terça-feira, 30 de julho de 2013

EMPÉDOCLES DE AGRIGENTO



 Empédocles e a Natureza - 6min
Bertolt Brecht-Empédocles - 10min.

 
Empédocles
Pré-socráticos
Empedocles in Thomas Stanley History of Philosophy.jpg
Nome completo Ἐμπεδοκλῆς
Escola/Tradição: Escola da pluralidade
Data de nascimento: ca. 490 a.C.
* Local: Agrigentum, Sicília
Data de falecimento ca. 430 a.C. (60 anos)
* Local: Monte Etna, Sicília
Principais interesses: Cosmogénese e ontologia
Trabalhos notáveis Toda a matéria é feita de quatro elementos: água, terra, ar e fogo.
Influenciado por: Parmênides, escola pitagórica
Influências: Górgias de Leontini, Aristóteles, Lucrécio, Friedrich Nietzsche
Portal Filosofia

Empédocles (em grego antigo: Ἐμπεδοκλῆς; Agrigento, 495/490 - 435/430 a.C.) foi um filósofo, médico, legislador, professor, mítico além de profeta, foi defensor da democracia e sustentava a idéia de que o mundo seria constituído por quatro princípios: água, ar, fogo e terra.
Tudo seria uma determinada mistura desses quatro elementos, em maior ou menor grau, e seriam o que de imutável e indestrutível existiria no mundo.

Para Empédocles, duas forças fundamentais responsáveis pela manutenção do universo: O AMOR que unia os elementos (raízes) e o ÓDIO que os separava. A morte para ele era simplesmente a desagregação dos elementos. Segundo ele, todos nós fazíamos parte do todo que se renovava em ciclos; reunindo-se (nascimento) e separando-se (morte).

O pensamento de Empédocles talvez influenciará os pensadores da escola atomista.
No Naturalismo esboçou o que podemos citar como os primeiros passos do pensamento teórico evolucionista: "Sobrevive aquele que está mais bem capacitado", aproximadamente 2300 anos antes de Charles Darwin. Tendo seguido Tales de Mileto na mesma linha de pensamento evolutivo: "O mundo evoluiu da água por processos naturais".

Na política opôs-se à oligarquia, defendendo a democracia. Cedo virou figura legendária: ele mesmo se atribuía poderes mágicos. Conta a lenda que ele teria se atirado na cratera do Etna, para provar que era um Deus.  

Vida
O templo de Hera em Agrigentum, construído quando Empédocles era jovem, por volta de 470 ac
 
Empédocles nasceu em 490 ac en Agrigentum (Acragas) na Sicília, em uma renomada família.1
Pouco se sabe sobre sua vida. Seu pai Meto parece ter sido importante na derrubada do tirano de Agrigentum, presumidamente Trasideu, filho de Terone, em 470 ac. Empédocles deu seguimento à tradição democrática da sua família, ajudando a derrubar o governo oligarca seguinte. Diz-se que ele foi magnânimo apoiando os pobres 2 ; severo na perseguição dos abusos da aristocracia 3 e até declinou de governar a cidade quando lhe foi oferecido 4 .

Sua oratória brilhante 5 , seu conhecimento profundo da natureza e a reputação de seus poderes sobrenaturais, incluindo a cura de doenças e previsão de epidemias 6 produziram vários mitos e histórias em torno de seu nome.

Ele era tido como mágico e controlador de tempestades. Ele mesmo, em seu famoso poema Purificações parece ter prometido poderes miraculosos, inclusive a destruição do mal, a cura da velhice e controle sobre a chuva e o vento. Empédocles era ligado por laços de amizade aos médicos de Acron 7 e Pausanias 8 , que eram seus eromenos9 , a vários pitagóricos e até,há quem diga, a Parmênides e Anaxágoras 10 . O único discípulo de Empédocles mencionado é o sofista e retórico Górgias 11 .

Timeu e Dicearco de Messina falaram da viagem de Empédocles ao Peloponeso e da admiração que lhe foi prestada lá 12 . Outros mencionaram sua estadia em Atenas e na então recém fundada colônia de Thurii 13 , em 446 ac 14 . Existem também alguns interessantes relatos de sua viagem ao extremo oriente às terras dos magos 15 .

De acordo com Aristóteles, ele morreu com 60 anos (c. 430 a.C.), embora outros escritores o tenham como vivendo até aos cento e nove anos de idade.16 De forma semelhante, há alguns mitos acerca da sua morte: uma tradição, que é atribuida a Heráclides do Ponto, representa-o como tendo sido removido da terra; enquanto outras o têm perecendo nas chamas do Monte Etna.17

Trabalhos

Empédocles é considerado o último filósofo grego a escrever em versos e os fragmentos que restam de suas lições estão em dois poemas: Purificações e Sobre a Natureza. Empédocles estava sem dúvida familiarizado com os poemas didáticos de Xenófanes e Parménides18 - podem ser encontradas alusões a este último nos fragmentos, - mas ele parece tê-los superado na animação e riqueza de seu estilo, e na clareza das suas descrições e dicção. Aristóteles apelidou-o de pai da retórica, e, embora apenas tenha reconhecido a métrica como ponto de comparação entre os poemas de Empédocles e os épicos de Homero, ele descreveu Empédocles como Homerico e poderoso na sua dicção.19 Lucrécio fala dele com entusiasmo, e via-o evidentemente como o seu modelo.20 Os dois poemas juntos compreendem 5000 linhas.21 Sobreviveram cerca de 550 linhas da sua poesia, embora porque os escritores antigos raramente mencionavam que poema estavam a citar, não é sempre certo a que poema as citações pertencem. Alguns estudiosos acreditam hoje em dia que havia apenas um poema, e que as Purificações formavam meramente o início de Sobre a Natureza.22

Purificações

Empédocles de Agrigento.
 
Conhecemos apenas aproximadamente 100 versos da sua Purificações. Parecem terem sido uma visão mítica do mundo, o que, não obstante, foi parte do sistema filosófico de Empédocles, As primeiras linhas do poema foram preservadas por Diógenes Laércio:
Amigos, que habitais a grande cidade, junto aos fulvos rochedos de Acragas, no
alto da cidadela, amadores de nobres trabalhos, respeitáveis abrigos para os
estrangeiros, homens inexperientes da maldade, eu vos saúdo! Eu, porém, caminho entre
vós qual Deus imortal, e não mais como mortal, por todos honrado como me convém,
coroado de guirlandas floridas. Desde minha entrada nas florescentes cidades, sou
honrado por homens e mulheres; seguem-me aos milhares, a fim de saber qual o
caminho da riqueza; uns necessitando oráculos; outros, feridos por atrozes dores,
Pedem uma palavra salvadora para as suas múltiplas doenças.23 24
Era provavelmente este trabalho que continha uma história sobre almas,25 onde nos é dito que existiram em tempos espíritos que viviam num estado de êxtase, mas tendo cometido um crime (de natureza desconhecida) eles foram punidos ao serem forçados a tornarem-se seres mortais, reincarnados de corpo para corpo. Os Humanos, os animais, e mesmo as plantas são esses espíritos. A conduta moral recomendada no poema pode permitir tornar-nos deuses novamente.

Sobre a Natureza

Existem aproximadamente 450 versos do seu poema Sobre a Natureza, incluindo 70 que foram reescritos de fragmentos de papirus, conhecidos como Strarsbourg papyrus. O poema consistia originalmente de 2000 versos hexâmetros 26 e fora feito para Pausanias 27 28 . Era esse poema que mostrava seu sistema filosófico. Nele, Empédocles explica não apenas a natureza e a história do universo, incluindo sua teoria dos Quatro elementos, mas ele descreve suas teorias da causa, da percepção e do pensamento, assim como também explicações do fenômenoterrestre e processos biológicos.

