, os danos físicos no cérebro deles impedem que
esses calos mentais apareçam. Daí a capacidade de aprender islandês em
uma semana.
E a coisa mais maluca aqui é que Snyder quer fazer com que esse
savant que um dia esteve na sua cabeça apareça de novo para dar um oi.
Como? Aplicando ímãs no crânio. A idéia é “desligar” temporariamente
partes da massa cinzenta a fim de simular os danos que os savants têm no
cérebro. E assim fazer com que você veja o mundo como se fosse um
deles. E não é que deu certo?
Snyder fez com que pessoas submetidas ao
experimento “virassem savants” por algum tempo, desenhando de forma mais
precisa ou encontrando com mais facilidade erros de digitação que o
cérebro das pessoas normais costuma ignorar. E o australiano vai mais
longe. Ele acredita que novas versões de experiências como essas
poderiam despertar a criatividade de gente comum. Afinal, por alguns
minutos, poderíamos absorver informações em estado bruto, sem o filtro
dos padrões mentais. Aí seria possível usar isso para desafiar idéias
preconcebidas e inovar.
Como, aliás, inovaram dois savants famosos: Isaac Newton e Albert
Einstein. Não, não existe prova nenhuma de que eles portavam essa
condição. Mas alguns neurologistas acham que os dois apresentavam, sim,
pelo menos alguns sintomas da síndrome de Asperger – principalmente
inabilidade social e obsessões compulsivas. De fato, Newton mal abria a
boca e ficava imerso no trabalho a ponto de não comer. E Einstein, que
se comportava como um autista até os 7 anos, repetindo frases sem parar,
era tão desligado que certa vez não percebeu um terremoto enquanto
divagava. Talvez nunca saibamos se eles eram ou não versões moderadas de
Daniel Tammet. Mas Einstein pode ter deixado uma pista: “Uso sinais,
imagens mais ou menos claras, como ferramentas para pensar. Elas se
encaixam sozinhas, voluntariamente. Esse jogo de combinações me parece
mais essencial que construções lógicas com palavras”. Foi o que disse
certa vez o alemão.
Qualquer semelhança disso
com o que você leu nestas
páginas talvez não seja mera coincidência.
Cálculo savant
Daniel Tammet foi o primeiro savant que conseguiu descrever como sua
mente faz cálculos sobre-humanos sem fazer força. Veja como. (E nem
pense em tentar você mesmo!)
Pense em 3D
Ele imaginou formas para todos os números entre 0 10 mil. Cada um ganhou identidade própria.
Veja quem se encaixa
Para multiplicar, ele aproxima mentalmente os "números" e deduz como preencher o espaço entre eles.
Pronto!
Então Tammet lembra que forma tem o número que se encaixa melhor no espaço vago. E dá a resposta certa.