domingo, 28 de julho de 2013

TEILHARD DE CHARDIN - Mozart- YouTube Mix (lista de reprodução)



 
Wolfgang Amadeus Mozart - Piano Concerto No. 21 - Andante 

Teilhard de Chardin

 
Pierre Teilhard de Chardin (Orcines, 1 de maio de 1881Nova Iorque, 10 de abril de1955) foi um padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês que logrou construir uma visão integradora entre ciência e teologia. Através de suas obras, legou-nos uma filosofia que reconcilia a ciência do mundo material com as forças sagradas do divino e sua teologia. Disposto a desfazer o mal entendido entre a ciência e a religião, conseguiu ser mal visto pelos representantes de ambas. Muitos colegas cientistas negaram o valor científico de sua obra, acusando-a de vir carregada de um misticismo e de uma linguagem estranha à ciência. Do lado da Igreja Católica, por sua vez, foi proibido de lecionar, de publicar suas obras teológicas e submetido a um quase exílio na China.

"Aparentemente, a Terra Moderna nasceu de um movimento anti-religioso. O Homem bastando-se a si mesmo. A Razão substituindo-se à Crença. Nossa geração e as duas precedentes quase só ouviram falar de conflito entre Fé e Ciência. A tal ponto que pôde parecer, a certa altura, que esta era decididamente chamada a tomar o lugar daquela. Ora, à medida que a tensão se prolonga, é visivelmente sob uma forma muito diferente de equilíbrio – não eliminação, nem dualidade, mas síntese – que parece haver de se resolver o conflito."
(Teilhard de CHARDIN, O Fenómeno Humano)

Biografia

Criado em uma família profundamente católica, Chardin entrou para o noviciado da Companhia de Jesus em Aix-en-Provence no ano de 1899 e para o juniorado em 1900, em Laval. Era a época das reformas liberais de Waldeck-Rousseau, que retirara das universidades católicas o direito de conceder graus e posteriormente dissolveu as ordens religiosas e expulsou vinte mil religiosos da França.1 Por este motivo, teve que deixar a França e os seus estudos prosseguiram na ilha de Jersey, Inglaterra, onde cursou filosofia e letras

Licenciou-se neste curso em 1902. Entre 1905 e 1908 foi professor de física e química no colégio jesuíta da Sagrada Família do Cairo, no Egito, onde teve oportunidade de continuar suas pesquisas geológicas, iniciadas na Inglaterra. Seus estudos de teologia foram retomados em Ore Place, de 1908 a 1912. Ordenou-se sacerdote em 1911.

Entre 1912 e 1914 cursou paleontologia no Museu de História Natural de Paris. Foi a sua porta de entrada na comunidade científica. Durante seus estudos teve a oportunidade de visitar os sítios pré-históricos do noroeste da Espanha, entre eles, a Caverna de Altamira.

Durante a Primeira Guerra Mundial, foi carregador de maca dos feridos e depois capelão em diversas frentes de batalha.

Passada a Guerra, retomou os estudos em Paris, onde obteve o doutorado em 22 de março de 1922 na Universidade de Sorbonne com a tese: Os mamíferos do eoceno inferior francês e seus sítios. Em 1920 tornara-se professor de geologia no Instituto Católico de Paris. O ambiente intelectual de Paris proporcionou-lhe encontros fecundos para o exercício intelectual. Costumava apresentar suas ideias a plateias de jovens leigos, seminaristas e professores. 

Do ponto de vista teológico, já assumira as ideias evolucionistas e realizava uma síntese original entre a ciência e a fé cristã.

Em 1922, escreveu Nota sobre algumas representações históricas possíveis do pecado original, que gerou um dossiê pela Santa Sé, acusando-o de negar o dogma do pecado original. Teve que assinar um texto que exprimia este dogma do ponto de vista ortodoxo e foi obrigado a abandonar a cátedra em Paris e embarcar para Tianjin na China. Este fato marcará uma nova etapa da sua vida: o silêncio sobre temas eclesiais e teológicos que duraria o resto da sua vida. Foi-lhe permitido trabalhar em pesquisas científicas e suas publicações deveriam ser cuidadosamente revisadas.

Embora proibido de escrever sobre temas eclesiais e teológicos, seus superiores imediatos estimularam suas pesquisas e escritos, desde que sua ortodoxia fosse assegurada por uma séria revisão, com a esperança de uma publicação posterior.

Em Pequim, realizou diversas expedições paleontológicas, e em 1929 participou da descoberta e estudo do sinantropo - o homem de Pequim. Também realizou pesquisas em diversos lugares do continente asiático, como o Turquestão, a Índia e a Birmânia.

Entre novembro de 1926 e março de 1927, estimulado pelo editor da coleção de espiritualidade Museum Lessianum, escreveu O Meio Divino a partir de suas notas de retiro. A obra foi submetida a dois censores romanos, que a consideraram aceitável. Ao ser submetida ao Imprimatur, o cônego encarregado submete a obra a teólogos romanos, que a consideraram suspeita pela originalidade. Apesar disto, cópias inéditas da obra passaram a circular, datilografadas e policopiadas.

Em Pequim, escreveu sua obra prima: O Fenômeno Humano. Encaminhou a obra a Roma em 1940, que prometeu o exame por teólogos competentes. Várias revisões foram encaminhadas sem que o nihil obstat fosse concedido.