Filosofia




Empedocles retratado no Incunábulo chamado Crônica de Nuremberg
 
Embora familiarizado com as teorias dos Eleatas e dos Pitagóricos, Empédocles não pertencia a nenhuma escola definida. Sendo ecléctico no seu pensamento, ele combinou muito do que tinha sido sugerido por Parménides, Pitágoras e pelas escolas jônicas. Era um firme crente nos mistérios órficos, bem como um pensador científico e um precursor da ciência física. Aristóteles menciona Empédocles entre os filósofos jônicos, e coloca-o em relação próxima com os filósofos atomistas e com Anaxágoras.29 Empédocles, tal como os filósofos jônicos e os atomistas, tentou encontrar a base de toda a mudança. Tal como Heráclito, eles não consideraram vir à existência e o movimento como a existência das coisas, e o repouso e a tranquilidade como não-existência. Isto é porque eles tinham derivado dos Eleatas a convicção de que uma existência não poderia passar para a não-existência, e vice-versa. A fim de permitir que a mudança ocorra no mundo, e contra a opinião dos eleatas, eles viram as mudanças como resultado da mistura e separação de substâncias inalteráveis. Assim Empédocles disse que uma vinda à existência de uma não-existência, bem como uma morte e aniquilação completa, são impossíveis; o que chamamos de vir à existência e a morte é apenas a mistura e separação do que estava misturado. 30

Os quatro elementos

Foi Empédocles que estabeleceu os quatro elementos essenciais que fazem toda a estrutura do mundo - fogo, ar, água e terra. 31 Empédocles chamou estes quatro elementos "raízes" que, de maneira típica, ele também identificou com os nomes místicos de Zeus, Hera, Nestis e Aidoneu. 32 Empédocles nunca usou o termo "elemento" (em grego: στοιχεῖον) (stoicheion), que parece ter sido usado pela primeira vez por Platão. 33 De acordo com as diferentes proporções em que esses quatro elementos indestrutíveis e imutáveis são combinados uns com os outros é produzida a diferença da estrutura. É na agregação e segregação de elementos que assim resulta, que Empédocles, como os atomistas, encontrou o verdadeiro processo que corresponde ao que é popularmente chamado de crescimento, aumento ou diminuição. Nada de novo vem ou pode vir a ser, a única mudança que pode ocorrer é uma mudança na justaposição de elemento com elemento. Essa teoria dos quatro elementos tornou-se o padrão dogma nos dois mil anos seguintes.

Amor e revolta

Os quatro elementos são, contudo, simples, eternos e imutáveis, e como a mudança é a consequência da sua mistura e separação, foi também necessário supor a existência de poderes em movimento - para trazer a mistura e a separação. Os quatro elementos são colocados eternamente em união, e eternamente separados uns dos outros, por dois poderes divinos, amor e ódio. O Amor (em grego: φιλία) explica a atracção de diferentes formas de matéria, e o Ódio (em grego: νεῖκος) é responsável pela sua separação. 34 Se os elementos são o conteúdo do universo, então o Amor e o Ódio explicam a sua variação e harmonia. O Amor e o Ódio são forças atractivas e repulsivas que o olho comum pode em funcionamento entre o povo, mas que realmente permeiam o universo. Eles imperam alternadamente sobre as coisas, - sem contudo algum ser sempre muito ausente.

A esfera de Empédocles

Como estado original e o melhor, houve um tempo em que os elementos puros e os dois poderes coexistiam numa condição de repouso e imobilidade na forma de uma esfera. Os elementos existiam juntos na sua pureza, sem misturas ou separações, e o poder de união do Amor predominava na esfera: o poder separador da revolta guardava as bordas mais extremas da esfera.35 Desde essa altura, a revolta ganhou mais balanço e a ligação que mantinha as substâncias elementares puras juntas na esfera foi dissolvida. Os elementos transformaram-se no mundo de fenómenos que assistimos hoje, cheio de contrastes e oposições, operado tanto pelo Amor como pela Revolta. A esfera sendo a personificação da existência pura é a personificação ou representação de deus. Empédocles assumia um universo cíclico onde os elementos regressam e preparam a formação da esfera para o próximo período do universo.

Frases e Pensamentos de Empédocles 

“Se você exige só obediência, então você juntará em volta de si mesmo somente bobos.”
―Empédocles

“O que não se aplica de acordo com a lei está ligando não somente para algumas pessoas e para outras não. A lei estica-se para todos, por todo o ar penetrante e a luz sem limite do céu.”
―Empédocles
 
“Deus é um círculo em que o centro está em toda parte e o acesso é por nenhuma parte.”
―Empédocles

“Quatro raízes de todas as coisas: fogo, ar, água e terra.”
―Empédocles
Empédocles de Agrigento
Empédocles de Agrigento
Empédocles de Agrigento
* Agrigento, Itália – c. 490 a.C
+ Peloponeso, Grécia – 430 a.C
Empédocles foi um filósofo, médico, legislador, professor, místico além de profeta, foi defensor da democracia e sustentava a idéia de que o mundo seria constituído por quatro princípios: água, ar, fogo e terra. Filósofo grego pré-socrático, Empédocles propôs uma explicação geral do mundo, considerando todas as coisas como resultantes da fusão dos quatro princípios eternos e indestrutíveis: terra, fogo, ar e água. Tudo seria uma determinada mistura desses quatro elementos, em maior ou menor grau, e seriam o que de imutável e indestrutível existiria no mundo.
Segundo Aristóteles, fundou a oratória. Foi também fundador da primeira teoria biológica. Sua doutrina pode ser vista como uma primeira síntese filosófica.
Para Empédocles, duas forças fundamentais responsáveis pela manutenção do universo: O AMOR que unia os elementos (raízes) e o ÓDIO que os separava. A morte para ele era simplesmente a desagregação dos elementos. Segundo ele, todos nós fazíamos parte do todo que se renovava em ciclos; reunindo-se (nascimento) e separando-se (morte).
Seu pensamento influenciará os pensadores da escola atomista.
No Naturalismo esboçou o que podemos citar como os primeiros passos do pensamento Teórico Evolucionista: “Sobrevive aquele que está melhor capacitado”, aproximadamente 2460 anos antes de Charles Darwin. Tendo seguido Tales de Mileto na mesma linha de pensamento evolutivo: “O mundo evoluiu da água por processos naturais”.
Na política opôs-se à oligarquia, defendendo a democracia. Cedo virou figura legendária: ele mesmo se atribuía poderes mágicos. Conta a lenda que ele teria se suicidado atirando-se na cratera do Etna, para provar que era um deus.
Substitui a busca dos jônicos de um único princípio das coisas pelos quatro elementos, combinando ao mesmo tempo o ser imóvel de Parmênides e o ser em perpétua transformação de Heráclito, salvando ainda a unidade e a pluralidade dos seres particulares.
Esses princípios, também chamados “raízes”, seriam eternamente subsistentes, jamais engendrados, e de sua união ou separação nasceriam e pereceriam todas as coisas. Os quatro elementos se uniriam sob a força do amor e se separariam sob o influxo do ódio.

Os mananciais e os vulcões seriam provas da existência de água e fogo no interior da Terra.
Escreveu dois poemas em jônico: Sobre a Natureza e Purificações, cujos fragmentos chegaram até nós e cuja influência continua a fazer-se sentir, como, por exemplo, em René Char.

Segundo Empédocles, no poema Katharmoi – As purificações – do qual resta somente uma centena de versos, a intervenção do ódio está na origem de todas as coisas e dos seres individuais, que se vão diversificando até a separação total e o domínio absoluto do mal.

