segunda-feira, 8 de setembro de 2014

UM CÉREBRO SOBREDOTADO : Danniel Tammet (Audio PT-PT)



Um Cérebro Sobredotado: Danniel Tammet (Audio PT-PT) 
Um Cérebro Sobredotado: Danniel Tammet
Audio: Português de Portugal
Documentário do canal Odisseia

Daniel Tammet

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Daniel Paul Tammet
Palestra de Daniel Tammet na Universidade de Reykjavík
Nascimento 31 de janeiro de 1979 (35 anos)
Londres, Inglaterra
 Reino Unido
Página oficial
www.optimnem.co.uk

Daniel Paul Tammet (nascido Daniel Paul Corney, Londres, 31 de Janeiro de 1979) é um savantista britânico (autista-prodígio altamente-funcional) que possui uma grande facilidade com matemática e aprendizado de línguas. É o primeiro filho de uma família com 9 crianças, cujos pais são operários em Londres.1 Em sua memória, Born on a Blue Day, ele fala sobre como o fato de ter epilepsia, sinestesia e savantismo afetou profundamente sua infância.

Biografia

A síndrome do sábio2 confere a Daniel Tammet capacidades especiais na memorização de números e grande facilidade na aprendizagem de línguas. Ele foi capaz de dizer 22.514 dígitos de Pi e de aprender a falar islandês em uma semana. Atualmente fala onze línguas diferentes, além de ter criado seu próprio idioma, o Mänti.

Daniel Tammet ganhou a mídia ao quebrar o recorde europeu de memorização e recitação de pi, nas comemorações do dia do pi do Museu de História da Ciência de Oxford, em 14 de março de 2004.3 Daniel recitou os 22.514 dígitos corretamente em cinco horas, nove minutos e 24 segundos. Os fundos arrecadados neste dia foram doados a instituições que tratam de pessoas com epilepsia, mal que acometeu Tammet na infância.

O que torna Tammet único entre os portadores de savantismo é que ele consegue explicar para os cientistas o que se passa em sua mente.4 Ele diz que em sua mente cada número inteiro até 10.000 possui uma forma, textura e cor únicas, e utiliza essa capacidade para realizar cálculos matemáticos. Daniel desenhou como ele vê os primeiros vinte dígitos de pi para o programa 60 minutes. Uma prévia pode ser encontrada na seção de artes de seu site oficial.

Segundo o próprio Daniel afirmou no Late Show with David Latterman de 27 de abril de 2005, alguns cientistas estão estudando seus processos mentais para tentar repeti-los em indivíduos "normais".

Em 2005, foi rodado o documentário Brainman: The boy with incredible brain (algo como: "Homem-cérebro: o garoto com um cérebro inacreditável"), a respeito da vida e das habilidades de Daniel Tammet (um trocadilho com o título de Rain Man, filme que popularizou a figura do idiota-prodígio).5

Escreveu os livros "Born on a Blue Day" (Nascido num dia azul, cor que representa, para ele, as quartas-feiras, dia da semana em que nasceu)ISBN 978-972-8929-72-5 e "Embracing the wide sky: A tour accross the horizons of mind" (Abraçando o imenso céu: Uma viagem através dos horizontes da mente, ainda sem edição em português), em que analisa suas habilidades à luz de estudos científicos.6 ISBN 978-141-6570-13-4

Atualmente, ensina idiomas segundo seu próprio método, pelo site Optimnem.