Em 1946 retornou a Paris. Seus textos mimeografados continuavam a circular e suas conferências lotavam os auditórios. Foi convidado a lecionar no Collège de France. Diante de ameaças de novas sanções pela Santa Sé, dirige-se a Roma em 1948. A visita foi inútil: foi proibido de ensinar no Colégio da França e a publicação do Fenômeno Humano não foi autorizada.

Entre 1949 e 1950 deu cursos na Sorbonne que geraram a obra O grupo zoológico humano. Em 1950 foi eleito membro da Academia de Ciências do Instituto de Paris.

Em 1950, foi promulgada a encíclica Humani Generis pelo papa Pio XII, que na opinião de Chardin, bombardeava as primeiras linhas de seu trabalho.
Em 1951, mudou-se para Nova York, a convite da Fundação Wenner-Gren, que patrocinou duas expedições científicas na África para pesquisar sobre as origens do homem sob sua coordenação.

Teilhard de Chardin faleceu em 10 de abril de 1955, num domingo de Páscoa, em Nova York. No campo científico deixou uma obra vasta: cerca de quatrocentos trabalhos em vinte revistas científicas.

No campo filosófico, seu pensamento pode ser editado por um comitê internacional porque ele deixou do direito de suas obras para um colega, não para a sua ordem religiosa. No mesmo ano de sua morte, as Éditions du Seuil lançaram o primeiro volume das Ouevres de Teilhard de Chardin.

O Santo Ofício solicitou ao Arcebispo de Paris que detivesse a publicação das obras. Em 1957, um decreto deste mesmo órgão decidiu que estes livros fossem retirados das bibliotecas dos seminários e institutos religiosos, não fossem vendidos nas livrarias católicas e não fossem traduzidos. Este decreto não teve muita adesão. Cinco anos mais tarde, uma advertência foi publicada, solicitando aos padres, superiores de Institutos Religiosos, seminários, reitores das Universidades que protejam os espíritos, principalmente o dos jovens, contra os perigos da obra de Teilhard de Chardin e seus discípulos. Segundo esta advertência, "sem fazer nenhum juízo sobre o que se refere às ciências positivas, é bem manifesto que, no plano filosófico e teológico, estas obras regurgitam de ambiguidades tais e até de erros graves que ofendem a doutrina católica".

A sua obra continuou a ser editada, chegando ao décimo terceiro volume em 1976, pelas Éditions du Seuil e foi traduzida em diversos idiomas. Seu trabalho teve grande repercussão, gerando diversos estudos a cerca de sua obra até nos dias atuais.

Apesar de toda a repressão, suas ideias foram sendo incorporadas ao discurso oficial da Igreja, como depreende-se da mensagem do Papa Bento XVI por ocasião da Festa da Santíssima Trindade de 2009, dirigida aos fieis em Roma: "Em tudo o que existe, encontra-se impresso, em certo sentido, o "nome" da Santíssima Trindade, pois todo o ser, até as últimas partículas, é ser em relação, e deste modo se transluz o Deus-relação; transluz-se, em última instância, o Amor criador. Tudo procede do amor, tende ao amor e se move empurrado pelo amor, naturalmente, segundo diferentes níveis de consciência e de liberdade.""Utilizando uma analogia sugerida pela biologia, diríamos que o ser humano tem no próprio "genoma" um profundo selo da Trindade, do Deus-Amor".2 

E ainda mais claro, no dia 24 de Julho em Aosta, Italia o Papa Bento XVI diz: 
"Nós mesmos, com todo o nosso ser, temos que ser adoração e sacrifício, restituir o nosso mundo a Deus e assim transformar o mundo. A função do sacerdócio é consagrar o mundo a fim de que se torne hóstia viva, para que o mundo se torne liturgia: que a liturgia não seja algo ao lado da realidade do mundo, mas que o próprio mundo se torne hóstia viva, se torne liturgia. É a grande visão que depois teve também Teilhard de Chardin: no final teremos uma verdadeira liturgia cósmica, onde o cosmos se torne hóstia viva."3

O pensamento de Teilhard de Chardin

Como geopaleontólogo, Teilhard de Chardin estava familiarizado com as evidências geológicas e fósseis da evolução do planeta e da espécie humana. Como sacerdote cristão e católico, tinha consciência da necessidade de um metacristianismo que contribuísse para a sobrevivência do planeta e da humanidade sobre ele . No cerne da questão está a visão filosófica, teológica e mística de Teilhard de Chardin a respeito da evolução de todo o Universo, do caos primordial até o despertar da consciência humana sobre a Terra, estágio esse que, segundo ele, será seguido por uma Noogénese, a integração de todo o pensamento humano em uma única rede inteligente que acrescentará mais uma camada em volta da Terra: a Noosfera, que recobrirá todo o Biosfera Terrestre. 

A orientar todo esse processo, existe uma força que age a partir de dentro da matéria, que orienta a evolução em direcção a um ponto de convergência: o Ponto Ômega. Teilhard sustentava a ideia de um Panenteísmo cósmico: a crença de que Deus e o Universo mantém uma criativa e dinâmica relação de progressiva evolução.