Entretanto, o princípio do amor voltará a triunfar, unificando e misturando tudo até a configuração de uma só coisa, Sphairos, a esfera perfeita, na qual o mundo presente tem princípio e fim.
No mundo atual há seres individuais e, portanto, ódio e injustiça, o que exige um processo de purificação que só terminará quando o amor triunfar.

Mas esse triunfo é ainda relativo: a evolução dos mundos é um processo no qual se manifesta um domínio alternado do amor e do ódio, do bem e do mal.

“Mas vá, contempla os testemunhos do meu discurso anterior, não se dê o caso de nele ter faltado beleza: o Sol, quente ao olhar e todo ele ofuscante; todos os imortais que se banham no calor e nos raios brilhantes; a chuva em tudo sombria e gelada; e as coisas enraizadas e sólidas que brotam da terra.

Na Cólera tudo é de diferentes formas e está separado, mas no Amor todas as coisas se unem e se desejam umas às outras. Delas procede tudo o que existiu, existe e existirá no futuro – surgiram as árvores e os homens e as mulheres, as feras e as aves e os peixes que na água se criam, e também os deuses de longa vida, superiores em honrarias.
Pois só estes existem, mas, correndo uns através dos outros, tomam formas diversas: de tal modo os altera a sua mistura.”
Empédocles e as quatro raízes
José Alves Martins



Terra, água, ar e fogo,  imutáveis e indestrutíveis
Parmênides sustentava que o ser deve ser único, imóvel, imutável, eterno e indivisível. Fica assim eliminado tudo o que seria variável e contraditório. Para Heráclito, no entanto, o mundo explica-se exatamente por causa das mudanças e contradições. Desse devenir (transformação incessante e permanente pela qual as coisas se constroem e se dissolvem noutras coisas) é que resulta a unidade do mundo. 

Essa divergência filosófica conduziu o racionalismo grego a um impasse. Por um lado, o raciocínio lógico nos diz que é perfeitamente admissível a inexistência do movimento e da pluralidade das coisas. Por outro, a experiência cotidiana nos leva a admiti-los como fenômenos reais e não como simples ilusões dos sentidos.
Sem abandonar a precisão da lógica nem contradizer o que os sentidos testemunham, Empédocles, Anaxágoras, Leucipo e Demócrito buscaram conciliar a ideia do ser único e imóvel com a de pluralidade e movimento.
O primeiro a procurar resolver esse problema foi Empédocles. A solução, segundo ele, é preservar a ideia de que o ser é eterno e indivisível, mas não a de que é único e imóvel, discordando nesse ponto de Parmênides e concordando com Heráclito. 

Empédocles escreveu uma obra em versos intitulada Sobre a Natureza. Só que, para ele, a "physis" se compõe não a partir de um único elemento primordial, como defendem escolas de pensamento anteriores, mas a partir da associação de quatro elementos primordiais: terra, água, ar e fogo, que ele chamou de raízes de todas as coisas. Imutáveis e indestrutíveis, elas estão presentes em tudo, combinadas de maneira diferenciada, explicando-se assim a multiplicidade existente no Universo. Tudo, portanto, é resultado dessa associação. Para que isso ocorra, porém, faz-se necessária a ação de duas forças opostas, "amizade" e "discórdia", a primeira agindo no sentido de aproximar e misturar essas raízes, e a segunda, em sentido contrário. Essas duas forças cósmicas submetem o Universo a ciclos periódicos de máxima unidade e de extrema multiplicidade. 

A outra obra de Empédocles intitula-se Purificações. Nesse poema, expõe em sugestivos versos as normas de vida capazes de purificar a alma e libertá-la do ciclo das reencarnações, para que possa então retornar ao mundo dos deuses, além de outras concepções do orfismo pitagórico, de caráter racional e filosófico.  

Reza a tradição que Empédocles viajou pela Magna Grécia, Peloponeso e talvez Atenas pregando esses princípios órfico-pitagóricos, apresentando-se como seu profeta e mensageiro.

Por não entenderem que o espiritualismo autêntico é racional e científico, os historiadores da filosofia costumam estranhar que Empédocles, um filósofo da physis ou físico (como foram denominados os primeiros pensadores da Grécia) e, portanto, um dos grandes representantes do racionalismo grego, pudesse ser também um propagador de ensinos espiritualistas.  

Falar desse filósofo democrata e de orfismo racional e filosófico é lembrar o papel importante da democracia e da filosofia gregas na secularização, ou dessacralização, do poder político (negação da ideia de governo divino dos povos, por meio do rei), do saber filosófico, científico e espiritualista. Esse movimento histórico de secularização tomara corpo, marcadamente, a partir do século VI antes de Cristo, sendo resultado natural das exigências de racionalidade cada vez mais presentes no mundo grego desde então. Empédocles nasceu por volta de 484/481 antes de Cristo, em Agrigento, na Sicília, que fazia parte da Magna Grécia (sul da Itália), e morreu em torno de 424/421 a.C. Era, segundo estudiosos, de personalidade fortíssima e, como ocorreu com outros grandes homens do passado, alguns relatos de sua vida, como os que serão citados em seguida, pertencem, ao que parece, ao terreno das lendas. 

Esse filósofo, médico e líder político que lutou pela instituição da democracia em sua cidade natal possuiria também, de acordo com a crendice popular, poderes milagrosos e, conforme a tradição, teria posto fim à vida atirando-se na cratera do vulcão Etna – "o que", comenta um historiador da filosofia, "deve ter sido a morte mais melodramática, para não dizer operística, de qualquer filósofo famoso." 

Outra versão, porém, nega esse fim trágico e afirma que, em vez disso, o corpo de Empédocles teria ascendido aos céus. E havia também os que diziam ter ele ressuscitado uma mulher. 

Esses mesmos milagres creditados a Empédocles seriam, posteriormente, atribuídos também ao Cristo mítico dos evangelhos criados pela Igreja primitiva, quase sempre muito pouco original, conforme já se viu, nas concepções mitológicas com as quais envolveu, desfigurou e escondeu, talvez para sempre, a verdade histórica sobre Jesus.
(O autor é Militante da Filial São Paulo, SP)

Empédocles

Publicado pela primeira vez Fri 04 de março de 2005, a revisão substantiva ter 11 set 2012
Na antiguidade, Empédocles (ca. 495-435 aC) foi caracterizado como ativo no lado democrático na política de sua cidade natal, Acragas na Sicília, e como médico, bem como um filósofo e poeta. Suas teorias filosóficas e científicas são citados e discutidos em vários diálogos de Platão, e eles figura proeminente nos escritos de Aristóteles sobre física e biologia e, como resultado, também nos comentários gregas posteriores sobre obras de Aristóteles. Diógenes Laércio dedica uma de suas Vidas dos Filósofos Eminentes a ele (VIII, 51-77). Seus escritos, que são em forma poética, vieram até nós principalmente em fragmentos preservados como citações nas obras desses e de outros autores antigos. Extensos fragmentos, alguns deles não conhecido anteriormente, foram recentemente encontrados preservados em um rolo de papiro do Egito na biblioteca da Universidade de Strasbourg (ver Martin e Primavesi, 1999). A numeração dos fragmentos neste artigo resulta que a edição de Diels-Kranz, as traduções são de Kirk, Raven, e Schofield 1983.
 