Savantismo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A síndrome do sábio,1 síndrome do idiota-prodígio2 3 ou savantismo (do francês savant, "sábio") é considerado um distúrbio psíquico com o qual a pessoa possui uma grande habilidade intelectual aliada a um déficit de inteligência. Tais habilidades são sempre ligadas a uma memória extraordinária, porém com pouca compreensão do que está sendo descrito.4

Caracterização

Encontrada em mais ou menos uma em cada 10 pessoas com autismo e em, aproximadamente, uma em cada 2 mil com danos cerebrais ou retardamento mental, a síndrome do sábio é citada na literatura científica desde 1789, quando Benjamim Rush, o pai da psiquiatria americana, descreveu a incrível habilidade de calcular de Thomas Fuller, que de matemática sabia pouco mais do que contar. Em 1887, no entanto, John Langdon Down, mais conhecido por ter identificado a síndrome de Down, descreveu 10 pessoas com a síndrome do sábio, com as quais manteve contato ao longo de 30 anos – como superintendente do Earlswood Asylum (Londres). Langdon usou o termo idiot savant (idiota-prodígio), para identificar a síndrome, aceito na época em que um idiota era alguém com QI inferior a 25.4

Atualmente, graças aos cerca de cem casos descritos na literatura científica, sabe-se muito mais sobre esse conjunto de habilidades - condição rara caracterizada pela existência de grande talento ou habilidade, contrastando fortemente com limitações que, geralmente, ocorrem em pessoas com QIs entre 40 e 70 – embora possa ser encontrado em outras com QIs de até 114.4

Há ainda muito a ser esclarecido sobre a síndrome do sábio. Os avanços das técnicas de imageamento cerebral, entretanto, vêm permitindo uma visão mais detalhada da condição, embora nenhuma teoria possa descrever exatamente como e por que ocorre a genialidade no savantista.4

Mais de um século, desde a descrição original de Down, especialistas vêm acumulando experimentos. Estudos realizados por Bernard Rimland, do Autism Research Institute (Instituto de Pesquisa do Autismo), em San Diego, Califórnia, vêm corroborar a tese de que algum dano no hemisfério esquerdo do cérebro faz com que o direito compense a perda. Rimland possui o maior banco de dados sobre autistas do mundo, com informações sobre 34 mil indivíduos. Ele observa que as habilidades presentes em autistas-prodígio são mais freqüentemente associadas às funções do hemisfério direito (incluem música, arte, matemática, formas de cálculos, entre outras aptidões), e as habilidades mais deficientes são as relacionadas com as funções do hemisfério esquerdo (incluem linguagem e a especialização da fala).4

A síndrome do sábio afeta o sexo masculino com frequência quatro a seis vezes maior e pode ser congênita ou adquirida após uma doença (como a encefalite) ou algum dano cerebral.

Casos mais conhecidos

Abaixo uma relação de algumas pessoas com a síndrome do sábio:
  • Leslie Lemke – Aos 14 anos tocou, com perfeição, o Concerto nº 1 para piano de Tchaikovsky, depois de ouvi-lo pela primeira vez enquanto escutava um filme de televisão. Lemke jamais tinha tido aula de piano, é cego, mentalmente incapacitado e tem paralisia cerebral.4
  • Richard Wawro (Escócia) é reconhecido internacionalmente por seus trabalhos artísticos. Um professor de arte (Londres), quando Wawro era ainda criança, descreveu-o como incrível fenômeno, com a precisão de um mecânico e a visão de um poeta. Wawro é autista.4
  • Kim Peek memorizou mais de 12.000 livros. Descreveu os números de rodovias que vão para qualquer cidade, vilarejo ou condado dos EUA, códigos DDD, CEPs, estações de TV e as redes telefônicas que os servem. Identificava o dia da semana de uma determinada data em segundos. Era mentalmente incapacitado e dependia de seu pai para suas necessidades básicas. Peek serviu de inspiração para o personagem Raymond Babbit, que Dustin Hoffman representou em 1988 no filme Rain man. Faleceu, aos 58 anos, no dia 19/12/2009 de infarto nos EUA.4
  • Alonzo Clemons pode criar réplicas de cera perfeitas de qualquer animal, não importa quão brevemente o veja. Suas estátuas de bronze são vendidas por uma galeria em Aspen, Colorado, e lhe deram reputação nacional. Clemons é mentalmente incapacitado.4
  • Daniel Tammet tem a capacidade de dizer os "primeiros" 22.514 dígitos de PI e aprender línguas rapidamente (fala 11 línguas).
DanielTammet.net