Como escritor, a sua obra-prima é O Fenômeno Humano, além de centenas de outros escritos sobre a condição humana. Como paleontólogo, esteve presente na descoberta do Homem de Pequim. Ainda que ele esteve presente depois do descobrimento do “Piltdown Man” a evidência ponta a o fato que ele nunca perdeu prestígio com a falsificação de um suposto fóssil "O Homem de Piltdown". Como Teilhard disse em 1920: "anatômicamente as partes não cabem."4
Segundo Chardin, a Terra seria composta de várias camadas esféricas:

Barisfera ou núcleo metálico terrestre;
Litosfera ou camada de rochas;
Hidrosfera ou camada de água;
Atmosfera ou camada de ar;
Biosfera ou esfera da vida;
Noosfera ou esfera do pensamento ou espírito humano:

TEILHARD DE CHARDIN (R. P. Pierre), erudito, filósofo e teólogo francês (Sarcenat, na comuna de Orcines, perto de Clermont-Ferrand, 1881 — Nova Iorque 1955). 
 
Entrando para a Sociedade de Jesus (Jesuíta) em 1899 e ordenando-se padre em 1911, ensina geologia e paleontologia no Instituto católico de Paris de 1920 a 1923. De 1923 a 1946, percorreu o império chinês, a índia, a Birmânia, Java e participou em 1931 do que se denominou o "Cruzeiro amarelo" (travessia da Ásia central em automóvel, organizada por André Citroen). 
 
A partir de 1951, ligou-se à Wenner-Gren Foundation de Nova Iorque, que, em 1951 e 1953, o encarrega de supervisar e financiar as pesquisas antropológicas na África do Sul.

Teilhard de Chardin é, de início, um erudito que, desde 1929, participou na China das escavações de Chu-ku-tien (perto de Pequim), onde foi descoberto o sinántropo, dito o "homem de Pequim", que é, juntamente com o homem de Java, o tipo humano mais antigo. As pesquisas de antropologia levaram-no a conceber toda uma teoria evolucionista: sua filosofia vitalista procura pensar a continuidade entre a natureza e a vida, e depois entre a vida e o espírito. Essa investigação sobre os "intermediários" o aproxima do materialismo dialético como ciência da natureza e de sua história. Entretanto, Teilhard de Chardin orienta toda a evolução não somente para a realização do homem (como espécie animal superior às outras espécies), mas para a realização de um homem particularmente espiritualizado, cuja imagem viva, segundo ele, é representada por Cristo. 
 
Em outros termos, o evolucionismo de Teilhard de Chardin não é somente uma teoria da evolução das espécies mais baixas até o homem, é também uma filosofia da história, que destina ao homem o dever de realizar o "ultra-humano", isto é, uma vida puramente espiritual, o ideal do Cristo. Essa continuidade entre uma teoria da vida ("biosfera") e uma teoria do espírito ("noosfera") evoca a filosofia de Bergson (em que a teoria da vida — em A evolução criadora — culmina numa teoria do espírito — em duas fontes da moral e da religião). 
 
A obra científica de Teilhard de Chardin, suas pesquisas sobre a origem do homem permanecem atuais; sua filosofia sacudiu certos meios católicos ao mostrar que uma pesquisa científica — de estilo nitidamente "materialista" —, focalizando-se sobre a história da natureza, não é exclusiva da fé. Suas Obras completas foram publicadas na França pelas Editions du Seuil. Deve-se-lhe notadamente O fenômeno humano (1938-1940), O coração da matéria (1950) e O crístico (1955). [Larousse]

Pierre Teilhard de Chardin
1881 – 1955


Nasceu a 1º de maio de 1881 em Auvergne (França) e faleceu a 10 de abril de 1955 em New York. De família aristocrática, influenciado pelo fervor religioso de sua mãe, seguiu a carreira eclesiástica. Tornou-se jesuíta. Com a expulsão da Companhia de Jesus, da França, em 1901, exilou-se na ilha de Jersey, onde se dedicou à Filosofia e à Teologia. Lecionou no Egito, estudou Teologia na Inglaterra e retornou à França em 1912, a fim de estudar Peleontologia. Em 1922 doutorou-se em Ciências e ocupou a cadeira de Geologia no Instituto Católico de Paris. Como resultado de sua primeira viagem à China, em 1923, onde fez pesquisas no deserto de Ordos, em Tienstsin, obteve a desconfiança de seus superiores, em Paris. Estes o obrigaram a deixar a Cadeira do Instituto e a retornar à China.

A leitura de "Evolutión Créatice", de Henri Bergson, e a amizade com o arqueólogo Marcellin Boule, o empurram para um conflito difícil: conciliar a Teologia católica com o evolucionismo. Chardin sabia que não conseguiria levantar a noite obscurantista da Igreja, mas sentiu-se impelido a ir adiante em seus estudos e reflexões, o que foi considerado "filosófico demais para um místico e místico demais para um filósofo". Aderiu prontamente à teoria evolucionista, a qual para ele não era uma teoria, mas uma realidade. Sentiu necessidade de entender o conceito da evolução da esfera biológica ao plano espiritual.

Pela sua maneira independente de pensar, Teilhard de Chardin foi perseguido, coagido, exilado e proibido de publicar livros, em pleno século XX! Porém, foi providencial sua ida à China. Numa das expedições em que tomou parte, foram encontrados restos de um pré-homídeo, o sinatropo (Sinanthropus pekinensis), em Chou-k'ou-tien, no ano de 1929. Chardin achava extraordinária a passagem do antropóide ao homem e considerava o Homo Sapiens como o encontro entre a matéria e o Espírito. A evolução social, após o Homo Sapiens seria, acima de tudo, uma evolução espiritual.

Em 1946 o Vaticano negou licença para que ele lecionasse e publicasse seus livros. Em 1951 foi nomeado membro da Academia de Ciência da França.
Para Chardin, o processo da evolução é como uma espiral que representa ao mesmo tempo o movimento de convergência e de ascendência.

