sábado, 11 de junho de 2011

O CONCEITO DE IMAGINAÇÃO CRIATIVA - Rubedo





ALGUMAS REFLEXÕES
PARA O ENTENDIMENTO
DOS PROCESSOS SUBJETIVOS.

Gelson Luis Roberto[1]

Marisa Campio Müller[2]


O mundo ocidental, através de seu raciocínio árido, tem desacreditado e desvalorizado a qualidade imaginativa da vida humana, deixando apenas a arte como o lugar da imaginação ou colocando no âmbito da fenômenos anormais (Avens, 1993). Talvez porque existem posições divergentes sobre a imaginação que favorecem a valorização de algumas sobre outras, gerando esse preconceito. Em Avens (1993) vamos encontrar várias dessas posições. Ele cita  o filósofo Kant que distinguiu dois tipos de imaginação: a reprodutiva e a produtiva (ou transcendental).

A imaginação reprodutiva pertence a tradição aristotélica. Aristóteles e Hume  estabelecem a imaginação como a reprodução de impressões causadas pelos sentidos e guardadas na memória. Ela seria a reorganização de situações e imagens que fomos recolhendo durante nossa vida e que  a memória guarda para podermos compor de diversas maneiras possíveis.

O seu funcionamento está sujeito à lei de associação e tem como objetivo solidificar, numa imagem, o caos de sensações, ordená-lo para que a mente possa contemplar. É uma simples serva da percepção, pois produz produz a partir dos sentidos que a memória reteve.

A segunda, imaginação produtiva, é entendida como um poder ativo espontâneo, um processo que se inicia por si mesmo, através de um poder sintético que combina os dados puramente sensoriais com apreensão puramente intelectual (categorias da razão). Ela é essencialmente vital, não somente é fonte da arte, mas o poder e o agente de toda a percepção humana. Uma maneira de estabelecer uma relação de profundidade com o mundo. Essa posição é defendida pelos Românticos ingleses e alemães (Goethe e Blake), pelos filósofos neokantianos (especialmente Cassirer) e pelos filósofos do imaginário (Bachelard, Gilbert Durand).

Assim a imaginação, além de sua função reprodutiva, oferece a possibilidade de enxergar o lado interior das coisas e de nos assegurar que há mais em nossa experiência do mundo do que costumamos reconhecer. É sair de uma visão literal da realidade e buscar uma capacidade de simbolização e figuratividade. Uma condição que não só torna possível o lado metafórico da linguagem, mas também da expressão vivida, uma visão noética que requer a manutenção da consciência cotidiana.

O homem não esta limitado à a recepção passiva e à retenção de dados dos sentidos, pois sua percepção e seus poderes da imaginação estendem-se além dos limites da natureza (Avens, 1993). É a habilidade de perceber uma coisa de pelo menos duas maneiras, simultaneamente.

Segundo Barfield (1977), todo homem tem algo de novo a dizer, algo a significar e a metáfora envolve a tensão entre dois significados ostensivamente compatíveis, refletindo uma tensão mais profunda dentro de nós mesmos.

Adotamos essa segunda visão de imaginação para estabelecer um processo que chamamos de imaginação criativa ou uma imaginação ativa como chamou Jung. Trata-se de certas condições coletivas inconscientes que atuam como reguladoras e estimuladoras da atividade criadora da fantasia, provocando expressões correspondentes no nível consciente através dos elementos existentes pelo mesmo (Jung, 1984).

Assim, utilizando-se de técnicas expressivas o inconsciente através de sua função auto-reguladora possibilita uma síntese dos conteúdos psíquicos, ao qual chamou de símbolo. Esses símbolos são a melhor expressão de algo desconhecido e possibilitam uma renovação da libido e soluções criativas para os conflitos vividos.

Encontramos na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung uma série de conceitos que oferecem uma visão abrangente onde a idéia totalidade, conectividade e individuação determinam uma concepção de mundo e de homem mais rica e complexa (Whitmont, 1989). Especialmente  através dos conceitos de arquétipos, de Self e de inconsciente coletivo podemos sistematizar os aspectos filosóficos da imaginação criadora numa linguagem adequada para a Saúde Mental e com condições de oferecer um Sistema Terapêutico correlato.

Junto a esses conceitos de ordem estética e psicológica, buscamos nos estudos semióticos o complemento para que se forme um todo onde a linguagem desse processo terapêutico possa ser entendida em suas total amplitude.

A semiótica (Greimas, 1993) é empregada para denominar um objeto de conhecimento em via de constituição ou já constituído, em outras palavras, estuda como o significado é construído na linguagem. Linguagem aqui entendida para além das línguas naturais orais e escritas, mas toda forma de expressão é linguagem para a semiótica. Há semiótica da cultura, do espaço, das paixões...

A expressão do corpo, uma fotografia, um filme, uma estátua, todos os elementos expressivos são considerados textos da qual a semiótica se ocupa para entender os processos possíveis de interpretação. Segundo Deely (1990), a semiose é um fenômeno psicologicamente encarnado.

Os seres humanos são essencialmente narrativos em oposição aos outros animais. Para ele, fala-se muito de estruturas formais e lógicas no contexto semiótico, no entanto, a transmissão essencial da cultura a crianças tem lugar primeiro sob o disfarce de história - isto é, narrativas. Deveríamos nos perguntar por que as crianças podem entender estórias muito antes de entender lógica.

Esses dados são importantes para o nosso trabalho, pois reforçam a condição mítica da nossa natureza e a capacidade do ser humano apreender as realidades existentes através de outras vias além da lógica intelectiva. Para Jung (1991), além do pensamento, existem mais três funções da consciência que servem de canal para a consciência relacionar-se com o mundo: intuição, sensação e sentimento.