     Livros
        -
Pensando em Números
       -
  Abraçando o vasto céu
       - 
Nascido em um dia azul
   
Biografia

Daniel Tammet FRSA nasceu em um subúrbio da classe trabalhadora de Londres, Inglaterra, em 31 de janeiro de 1979, o mais velho de nove filhos. Sua mãe havia trabalhado como assistente de secretariado; seu pai era empregado em uma fábrica de chapas de metal. Ambos se tornaram pais em tempo integral.

Apesar da primeira infância crises epilépticas e comportamento atípico, Tammet recebeu uma educação padrão em escolas locais. Seu aprendizado foi enriquecido por uma paixão precoce para a leitura. Ele ganhou o prêmio 'Leitor Ansioso' da cidade, com a idade de onze anos. Na escola secundária, ele foi duas vezes nomeado Student of the Year. Ele matriculou em 1995 e completou seus estudos de nível avançado (em francês, alemão e História) dois anos depois.

Em 1998 Tammet pegou um voluntário Inglês cargo de professor em Kaunas, na Lituânia, de retornar a Londres no ano seguinte. Em 2002, ele lançou a empresa aprendizagem de línguas on-line Optimnem. Foi nomeado membro da 'National Grid for Learning "do Reino Unido em 2006.

Em 2004, Tammet foi finalmente capaz de colocar um nome para a sua diferença quando ele foi diagnosticado com a síndrome de savant autista de alto funcionamento pelo professor Simon Baron-Cohen, no Centro de Pesquisa de Autismo da Universidade de Cambridge.

No mesmo ano, em 14 de março, Tammet chamou a atenção do público quando ele recitou a constante matemática pi (3,141 ...) da memória para 22.514 casas decimais em 5 horas, 9 minutos, sem erro. A recitação, no Museu de História da Ciência em Oxford, estabeleceu um novo recorde europeu.

Tammet começou a escrever em 2005 seu primeiro livro, Nascido em um dia azul, com o subtítulo 'A Memoir de Asperger e uma Mente Extraordinária, foi publicado no Reino Unido em 2006 e tornou-se um best-seller Sunday Times. A edição norte-americana, publicada em 2007, passou oito semanas na lista de bestsellers do New York Times. Em 2008, a American Library Association nomeou um "Melhor Livro para Jovens Adultos". Ele também foi a escolha de um 'Booklist Editores. Ela já vendeu mais de 500.000 cópias em todo o mundo, e foi traduzido para mais de 20 idiomas.

Em 2009, Tammet publicado Abraçando Wide Sky, uma pesquisa pessoal da neurociência atual. A edição francesa (co-traduzido pelo próprio Tammet) se tornou um dos livros mais vendidos do ano de não-ficção do país. Ele também apareceu na lista dos mais vendidos no Reino Unido, Canadá e Alemanha, e foi traduzido para várias línguas.

Pensando em números, a primeira coleção de ensaios de Tammet, é publicado em agosto de 2012.

Em 2008 Tammet emigrou para a França. Ele vive em Paris.

Ele foi eleito membro da Royal Society of Arts (FRSA) em 2012.


Daniel Tammet tem sinestesia linguística, numérica e visual 
— o que significa que a sua percepção das palavras, números e cores está entrelaçada em uma nova forma de apreender e compreender o mundo. O autor de "Nascido num Dia Azul", 
Tammet partilha sua arte e sua paixão por línguas neste vislumbre da sua mente maravilhosa.

"Pensando Números"
Resumo do editor (UK)
Este é o livro que Daniel Tammet, autor best-seller e savant matemático, nasceu para escrever. No mundo de Tammet, os números são lindas e matemática ilumina nossas vidas e mentes. Usando histórias e exemplos do cotidiano, Tammet nos permite compartilhar seus insights únicos e deliciar-se com a forma como os números, frações e equações nortear todas as nossas vidas.
 