 Para ele, três grandes épocas dividem a história da vida e do homem: 

- a Cosmogênese, que vai da criação até o aparecimento da vida; 

- a Biogênese, que termina com o aparecimento do homem; e a Antorpogênese que vai até o ponto “mega, realidade absoluta, divina, o grau máximo de aperfeiçoamento. 

A última época se completa com a Cristogênese, que é o aparecimento do Cristo, para o qual todas as coisas convergem. 

- A Terra seria a biosfera, sobre a qual se sobrepõe uma nova camada, a noosfera (nous = Espírito em grego), onde se processariam as novas transformações. Assim, tinha uma concepção total da vida em três fases: pré-vida, a vida e a sobrevida.

O elo procurado pelo jesuíta incompreendido encontra-se no Espiritismo, embora Jung tenha chegado muito próximo com o arquétipo coletivo e, agora, a psicologia transpessoal de Stanislav Grof também esteja a caminho.

Evidentemente, a evolução não se restringe ao organismo somático. Anda pari passu com a evolução do Espírito, de onde se aproximou o pensamento de Chardin.  Nos estudos sobre a evolução, sem dúvida os trabalhos de Charles Darwin representam um divisor de águas. Acontece que um pouco antes dele consagrar sua teoria com a publicação de "A Origem das Espécies", em 1859, veio ao público "O Livro dos Espíritos", em 1857, onde Kardec já tecia considerações sobre a evolução orgânica e espiritual.

 Alguns anos depois, Alfred Russel Wallace, co-autor da teoria da evolução, divergindo de Darwin, defendia a existência de forças espirituais regendo a evolução humana.

Teilhard de Chardin: um filho do Céu e da Terra

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Grande figura do século XX. Olhado com desprezo pela Igreja oficial. Mas depois acolhido com entusiásmo e todo o seu pensamento reintegrado e tomado como doutrina da Igreja. Morreu em dia de Páscoa. Só podia ter morte no dia mais belo do cristianismo, quem pensou a vida como explosão cósmica. Para nós cristãos a redenção cósmica acontece nesse dia maravilhoso de cada ano, o Domingo de Páscoa. E a morte de cada pessoa é a Sua Páscoa. Repare-se no que diz do Padre Teilhard de Chardin o Papa Bento XVI em 2009. Deveras curioso...
 
Jesuíta, teólogo e paleontólogo, o padre Teilhard de Chardin no livro a “A minha fé” dirá que «A originalidade da minha crença está em possuir as suas raízes em dois domínios de vida habitualmente considerados antagónicos. Por educação e formação intelectual, pertenço aos “filhos do Céu”. Mas, por temperamento e pelos estudos profissionais, sou um “filho da Terra”». 
 
No dia 24 de julho de 2009 na sua homilia proferida na celebração litúrgica das Vésperas na Catedral de Aosta, o Papa Bento XVI evocava o padre Teilhard de Chardin, a propósito da função do sacerdócio ser a consagração do mundo, com as seguintes palavras: «A função do sacerdócio é consagrar o mundo a fim de que se torne hóstia viva, para que o mundo se torne liturgia: que a liturgia não seja algo ao lado da realidade do mundo, mas que o próprio mundo se torne hóstia viva, se torne liturgia. É a grande visão que depois teve também Teilhard de Chardin: no final teremos uma verdadeira liturgia cósmica, onde o cosmos se torne hóstia viva.»
 
O padre Teilhard de Chardin muda-se para Nova York em 1951, onde viria a falecer no dia 10 de abril, Domingo de Páscoa, de 1955.

PIERRE TEILHARD DE CHARDIN (1881-1955)

Pierre Teilhard de Chardin nasceu em Sarcenat, Clermont-Ferrand, na França, em 1881. Ingressou na Companhia de Jesus em 1899, ordenou-se sacerdote em 1911 e lecionou geologia e paleontologia no Instituto Católico de Paris de 1920 a 1923. Em seguida, permaneceu no Oriente (China, Índia, Birmânia, Java) até 1946, com vários períodos de estudo passados nos Estados Unidos e na Somália-Etiópia. Em 1923, descobriu a civilização paleolítica do deserto de Ordos, depois participou das escavações de Chou-k'ou-tien, que levaram à descoberta do sinantropo (Sinantropos pekinensis). Retornou à pátria em 1946 e esteve novamente nos Estados Unidos em 1951 e em 1953, encarregado de organizar as pesquisas antropológicas no sul da África.

Famoso como cientista, seu pensamento religioso e teológico, porém, só teve sucesso e difusão mundial após sua morte, sobretudo devido à publicação de numerosas obras ainda inéditas, que indicavam à teologia contemporânea novos caminhos de investigação, mais arrojados, baseados na antropologia e na interpretação evolucionista da criação.

Toda sua vida e obra se resume nestas palavras: 'Sou um cidadão do Céu e um cidadão da Terra'. Dedicou-se arduamente aos estudos paleontológicos e biológicos, enquanto era um homem de profunda espiritualidade e vida interior. Procurou fazer uma síntese entre Cristianismo e Evolucionismo.

Dentre seus escritos mais famosos destacam-se: "O coração da matéria" (1950), "O fenômeno humano" (1955), "O surgimento do homem" (1956), "O lugar do homem na natureza" (1956), "O meio divino" (1957), "O futuro do homem" (1959), "A energia humana" (1962), "Ciência e Cristo" (1965).