Tradicionalmente, os escritos de Empédocles foram realizadas composto por dois poemas, em verso hexâmetro, intitulado Da Natureza e Purificações. No entanto, alguns comentaristas modernos têm argumentado que os dois eram originalmente um trabalho em uma posição re-energizado pelos fragmentos recentemente editados do manuscrito Estrasburgo. Em qualquer caso, o papiro não mostrar os dois para ser tematicamente mais estreitamente relacionados do que se pensava anteriormente. No entanto, os temas das duas partes (se eles fizeram pertencem a um único poema) são suficientemente distinto que o tratamento separado é apropriado aqui. Mesmo se não houver uma estrita separação dos dois temas, o primeiro diz respeito principalmente a formação, a estrutura, e da história do mundo físico, como um todo, e a formação dos animais e as plantas no seu interior, o segundo diz respeito aos assuntos morais. Por conveniência, este artigo utiliza os nomes tradicionais para os dois conjuntos de fragmentos.

1. Na Natureza

Na natureza é um trabalho ousado e ambicioso. Baseia-se na alegação de que tudo é composto de quatro elementos materiais ("raízes"), esses elementos são movidas por duas forças opostas. Os elementos são fogo, ar, terra e água, as forças são Amor e Strife. "Ar" refere-se a Aither, o ar atmosférico superior, ao invés de o ar que respiramos aqui na terra. Aristóteles créditos Empédocles de ser o primeiro a distinguir claramente estes quatro elementos tradicionais na teoria física grega (Aristóteles, Met. A4, 985a31-3). Esses elementos e as forças são eternos e igualmente equilibrado, embora a influência do Amor e de ceras luta e diminui (B6 e B17, linhas 14-20). Empédocles parece ter argumentos de Parmênides em mente quando nega que esses elementos ou forças de vir a ser ou passar. Tudo o resto vem a ser e passa longe, porque cada uma é composta por elementos que se combinam para formar sucessivamente los e separar a sua destruição (B 17,26-35).
No fragmento 17, aparentemente falando do mundo físico como um todo, Empédocles afirma sua tese fundamental sobre a relação de elementos e forças:
Um conto dupla direi: em um tempo que cresceu para ser um só, de muitos, em outra vez, cresceu para além de ser muitos para fora de um. Duplo é o nascimento de coisas mortais e duplicar a sua falta, pois um é trazido ao nascimento e destruída pela união de todas as coisas, o outro é alimentada e voa distante à medida que crescem separados novamente. E estas coisas nunca deixam sua contínua troca, agora através do amor todos juntos em um só, agora cada vez realizada além do ódio de Strife. Então, na medida em que aprendeu a crescer um de muitos, e, novamente, como o cresce além [lá] crescer muito, até o momento que eles passam a existir e não tem vida estável, mas na medida em que nunca deixará seu intercâmbio contínuo, até o momento eles existem sempre imutável no ciclo. (B 17,1-13) [tradução modificada]
Imediatamente impressionados pela simetria abrangente deste programa. Parece tratar vir-a-ser e passa-away, nascimento e morte, e fá-lo com um saldo elegante. Os vários elementos (em número de quatro) se unem e misturam com a agência de amor, e eles são conduzidos separadamente por Strife, em alternância contínua.
 
Enquanto todos os comentaristas tomar essa passagem como fundamental, as suas interpretações variam, às vezes muito. No tipo tradicional de interpretação (ver O'Brien 1969, Wright 1981), esta passagem fala de um ciclo cósmico simétrico de duas partes, que incessantemente se repete. Podemos traçar a história de um ciclo, a partir do ponto em que todos os elementos estão unidos, completamente misturados e imóvel sob o domínio total do Amor. Então Strife entra e começa a separar os elementos para fora, até que, finalmente, todos os elementos estão completamente separadas em distintas massas, independentes de fogo, ar, terra e água. Neste ponto, o amor começa a união dos elementos, até que, uma vez mais, eles são completamente misturados e começa um novo ciclo. Em cada metade do ciclo, enquanto a separação ou unificação prossegue, há uma cosmogonia (geração de um cosmos ou mundo ordenado) e uma zoogony (geração de animais). Na primeira metade do ciclo, sob a crescente influência da Strife, um cosmos e, em seguida, os animais passaram a ser. No segundo semestre, sob a crescente influência do Amor, novamente um cosmos e animais vir a ser.
 
Empédocles parece descrever como uma cosmogonia em outras passagens. Ele postula uma fase em que o amor é totalmente dominante e todas as coisas são unificados em um Sphere (B 27). Uma vez que esta unidade esférica inclui os elementos, que estão presumivelmente completamente misturados um com o outro. A esfera é a etapa inicial na formação do cosmos, mas não é por si só um cosmos. Este último exige uma separação de elementos em massas identificáveis ​​de terra, ar, água e fogo (B 38), mesmo que ainda pode haver alguns (muito reduzida) presença de cada elemento dentro de cada uma das quatro massas. Os elementos da terra, água, ar e fogo que predominam nas respectivas massas, tornando-identificáveis ​​como tal. A massa de terra se encontra no centro, a água mais ou menos envolve a Terra. Ar constitui a camada seguinte. De fogo na periferia, o sol vem a ser como uma entidade distinta. Esta formação geocêntrico é o que os antigos geralmente reconhecida como nosso cosmos. Uma vez que é Strife que separa os elementos, a cosmogonia assim descrito é provavelmente dependente de influência de Strife.
 
Empédocles também descreve um momento em que Strife separou os elementos (B 35). Quando Strife atinge as profundezas do vórtice (ou seja, a rodada ponto central o qual todo o cosmos voltas), O amor vem de estar no meio do turbilhão. O amor, então, começa a se unirem que Strife haviam se separado, a mistura de coisas por amor dá origem a seres mortais. Esta descrição um tanto misteriosa sugere que o meio pelo qual altercação separa os elementos a partir do início é um vórtice. Elementos mais pesados, como terra resolver no meio e mais leves, como os incêndios são empurradas para a periferia. Esta referência ao vórtice implica também que a dominância por Strife é caracterizada pelo movimento giratório do cosmos como o conhecemos.
 
Enquanto nas interpretações tradicionais da separação por conflitos, como descrito acima, produz em primeiro lugar um cosmos, continuando a influência do Conflito aumenta gradualmente a separação. Eventualmente, quando contenda é totalmente dominante, os elementos são tão completamente separadas nos seus respectivos lugares, constituindo cada um deles uma massa totalmente por si próprio, sem a presença nela de qualquer parte de qualquer um dos outros elementos, que os cosmos e todos os seus movimentos são destruídos. Estas interpretações então considerar que existe uma outra cosmogony no progresso reverso da separação completa para a unidade completa, sob a influência do Amor. Certamente, a simetria do princípio fundamental pode sugerir uma segunda cosmogonia.

 No entanto, não encontramos nos restos de poema de Empédocles uma descrição de outra cosmogonia, que decorre sob a influência do Amor. Claro, que não encontramos um não significa que ela não existia, dada a natureza fragmentária do texto. Na verdade, Aristóteles sugere em um número de lugares (para os céus II 13, 295a29, na geração e corrupção II 7, 334a5), que Empédocles foi cometido a tal segunda cosmogonia. Mas ele diz que Empédocles se esquivado de realizar a tal cosmogonia, pois não é razoável supor um cosmos que vem a ser a partir de elementos já separado, como se cosmogonia só pode acontecer através da separação de elementos de uma condição previamente misturado de todos eles ( Sobre os Céus, III 2, 301a14).
 
Tais questões dar peso a uma segunda linhagem de interpretação (ver Longo 1974, Bollack 1965-1969). Tais interpretações ainda ler o princípio fundamental da B 17 como se referindo a períodos de dominação de amor e Strife alternada. No entanto, eles afirmam que só há uma cosmogonia e zoogony. No vórtice, contenda domina, a fim de separar os elementos nos seus respectivos lugares de modo a formar um cosmos. Como descrito acima, esta seria uma condição na qual algumas partes de cada um dos outros elementos são encontrados misturados dentro das massas distintas de terra, água, ar e fogo. Este é o ponto extremo da dominação do Strife, mas não é, como na interpretação tradicional, a separação acosmic total de elementos. Uma vez que o cosmos é formado (composto de uma ordem mundial com massas continentais em terra, oceanos, rios, ventos, sol, lua, estações, planetas, estrelas, etc), o amor começa a afirmar sua influência. A partir da mistura de elementos em proporções devidas, surgem diversas formas de vida animal.