Dessas quatro, duas são racionais (pensamento e sentimento) e duas são irracionais (sensação e intuição). Junto a essas funções, temos o símbolo como uma linguagem polifônica e polissêmica que abarca todos os níveis possíveis de comunicação da psique e nos remete a uma experiência total do sentido.

Podemos afirmar que a semiótica, antes de tudo, fornece não um método mas um ponto de vista.

O método consiste exatamente na implementação sistemática da algo sugerido por um ponto de vista. E quanto mais rico um ponto de vista, tanto mais diversos são os métodos necessários para a exploração das possibilidades de entendimento latentes neles. Assim, a semiótica depende da manutenção de um ponto de vista que é transdisciplinar.

Todo esse movimento de subjetivação a partir da imaginação criadora e a semiótica possibilita o desenvolvimento de um diálogo que permite compreender que o discurso e a comunicação não são instrumentos passivos, mas um meio vital, uma construção ativa dentro de um sistema complexo e flutuante. Diálogos subjetivos como dimensões operativas de construção de realidades internas.

Temos então, uma linguagem leve mas consistente, em constante movimento e caracterizada como agente de significação. Uma linguagem que é sutil, múltipla e possível de várias interpretações, ao mesmo tempo que dotada de espessura, concretude e substancialidade. Uma linguagem não-linear e conceitual, com corpo, sensações e profundidade. 

Precisamos dar condições para aqueles que buscam tratamento possam deixar-se expressar, falar de muitas formas e poder então capturar-se como alguém inteiro que sente, pensa e experimenta-se como indivíduo e não como aquele que repete decodificando aquilo que já está posto e pressuposto pela cultura médica e social. Possibilitar movimentos tanto de fora como internos para que a subjetividade possa enriquecer-se e poder estabelecer um diálogo criativo com sua realidade.

Quando Italo Calvino (1997) nos ofereceu seis proposta para o próximo milênio, apresentando uma declaração ética e poética do papel da literatura para a crise contemporânea, nos leva a pensar essas qualidades como qualidades também subjetivas do homem moderno. Elas são a leveza, rapidez, exatidão, visibilidade e multiplicidade.

Entendemos que essas qualidades sejam necessárias como um exercício de tomada de consciência para uma nova postura e política em Saúde Mental. Pois a linguagem imagética, através da imaginação criativa, oferece o background para o desenvolvimento dessas qualidades.

Apostamos num mundo criativo, restaurando os elementos singulares e abrindo para novas possibilidades existenciais. Segundo Virilio (1993), estamos na era da não-separabilidade, onde toda imagem está destinada à ampliação. Esta ampliação por sua vez também é uma imagem, ação interativa que expressa a condição conectiva da alma.


1 Psicólogo, analista junguiano,
membro da IAAP e mestrando em psicologia clínica pela PUCRS.
E-mail: glroberto@terra.com.br

2 Psicóloga, doutora em psicologia,professora e
pesquisadora no curso de pós-graduação em psicologia da PUCRS.
E-mail: mcampio@pucrs.br

Fonte:
Rubedo
 www.rubedo.psc.br | Artigos |
© Gelson Luis Roberto & Marisa Campio Müller
http://www.rubedo.psc.br/artigosb/conimacr.htm
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

ANÁLISE PSICOLÓGICA DA TRINDADE - C.G.Jung



INTERPRETAÇÃO PSICOLÓGICA DO DOGMA DA TRINDADE




 
IV -



1. A HIPÓTESE DO ARQUÉTIPO



222      A ordem em que se sucedem os Símbolos de fé ilustra o modo pelo qual a idéia da Trindade evoluiu no decurso dos séculos. Tal evolução evitou de forma coerente, ou combateu com êxito todos os desvios racionalistas, como p. ex. a plausível heresia ariana. Ela levantou em torno das alusões trinitárias originais, contidas na Sagrada Escritura, um arcabouço de idéias que constitui uma petra scandali [pedra de escândalo] para os racionalistas liberais. Mas as proposições "religiosas" nunca são racionais em sentido corrente, pois elas têm sempre em mira aquele outro mundo, o mundus archetypus [mundo arquetípico] de que a inteligência comum, que só se ocupa do exterior, não toma consciência. 

Assim, o desenvolvimento da idéia cristã da Trindade reconstituiu inconscientemente ad integrum [integralmente] o arquétipo da homoousia entre o Pai, o Filho e o Ka-mutef, que aparece pela primeira vez na teologia real egípcia. Não que a concepção egípcia fosse como que o arquétipo da idéia cristã. 

O arquétipo em si, como expliquei em outra parte1, não é um fator explícito, mas uma disposição interior que começa a agir a partir de um determinado momento da evolução do pensamento humano, organizando o material inconsciente em figuras bem determinadas2, ou, mais precisamente, reunindo e ordenando as representações divinas em tríades e trindades e um sem-número de usos rituais e mágicos em conjuntos ternários ou em grupos de três membros, como as fórmulas apotropaicas, as bênçãos, os louvores, etc. 

O arquétipo, onde quer que se manifeste, tem um caráter compulsivo, precisamente por proceder do inconsciente; quando seus efeitos se tornam conscientes, se caracteriza pelo aspecto numinoso. 

 É a este caráter numinoso compulsivo do arquétipo e à enorme dificuldade de enquadrá-lo no mundo da racionalidade humana que se deve a existência de todas as discussões vazias, sofisticações, disputas verbais, intrigas e violências, que empanam a face da história do dogma da Trindade; nunca porém são as sutilezas conscientes - muitas vezes responsabilizadas de eriçar a especulação trinitária. 