O Santo Ofício chegou mesmo a divulgar um monitum, ou advertência simples, para a aceitação das idéias do religioso, no entanto, suas idéias marcaram e influenciaram profundamente o Concílio Vaticano II.

Teilhard de Chardin regressou à França em 1946, mas ante a impossibilidade de publicar seus textos - que circularam em exemplares mimeografados e só foram editados após sua morte - transferiu-se para os Estados Unidos. Ingressou então na Fundação Wenner-Gren, de Nova York, que patrocinou, nos últimos anos de sua vida, duas expedições científicas ao continente africano.

As teorias teilhardianas, que tendem a interpretar a inspiração cosmológica e escatológica do cristianismo primitivo à luz da ciência moderna, embora recebidas com suspeitas e entre violentas polêmicas, contribuíram para a aproximação entre cristianismo e mundo científico moderno. Em 1950, Teilhard foi nomeado membro da Academia de Ciências de Paris.

Teilhard de Chardin morreu em Nova York, em 10 de abril de 1955, no domingo de Páscoa. Ele teria dito algumas semanas antes numa conversa com amigos: "Seria tão bom morrer na Páscoa!".

PENSAMENTOS DE TEILHARD DE CHARDIN

"Em virtude da criação, e mais ainda da Encarnação, nada é profano neste mundo, para quem sabe ver".

"Ter consciência de que o trabalho humano aperfeiçoa o reino de Deus, e que o esforço é uma participação na Cruz de Cristo, eis o privilégio do homem cristão. É a Deus e a Deus somente que ele forma através da realidade das criaturas".

"Eu amo-Vos Jesus pela multidão que se abriga dentro de vós, que ouço, com todos os outros seres, falar, rezar, chorar, quando me junto a Vós".

"Se não nos amarmos uns aos outros pereceremo, porque para ser mais é preciso unir sempre mais".

"Ser é unir-se a si mesmo, ou unir os outros"

"É um dever sagrado para o cristão, em matéria de verdade humana, pesquisar e comunicar o que ele encontra aos profissionais e em nível profissional".

"Porque o Cristo é Ômega, o Universo está fisicamente impregnado, até no seu âmago material, da influência de sua natureza sobre-humana. A presença do Verbo encarnado penetra tudo como um Elemento Universal".

"Jesus crucificado não é um rejeitado ou um vencido. Pelo contrário. Ele é Aquele que carrega o peso e que sobreleva sempre, em direção a Deus, os progressos da marcha universal".

"Se meus escritos são de Deus, passarão. Se não são de Deus, só resta esquecê-los".

"O futuro é como as águas sobre as quais se aventurou o Apóstolo: carrega-nos na proporção de nossa fé".

"O Cristianismo mais tradicional, o do Batismo, da Cruz e da Eucaristia é susceptível de uma tradução onde passa o melhor das aspirações contemporâneas".

"Se eu pudesse mostrar apenas, por um instante que fosse, aquilo que eu vejo, acho que valeriam a pena todos os esforços de uma vida inteira".

"A única religião daqui por diante possível para o Homem é aquela que lhe ensinará, primeiro, a reconhecer, amar e servir apaixonadamente o Universo do qual ele faz parte".

"A coisa mais impossível de se deter no Mundo é a marcha de uma idéia. Nada poderia jamais impedir o Homem de procurar tudo pensar e tudo experimentar até fim".

"Tu que feres e curas, tu que resistes e és dócil, tu que arruínas e que constróis, tu que acorrentas e que libertas - seiva de nossas almas, Mão de Deus, Carne de Cristo, Matéria, eu te bendigo!"

"Quando, pela primeira vez, num ser vivo, o instinto se percebeu no espelho de si mesmo, foi o Mundo inteiro que deu um passo".

"Quanto mais o Homem se tornar Homem, menos aceitará se mover senão em direção do interminavelmente eindestrutivelmente novo: ... o Absoluto".

"O homem não é apenas um ser que sabe, mas é também um ser que sabe que sabe".

"A alma humana é feita para não estar sozinha".

"Matéria, Vida e Energia: as três colunas de minha visão e de minha felicidade interior".

"Todos os sofredores da Terra juntando seus sofrimentos para que a dor do Mundo se torne um grande e único ato de consciência, de sublimação e de união: ... uma das mais altas formas da obra da Criação".

"O Universo, considerado em seu conjunto, tem um fim e não pode errar de direção, nem parar no caminho".

"Todos os que querem afirmar uma verdade antes do tempo arriscam-se a descobrirem-se heréticos".

"Algum dia, quando tivermos dominado os ventos, as ondas, as marés e a gravidade... utilizaremos as energias do amor. Então, pela segunda vez na história do mundo, o homem descobrirá o fogo."

"Nosso Cosmo, no fundo, não é senão o lento nascimento de uma consciência universal".

"Amar a Deus não somente 'de todo o seu corpo e de toda a sua alma' mas detodo o Universo em evolução".

"Eu creio que o Universo é uma Evolução. Eu creio que a Evolução vai para o Espírito. Eu creio que o Espírito, no Homem, se conclui no Pessoal. Eu creio que o Pessoal supremo é o Cristo-Universal".

"Quando o Cristo, prolongando o movimento da sua encarnação, desce ao pão para substituí-lo, sua ação não se limita à parcela material que sua Presença vem, por um momento, volatizar. Mas a transubstanciação se aureola de uma real, ainda que atenuada, divinização de todo o Universo. Do elemento cósmico em que se inseriu, o Verbo age para subjugar e assimilar a Si todo o resto".

