Pigmento comum durante período expressionista possuia componente sensível a exposição à luz |
SÃO PAULO - Um pigmento amarelo brilhante desenvolvido no século 19 foi um presente para os pintores expressionistas– vide o famoso girassol vibrante de Vicent Van Gogh.
Porém, nem todas as telas que usaram essa a tinta se mantiveram reluzentes ao longo dos anos. Algumas delas telas escureceram e mudaram de tom consideravelmente.
De acordo com um estudo liderado pelo pesquisador Koen Janssens, da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, mudanças químicas na estrutura dos componentes do pigmento provocaram a alteração.
Para realizar os testes, os cientistas extraíram amostras de tinta de tubos originais da época. O uso do pigmento foi interrompido em 1950, devido às suas propriedades tóxicas.
Em seguida, eles expuseram o material à luz ultravioleta, a fim de simular a exposição à luz solar. Como resultado, uma camada de nanômetros de uma das amostras mudou de tom, tornando-se mais escura.
Usando técnicas combinadas de raio-X para examinar os compostos, os cientistas descobriram que um cromo hexavalente, presente na superfície do material, foi reduzido para um cromo trivalente, o qual possui uma coloração verde escura.
"A mistura de sulfato e de cromato é muito sensível ao escurecimento sob luz UV", afirmou Koen.
Entre as telas de Van Gogh que sofreram o efeito estão “Margens do Sena” e “Vista de Arles com Lírios”, ambas em exposição no museu homônimo ao autor, em Amsterdam, na Holanda.
A descoberta só foi possível graças a um gerador de raio-X localizado no European Synchrotron Radiation Facility, em Grenoble, França.
Cientistas descobrem reação química responsável pela deterioração
de algumas das grandes obras artísticas da história,
como a série “Os girassóis” (divulgação)
Divulgação Científica
Como Van Gogh perdeu o brilho
15/2/2011Agência FAPESP – Um grupo internacional de cientistas descobriu uma reação química complexa responsável pela deterioração de algumas das grandes obras artísticas da história, produzidas por Vincent van Gogh (1853-1890) e outros pintores famosos no século 19.
A novidade poderá ajudar a barrar o processo que faz com que as telas percam seu brilho e suas cores, como as obras de Van Gogh, cujo admirado amarelo brilhante tem se tornado um apagado marrom com o passar do tempo. O estudo foi publicado na edição de 15 de fevereiro da revista Analytical Chemistry.
Para desvendar os segredos da reação química, os cientistas empregaram diversas técnicas e ferramentas de observação e análise, entre as quais raios X que usam luz síncrotron. Além da análise de obras, o grupo também examinou tubos de tinta conservados desde a época de Van Gogh.
Os pesquisadores envelheceram os pigmentos artificialmente e verificaram que o escurecimento da camada superior estava relacionado com uma redução do crômio na tinta de Cr(VI) para Cr(III).
Os raios síncrotron, de dimensões microscópicas, revelaram o que ocorre na finíssima camada entre a tinta e o verniz. A luz solar é capaz de penetrar apenas alguns micrômetros na tinta, mas o suficiente para disparar uma reação que transforma o amarelo em pigmentos marrons, alterando a composição original da peça.
“O estudo terá continuidade e queremos entender quais são as condições que favorecem a redução do crômio e se há algo que possamos fazer para reverter os pigmentos para seu estado original em telas em que esse processo está em curso”, disse Koen Janssens, da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, que dirigiu o estudo.
A decisão de Van Gogh de usar cores brilhantes e novas para a época é considerada um dos grandes momentos na história da arte. O artista holandês escolheu cores que destacassem emoção, em vez de usá-las realisticamente, como era a norma na época.
Sem as inovações na fabricação de pigmentos ocorrida no século 19, essa escolha não teria sido possível. Foi a intensidade dos novos pigmentos, como o amarelo de crômio, que permitiram que Van Gogh atingisse a maestria de obras como a série de girassóis.
O holandês começou a usar as cores mais brilhantes após se mudar para a França, onde conheceu outros artistas, como Paul Gauguin, que compartilharam com ele as ideias inovadoras.
Fonte:
Agência FAPESP
http://www.agencia.fapesp.br/materia/13455/como-van-gogh-perdeu-o-brilho.htm
Wikimedia Commons
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