Embora os Imperadores, por razões políticas, se tivessem apropriado da disputa trinitária, pondo-a a serviço de seus próprios objetivos, esta faixa singular da história do pensamento não deve ser atribuída a fatores de ordem política, como também sua origem não pode ser atribuída a causas sociais e econômicas. 

O único fator que a explica é o aparecimento da "mensagem" cristã que revolucionou psicologicamente o homem ocidental. Segundo nos dizem os Evangelhos e, de modo particular, as cartas de Paulo, ela se verifica com o aparecimento real e verdadeiro do Homem-Deus na esfera cotidiana do homem, acompanhado de todos os sinais miraculosos dignos de um Filho de Deus. 

Por mais obscuro que pareça
o núcleo histórico deste fenômeno 
às exigências modernas de exatidão 
em relação aos fatos, não deixa também de ser 
verdadeiro que os efeitos psíquicos grandiosos 
que se prolongam através dos séculos
não surgiram sem uma causa real. 

Infelizmente, os relatos evangélicos que devem sua existência ao zelo missionário dos primeiros cristãos são uma fonte muito escassa, em termos de idéias, para os que tentam uma reconstituição histórica dos fatos; mas eles oferecem informações abundantes sobre as reações psicológicas do meio ambiente daquela época. 

Tais reações e as informações anexas prosseguem dentro da história do dogma, onde continuam sendo vistas como efeitos da ação do Espírito Santo. Este modo de interpretar, cujo valor metafísico escapa ao psicológico, é de máxima importância; com efeito, ele nos revela que havia uma opinião ou crença dominante, segundo as quais o verdadeiro agente que operava no processo de formação das idéias não era o intelecto humano, mas uma instância extraconsciente. Motivo algum de ordem filosófica deve levar-nos a ignorar este fato psicológico. 

Certos argumentos iluministas, como o de que "o Espírito Santo é uma hipótese indemonstrável", são desproporcionais aos resultados da Psicologia. 

(Mesmo uma ideia absurda é real,
apesar de seu conteúdo não ter sentido
na ordem dos fatos).

A Psicologia ocupa-se única e exclusivamente de fenômenos psíquicos. Estes podem ter o mero aspecto de aparições, que podem ser estudadas a partir de vários pontos de vista. Assim pois a afirmação de que o Espírito Santo é o inspirador do dogma significa que este não provém de uma sofisticação nem de meras especulações conscientes, mas é motivado por fontes extraconscientes e mesmo extra-humanas. 

Enunciados como estes e outros semelhantes ocorrem geralmente em acontecimentos de natureza arquetípica. Eles aparecem sempre associados ao sentimento de presença de algo numinoso. O sonho arquétipo, p. ex., pode fascinar o indivíduo a tal ponto, que ele se sente inclinado a tomá-lo como uma iluminação, uma advertência ou uma ajuda sobrenatural. Nos tempos atuais as pessoas em geral se acanham de revelar experiências desta natureza e com isto denunciam a existência de um medo sagrado diante do numinoso. Quaisquer que sejam as experiências com o numinoso, todas têm em comum a circunstância de assentar suas fontes num plano extraconsciente. 

A Psicologia utiliza aqui, como se sabe, o conceito de "inconsciente" e, de modo particular, de "inconsciente coletivo", em oposição ao de consciente individual. Quem rejeita o primeiro, e só admite o segundo, vê-se obrigado a dar explicações personalísticas. Mas as idéias coletivas e, de modo particular, as de caráter manifestamente arquetípico, nunca derivam de um fundo pessoal. Ao apelar para Engels, Mary, Lenin e outros, como seus pais, o Comunismo simplesmente não percebe que está reavivando uma ordem social arquetípica, que sempre existiu entre os primitivos. Assim se explica seu caráter "religioso" e "numinoso" (isto é, fanático). Os Padres da Igreja também não sabiam que sua Trindade tinha um passado velho, de um milênio.



223      É indiscutível que a doutrina trinitária corresponde originariamente a uma ordem social de tipo patriarcal. Mas não temos elementos para dizer se foram as condições sociais que provocaram a idéia ou se, inversamente, foi a idéia que revolucionou a ordem social. O fenômeno do Cristianismo primitivo e o aparecimento do Islão - para só darmos estes exemplos mostram-nos o poder das idéias. O leigo que não tem a possibilidade de observar de que maneira se comportam os complexos autônomos, em geral se inclina a atribuir, em consonância com a tendência mais comum, a origem dos conteúdos psíquicos ao mundo ambiente. 

Em relação aos conteúdos representativos da consciência, não resta dúvida de que esta expectativa é legitima. Mas, além destes conteúdos, também existem as reações de caráter irracional e afetivo, bem como os impulsos para uma organização (arquetípica) do material consciente. Neste caso, quanto mais claro se torna o arquétipo, mais fortemente se faz sentir o seu "fascinosum" e sua respectiva formulação como algo "demoníaco" (no sentido de ser sobrenatural), ou como "divino". Tal afirmação significa que se é dominado pelo arquétipo. As representações que estão na base desta afirmação são, por sua própria natureza, antropomórficas e por isto mesmo se diferenciam do arquétipo ordenador que, em si mesmo, não é evidente, pelo fato de ser inconsciente.3 Tais representações mostram-nos, porém, que um arquétipo se tornou ativo.4



224      A história do dogma trinitário representa, portanto, a manifestação gradativa de um arquétipo, que organizou as representações antropomórficas de Pai, Filho, Vida, Pessoas distintas, numa figura arquetípica numinosa, ou seja, a "Santíssima Trindade". Ela é vista, pelos contemporâneos, sob aquele aspecto que a Psicologia designa pelo nome de presença psíquica extraconsciente. Se existe, como aconteceu e acontece aqui, um consensus generalis a respeito de uma idéia, então é licito falar de uma presença coletiva. Semelhantes presenças são, p. ex., em nossos dias, as ideologias fascista ou comunista, a primeira acentuando a posição de mando do chefe e a segunda, a comunhão de bens da sociedade primitiva.



