sexta-feira, 6 de maio de 2011

A CONSCIÊNCIA - Rodrigo Ferretti





















Para pensarmos em consciência temos que pensar em um observador. Um observador que está em nós, que é capaz de unificar todas as informações recebidas de forma coerente e significá-las de modo que o observador tenha conhecimento.

Mas em que parte do cérebro estará este observador? Que processo é esse que nos permite ter ciência do que acontece conosco, de organizar as informações de forma a dar sentido às coisas, ao mundo e a si mesmo?

        À todo momento lidamos com uma série de informações que são processadas por nosso cérebro sem que tomemos consciência disso. Captamos muito mais informações acerca do mundo que nos cerca do que temos capacidade de tomar consciência. 

        Nosso sistema de crenças, de valores, os juízos, os julgamentos que fazemos das coisas, a forma de ver o mundo que já está condicionada em nós, faz com que as informações sejam selecionadas, por isso, tomamos consciência apenas de parte das informações que nos chegam. Na verdade, buscamos de alguma forma organizar o mundo e as informações que percebemos por um modelo de mundo que acreditamos ser possível.

        Kosslyn[1](2006) afirma que as pessoas geralmente acham que o que se vê, os sons que se escuta e o toque que se sente do mundo externo constitui a realidade. Mas a verdade é que nosso cérebro constrói o que percebe baseado em suas experiências anteriores.

        Para Roth[2](2006) há duas formas de consciência: a de fundo e a atual. A consciência de fundo é aquela que abrange as memórias e experiências duradouras, como identidade pessoal, percepção do corpo físico, inserção no tempo e espaço. A consciência atual é a percepção dos processos que ocorrem no corpo, no ambiente, as atividades intelectuais, emoções, intenções, etc.

Os métodos para estudo da consciência ainda são limitados, mas os recentes avanços nas técnicas de imageamento, têm tornado possível a observação das áreas do cérebro que são ativadas durante as mais variadas atividades mentais (FAYMONVILLE et.al., 2006).

        As técnicas e equipamentos de imageamento cerebral[3], como magnetoencefalografia (MEG), a tomografia por emissão de pósitrons (PET), a ressonância magnética funcional (fMRI) e mesmo o eletroencefalograma (EEG) que registra as ondas elétricas do cérebro, têm proporcionado a vários pesquisadores descobrir como os indivíduos percebem as informações que chegam à consciência, considerando-se apenas aquelas processadas nas regiões associativas do córtex cerebral. 

O córtex cerebral associativo se conecta de modo muito mais direto ao hipocampo - organizador da memória cognitiva - e ao sistema límbico, principalmente à amígdala - organizadora e possível centro de memória emocional - em comparação com outros córtices. Essas regiões corticais parecem ser extremamente importantes na produção de diferentes estados de consciência (KRAFT, 2005). 

        A esse substrato neuroanatômico acrescenta-se um neurofisiológico, já que em pesquisa realizada por Kraft[4](2005) concluiu-se que a freqüência de 40 Hz, típica das ondas cerebrais gama, é a freqüência que geralmente acompanha os grandes desempenhos cognitivos.

        O ato de tomar um café, aquilo que percebemos conscientemente, é a impressão geral – os componentes isolados são processados pelo cérebro em diversas regiões. Uma reconhece a cor preta, outra identifica o aroma típico, outra o formato da xícara. Mas ainda não se sabe qual é a área cerebral que reúne, todas as informações. A tese é de que os neurônios envolvidos se comuniquem por intermédio de uma espécie de código identificador, que é a freqüência gama.

Quando as células nervosas para “preto”, “aroma” e “xícara” vibram juntas a uma freqüência de 40 Hz, o café aparece para nosso observador interior. De acordo com essa teoria, as ondas gama constituem um tipo de freqüência superior de controle que sincronizaria e reuniria regiões diversas, espalhadas por diferentes partes do cérebro.

Segundo Herculano-Houzel (1999, 2005), essa teoria de sincronização teve um precursor, o zoólogo Yves Delage (1919) e, em 1974, Peter Milner propôs uma teoria semelhante à de Delage.

Desde a década de 80, os estudos de Gray e colaboradores (1989) vêm dando suporte experimental à atividade neuronal gama na freqüência de 40 Hz. Corroborando a teoria de sincronização, Engel et al. (1990) afirmam que ela ocorre principalmente entre os neurônios que representam elementos visuais, que se agrupam ou mantêm associações para a percepção. Segundo Herculano-Houzel et al. (1999) esta freqüência ocorre nos estados equivalentes ao estado de consciência. 

Na conferência de Tucson[5] de 1996, Rudolpho Llias descreveu a existência de ondas oscilatórias na faixa de 40 Hz que apareceriam durante eventos sensoriais, estabelecendo um diálogo em todo o córtex cerebral.

Dentro dessa perspectiva, a teoria das assembléias neurais, segundo Oliveira (2007), seria a do conjunto de unidades funcionais de caráter transitório, formadas por neurônios que são “cedidos” por algumas unidades anatômicas, de caráter permanente, como as colunas neurais[6]. Desta forma, os neurônios seriam capazes de se associarem rapidamente, formando assembléias funcionais, para a realização de tarefas. Concluídas as tarefas, o que pode se dar em uma fração de segundo, a assembléia se dissolveria e os neurônios participantes estariam disponíveis para novas assembléias, para o cumprimento de novas tarefas. 