Inspirado pela complexidade dos flocos de neve, sexto dedo de Ana Bolena ou comportamento imprevisível de sua mãe, Tammet explora questões como por que o tempo parece acelerar à medida que envelhecemos, se é que existe tal coisa como uma pessoa comum e como podemos dar sentido a esses nós amamos.
 
Pensando em Números vai mudar a maneira de pensar sobre matemática e disparar a sua imaginação para ver o mundo com outros olhos.

Daniel Tammet: uma mente privilegiada

 

Daniel Tammet: uma mente privilegiada

Daniel é capaz de fazer difíceis cálculos matemáticos como divisões com 32 números, superando um computador, recitar mais de 22.000 dígitos do número Pi. Estas e outras habilidades foram desenvolvidas após Daniel sofrer um ataque epiléptico aos 3 anos.


O rapaz não só é bom com os números. Fala 11 línguas: inglês, francês, finlandês, alemão, espanhol, lituano, romeno, estônio, islandês, galês e esperanto.

Está capacitado para aprender novas línguas de uma maneira surpreendentemente rápida. Para demonstrá-lo, como motivo de um documentário de um canal britânico, foi desafiado a aprender islandês numa semana. Sete dias depois, apareceu na televisão islandesa conversando com fluência neste idioma, com seu instrutor comentando ao fundo:

- "Este rapaz não parece humano, parece um ET, é um gênio!"

- "Vejo coisas com a mente, como clarões ou lmapejos. Mas até o ultimo momento não sei exatamente o que significam..."

No Youtube você pode ver um documentário que explica as proezas intelectuais de Daniel Tammet, um gênio capaz de realizar cálculos mentais à velocidade do relâmpago. Está em espanhol, mas não deve ser empecilho para o entendimento:




 
THINKING IN NUMBERS by Daniel Tammet 

 
  
 Daniel Tammet - Lacture in Francais - 13min. 

 
 

Daniel Tammet - The Boy - maravilhoso - 48min.

 Nascido Em Um Dia Azul 
- Por Dentro da Mente de um Autista Extraordinário - Daniel Tammet

Sinopse -
Essa é a história de Daniel Tammet: autista, gênio da matemática, recordista na aprendizagem de idiomas estrangeiros e uma das chaves para entendermos o funcionamento do cérebro humano.

Esse livro de memórias, que revela a maneira de pensar de um autista fenomenal, conquistou o 2º lugar na lista de mais vendidos do The New York Times. Daniel Tammet é considerado por cientistas uma das chaves para compreender o funcionamento da mente. Gênio da matemática, campeão de xadrez e recordista na aprendizagem de idiomas, esse inglês de 27 anos é capaz de aprender línguas estrangeiras em uma semana, ou de memorizar e recitar 22.514 casas decimais do número pi diante de uma platéia de acadêmicos, em Oxford.

Mas em Nascido em um dia azul o autor relembra sua confusa e dolorosa infância, quando se sentia isolado e limitado pela incapacidade social que marca pessoas como ele ? um portador da síndrome de savant e da síndrome de Asperger. Crianças com esses distúrbios têm dificuldades de relacionamento, de compreender frases ou piadas de duplo sentido, de captar nuances emocionais do comportamento humano, ou de dirigir automóveis.

Apesar dessas limitações, ele se tornou professor de línguas estrangeiras, é atração de programas de televisão e de universidades com suas habilidades singulares para fazer cálculos com velocidade, graças à forma especial como consegue lidar com números. Assim como o personagem de Dustin Hoffman no filme Rain Man, Daniel dá lições de superação, engajamento social e afetivo, raras para um jovem nas suas condições.