  Finalmente, ambos os animais e cosmos perecem como Amor reunifies totalmente os elementos. Assim, finalmente, a esfera é restaurado. Nesta interpretação existe uma única cosmogony e zoogony, não duas como sobre as interpretações tradicionais. A idéia de um único cosmogonia e zoogony é atraente, em parte, porque ecoa outros filósofos pré-socráticos.
 
Até agora, nos concentramos em conta Empédocles do vir a ser dos cosmos. Mas, em sua zoogony, Empédocles também escreveu sobre os animais e como eles vieram a ser. É claro que ele associou zoogony com a influência do amor e da contenda. Podemos distinguir dois conjuntos de fragmentos que contam a maneira que os seres vivos vir a ser. O primeiro conjunto diz sobre eventos fantásticos e criaturas, a segunda sobre os eventos de sonoridade natural e criaturas.
 
Vamos começar com o fantástico. Empédocles diz que houve um tempo em que membros diferentes vagava por conta própria:
Aqui surgiram muitos rostos sem pescoços, braços vagou sem ombros, solto, e os olhos se desviaram sozinho, precisando de testas (B 57).
A errante e desviando sugerem movimentos sem rumo e desordenada (e, portanto, alguma influência de Strife). Depois, no entanto, esses membros diferentes combinados em formas aleatórias para fazer criaturas fantásticas:
Muitas criaturas nasceram com o rosto e os seios em ambos os lados, o homem com cara de boi-descendentes, enquanto outros ainda brotou como prole boi-cabeça do homem, criaturas compostas, em parte, do sexo masculino, em parte da natureza da mulher, e está equipado com peças escuras . (B 61)
Nestes fragmentos há uma mudança de separação de combinação. A combinação é, evidentemente, o trabalho do Amor. Embora essas criaturas são fantásticos, Aristóteles diz algumas das combinações foram equipados para sobreviver (Aristóteles, Phys. II 8, 198b29).
No segundo conjunto de fragmentos encontramos uma explicação da maneira que apresentam criaturas dia vir a ser.
Vinde, pois, ouvir como o fogo, uma vez que foi separado levantou os tiros noturnos de homens e mulheres dignos de lástima: ele não é um conto que erram nem ignorante. Formas de toda a natureza em primeiro lugar surgiu da terra, que tem uma porção de água e calor. Estes fogo enviado up, desejando chegar a seu gosto: eles ainda não apresentar a forma desejável de membros, nem da voz, que é a parte boa para os homens. (B 62)
Esta fase produz as primeiras formas humanas, embora eles ainda têm de mostrar características claramente humanas. Em última análise, a estes homens e mulheres não desenvolvidos, como os conhecemos hoje (B 63-65). Neste ponto, a reprodução sexual torna-se o foco da conta Empedócles '. Ainda assim, esta fase começa com a separação de elementos, como as primeiras linhas do show fragmento, e por isso envolve alguma influência do Strife.
 
Nas interpretações tradicionais, há duas zoogonies, um sob a influência cada vez mais dominante do Amor e do outro sob a influência dominante de conflitos. Pelo contrário, na segunda estirpe de interpretação, existe apenas uma zoogony, que tem lugar sob a influência crescente do Amor, embora altercação ainda está presente. Assim, não há dois zoogonies acontecem em ciclos cósmicos distintos, mas sim há flutuações de amor e conflitos dentro do progresso de domínio total por Strife para que pelo Amor. No entanto, alguns analistas argumentam que o novo material no Strasbourg papiro dá peso à interpretação tradicional. Por exemplo, Trépanier (2003) argumenta que o conjunto d (ver Martin e Primavesi 1999, 144-149) reforça a evidência anterior para uma espécie de zoogony, que se realiza sob a influência de Strife, que é totalmente diferente do tipo de zoogony sob a influência do Amor. Por sua vez, zoogonies distintas implicam cosmogonias distintas.
 
No entanto, a dupla zoogony implica que os animais ou suas partes venha a ser através de um processo de separação. Desde zoogony sob Amor é mostrado para ser uma espécie de montagem de peças que leva a criaturas viáveis, por paridade de raciocínio, zoogony sob Strife deve ser uma ruptura dos conjuntos que leva a criaturas viáveis ​​ou para o tipo de peças que são condenados a continuar desintegração. A tarefa, então, para os tradicionalistas é encontrar passagens do manuscrito que mostram claramente uma sundering que produz criaturas viáveis ​​ou suas partes. Por sua vez, o sundering deve pertencer claramente a um estágio em que Strife não é apenas dominante, afinal, os seus adversários reconhecem uma flutuação na influência do Amor e Strife, mas está a atingir a separação completa. Enquanto os tradicionalistas apresentaram trechos do manuscrito que eles afirmam ser tal evidência, as reivindicações não foram incontestada (Balaudé Laks 2010 e 2001). Neste ponto do debate acadêmico continua talvez não seja muito ousado dizer que o novo material apresenta alguma não-evidência incontestável para uma dupla zoogony.
 
A questão da sucessão desses estágios é, talvez, não tão importante quanto o fato de que, em qualquer ponto de vista, Empédocles propõe uma forma de explicar os seres vivos por princípios conflitantes de amor e luta. Embora cada um dos quatro raízes tem sua qualidade particular, essas qualidades não são suficientes para explicar como um cosmos, e suas criaturas, venha a ser. Além da interação de fogo, ar, terra e água, deve haver outras forças em ação, a fim de ter o mundo em que vivemos Assim, as quatro raízes, com suas qualidades particulares, não são tão naturalmente antagônicas como a desafiar combinação , mas são capazes de repelir tanto um do outro e de aproximação. Por um lado, muito do nosso mundo é o efeito de desintegração porque as raízes provar ser antagônico devido a conflitos, por outro lado, eles também vêm juntos, harmonizando suas qualidades particulares devido ao Amor. Quando a harmonia é uma força criativa, como o Amor atinge combinação vem à tona.

 A explicação de harmonização alcança uma profundidade importante na idéia de uma mistura proporcional de elementos. Empédocles diz que a carne eo sangue são compostas de partes aproximadamente iguais de terra, fogo, água e aither (B 98). Outra proporção de elementos produz osso (B 96). Assim, um bom equilíbrio harmoniza as raízes e expulsa antagonismo. No entanto, lemos os ciclos de amor e luta, então, essa harmonia de raízes potencialmente opostos é apenas uma fase. Na esfera do amor, a proporção que produz a variedade de criaturas dá lugar a uma mistura de homogeneização das raízes.
 
Estes fragmentos parecem relacionadas com a medicina antiga, com sua teoria da mistura adequada de quente e frio, seco e molhado como constituindo a condição saudável do corpo. (Lembre-se que somos informados de que Empédocles foi um médico, bem como um filósofo e poeta.) No entanto, os fragmentos existentes não apresentam qualquer conexão detalhado com explicações médicas.  

A proporção igual na mistura de sangue parece relacionada a um outro tipo de explicação. O sangue tem um papel central a desempenhar na conta de Empédocles de processos biológicos, para a qual nos voltamos agora, entre outras coisas, é que o que os homens pensam (B 105). Afigura-se que a mistura em partes iguais permite a discriminação de todas as coisas (desde que, evidentemente, todas as coisas são constituídos por quatro elementos em proporções diferentes).
 