"Aquele que amou apaixonadamente a Jesus escondido nas forças que fazemmorrer a Terra, a Terra, desfalecendo, abraçá-lo-á maternalmente em seusbraços gigantes, e, com ela, ele despertará no seio de Deus".

"O grande acontecimento de minha vida foi a gradual identificação de dois sóis no céu de minha alma, sendo um o ápice cósmico postulado por uma evolução generalizada do tipo convergente e outro constituído pelo Jesus da fé cristã".

"Matéria, Vida e Energia: as três colunas de minha visão e de minha felicidade interior".

"Cada um de nós, quer queira quer não, liga-se, por todas as suas fibras materiais, orgânicas e psíquicas, a tudo que o circunda".

"Cada indivíduo carrega em si algo de todo o interesse final do Cosmo".

"Quando o sacerdote pronuncia as palavras: 'Isto é o meu corpo', as palavras incidem diretamente sobre o pão e diretamente transformam-no na realidade individual do Cristo. Mas a grande ação sacramental não pára neste acontecimento local e momentâneo... Há uma 'eucaristização' de toda a criação".

“Senhor, já que uma vez ainda, não mais nas florestas da França, mas nas estepes da Ásia, não tenho pão, nem vinho, nem altar, eu me elevarei acima dos símbolos até à pura majestade do Real, e vos oferecerei, eu, vosso sacerdote, sobre o altar da terra inteira, o trabalho e o sofrimento do mundo”.

Obras de Teilhard de Chardin

    Cartas a Léontine Zanta -  Cartas de Viagem - Cartas do Egipto
    Ciência e Cristo - O Fenómeno Humano - Hino do Universo
    Lugar do Homem no Universo -  O Meio Divino -  A Minha Fé
    Reflexões e Orações no Espaço-Tempo -  Sobre a Felicidade / Sobre o Amor
 
 - " Se não houvesse propensão interna para unir-se, mesmo em um nível rudimentar prodigiosamente de fato na própria molécula - seria fisicamente impossível para o amor a aparecer mais para cima, com a gente, em forma de "hominized'' .... Motivados pela forças do amor, os fragmentos do mundo buscam uns aos outros para que o mundo possa vir a ser.


- Para amar é aproximar-se uns aos outros de centro a centro.

- Só o amor é capaz de unir os seres vivos, de tal forma a completar e cumpri-las, pois só leva-los e junta-los com o que há de mais profundo em si mesmos. . . . Não ama a cada instante conseguir tudo que nos cerca, em que o casal ou a equipe, o talento mágico. . . de "personalizar" por totalizando? E se isso é o que ele pode alcançar diariamente em pequena escala, por que não repetir isso um dia em dimensões mundiais?

- Nós só temos que acreditar. E a realidade mais ameaçador e irredutível aparece, o mais firme e desesperadamente precisamos acreditar. Depois, pouco a pouco, veremos o unbend horror universal, e, em seguida, sorrir para nós, e então nos levar em suas armas mais humanos.

- O todo da vida está no verbo ver.

- O fim do mundo: a introversão interno atacado sobre si mesma da noosfera, que atingiu simultaneamente o limite extremo de sua complexidade e sua centralidade. . . a derrubada de equilíbrio, destacando a mente, Furfilled finalmente, a partir de sua matriz material, para que ele passará a descansar com todo o seu peso em Deus-Omega. . . ponto crítico, simultaneamente, de emergência e emersão, de amadurecimento e de evasão.

- É nosso dever como homens e mulheres se comportam como se limites para a nossa capacidade não existem. Somos colaboradores na criação do Universo.

- O homem só progride lentamente, através da elaboração de época para época a essência ea totalidade de um universo depositado dentro dele.

- A alegria é o sinal mais infalível da presença de Deus.

- Há quase um desejo sensual para a comunhão com outras pessoas que têm uma grande visão. A imensa cumprimento da amizade entre as pessoas envolvidas em promover a evolução da consciência tem uma qualidade impossível de descrever.

- O dia virá quando vamos aproveitar para Deus as energias do amor. E, nesse dia, pela segunda vez na história da humanidade, o ser humano vai ter descoberto fogo.

- Nós somos um, afinal de contas, você e eu juntos sofremos, juntos existem, e sempre vai recriar o outro.

- Nós não somos seres físicos que têm uma experiência espiritual, somos seres espirituais tendo uma experiência física.

- Ciência, filosofia e religião são obrigados a convergir à medida que se aproximam para o todo.

- O dia virá em que, depois de aproveitar o espaço, os ventos, as marés e gravidade, deveremos utilizar para Deus as energias do amor. E nesse dia, pela segunda vez na história do mundo, teremos descoberto o fogo.

- Impulsionado pelas forças do amor, os fragmentos do mundo buscam uns aos outros para que o mundo possa vir a ser. Só o amor é capaz de unir os seres vivos, de tal forma a completar e cumpri-las, pois só leva-los e junta-los com o que há de mais profundo em si mesmos.

- Tudo o que sobe deve convergir.

- Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual;

- Todos os que querem afirmar uma verdade antes do tempo arriscam-se a descobrirem-se heréticos.

- Somos seres espirituais tendo uma experiência humana.
- A alma humana é feita para não estar sozinha."

