quinta-feira, 15 de abril de 2010

CONSCIÊNCIA - C.G.JUNG

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CONSCIÊNCIA - Carl Gustav Jung

Carl Gustav Jung , em 1906
Este é um dos mais importantes conceitos para compreensão da psicologia junguiana. A distinção entre consciente e INCONSCIENTE já tinha sido centro da atenção nos primeiros tempos da investigação psicanalítica, mas Jung favoreceu e refinou a teoria 

(1) postulando a existência de um inconsciente coletivo como de um pessoal, 

(2) atribuindo ao inconsciente uma função compensatória em relação à consciência (ver COMPENSAÇÃO) e 

(3) reconhecendo a consciência como pré-condição para a humanidade, bem como para o tornar-se um indivíduo. Consciente e inconsciente foram identificados como OPOSTOS primordiais da vida psíquica.

A definição de consciência, de Jung, realçou a dicotomia entre o consciente e o inconsciente e enfatizou o papel do EGO na percepção consciente.
Por consciência entendo a relação de conteúdos psíquicos com o ego, desde que essa relação seja percebida pelo ego. Relações com o ego não percebidas como tais são inconscientes. A consciência é a função da atividade que mantém a relação de conteúdos psíquicos com o ego (CW 6, parág. 700).
Como conceito útil, a consciência foi amplamente aplicada e, conseqüentemente, se presta a incompreensões. A percepção, neste sentido, não é resultado da intelectualização e não pode ser obtida apenas pela mente. É o resultado de um processo psíquico em contraste com um processo de pensamento. Em várias ocasiões Jung equiparava a consciência com conscientização, intuição e APERCEPÇÃO, ressaltando a função de REFLEXÃO em sua consecução. 

A obtenção da consciência pareceria ser o resultado da recognição, reflexão sobre a experiência psíquica e retenção desta, possibilitando ao indivíduo combiná-la com o que ele havia aprendido, a sentir emocionalmente sua relevância e seu significado para sua vida. Em contraste, os conteúdos inconscientes são não-diferenciados e não há esclarecimento sobre o que pertence ou não pertence à própria pessoa de um indivíduo. DIFERENCIAÇÃO “é a essência, o sine que non da consciência” (CW 7, parág. 339). SÍMBOLOS são vistos como produtos inconscientes que se referem a conteúdos capazes de entrarem na consciência.
Jung considerava a mente natural como não-diferenciada. 

A mente consciente era capaz de discriminação. Portanto, a consciência começa com o controle dos INSTINTOS, possibilitando ao homem adaptar-se de uma forma ordenada. Porém, a ADAPTAÇÃO e o controle de comportamentos naturais e instintivos podem apresentar perigos, levando a uma consciência unilateral fora de contato com componentes mais obscuros e mais irracionais (ver SOMBRA).
Desde que qualquer coisa dissociada se torna autônoma e incontrolável, afirmando-se negativamente a partir dos recessos da SOMBRA, Jung percebia uma unilateralidade da consciência como sendo a atual condição do homem ocidental, identificável nas neuroses de seus próprios pacientes, mas também nas epidemias psíquicas COLETIVAS, tais como guerras, perseguição e outras formas de repressão em massa (ver NEUROSE). 

A chamada Era do Iluminismo, enfatizando, como fez, a atitude racional de uma mente consciente e considerando a iluminação intelectual como a mais elevada forma de discernimento e, por isso mesmo, do máximo valor, pôs em sério perigo a existência humana em sua totalidade. “Uma consciência inflada é sempre egocêntrica e consciente apenas de sua própria existência” (CW 12, parág. 563). Paradoxalmente, isso leva a uma REGRESSÃO da consciência para a inconsciência. O equilíbrio só pode ser restabelecido se a consciência então levar em conta o inconsciente (ver COMPENSAÇÃO).
Contudo, apesar do risco, a consciência não deve e não pode ser dispensada. Isso acarretaria uma inundação por forças inconscientes, solapando ou obliterando o ego civilizado (ver ENANTIODROMIA). A marca oficial da mente consciente é a discriminação; quando é necessário estar cônscio das coisas, devem ser separados os OPOSTOS, pois na natureza os opostos se fundem um com o outro. Todavia, uma vez separados, os dois devem ser conscientemente relacionados um com o outro.

Chegando à conclusão de que a coisa mais individual do homem era sua consciência e baseada na suposição de que a INDIVIDUAÇÃO é uma necessidade psíquica, a psicologia junguiana ficou equiparada com o aumento da consciência, e na ANÁLISE a suposição era de que a consciência se deslocaria da centralização pelo ego para um ponto de vista mais consistente com a totalidade da personalidade (ver SELF). 

Assim, a “consciência” da psicologia de Jung esbarrava em todos os perigos identificados com a busca da própria consciência: unilateralidade, inundação, desintegração, INFLAÇÃO, REGRESSÃO, alienação, DISSOCIAÇÃO, divisão (ver POSIÇÃO ESQUIZOPARANÓIDE), egocentrismo e NARCISISMO, lado a lado com a intelectualização. É neste contexto que as proliferações e os cismas da psicologia analítica podem ser vistos (Samuels, 1985a).
Numa tentativa de apresentar paralelismos entre processos individuais e coletivos de se chegar à consciência, Neumann escreveu The Origins and History of Consciousness (1954). Singer (1972) produziu a esse respeito uma obra já considerada clássica. Hillman (1975) define a consciência como “reflexão psíquica do mundo psíquico sobre nós e parte de adaptação àquela realidade”. Ele critica a Psicologia Analítica por se limitar a uma visão demais estreita da consciência.

"Não posso provar a você que Deus existe, mas meu trabalho provou
empiricamente que o "padrão de Deus" existe em cada homem, e que esse
padrão (pattern) é a maior energia transformadora de que a vida é capaz
de dispor ao indivíduo. 

Encontre esse padrão em você mesmo e a vida será
transformada
."

(C.G. Jung)
Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

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