Assim, a consciência seria a propriedade que surgiria do disparo de grupos de neurônios associados que estariam espalhados pelo córtex cerebral, formando a consciência. Depois de terminada, ela seria substituída por outra consciência, por esse mesmo processo e, assim continuamente (OLIVEIRA, 2007).
Um outro dado importante, citado por Damásio (2002), foi obtido através de estudos realizados a partir da década de 60 que apontam uma diferença temporal entre a tomada de consciência e a ativação neuronal. Benjamin Libet, neurofisiologista da Universidade da Califórnia em Berkeley, descobriu que havia um lapso temporal entre a consciência da decisão e a ativação cerebral, sendo que os neurônios eram ativados um terço de segundo antes da tomada de consciência.

[1] Stephen Kosslyn é neurocientista da Universidade de Harvard.

[2] Gerhard Roth é chefe do Departamento de Fisiologia Comportamental e Neurobiologia do Desenvolvimento do Instituto de Pesquisa do Cérebro da Universidade de Bremen, na Alemanha.

[3] Vide maiores informações sobre os equipamentos de imageamento cerebral na secção Apêndice III.

[4] Ulrich Kraft é médico e colaborador da Gehirn & Geist, e é também jornalista científico em Berlim.

[5] As Conferências de Tucson, Arizona (EUA), têm como tema a Consciência. São realizadas a cada ano, com a apresentação de pesquisas e trabalhos científicos sobre a consciência, visando a sua compreensão sob a perspectiva de diversas abordagens.
[6] Os neurônios nas áreas de associação agrupam-se em minicolunas, dispostas na orientação vertical. Cada minicoluna faz conexão com as colunas vizinhas, constituindo unidades básicas de integração de informações. A partir dessas minicolunas, ao chegarem estímulos internos ou externos, os neurônios seriam recrutados para a constituição das assembléias neurais.
A PSICOTERAPIA

A proposta de atendimento psicoterápico tem enfoque na dimensão da saúde, da criatividade e das possibilidades existentes em cada um.
Nesta perspectiva pretende-se compreender o cliente em sua totalidade. Perceber o que há de saudável e criativo, muitas vezes encoberto pelo sintoma e pelas queixas decorrentes deste.

Assim, a visão é para além da doença, onde encontramos a pessoa com suas necessidades, demandas e desejos particulares, com suas dificuldades e limitações, mas também suas potencialidades e possibilidades.
Descortinar com o cliente novos horizontes e possibilitar a construção, a retomada do projeto de vida, despertando a pessoa para as suas escolhas legítimas.

Saber lidar melhor com as contingências, respeitando o momento situacional e acima de tudo vivendo o aqui-agora de forma autêntica.
Isso torna-se possível à medida que recebemos o cliente como pessoa humana e não como aquele que porta tal doença ou tem tal sintoma.

O acolhimento da demanda na psicoterapia revela a necessidade de suporte, de escuta da pessoa para que ela se sinta segura para se reposicionar diante do outro e do mundo.

Receber o cliente sem julgá-lo, aceitando sua forma de ser, sem contudo pretender uma ortopedia de caráter, mas sobretudo valorizando os aspectos positivos e criativos de sua personalidade, para que isso favoreça a resignificação dos aspectos que necessitam ser revistos ou aprimorados.
Com o objetivo de aprender a lidar não apenas com as situações exteriores, mas principalmente com o mundo interior e sua própria personalidade.

A proposta é a de cada pessoa atingir um estado de consciência, onde seja capaz de rever suas posturas, adotando uma atitude reflexiva de forma permanente e natural, onde altere sua conduta em um processo de crescimento constante como pessoa.

Revelando-se também autêntica, segura, auto-confiante, capaz de tomar decisões que viabilizem seu auto-crescimento. Sentindo-se capaz de reconhecer o outro e de se relacionar de forma satisfatória, são pontos que espera-se para o final do processo psicoterápico, semelhantes ao de um rio que encontra-se com o mar, iniciando-se com um feixe de água e transformando-se, crescendo durante o percurso, transpondo obstáculos, atingindo a possibilidade da imensidão do oceano. 
Como aquele que reconhece e valoriza a si mesmo, 
que encontra-se com a vida 
em processo de relacionamento com o outro, 
com alegria de viver
e vitalizado para seguir seu percurso.



Formação





- Psicólogo formado pelo Unicentro Newton Paiva

- Especialista em Neurociências e Comportamento
pela Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG

- Especialista em  Psicologia da Educação
pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais-PUC-MG

- Possui diversos cursos de extensão 
com em Hipnose e Hinoterapia.
Consultório
Endereço: Rua Paracatu, 1163 sala 803
Bairro Santo Agostinho
Belo Horizonte MG

Fone: (31)3075-6705
Email: rodrigoferrettipsic@ibest.com.br
Fonte:
http://rodrigo.ferretti.eti.br/wfArtigo.aspx?id=ae6j3z0pnCc=
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

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