Desde Empédocles parece não ter pensamento distinto de percepção, seria melhor começar com o último. Primeiro de tudo, que a percepção Empedócles prende baseia-se no princípio de "procura pelo gosto."
Pois com terra vemos terra, com água, com o ar brilhante ar, com o consumo de fogo, com o amor que vemos Love, Strife Strife com medo. (B 109)
Desde as raízes e princípios em que percebe estão relacionados com as raízes e princípios do objeto percebido, a passagem sugere que elementos em uma correspondem aos elementos do outro. Esta passagem, é claro, não deixa claro imediatamente como esta correspondência resulta na percepção de cor e forma. Em qualquer caso, usando a idéia básica de "como por tipo," ele refina a sua conta de percepção para incluir a idéia de "emanações." Tudo desprende emanações (B 89). Estas são pequenas partículas que saem a partir de objetos conintually. Só então pode compreender uma metade de correspondência; emanações do fluxo objeto percebido ao observador, em particular, para o órgão de percepção. Então, emanações de fogo faria contato com o fogo nos olhos. Nesta base, uma vez que o fogo, por exemplo, é branco, pode-se construir um relato da maneira que o fogo e outras raízes, são responsáveis ​​pela percepção das cores. No entanto, esses tipos de explicações não englobam a percepção do Amor e da Discórdia, que parece depender da dedução (B 17)
 
No entanto, a conta de Empédocles de percepção é mais complexa ainda. Enquanto uma corrente de emanações vai do objeto de percepção para o órgão, outro sai do próprio órgão de percepção. Empédocles compara o olho a uma lanterna (B 84). Na lanterna, a chama é protegida por uma tela de linho, mas a luz ainda percorre o linho. Assim, o olho tem uma membrana através da qual a chama no interior do olho sai. Esta conta do olho refere-se a uma outra ideia Empedoclean importante, a superfície do olho tem passagens através das quais o fogo apaga-se efluente. Emanações ir em outra direção, bem como, a partir dos objetos. Em uma passagem bem conhecida de Meno de Platão, onde Sócrates é suposto estar dando teoria da percepção de Empédocles, eles vêm do objeto de percepção para o órgão de percepção. Nesta consideração, há também uma forma de distinguir os diferentes tipos de percepção. Diferentes emanações tamanho do objeto caber aberturas ou poros em forma semelhante nos diferentes órgãos. Em seguida, as cores são emanações de objetos instalados nos poros do olho (Meno 76c). Assim, a percepção da cor é baseada numa correspondência entre a forma dos poros do olho e a forma das partículas que fluem a partir do objecto percebida.

Purificações 2.

Purificações tem um modelo claramente diferente da de Na Natureza. Enquanto este último, na sua maior parte, diz respeito às origens e funcionamento dos fenômenos naturais, o primeiro é a autobiografia de um ser divino. Nas linhas de abertura, o narrador do poema, que é, presumivelmente, Empédocles, descreve-se como um deus, recebido como tal pelas cidades em que ele viaja. Para eles, ele distribui conselhos, profecias e curas (B 112). Esse deus é na verdade um espírito, um Daimon, que foi exilado da vida bem-aventurada dos outros espíritos, quebrando um juramento e derramamento de sangue (por matar e comer animais: veja abaixo). Ele vagueia em todo o mundo natural, rejeitado pelos próprios elementos, porque ele colocou a sua confiança em delirando Strife (B 115). Exilados daemons são reencarnado em todos os tipos de formas de vida, finalmente, vir a ser como profetas, poetas, médicos e líderes entre os homens. (Empédocles foi um poeta, e recordamos que a evidência antiga indicava que ele também era um líder médico e político, e um profeta também.) Por fim, eles surgem como deuses, e, finalmente libertado do exílio, que, em seguida, desfrutar de uma vida abençoada (B 146 e 147). Presumivelmente, o próprio narrador é nesta fase em seu exílio. Uma vez que é o evento-chave na vida de um daemon, precisamos saber por que derramar o sangue é tão importante e como ela está relacionada a colocar a confiança em Strife. Empédocles descreve (B 128), o que soa como uma idade de ouro na qual a divindade reinante era Afrodite, a deusa do amor e do sexo, não Ares, deus da guerra, nem Zeus, nem Kronos, nem Poseidon.  

Presumivelmente, estamos a pensar de Afrodite como reinando sobre os seres unidos pelo amor, enquanto o resto, como Ares, estão associados com a guerra e conflitos. O que é mais notável sobre aqueles que viveram nesta época é que eles não poluir-se com sacrifício sangrento (B 128). Na verdade, ambos os animais e os homens viviam juntos na amizade (B 130). Esta era é normativa para toda a existência (B 135). Os mortais são avisados ​​nos termos mais fortes possíveis para abster-se de sangue eo consumo de carne. Estes dois estão ligados na prática do sacrifício de sangue, porque os participantes do sacrifício comeu a carne de animais sacrificados.  

A principal razão dada para a abstinência de carne é que, uma vez que todos são reencarnado como vários tipos de seres vivos, matar e comer animais é, na realidade, o canibalismo (B 136 e 137). Assim, matar e comer uns aos outros é a forma mais extrema de contenda entre os seres humanos. O próprio narrador, o exilado e errante daemon, deseja que ele tinha sido destruído antes que ele tivesse feito o terrível ato de comer carne com os lábios (B 139).
 
A relação entre Em Natureza e Purificações é objecto de especulações variadas. Uma vez que se pensava que o primeiro foi um trabalho científico e esta a um religioso. Uma vez que estas categorias foram entendidas como a antítese, não poderia haver relação alguma entre eles, Empédocles acabara de escrever dois poemas incompatíveis. Mais recentemente, como a utilidade de uma dicotomia tão rígida parecia menos plausível, os comentaristas têm visto o ensinamento sobre a natureza como contínuo com Purificações. Ambos, afinal, dar um lugar de destaque para Amor e Strife. Natureza, então, é governado pelos mesmos princípios que são a chave para compreender o drama da vida ética, como Empédocles representa isso. A compreensão de como a natureza funciona, ninguém vai querer lado com amor e não Strife, especialmente, um vai querer evitar o derramamento de sangue, que segundo o qual pensamos e perceber, o próprio princípio da vida consciente. No entanto, também aqui comentadores interpretaram trechos do manuscrito Estrasburgo como mostrando uma união mais estreita entre o que são tomados como dois aspectos de uma mesma conta. Por exemplo, afirma Primavesi dos daemons viajando de volta a um estado de pureza espelha as raízes que retornam à esfera do amor (Primavesi, 2005). Tais interpretações implica que não há dois poemas, mas um.

 No entanto, o suporte textual caminho foi mobilizada para esses tipos de leituras não foi uncritized (Laks, 2002).

Empédocles — Amor e Ódio

    Amor
    Brun
    Empédocles de Agrigento
    eros
    physiologoi
    Pré-Socráticos

Empédocles é conhecido sobretudo como o filósofo que fez da vida do mundo uma tragédia cósmica, comandada pela luta implacável a que se entregam as duas grandes forças que orientam todos os fenômenos e acontecimentos do cosmos: o Amor e o Ódio.

Temos insistido na ideia de que o pitagorismo tinha definido o número muito mais como o resultado do fraccionamento do Uno-Todo originário e primeiro do que como a justaposição de unidades residuais elementares. Mas o pitagorismo calava-se acerca da razão ou da força que conduzira o Uno a fragmentar-se à maneira de Diónisos-Zagreus, como nada dizia do que conduzira à constituição de números-figuras. Todavia, as tradições órficas, de que é difícil saber se influenciaram o pitagorismo ou se foi o pitagorismo que sobre elas teve influência, colocavam toda uma escatologia, subentendida por teorias acerca das metempsicose e metensomatose, no âmago da tragédia do cosmos.