225      O conceito de "santidade" indica que uma determinada coisa ou idéia possui valor supremo, cuja presença leva o homem, por assim dizer, ao mutismo. A santidade é reveladora; é a força iluminante que dimana da forma arquetípica. O homem nunca se sente como sujeito, mas sempre como objeto de tal acontecimento.5 Não é ele quem percebe a santidade; é esta que se apodera dele e o domina; não é ele quem percebe sua revelação; é esta que se comunica a ele, sem que ele possa vangloriar-se de a ter compreendido adequadamente. Tudo parece realizar-se à margem da vontade do homem; trata-se de conteúdos do inconsciente, e mais do que isto a Ciência não pode constatar, pois em relação a uma fé ela não pode ultrapassar os limites correspondentes à sua natureza. 

1 Cf. minha exposição a respeito em: Theoretische Überlegungen zum Wesen des Psychischen.

2 Já me perguntaram muitas vezes donde procede o arquétipo. E: um dado adquirido ou não? É-nos impossível responder diretamente a esta pergunta. Como diz a própria definição, os arquétipos são fatores e temas que agruparam os elementos psíquicos em determinadas imagens (que denominamos arquetípicas), mas de um modo que só pode ser conhecido pelos seus efeitos. Os arquétipos são anteriores à consciência e, provavelmente, são eles que formam as dominantes estruturais da psique em geral, assemelhando-se ao sistema axial dos cristais que existe em potência na água-mãe, mas não é diretamente perceptível pela observação. 

Como condições a priori, os arquétipos representam o caso psíquico especial do "pattern of behaviour" [esquema de comportamento], familiar aos biólogos e que confere a cada ser vivente a sua natureza específica. 

Assim como as manifestações deste plano biológico fundamental podem variar no decurso da evolução, o mesmo ocorre com as manifestações dos arquétipos. Do ponto de vista empírico, contudo, o arquétipo Jamais se forma no Interior da vida orgânica em geral. Ele aparece ao mesmo tempo que a vida.

3 A este respeito, veja-se minha exposição em: Theoretische Überlegungen zum Wesen des Psychischen.

4 É muitíssimo provável que a ativação de um arquétipo se deva a uma mudança nas disposições da consciência, que requer uma nova forma de compensação.

5 Köpgen faz uma observação muito pertinente em: Die Gnosis des Christeniums, 1939, p. 198: "Se existe algo semelhante à história do espirito ocidental. deverá situar-se sob o seguinte ponto de vista: foi sob o influxo do dogma da Trindade que despertou a personalidade do homem ocidental".


Fonte:

EDITORA VOZES. PETRÓPOLIS, 1979
www.scribd.com/.../Carl-Gustav-Jung-Interpretacao-
Psicologica-Do-Dogma-Da-Trindade-Vol-XI2-Doc -
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

SOBRE O ESPÍRITO SANTO




Vitral: Representação do Espírito Santo - Vaticano
 
1. - Diz-se que o Espírito Santo é Deus porque ele procede do Pai e do Filho, e tem a mesma substância do Pai não podia levar nada, mas o mesmo pai. 

2. - É chamado Espírito, em que, para ser expirado, é referido a alguma coisa, e, ao expirar, está a ser inspirado pelo espírito e, portanto, o Espírito é o seu nome. Em certo sentido, diz o Espírito Santo é conhecido como o Pai e do Filho, porque é o Espírito de ambos. 


3. - Para o nome do Espírito Santo não vai simplesmente se referindo a uma coisa, mas leva o seu nome em conformidade com uma determinada natureza. 


4. - E assim nas Escrituras é o nome dado a qualquer tipo de espírito desencarnado, portanto, essa designação não é só exclusivo para o Pai, Filho e Espírito Santo, mas que é perfeitamente aplicável a toda a criatura racional, e a alma. 


5. - Ora, o Espírito de Deus é chamado de "Santo", porque é a santidade do Pai e do Filho. Desde que o Pai é espírito e espírito é também o Filho eo Espírito Santo é o Santo Padre eo Filho é igual, é lógico que o Espírito Santo é chamado a ser, como é a santidade co-essencial e inerente de ambos. 


6. - No entanto, é dito que o Espírito Santo é "gerado" para não parecer que, em Trinidad há duas crianças. Nem ele descreveu como "inatas", por isso não acho que há dois pais na Trindade. 


7. - No entanto, diz-se "processo" de acordo com o testemunho do Senhor, que se expressa nestes termos: "Tenho ainda muitas coisas a dizer, mas você não pode ouvi-los agora, mas o Espírito de verdade. proceder do Pai e ouviu de mim: Ele vai dizer tudo "(Jo 16, 12). E isso só vem por natureza, mas está a decorrer sem interrupção desde a realização do trabalho da Trindade. 


8. - A diferença entre o "nascimento" do Filho ea "origem" do Espírito Santo é o Filho nascido de uma única pessoa, enquanto o Espírito Santo vem de ambos. Assim, o Apóstolo diz: "Aquele que não tem o Espírito de Cristo não pertence a ele" (Rm 8, 9). 


