deve ter ganhos importantes na eleição parlamentar,
cristalizou em Israel o temor de se ver cercado
por vizinhos ainda mais hostis.
Colunistas, como Jonathan Halevi, do direitista
Jerusalem Post, alertam que todos os partidos religiosos do mundo muçulmano são
“braços da Irmandade Muçulmana” e dividem com ela uma “ideologia mundial”.
Na semana passada, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu (foto), fez discurso no parlamento dizendo que as vitórias de partidos religiosos mostraram que ele sempre esteve certo ao não apoiar as massas que foram para as ruas na Primavera Árabe. Essa postura, entretanto, é rechaçada pelos esquerdistas.
No
Haaretz, Zvi Bar’el critica o fato de o governo israelense generalizar todos movimentos e classificá-los simplesmente como “islã” e de não tentar
melhorar suas relações com as populações árabes.
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| Quando uma ameaça tem um nome coletivo,isso tira responsabilidade dos ombros de Israel pelas relações ruins com os países árabes e seus futuros regimes. (…) O estilo de vida dos cidadãos nos países árabes não interessa Israel. Nem a democracia árabe que pode surgir depois dos regimes religiosos. Israel prefere separar as conexões entre os cidadãos muçulmanos e a política externa de seus países. A paz, em sua versão israelense, é feita com líderes, preferivelmente os autocráticos, e não com as populações. |
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Em seu duro artigo contra a direita israelense (o colunista e o
Haaretz são de esquerda), Bar’el não propõe soluções sobre o que Israel deveria fazer, mas este buraco foi coberto pelo colunista Thomas Friedman, nesta quarta-feira, no jornal
The New York Times.
Ele critica a postura de Netanyahu de “
não fazer nada” e diz que Israel deveria apoiar o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Salam Fayyad, que vem realizando um bom trabalho na Cisjordânia. Ele é visto com bons olhos pelo ocidente, mas sofre resistência do islamista Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Para Friedman, Israel agir firmemente para
buscar a paz com os palestinos é fundamental.
Este é um momento muito delicado.
Ele exige uma liderança israelense inteligente
e de visão abrangente.
O despertar árabe
coincide com as últimas esperanças de uma solução
de dois Estados para israelenses e palestinos.
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| . Os direitistas israelenses ficarão tentados a não fazer nada, a insistir que o momento não é para assumir risco – e nunca será – então Israel deve ocupar a Cisjordânia e seus palestinos para sempre. |
Este pode ser o maior risco
de todos para Israel: acordar um dia e descobrir que,
em resposta ao bagunçado e turbulento despertar árabe,
o estado judeu sacrificou
seu próprio caráter democrático”.(*?)
O que os artigos de Bar’el e Friedman juntos querem dizer é que Israel deve trabalhar para tentar tornar menor o nível de ódio que existe contra o Estado judeu entre os árabes. Com a Primavera Árabe, este sentimento latente virá cada vez mais à tona, tornando inevitável que a condição política de Israel na região se deteriore. Assim, Israel deve se adiantar e tentar estreitar laços com as populações árabes, entre elas a palestina, para garantir a
formação de um Estado palestino e sua própria segurança a longo prazo.
Foto: Sebastian Scheiner / AP
José Antonio Lima