Empédocles deve muito à tradição órfico-pitagórica que faz presidir à Justiça do mundo o ciclo dos nascimentos e renascimentos. Insiste, com efeito, na ideia de que o homem é um ser exilado e errante nesta terra onde expia as faltas da sua existência anterior. Ele próprio se reconhece um desses culpados perseguidos pelo Ódio:

    E eu sou um daqueles, um vagabundo exilado dos deuses,
    Porque pus a minha confiança no Ódio furioso, (fgt. 115)

Invade-o um sentimento de desespero quando, constrangido a revestir-se, como todos os homens, de um «vestido de carne» que lhe é estranho (fgt. 126), considera o lugar onde vai viver:

    Chorei e solucei à vista desta terra insólita, (fgt. 118)

As potências que conduzem as almas ao mundo dos homens dirigem-se-lhes nestes termos:

    Chegamos a esta caverna aberta, (fgt. 120)
    O mundo é apenas o lugar da infelicidade (ates leimon)
    Onde a Morte e o Ódio e os demais gênios da Morte
    E as doenças que destroem e as putrefacções e as obras da dissolução Erram pela campina da Desgraça, nas trevas, (fgt. 121)

No entanto, certos seres privilegiados, como Pitágoras e o próprio Empédocles, são capazes de se recordar das suas anteriores existências e de extrair dessa reminiscência a fonte de um saber prodigioso. Convém dizer que o conhecimento não provém nem dos sentidos nem propriamente do espírito, mas de uma reminiscência (anamnesis) das diversas vicissitudes por que passaram os elementos no decurso da sua mistura (mixis) e das suas divisões (diallaxis). O conhecimento é, então, essencialmente iniciação, êxtase, gnose e purificação, porque mergulha na profundeza de um tempo, enraizando para lá das divisões que separam e da multiplicidade que dispersa.

A atração e a divisão encontram-se no âmago do drama que rege o cosmos. Os elementos, os seres e as coisas são alternadamente unidos pelo Amor e separados pelo Ódio; daí esta passagem central da obra de Empédocles:

    O Amor e o Ódio, como eram antes, assim serão, e jamais, penso,
    O tempo infinito será despojado deste par.
    Irei falar do duplo processo das coisas: porque ora o Uno cresce, permanecendo só,
    A partir do Múltiplo, ora, ao contrário, se divide e do Uno nasce o Múltiplo.
    Do que é mortal há, pois, duplo nascimento e dupla destruição:
    A união de todas as coisas provoca o nascimento e a destruição E, por outro lado, o que se forma voa em todas as direções, quando os elementos se separam.
    E tais elementos jamais cessam seu contínuo intercâmbio,
    Ora tudo se unifica, graças ao Amor,
    Ora, de novo, cada elemento se separa, arrastado pela força hostil do Ódio.
    Por isso, na medida em que dispõem do poder de se aproximar do Uno a partir do Múltiplo
    E, de novo, quando o Uno se dissolve e daí surge o Múltiplo,
    Nessa medida vêm ao ser e não possuem vida imutável.
    Mas, na medida em que jamais cessam seu perpétuo intercâmbio,
    Nessa medida permanecem sempre imutáveis segundo o ciclo. (fgt. 16-17)

O devir e o curso do mundo exprimem aquilo em que o Uno se divide e se reconcilia, sendo ois indivíduos a parada deste drama universal.

Se o conjunto desta visão do mundo é assaz claro, surgem diversas dificuldades quando se entra em pormenores. Como aparece o Ódio? Não nasce de um acontecimento qualquer, dado que, na filosofia de Empédocles, não tem cabimento a ideia de criação. Por outro lado, o Ódio, como o Amor, sempre existirá, porque o tempo nunca será privado deste par (fgt. 16). Parece, todavia, poder dar-se as seguintes precisões acerca desta gesta cósmica. No movimento circular do Sphairos, o Ódio encontra-se de início nos extremos limites daquele, já que, por natureza, é centrífugo:

    Enquanto tudo se reunia, o Ódio era relegado para os extremos limites, (fgt. 36)

O Amor, pelo contrário, encontra-se no centro do turbilhão e tudo converge em sua direção para constituir o Uno :

    «Quando o Amor atingiu o centro do turbilhão, então todos os elementos nele se precipitaram para constituir o Uno, não de uma só vez, mas reunindo-se voluntariamente, uns de um lado, os outros do outro.» (fgt. 35)

Mas esta espécie de equilíbrio, que coloca o Amor ao centro e o Ódio nos limites exteriores, é apenas provisório. Quando o tempo se completa, chega a vez do Ódio:

    Quando o grande Ódio se tiver alimentado nos membros do Sphairos
    E se dirigir para as honras, quando for cumprido o tempo
    Que lhe é atribuído alternadamente pelo Grande Pacto... (fgt. 30)
    Mas quando o Ódio começou mais uma vez a prevalecer,
    Então houve de novo um movimento no Sphairos,
    Porque todos os membros do deus foram sucessivamente abalados, (fgt. 31)

Empédocles não fornece qualquer precisão acerca do desencadear do Ódio. Talvez lhe bastasse o apelo ao «amplo pacto» que preside às estruturas das coisas e ao devir dos seres.

A luta do Amor e do Ódio, que constitui a própria vida do cosmos, reproduz-se no homem, microcosmos que vive em estreita relação com o que o rodeia:

    Este combate de duas forças vê-se claramente na multidão dos membros dos mortais:
    Às vezes, sob o efeito do Amor, todos os membros que o corpo possui
    Se reúnem no Uno, no auge da vida florescente,
    Mas, outras vezes, dispersos pela nociva Discórdia (Heris),
    Erram, por sua vez, até às mais longínquas margens da vida.
    O mesmo se passa corri as plantas, os peixes que habitam as águas,
    Os animais das montanhas e as aves que deslizam sobre suas asas. (fgt. 20)

É igualmente o Amor que encontramos no coração dos mortais que dele estão possuídos e que procuram unir-se:

    Também a ele consideramos inato nos membros dos mortais,
    Dele nascem os pensamentos de amor
    E se realizam as ações harmoniosas.
    Chamam-lhe Alegria ou Afrodite.
    Nenhum mortal o descobriu, embora se mova em círculo
    Em seu redor. (fgt. 17)

Dado que apenas existem as combinações e as dissociações de elementos, não há lugar no mundo para qualquer criação. Por isso, o que tomamos por tal não passa de alteração de formas:

    Dir-te-ei ainda outra coisa: das coisas mortais não há criação (physis)
    Nem desaparecimento na morte funesta
    Mas somente mistura (mixis) e dissociação (diallaxis) do que fora misturado.