Acredita-se que seu desenvolvimento tenha sido facilitado pelo estímulo recebido no relacionamento com seus oito irmãos e com pais amorosos e tranquilizadores. O fato é que o fenômeno do cérebro de Daniel é hoje pesquisado pelo neurocientista V.S. Ramachandran, diretor do Centro do Cérebro, na Universidade da Califórnia. Sua vida, narrada neste relato pleno de poesia e entusiasmo, se tornou tema do documentário The Boy with the Incredible Brain, destaque na televisão britânica.

Nascido Em Um Dia Azul - Por Dentro da Mente de um Autista Extraordinário - Daniel Tammet

 

Os maiores cérebros do mundo


As mentes mais extraordinárias da Terra pertencem a pessoas que mal conseguem falar ou calçar os próprios sapatos. Conheça os savants - e o que eles podem nos ensinar sobre os limites da inteligência humana


por 

Texto Reinaldo José Lopes

Kim Peek lê um livro de 300 páginas em 40 minutos. Uma página com cada olho. Esse americano de 57 anos já leu 9 mil livros, o que dá mais ou menos um a cada dois dias desde a infância. E com uma diferença em relação a você: ele não esquece nada do que leu. Kim sabe de cor a história de todos os países, seus presidentes, quando eles nasceram, quem foram as esposas deles... Recita qualquer trecho da Bíblia, do Alcorão ou da estrutura de um ônibus espacial.
E tudo isso é pouco perto do que o britânico Daniel Tammet faz. Ele simplesmente inventou uma matemática particular. Pergunte para Daniel quanto é, digamos, 27 elevado à 5ª potência. Ele vai responder rapidinho que isso dá 10 460 353 203. Só que sem ter feito uma conta nem decorado nada. Os resultados surgem por mágica na cabeça desse inglês tímido de 29 anos. E ele não é incrível só com números. A rede americana de TV PBS o desafiou a aprender islandês, uma língua que até quem nasceu na Islândia acha complicada, em uma semana. Sete dias depois, Daniel estava num talk show em Reykjavik contando que o idioma deles era “mjög fallegur” (“muito bonito”) – era a 11a das línguas que ele aprendia a falar fluentemente.
Daniel e Kim, diga-se, têm outra coisa em comum além desses superpoderes: os dois são deficientes mentais, diagnosticados como autistas. Kim mal consegue falar, não sabe abotoar a camisa e, quando criança, lhe recomendaram internação para o resto da vida. Daniel é mais comunicativo, um rapaz bem simpático até, mas se sente perturbado quando anda em ruas movimentadas e é tão desligado que não consegue pegar um ônibus sem se perder. E eles não são únicos. Isso de combinar algum problema mental com brilhantismo, ou até genialidade, em certas áreas, é conhecido como síndrome de savant (“sábio”, em francês), uma condição raríssima que desafia as idéias sobre como a mente funciona.
Afinal, ninguém deveria ser capaz de decorar com precisão a quantidade de informações que os savants (vamos chamá-los assim, daqui para a frente) conseguem acessar sem o menor esforço em seus “discos rígidos” cerebrais. Também não parece fazer sentido a maneira como muitos deles lidam com a matemática: fazer contas gigantes é, para eles, uma atividade não consciente, como andar de bicicleta. E se pessoas com inteligência e habilidades sociais normais aprendessem como fazer isso? Será que todo mundo tem um “savant adormecido” dentro do próprio cérebro? É o que veremos a seguir.
Idiotas sábios
A primeira descrição que temos do savantismo foi feita em 1887 por John Langdon Down, psiquiatra britânico mais conhecido por ter feito também o primeiro relato científico sobre a síndrome de Down. Uma das principais experiências de Down com savants envolveu um paciente que conseguia recitar de cabeça o livro O Declínio e Queda do Império Romano, um catatau de 6 volumes. Down batizou os portadores do problema de “idiotas savants” (calma, na época “idiota” era um termo técnico).
Alguma forma extraordinária de memorização parece estar por trás de todos os casos de savantismo, mas é bom qualificar essa afirmação: trata-se de uma memória diferente da que você usaria para decorar um número de telefone, por exemplo. Parece envolver pouco pensamento consciente e, muitas vezes, nem exige compreensão do que está sendo decorado. Darold Treffert, psiquiatra da Universidade de Wisconsin em Madison (EUA), relata o caso de dois gêmeos americanos com dano cerebral congênito, George e Charles, que não conseguiam fazer contas de somar simples, mas se divertiam gritando um para o outro números primos (os que só são divisíveis por 1 e por eles mesmos) de 20 dígitos, da ordem de quintilhões. Em comparação, a sua memória só consegue lidar com 7 ou 8 algarismos. É inconcebível fazer operações mentais conscientes com números desse tamanho.
George e Charles, assim como Kim Peek e vários outros savants, também eram calculadores de calendário. Se você disser a Peek em que dia do mês e ano nasceu, ele responde imediatamente com o dia da semana em que você veio ao mundo.