- Nós mesmos somos o nosso pior inimigo. Nada pode destruir a humanidade, mas a própria humanidade.

     - Você não é um ser humano em busca de uma experiência espiritual. Você é um ser espiritual imerso em uma experiência humana. "

Pierre Teilhard de Chardin

Ensaio de vida interior

Publicado em 14 fevereiro, 2009 por Fernando Gregianin Testa 

- Quem terá coragem do exercício de interioridade para além daquele da propaganda da “meditação faz bem à saúde”? Podes acabar por voltar como outro, se voltar…

    - Assim, talvez pela primeira vez na vida (eu, considerado como alguém que medita todos os dias!), tomei a lâmpada e, deixando a zona aparentemente clara das minhas ocupações e das minhas relações quotidianas, desci ao mais íntimo de mim mesmo, ao abismo profundo, donde sinto confusamente que emana meu poder de ação. Ora, à medida que eu me afastava das evidências convencionais com que é superficialmente iluminada a vida social, eu me dei conta de que escapava de mim mesmo. A cada degrau que descia, em mim se desvelava um outro personagem, cujo nome exato eu já não podia dizer e que não me obedecia mais. E quando tive que deter a minha exploração, pois o caminho me faltava sob os passos, havia a meus pés um abismo sem fundo donde saía, vindo não sei de onde, a vaga que na verdade eu ouso chamar de minha vida."    – Pág 53, Pierre Teilhard de Chardin. O Meio Divino. São Paulo: Cultrix.
 
 
Chardin, Pierre Teilhard de 1881-1955

Padre jesuíta francês, desde 1905. Parte para o Egipto em 1908. Trabalha no laboratório de Paleontologia do Museu de Paris. Em 1918 passa a professor de geologia do Instituto Católico de Paris. Doutor em ciências desde 1922. Parte em 1923 para a China, donde apenas regressa em 1945. Em 1926, os superiores jesuítas ordenam-lhe que abandone o ensino no Instituto Católico de Paris. Descobre em 1929 o Sinanthropus. Tenta reconciliar o cristianismo com a ciência, mas as suas obras não são autorizadas pelo Vaticano. Em 1933 é negado o imprimatur a Le Milieu Divine. Em 1938 a L'Enérgie Humaine

Em 1944, Roma proíbe Le Phénomène Humaine, para lá enviado em 1941. Instalado em França de 1946 a 1951, não obtém das autoridades eclesiásticas autorização para poder candidatar-se ao Collège de France, em 1948.. Retira-se então para Nova Iorque, onde se instala desde 1951. Um decreto do Santo Ofício de 6 de Dezembro de 1957 determina que os seus livros devem ser retirados das bibliotecas dos seminários e instituições religiosas e não devem ser vendidos em livrarias católicas. Em 1962, ainda o Santo Ofício condenava as respectivas teorias. Só em 1981 é que o Vaticano as deixou de considerar como heterodoxas. 

Lei da complexidade crescente
Estabelece a  lei da complexidade crescente das estruturas, reintroduzindo, no debate contemporâneo, a ideia de autonomia dos sistemas complexos. Uma forma mentis que leva a falar numa ciência da autonomia para os sistemas abertos como são os sistemas políticos, onde a autonomia da sociedade depende dos indivíduos

Uma interpretação espiritualista da evolução
Com efeito, a partir de Chardin, passa a fazer-se uma interpretação espiritualista da evolução e utiliza-se um modelo dialéctico, superador da respiração hegeliana da tese-antítese-síntese

Um evolutivo cósmico
O autor perspectiva um evolutivo cósmico onde há simultâneamente divergência e convergência, geradoras de uma complexidade capaz de lançar para cima e para dentro através da emergência, no sentido de um estado cada vez mais complexo e centrado, pela subida do múltiplo para a unidade. 

O caminho para o ponto ómega
Foi assim que aconteceu, sucessivamente com o aparecimento da vida, a partir do múltiplo inicial. Assim voltou a acontecer com a cefalização e o aparecimento do homem. Do mesmo modo, vai sucedendo com o processo de noogénese, com a socialização, no caminho para o trans-humano, o ponto ómega, para a síntese do universal e do pessoal. 

O simples e o complexo, o fechado e o aberto
Todos os sistemas vivos, enquanto sistemas abertos são sistemas complexos e não sistemas simples. Se nas coisas simples domina uma energia tangencial, o acaso, a entropia e a probabilidad, já nas coisas complexas existe uma energia radial, o anti-acaso, a anti-entropia e o improvável. O sistema aberto seria regido por mecanismos de auto-organização, responde a flutuações aleatórias, tem processos de crescente complexificação, conuzindo a ordens cada vez mais espontâneas. Deste modo, cada nova ordem traz consigo novos desafios, donde surgem novas ordens ainda mais complexas. 

Uma nova forma de energia que lança para cima e para dentro
A complexidade diz respeito aos todos, às totalidades que não são simples justaposição de elementos simples, diz respeito aos todos centrados sobre si mesmos. A especificidade está na energia radial ou interna das coisas humanas, dessa anti-entropia que atravessa o mundo físico e o faz subir para o improvável. É esse poder que têm os seres vivos para a regeneração e para a multiplicação. Essa forma de energia que lança para cima e para dentro, para estados cada vez mais complexos e mais centrados. Essa forma de energia que liga os corpúsculos de centro a centro, de consciência a consciência sempre no sentido do improvável. 