Criação é apenas o nome atribuído a tal fenômeno pelos homens (fgt. 8). O nascimento e a morte são apenas metamorfoses no interior do ciclo:

    Quando os elementos combinados surgem à luz sob a forma de um homem
    Ou sob a forma de qualquer outra espécie de animal selvagem, ou de planta,
    Ou de pássaro, então os homens dizem que houve um nascimento
    E, quando os elementos se separam, os homens chamam a isso a morte funesta.
    Não utilizam os termos que a Justiça exige. (fgt. 9)

O que predomina alternadamente na evolução do ciclo são estes quatro elementos: a água, o ar, a terra e o fogo, assim como o Amor e o Ódio:

    Porque só eles existem, correndo uns através dos outros,
    Transformam-se em homens e em espécies dos outros animais;
    Ora reunidos sob a influência do Amor em um todo ordenado
    Ora cada um deles se movendo separadamente, sob o efeito da força hostil do Ódio. (fgt. 26)

(Jean Brun, "Pré-Socráticos")
   "  Fixo no espesso invólucro da harmonia O Sphairos é alegre na sua revolução solitária.
    Não há discórdias nem lutas indecentes nos seus membros.
    Mas é igual em todos os sentidos, semelhante a si próprio e absolutamente sem limites,
    Sphairos circular, alegre na sua revolução solitária.
    Porque não se vê dois ramos soltar-se a partir do seu dorso,
    Não tem pês, nem joelhos ágeis nem órgãos genitais,
    Mas é esférico, em todos os sentidos igual a si próprio, "(fgt. 27-29)

Nada lhe é exterior, é absolutamente divino, inacessível aos homens. O Sphairos é anterior a qualquer Ódio, qualquer divisão, qualquer fractura; sem ação nem paixão, ignora a luta e o múltiplo: é.

É por referência a este Sphairos primitivo e originário que Empédocles fala de um paraíso perdido e de uma idade de ouro primitiva onde reinava a inocência. De lá os homens foram precipitados sobre a Terra, onde estão sujeitos à luta dos contrários. Somente os homens piedosos voltarão para junto dos deuses, para aí desfrutar de novo a paz e harmonia. Conhecerão, então, de novo, a época em que «todas as criaturas eram familiares e doces para com os homens, tanto os animais selvagens como as aves» (fgt. 130). Era aí o reino da Amizade.

Por isso, o Sphairos divino é o fundamento primeiro de onde nasceram todos os começos. Não é uma unidade entre outras nem a unidade de uma multiplicidade, é Um como a esfera cuja rotundidade é feita de pontos equidistantes de um centro imóvel em tomo do qual gravita uma massa que nunca sai de si mesma e permanece acabada em si. (Jean Brun, "Pré-Socráticos")

Empédocles: Amor e Ódio

 Empédocles, um filósofo pré-socrático [1], acreditava que o Cosmos era regido por duas forças primordiais: o Amor unia a tudo, e o Ódio afastava. Difícil dizer hoje o porque de ele haver usado especificamente estes termos, mas talvez ele tenha percebido um parentesco entre as forças naturais, externas a alma, e as forças da própria alma.

Ora, hoje sabemos que o que Empédocles chamou de Amor, a ciência chamou de Gravidade. E a cosmologia atesta que o espaço-tempo continua a se expandir. Seria pelo Ódio que os agrupamentos de galáxias se afastam umas das outras? Acredito que Empédocles apenas lamentava pelo tanto de gente que nunca iria conhecer, pois que estavam afastados tanto no tempo quanto no espaço.

Mas há ainda uma espécie de pensamento que pode reconciliar a todos, tanto os unidos na Gravidade, quanto os afastados no Ódio... Não há substância que possa haver criado a si mesma a partir do nada, e portanto tudo o que há, galáxias, planetas, filósofos e amantes, etc, tudo é parte desta mesma substância incriada, que existe exatamente porque o nada inexiste.

Dentro dela, estamos todos navegando. Estamos todos profundamente conectados, uns com os outros, em nossa essência mas primordial. Hoje, mesmo a cosmologia poderia responder a Empédocles: "através dos átomos, todos estamos conectados - o Ódio era ilusão, o Amor venceu ao tempo e ao espaço".
***
[1] "O mundo evoluiu da água por processos naturais. Sobrevive aquele que está mais bem capacitado", concluiu cerca de 2460 anos antes de Darwin e Wallace. Conforme Wallace, porém, era reencarnacionista.

 A MORTE DE EMPÉDOCLES

A história de vida de Friedrich Hölderlin (1770-1843) – poeta alemão da região da Suábia – representa a síntese de todos os influxos políticos, filosóficos, estético-literários da época: a Revolução Francesa, o estudo da teologia, da literatura alemã (Klopstock), da filosofia de Espinosa (panteísmo), Rousseau (contrato social), Kant (Crítica da razão pura), Fichte (o confronto do eu-absoluto com o não-eu), da estética de Schiller e da filosofia grega (Platão e os pré-socráticos). Conviveu com Schiller, Herder, Goethe e outros literatos. Amigo e colega no convento de Tübingen de Hegel e Schelling colaborou decisivamente na elaboração do Mais antigo sistema do idealismo alemão no qual proclama que a poesia se tornará “o que foi no começo – mestra da humanidade”.

Tanto nas poesias (muitas em várias versões) como no romance Hyperion (em três versões) e na peça teatral, Hölderlin foi modificando o texto de acordo com a evolução de suas formulações e lucubrações político-filosófico-estéticas. Na tragédia, deslocou o problema individual da culpa de Empédocles (primeira e segunda versões), ou seja, da soberba, da hybris, de proclamar-se deus diante do povo, para o ângulo coletivo como redentor da humanidade (terceira versão) a fim de justificar a morte do filósofo no Etna. Sua reflexão sobre o trágico, seja no ensaio Fundamento do Empédocles, escrito para explicar o drama, como na peça, especifica a missão do poeta, a de conciliar a oposição entre o subjetivo e o objetivo no Si-mesmo. Mais de um século depois, C.G. Jung defendeu idêntica concepção (consciente, inconsciente e Si-mesmo).

Hölderlin vale-se do mito do filósofo, político, taumaturgo e poeta grego para criticar a Alemanha materialista e tecnicista de então, afastada dos deuses – Gottesentfernung – e antevê o retorno dos mesmos – Gottesnähe. Vislumbra assim a utopia de uma revolução do espírito, a renovação da interioridade individual alicerçada nos princípios da Revolução Francesa e do amor. Com o modelo de sociedade embasada no ideário dos pré-socráticos de unidade com tudo o que vive, do unus mundus, levanta questões como renascimento individual e dos povos, imortalidade da alma, purificação, dinamicidade, a missão do poeta e da poesia. Configura o papel social da literatura e da arte, preocupação esta inerente a todos os seus contemporâneos.

Influência marcante sobre Nietzsche que chega a escrever o esboço de seu Empédocles, sobre Rainer Maria Rilke, Hermann Hesse e tantos outros. Leitura imprescindível a todos empenhados no bem-estar e na melhoria do indivíduo e da comunidade.

Encenada pela primeira vez em 1916, a peça tem sido levada aos palcos reiteradas vezes em toda a Europa, inclusive em Agrigento, cidade de Empédocles, e foi, em l987, transformada em filme pelos diretores franceses Jean-Marie Straub e Danièle Huillet.


Meu amor é o gênero humano (...) Amo a geração dos séculos vindouros. Esta é minha mais bem-aventurada esperança, a crença que me mantém forte e ativo; nossos netos serão melhores do que nós, a liberdade tem de vir um dia, e a virtude prosperará melhor na liberdade, em luz que aquece mais do que no âmbito do despotismo. (...) Esta é a meta sagrada de meus desejos e de minha atividade: desperto agora os germes que amadurecerão numa época futura. (...) Gostaria de atuar no plano universal: o universal não permite que deixemos de lado o individual, porém não vivemos com toda a alma as coisas isoladas, quando o universal se torna objeto de nossos desejos e anseios.

Friedrich Hölderlin

 Fontes: 
Wikipédia
Licença padrão do YouTube
http://platon.hyperlogos.info/node/2994
 http://www.arazao.net/empedocles.html
 http://www.iluminuras.com.br/v1/verdetalheslivros.asp?cod=390
 http://textosparareflexao.blogspot.com/2013/02/empedocles-amor-e-odio.html
http://www.biografia.inf.br/empedocles-de-agrigento-filosofo.html
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
 Sejam abençoados todos os seres.

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