9. - O Espírito Santo, por seu trabalho, também é dado o nome de Angel. Pois ele diz: ".. E eu vou anunciar o que vai acontecer) (Jo 16, 13) Precisamente," Angel ", a palavra grega é traduzida em latim significa" mensageiro "Assim, para Loth dois anjos apareceram para ele, em que representa precisamente o Senhor em que neles é o Filho eo Espírito Santo, mas não o Pai, na medida em que está escrito em nenhum lugar que é enviado. 


10. - O Espírito Santo é chamado o Paráclito, por seu consolo paraklesis traduz em latim para "conforto". Cristo enviou os apóstolos atolada em luto depois que ele desapareceu de vista, uma vez que sobe ao céu. 


11. - Enviado para o conforto triste e, de acordo com a promessa do próprio Senhor: "Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados" (Mt 5, 4). Ele disse: "Então, os filhos do noivo choram, quando o noivo foi tirado" (Mt 9, 15). 


12. - Também chamado de Paracleto, pois proporciona conforto para as almas que perdem sua alegria temporária. Há, no entanto, que traduziu o termo "Paráclito", em latim, como "ele" ou "advogado". De fato, o Espírito Santo fala, é ele quem ensina, para que seja concedida a sabedoria, que inspirou as Escrituras. 


13. - Também chamado sete vezes Espírito, porque os presentes, especialmente aqueles que são dignos delas, atingir a plenitude de sua unidade. Ele é o Espírito de sabedoria e entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de piedade, o Espírito do temor de Deus. 


14. - No Salmo 50 é lido Espírito primária, e porque neste trecho é repetido três vezes a palavra Espírito, alguns pensavam que se refere à Trindade, porque está escrito: "Deus é Espírito" (Jo 4 24). No entanto, uma vez que não há corpo, e ainda há, a única possibilidade é que não há espírito. Alguns, como nós acreditamos que há referência à Santíssima Trindade ". Espírito Santo", o Pai, o "espírito Home" Filho "espírito certo" e do Espírito Santo, 


15. - O Espírito Santo é chamado de Don, que é dado. Nós todos sabemos que o Senhor Jesus Cristo, quando, depois de sua ressurreição dentre os mortos, subiu ao céu, enviou o Espírito Santo, que encheu os crentes falavam as línguas de todas as nações. 


16. - É o "dom de Deus", como é considerado doados por ele que amava a Deus. No entanto, por si só, é Deus em relação a nós é um presente, e eternamente o Espírito Santo é um dom que vai ser distribuído a cada um de nós, como ele deseja, os dons da graça. 


17. - E dado o dom da profecia que ele ama, e quem vai perdoar seus pecados, pois não tolera pecados sem o Espírito Santo. 


18. - Com toda a justiça, o Espírito Santo é chamado de Caridade, que está intimamente ligado a duas pessoas do qual ele vem e mostra uma unidade com eles, e age em nós para permanecer em Deus, e Ele em nós. 


19. - Por isso. entre os presentes, nenhum é maior do que a caridade, como não há maior dom de Deus que o Espírito Santo. 


20. - Também chamada de graça porque não nos dá pelos nossos méritos, mas de graça, pelo divino, daí o nome de "Grace". Assim como a Palavra de Deus só o chamam de "sabedoria", embora tanto o Espírito Santo como o próprio Pai também é sabedoria, e do Espírito Santo recebe de maneira especial o nome de "caridade", embora do Pai e do Filho é o amor. 


21. - Nos livros evangélicos afirma expressamente que o Espírito Santo é o dedo de Deus. Assim, o Evangelho diz: "expulsar demônios no Dedo de Deus" (Lc 11, 20). E um outro diz, referindo-se a si mesmo:. "Eu expulso demônios pelo Espírito de Deus" (Mt 12, 28) Com o "Dedo de Deus" foi escrito lei, entregues cinqüenta dias depois da morte do cordeiro para cinqüenta dias da paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, o Espírito Santo veio. 


22. - É chamado de "Dedo de Deus" para demonstrar o poder de ação de que dispõe, juntamente com o Pai e do Filho. Assim, Paulo diz: "Todas estas coisas fez um eo mesmo Espírito, repartindo a partir de cada um o que você pensa" (1 Cor 12, 11). Assim como no batismo nós morremos e renascemos em Cristo, e são marcados pelo Espírito, porque é "Dedo de Deus" sinal e espiritual. Está escrito que o Espírito Santo desceu como uma pomba, para destacar a sua natureza por um pássaro que está toda a simplicidade e inocência. Assim diz o Senhor: "Sede simples como as pombas" (Mt 9, 16). Esta ave, em seu corpo, sem fel e tem apenas inocência e amor. 


23. - O Espírito Santo também é conhecido pelo nome de Fogo, para ser dito nos Atos dos Apóstolos, que apareceu sob a forma de línguas de fogo que repousa sobre cada um deles. 


24. - É por isso que os apóstolos receberam a graça de diferentes línguas para adequá-los para a pregação do povo fiel. 


25. - É expressamente que se instalaram em cada um deles, entender que não é dividido entre muitos, mas manteve inteiro em cada uma delas, como acontece frequentemente com o fogo. 


26. - Para tal é a natureza do fogo, como abordá-lo, como muitos consideram sua juba "de pompa roxo, todos eles chegaram a claridade de sua luz, todos eles fornecem o benefício de seu favor, enquanto ele continua plenamente a manutenção da sua integridade. 


27. - O Espírito Santo recebeu o nome de Água do Evangelho, nas palavras do Senhor, dizendo: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba aquele que me criou, rios de água viva fluirão de seu ventre." (| n7, 38). O evangelista segue a razão para estas palavras, acrescentando: "Isto foi dito pelo Espírito que haviam de receber aqueles que acreditaram nele." 