A anti-entropia
Nisso, os seres vivos divergem da lei da degradação da energia marcante no mundo físico, onde domina a entropia, aquela quantidade de energia que, sendo gasta numa mudança, se torna irrecuperável pelo sistema e fica para sempre na zona do desperdício. A entropia tende para a involução e para o nivelamento de conjuntos corpusculares marcados pela probabilidade, por esse jogo nivelador e homogeneizador que conduz à morte da matéria. Ela não passa de uma energia tangencial, mensurável. 

A matéria-espírito
Contudo, a consciência faz parte do tecido do universo como o próprio corpo. Porque o universo é bi-facial, é Espírito-Matéria, dado que o Espírito emerge da complexidade da Matéria e o fenómeno humano constitui apenas uma fase suprema do fenómeno espiritual. A relação entre o Espírito e a Matéria é o mesmo do que a relação entre o Uno e Múltiplo. Não há antinomia, porque concretamente, não há Matéria e Espírito; somente existe Matéria tornando-se Espírito. Não há no mundo nem Espírito nem Matéria: o tecido do Universo é Matéria-Espírito. Não entre a Matéria e o Espírito separação nem justaposição. A super-estrutura do Espírito funda-se na infraestrutura da Matéria, a realidade da Matéria é o que permite a emergência do Espírito. 

O político como antropogénese
Para que o político possa emergir não basta a reunião ou justaposição de elemento, é preciso que eles sejam coordenados ou centrados, não por um centro geométrico mas por uma unidade de acção que vise produzir uma acção comum. Neste sentido, o político é complexo, é composto de diferentes peças que funcionam em relação umas às outras, em função de um centro. O político é produto de uma antropogénese, é um ressalto original a evolução sobre si mesma, através da reflexão. 

A amorização
A partir de então surge uma nova forma de energia que gera um movimento circular, produto da emergência de um sistema cerebral, de uma consciência reflexiva que tem vista uma convergência humana, de uma construção do universo pela amorização. Se há uma fase de divergência, de multiplicação de seres, segue-se a convergência, o encontro ou ínteses destes seres, onde surge a emergência, o aparecimento de uma qualidade nova, provocada pela energia radial, que aponta para uma subida no sentido do improvável. O motor da história não é a contradição, a antítese contra a tese, mas a atração e o amor. 

Divergência, convergência, emergência
A divergência não é oposição. A convergência é atracção. A emergência é uma qualidade nova que permanece ligada à síntese. Por outras palavras, a evolução é continuidade, não é ruptura, pelo que as próprias ciências sociais são o prolongamento da física e da biologia. 

A noosfera
O político é produto de um centro que será tanto mais simples e mais profundo quanto mais densa e de maior raio for a esfera onde o coração se forma. O político não faz parte da biosfera, da zona da vida não reflexiva que cobre o planeta, da zona da vida dos vegetais e dos animais. O político faz parte da noosfera, da humanidade encarada como a camada pensante da terra, estreitamente ligada à biosfera, mas distinta dela, daquela noosfera que evolui para estados cada vez mais centrados. 

A planetização
O mundo não é assim um mundo de coisas, mas de processos. Tudo se transforma, tudo está em evolução, tudo marcha do múltiplo para a unidade, num processo cósmico de planetização, segundo o qual os homens tendem a formar uma unidade assente na diferenciação, onde o todo, a totalidade não é uma soma nem um amontoado, mas um conjunto onde todas as partes estão ligadas entre si, de centro a centro, de consciência a consciência. Uma união que salvaguarda a diferença e originalidade de cada parcela, dado que nunca significa fusão, mas antes diferenciação. A humanidade é um todo em via de centração. Há continuidade na passagem do natural ao artificial, porque o fluxo da vida sobe para a consciência. O homem não é uma peça acrescentada ao mundo, emerge do movimento cósmico. O artificial, o cultural é o natural hominizado, é a organização da matéria acompanhada de psiquismo. 

A necessidade de uma ultrafísica
Neste sentido, impor-se-ia uma ultrafísica, um esforço capaz de englobar a matéria e o espírito, capaz de relacionar dialecticamente idealismo e materialismo, uma explicação coerente do mundo capaz de apelar para a soma das nossas experiências, apelando ao aperfeiçoamento do mundo e ao crescimento ontológico do sujeito, um conhecimento que também seja praxis

A totalidade como união e diferenciação
Caminhamos para a totalidade, para a conciliação entre o universal e o pessoal, para uma totalidae que não é fusão de elementos num amontoado ou num todo indeterminado, mas uma união que diferencia e interioriza, que personaliza, porque toda a unidade, consciente de si mesma, é distinta: na própria medida em que se encontrem reunidos uns contra os outros, os elementos pensantes que todos nós somos multiplicam incontestavelmente, por um mecanismo de inter-reflexão, o seu poder de reflexão individual

O ponto ómega será pois união na diferenciação, o contrário da uniformização, do nivelamento, do igualitarismo, do formigueiro de elementos, unicamente comandados por leis estatísticas dos grandes números e do acaso.
 

 
Wikipédia
 http://www.quemdisse.com.br/frase.
 www.autoresespiritasclassicos.com/.
http://jlrodrigues.blogspot.com.br/2011/03/teilhard-de-chardin-um-filho-do-ceu-e.html

http://coracaomistico.blogspot.com.br/2008/02/pierre-teilhard-de-chardin-1881-1955.html 
http://maltez.ibfo/republica/topicos/aaletrac/chardin.htm
Sejam felizes todos os seres.Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

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