O preço que se paga para ser um savant é alto. Em geral, esses indivíduos são 10% dos autistas, ou uma a cada 2 mil pessoas que sofreram algum dano no cérebro ou nasceram com retardo mental. Uma grande exceção é justamente Daniel Tammet, diagnosticado com síndrome de Asperger, uma forma moderada de autismo – o portador tem boa capacidade verbal, embora normalmente seja um desastre social.

Além de ser um savant, Tammet também tem sinestesia, uma forma rara de percepção que faz o cérebro misturar sentidos – sons podem ter cores associadas a eles, por exemplo. E isso torna a mente do rapaz ainda mais fascinante. A sinestesia dele é numérica. Ele afirma que todos os números de 0 a 10 mil possuem formas visuais específicas e até personalidades, como se fossem indivíduos mesmo. “O 11 é amigável, o 5 é barulhento e o 4 é meu número favorito, porque é quieto e tímido como eu”, conta Tammet em sua autobiografia.

O britânico também reconhece todos os números primos até 9 973 porque eles lhe parecem “redondos e lisos, como os seixos numa praia”. Ao fazer multiplicações enormes, seu tipo favorito de contas, Tammet visualiza as tais formas dos números que estão sendo multiplicados lado a lado, separados por um espaço. Essa brecha entre os números tem exatamente o formato do produto da multiplicação: basta ele preenchê-la para que ele saiba, em poucos segundos, a resposta certa (veja aqui ao lado).

O neurocientista Vilayanur Ramachandran, do Centro de Estudos do Cérebro de San Diego, testou as formas numéricas de Tammet, pedindo que ele as moldasse usando massinha de modelar e, no dia seguinte, que as refizesse. O resultado foi consistente, ou seja, o rapaz associa sempre a mesma forma ao mesmo número. O inesperado nas capacidades de Tammet é que as pessoas normais tendem a pensar nos números como abstrações puras, enquanto ele os transformou em objetos altamente concretos, coisas tão fáceis de entender intuitivamente quanto um cachorro ou um gato. Esse pode ser um segredo da inteligência savant, de acordo com Darold Treffert. A memória que mais usamos para atividades intelectuais é a consciente, que nos ajuda a lembrar se “espaço” se escreve com s ou cê-cedilha. Mas há outro tipo importantíssimo de memória: a implícita – aquela que nos permite trocar as marchas do carro sem pensar.

Você pode ser um savant
Ao que parece, os danos mentais que os savants têm os deixam sem acesso a grande parte da memória consciente. Então seu cérebro simplesmente transfere as funções dela para a implícita. E eles fazem automaticamente coisas que temos de pensar (e muito) para fazer. É uma capacidade não muito diferente de reconhecer um rosto. Nós nunca precisamos de uma descrição verbal da cara de um amigo para determinar que ele é o Paulo, e não o José: nosso cérebro simplesmente sabe. Para Tammet, os números funcionam assim. E talvez você seja mais parecido com ele do que imagina.