28. - Mas uma coisa é a água do sacramento e água, simboliza o Espírito de Deus: água Sacramento é visível, ao passo que o Espírito é invisível. Ela lava o corpo e, portanto, representa o que acontece na alma, no entanto, o Espírito Santo é a própria alma que seja limpo e revigorante. 


29. - O Espírito Santo é também chamado de Unção, como foi testemunhado pelo apóstolo João, porque tal como o petróleo, o peso natural para todos sobrenadante líquido e, no início, o Espírito Santo estava sobre as águas. Assim, podemos ler que o Senhor foi ungido com o óleo da alegria, isto é, o Espírito Santo. 


30. - Apóstolo João chama-se "unção" do Espírito Santo quando diz: "Que você fique na unção que você recebeu, você não precisa de ninguém para lhe ensinar como você instruir sua unção sobre todas as coisas" (1 Jo 2, 27). O Espírito Santo é, portanto, a unção invisível.

Última modificação in Maio 27, 2010 10:37:19 UTC
(Etimologias, Isidoro de Sevilha,
Volume I, p. 639, Catolica Editorial, SA, BAC)
Fonte:
Sophia Perennis
http://www.sophia.bem-vindo.net/tiki-index.php?page_ref_id=4781
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BENEDICTUS SPINOZA


I. BREVE INTRODUÇÃO

Benedictus de Spinoza [1], nascido Baruch (bendito) em 24 de novembro de 1632 – erroneamente afirmado por alguns como 1633 [C] – em Amsterdã, a « jóia da Holanda » [2], uma das sete províncias que compunham a República das Províncias Unidas, que fizeram do século XVII o seu « século do ouro », assim denominado em função do intenso progresso e riqueza que os Países Baixos geraram, após sua libertação da poderosa Espanha, que as reconhece como Estado independente em 1609 e finalmente assina a Paz de Munster em 1648 [3].

Originário de uma família judia marrana [4] de origem portuguesa [L,C,M] – alguns afirmam ser apenas de uma « família judia » [K, B], ou ainda, « de família pobre [L, B], « de família distinta » [M], « de família distinta e gozava de abundantes meios econômicos » [C] –, filho da segunda esposa, Hana Débora d'Espinosa [F], de Michael de Espinosa [F], o jovem Baruch era dotado « por natureza, de uma inteligência fora do comum e de uma rápida capacidade de percepção » [C].

E, talvez por este motivo, tenha sido « membro da sociedade judia de estudos Ets Haym [5] » [VD/T], ainda que não tenha recebido lições nas classes superiores [VD/T], não passando do quarto ou quinto grau, de um total de seis graus [SN, p. 76], não tendo portanto, formação para rabino [SN, p. 90].

Seu pai, Michael, « era muito pobre para iniciar Spinoza no comércio, por isso quis que o filho aprendesse hebraico » [L] – ou como crêem alguns, « o pai queria fazer dele um comerciante, mas ele preferiu estudar [K]. Spinoza estudou primeiro Teologia e logo depois Filosofia [JJ, B, C] – ou ainda, Latim e logo depois Teologia [B, C].

Seus estudos de Latim foram na escola de Franciscus van den Endens [L], ou Frans van den Endens [C], instruído inicialmente por um estudante alemão [C], ou uma virgo douta [ K], ou por um médico [B], ou por um ex-jesuíta, Fr. Van den Endenn [St-H, F], e seu aprendizado só ocorreu « após as dificuldades com os judeus » [L, St.-H].

Para alguns, sua relação com van den Endens é a fonte principal de seu ateísmo [C]. Para outros, ele chegou às perguntas críticas por seu próprio engenho [L].

Clara Maria, a filha de van den Endens (a virgo douta) é a única referência a alguma espécie de relação amorosa de Spinoza [C] – alguns apenas fazem referência a ela, sem estabelecer qualquer ligação com Spinoza [St.-H]. Não é de se admirar a falta de referência a relações amorosas na vida de Spinoza, pois, muito cedo lhe foi diagnosticado um mal pulmonar [Ep] – tuberculose para alguns [JJ, C, St.-H], silicose para outros.

Ora, o primeiro tratamento para qualquer mal nos pulmões no século XVII era a abstinência de qualquer forma de sexo, para não debilitar o paciente.

Excomungado em 27 de julho de 1656 [F], Baruch, a partir de agora, só assinará suas cartas ou ocultando o nome com B., ou latinizando-o, como Benedictus.

Os motivos que levaram a comunidade judaica de Amsterdã a excomungá-lo não são muito claros, pois, para alguns Spinoza « não foi acusado de blasfêmia, mas somente de desacato à Lei judaica » [L]; para outros, ele foi sim « acusado de blasfêmia » [C]; já os documentos referem-se a « heresias e más ações » [F].

O próprio texto do Herem foi apresentado erroneamente [C]. E esta confusão continua nos dias de hoje: Yovel, ao consultar um rabino sobre o Herem de Spinoza, para saber se « a excomunhão se destinava a vigorar apenas em vida de Spinoza ou também em gerações futuras, o rabi Herzog não se pronunciou, deixando a questão aberta a ulterior consideração. Mas a respeito da interdição das obras de Spinoza, o parecer do rabi foi claro: [...] um subterfúgio lingüístico permitiu ao grande rabi declarar não existir já uma interdição à leitura de Espinosa [6] ».  

A seguir, reproduzimos o texto original do Herem, datado de 6 de Ab de 5416 (27 de julho de 1656).

Texto original do Herem
Texto original do Herem “contra Baruch espinoza” – Livro dos Acordos da Nacám, A[n]o 5398-5440, p. 408 

Após sua excomunhão, segundo alguns biógrafos, Spinoza escreveu uma « apologia em língua espanhola » [B, C] sobre os motivos que causaram sua saída, que apesar de não chegar a ser impressa [B, C, St.-H], não se perdeu inteiramente, pois grande parte dela encontra-se no Tratado Teológico-Político (TTP) [B, C].

Não só os motivos que levaram os judeus de Amsterdã a excomungar Spinoza são confusos, mas também a sua relação com a comunidade judaica após a excomunhão não está muito clara. Para alguns,

« Spinoza cultivou o contato com os judeus depois da excomunhão » [K] ;

para outros, « interrompeu o contato com os judeus » [C] ; para outros ainda, « depois da excomunhão, Spinoza somente se relacionou com judeus liberais e mais ou menos hereges » [IE], mas « professando a Lei de Moisés » [IE]. A relação dos judeus com Spinoza também permanece pouca clara, pois para alguns, « Os chefes judeus ofereceram a Spinoza uma soma anual de dinheiro [C, 1000 florins], sob a condição de que professaria externamente o judaísmo. » [B, C, St.-H, F]. Já para outros, a reação foi mais violenta: « À saída do teatro [C, « sinagoga portuguesa »], cometeu-se um atentado contra Spinoza » [B]. Segundo relato de seus hospedeiros, Spinoza guardou como lembrança deste ato a túnica furada pelo punhal do agressor [C].

Mas, para Yirmiyahu Yovel, este não foi um ato de perseguição ou foi perpetrado por um gentio, pois, para Yovel, Spinoza « não foi vítima de perseguição [7] » por parte dos judeus. Para outros, o rabino Morteira chegou mesmo a solicitar aos burgomestrres da cidade de Amsterdã  uma ordem de expulsão de Spinoza da cidade [L], que foi ao encontro da intenção do próprio Spinoza de abandonar Amsterdã [L].

Outros ainda aventam a hipótese de que ele abandonou a cidade para que «  molestassem menos seus amigos » [JJ, B]; ou por causa do atentado [C]. De Amsterdã, transladou-se para Ouwerkerk [C, M] ou a Rijnsburg [JJ, L, K, C, M]. De qualquer forma, em 1661 estava em Rijnsburg [Ep1], onde « permaneceu por dois anos » [L].

Spionoza e os Judeus (Postal russo)
Postal russo – Século XIX
Seja como for, Spinoza « abandonou Amsterdã para viver na província – Rijnsburg ou Voorburg » [B]. A casa em Rijnsburg « tinha uma pedra na qual estava gravada uma poesia que ajudava a identificá-la » [M]. Mas, « entre o dia 20 de abril e o dia 1º de maio de 1663 » [Ep12, Ep13] « se transladou a Voorburg » [JJ, K, C, M], passando aí « três a quatro anos » [C] onde « viveu na casa de Daniel Tydeman, na Kerkstraat » [M, Ep19], quando « ajudou Tydeman e outros a conseguir um pároco liberal » [F].

A seguir, « entre o dia 5 de setembro de 1669 e o dia 17 de fevereiro de 1671 » [Ep41, Ep44], Spinoza « translada-se para La Haya » [JJ, L, K, B, C, M], vivendo « inicialmente na tranqüila Veerkade, na casa da viúva do advogado Willem van der Werve [C, Van Velen; h, Van Velden) » [C]. « Logo se translada a Paviljoensgracht, vivendo na casa do pintor luterano Henderyck van der Spyck » [K, C, M]. E seu hospedeiro, « Van der Spyck era também solliciteur-militair (ou seja, tramitava para os outros solicitações em despachos oficiais) » [M].

Após sua exclusão do judaísmo, Spinoza passou a « polir lentes para microscópios e telescópios » [JJ, L, K, B, C, M, St.-H]. Para alguns, o fazia por « interesse científico » [L, K]; para outros, era para « alimentar-se » [C, M]; ou ainda, para as duas coisas [St.-H]. Além disso, ele também « pintava e desenhava » [K, C, M], chegando mesmo a « ministrar aulas de desenho » [C], ofício este « aprendido com o pintor Daniel Tydeman » [M]. É bastante conhecido o relato que nos faz um biógrafo de um autoretrato de Spinoza, no qual ele representa-se com o seu rosto no corpo do revolucionário napolitano Masaniello [C].

Em 1673, Spinoza « recebeu um convite de Condé » [L, B, C], « por meio de Stouppe, e viaja a Utrecht » [C]. Mas « não se encontra com ele » [C]; ou, « encontra-se com ele » [B]. E, « por causa desta viagem, quase é assassinado por uma multidão » [C]. É convidado pelo Eleitor Palatino a ocupar uma cadeira na Universidade de Heidelberg, mas recusou [JJ, L, K, B, C, Ep47, Ep48].

Spinoza está enfermo [JJ, L, K, B, C, St.-H]. A « enfermidade se agravou com o trabalho duro, pouco sono, etc. » [L, K].

Spinoza morre em 21 de fevereiro de 1677 [JJ, L, K, B, C]. Foi enterrado em La Nieuwe Kerke [C, F], em uma tumba número 162 [F]. Sua morte « foi doce e tranqüila, ao contrário de certos rumores [C], e ocorreu na presença de um médico de Amsterdã [K]; ou Lodewijk Meyer [C]. Este levou consigo como « recordação de Spinoza » [M], dinheiro e um punhal [C].