É o que pensa o neurologista Allan Snyder, da Universidade de Sydney. Para ele, existe um Daniel Tammet dentro da sua cabeça. Esse “savant interior”, segundo o autraliano, foi quem fez você aprender a falar. Se você se mudar para a islândia e tiver um filho lá, terá uma criança bilíngüe em casa. Ela vai aprender português em casa e islandês na escola, e falar os dois idiomas. Você pode até aprender a língua local, mas nunca terá a fluência do seu filho.

Essa habilidade mágica de “sugar” um idioma existe apenas na infância porque a mente vai “calejando” com o tempo. Por exemplo: Qem lê um txto scrito dste jto consegue entender a frase porque o cérebro criou padrões para cada uma dessas palavras. Com os sons de um idioma estranho é o contrário: sua mente está tão calejada com o português que decifrar novas línguas de ouvido não é fácil. Já os savants não teriam esse problema. Para Snyder, os danos físicos no cérebro deles impedem que esses calos mentais apareçam. Daí a capacidade de aprender islandês em uma semana.

E a coisa mais maluca aqui é que Snyder quer fazer com que esse savant que um dia esteve na sua cabeça apareça de novo para dar um oi. Como? Aplicando ímãs no crânio. A idéia é “desligar” temporariamente partes da massa cinzenta a fim de simular os danos que os savants têm no cérebro. E assim fazer com que você veja o mundo como se fosse um deles. E não é que deu certo?

 Snyder fez com que pessoas submetidas ao experimento “virassem savants” por algum tempo, desenhando de forma mais precisa ou encontrando com mais facilidade erros de digitação que o cérebro das pessoas normais costuma ignorar. E o australiano vai mais longe. Ele acredita que novas versões de experiências como essas poderiam despertar a criatividade de gente comum. Afinal, por alguns minutos, poderíamos absorver informações em estado bruto, sem o filtro dos padrões mentais. Aí seria possível usar isso para desafiar idéias preconcebidas e inovar.

Como, aliás, inovaram dois savants famosos: Isaac Newton e Albert Einstein. Não, não existe prova nenhuma de que eles portavam essa condição. Mas alguns neurologistas acham que os dois apresentavam, sim, pelo menos alguns sintomas da síndrome de Asperger – principalmente inabilidade social e obsessões compulsivas. De fato, Newton mal abria a boca e ficava imerso no trabalho a ponto de não comer. E Einstein, que se comportava como um autista até os 7 anos, repetindo frases sem parar, era tão desligado que certa vez não percebeu um terremoto enquanto divagava. Talvez nunca saibamos se eles eram ou não versões moderadas de Daniel Tammet. Mas Einstein pode ter deixado uma pista: “Uso sinais, imagens mais ou menos claras, como ferramentas para pensar. Elas se encaixam sozinhas, voluntariamente. Esse jogo de combinações me parece mais essencial que construções lógicas com palavras”. Foi o que disse certa vez o alemão. 

Qualquer semelhança disso 
com o que você leu nestas páginas talvez não seja mera coincidência.

Cálculo savant

Daniel Tammet foi o primeiro savant que conseguiu descrever como sua mente faz cálculos sobre-humanos sem fazer força. Veja como. (E nem pense em tentar você mesmo!)
Pense em 3D
Ele imaginou formas para todos os números entre 0 10 mil. Cada um ganhou identidade própria.
Veja quem se encaixa
Para multiplicar, ele aproxima mentalmente os "números" e deduz como preencher o espaço entre eles.
Pronto!
Então Tammet lembra que forma tem o número que se encaixa melhor no espaço vago. E dá a resposta certa.

Para saber mais

Born on a Blue Day
Daniel Tammet, Free Press, 2007

 
Fontes:
NetHoler


Visualizado 84821 vezes desde 03 de novembro de 2008 às 10:54:59  
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Sejam felizes todos os seres.Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.
 

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