Antes de sua morte, Spinoza encarregou sua hospedeira de enviar a Rieuwertsz seus livros [K, C]. Os herdeiros impugnaram o testamento [C, F]. Antes de morrer, Spinoza também deu instruções para que sua Opera posthuma fosse impressa somente com as letras BDS como referência ao seu autor [JJ].

NOTAS:
[1] Uma das fontes utilizada para nossa Introdução foi a Sinopse da vida de Spinoza segundo diversas fontes, de H. G. Hubbeling, em sua tradução espanhola (HUBBELING, H. G. Spinoza. Barcelona: Herder, p. 10-22, 1981).

[2] MÉCHOULAN, Henry. Dinheiro & Liberdade - Amsterdam no Tempo de Spinoza. Tradução de Lucy Magalhães. Revisão técnica de Ronaldo Vainfas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, p. 9, 1992.

[3] MÉCHOULAN, Henry, Op. Cit., p. 35.

[4] Termo utilizado para designar os judeus (e seus descendentes) oriundos da Sefardia (Península Ibérica). Originalmente na Península Ibérica, este termo é uma injúria que atinge a todos os descendentes de judeus convertidos (MÉCHOULAN, Henry, Op. Cit., p. 132, Nota 24).

[5] Segundo NS, Ets Haim foi “[...] inicialmente uma organização destinada, sobretudo, a atribuir bolsas e estudo. [...] No entanto, Ets Haym depressa começou a funcionar como um estabelecimento de ensino talmúdico para os estudantes mais velhos, responsável pela formação oficial dos rabinos. » (Op. Cit. , p. 74).
[6] YOVEL, Yirmiyahu. Espinosa e outros hereges. Lisboa: Imprensa Nacional, v. 1, p. 205, 1993.
[7] YOVEL, Yirmiyahu. Op. Cit., v. 1, p. 22.

ABREVIATURAS:
Home Page Pierre Bayle




  
 [B] –  Pierre Bayle: autor do célebre Dicionário Histórico Crítico – Verbete Spinoza.

[C]  –  Johannes Colerus: autor da quiçá mais célebre biografia de Spinoza.

[F]  –  Documentos diversos citados por Hubbeling a partir da obra de Freudenthal, J. Lebensgeschichte Spinoza’s in Quelleschriften, Urkunden und Nichtamtlichen Nachrichten, Leipzig, 1899.

[VD/T] –  Documentos diversos citados por Hubbeling a partir da obra Vaz Dias, A. M. E Tak, W. G. Spinoza Mercator et Autodidactus. Oorkonden en andere authentieke documenten betreffende des wijsgeers jeugd en diens betrekkingen, met dertien fascimile’s, La Haya, 1932.

[Epn] –  As Cartas de Spinoza e de seus correspondentes (sendo n o número da carta, segundo a tradução de Atilano Domínguez, Correspondencia. Introducción, traducción, notas y índice de Atilano Domínguez. Madri: Alianza, 1988).

[h] – A tradução francesa de Colerus.

[L] –  Jean Maximilien Lucas: autor de La Vie et l’esprit de Mr. Benoit de Spinoza. Talvez a segunda mais célebre biografia de Spinoza.

[H] – Refere-se à biografia de Lucas (cf supra) publicada em livro, surgida em Amsterdã, no ano de 1719. Esta assume acréscimos baseados em Colerus.

[N] – Refere-se à biografia de Lucas (cf supra) publicada na Revista Nouvelles Littéraires.
B. d. S. Opera Posthuma



[JJ] – Jarig Jelles: autor do célebre Prefácio (Voorreden) en: De Nagelate Schriften (Opera Posthuma – OP).



[K] – Prólogo de Kortholt no livro de seu pai, Christian Kortholt: De Tribus Impostoribus magnis, Hamburgo, 1700.

[M] – Biografia de Spinoza de Johannes Monnikhoff.

[St.-H] – Relato de viajem de viajem de Stolle e Hallmann nos Países Baixos, 1703.

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[SN] – Steven Nadler: autor de Spinoza – A Life, publicada pela Cambridge University Press em 1999. Nós utilizamos a tradução portuguesa, Espinosa – Vida e Obra, publicada em Portugal pela Publicações Europa-América no ano de 2003. Trata-se da mais recente biografia de Spinoza, ainda que não apresente nada de novo, pois se fundamenta praticamente nas mesmas fontes que todos os biógrafos do século XX e da contemporaneidade se basearam.

[IE] – Documento da Inquisição Espanhola: o depoimento frente ao Tribunal do Santo Ofício de Fray Tomás Solano y Robles e o capitão Miguel Pérez de Matranilla, ocorridos em 8 de agosto de 1659 e 9 de agosto de 1659, respectivamente.

Para citar e/ou incluir este texto em Referências Bibliográficas, deve-se adotar o modelo abaixo, conforme as normas da ABNT prescrevem (não esquecer de atualizar a data para a de seu acesso):
FRAGOSO, Emanuel Angelo da Rocha. Breve Introdução. Disponível em: . Acesso em: 09 abr. 2007. 

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VIII. Por eternidade entendo a própria existência, enquanto concebida como seqüência necessária da mera (ex sola) definição de coisa eterna.

Explicação:

Pois que tal existência se concebe, assim como a essência da coisa, como verdade eterna, daí resulta que não pode ser explicada pela duração ou pelo tempo, ainda que se conceba a duração sem começo nem fim. (E1Def8)
Benedictus de Spinoza




Fonte:
A Revista Conatus - Filosofia de Spinoza 
Introdução. Disponível em:
.Acesso em: 09 abr. 2007.
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.