Corpus Christi - 2min.
Mais do que a Encarnação ou a morte na Cruz,
o amor de Deus para com os homens manifestado na Eucaristia
ultrapassa nossa capacidade de compreensão.
o amor de Deus para com os homens manifestado na Eucaristia
ultrapassa nossa capacidade de compreensão.
A Igreja
celebra Corpus Christi (Corpo de Deus) como festa de contemplação,
adoração e exaltação, onde os fiéis se unem
em torno de sua herança mais preciosa deixada por Cristo, o
Sacramento da sua própria presença.
A solenidade
do Corpo de Deus remonta o século XII,
quando foi instituída pelo Papa Urbano IV em 1264, através da
bula “Transiturus”, que prescreveu esta solenidade
para toda a Igreja Universal.
A origem da
festa deu-se por um fato extraordinário ocorrido ao ano de 1247, na
Diocese de Liége – Bélgica.
Santa Juliana de Cornillon, uma monja agostiniana, teve consecutivas visões de um astro semelhante à lua, totalmente
brilhante, porém com uma incisão escura. O próprio Jesus Cristo a ela
revelou que a lua
significava a Igreja, a
sua claridade as festas e, a mancha, sinal
da ausência de uma data
dedicada ao Corpo de Cristo. Santa
Juliana levou o caso ao bispo local que,
em 1258,
acabou
instituindo a festa em sua Diocese.
O fato, na época,
havia sido levado
também ao conhecimento do bispo Jacques de Pantaleón que, quase
duas décadas mais tarde, viria a
ser eleito Papa (Urbano IV), ou seja,
ele próprio viria a estender a solenidade
a toda a Igreja Universal. O fator, que deflagrou a decisão do
Papa, e que viria como que
a confirmar a antiga visão
de Santa Juliana, deu-se
por um grande milagre
ocorrido no segundo ano de seu pontificado:
O milagre eucarístico de
Bolsena, no Lácio, onde um sacerdote tcheco, Padre Pietro de Praga,
colocando dúvidas na presença real de Cristo na Eucaristia
durante a celebração da
santa Missa, viu brotar
sangue da hóstia consagrada. (Semelhante ao milagre de Lanciano,
ocorrido no início do Século VIII). O
fato foi levado ao Papa Urbano IV, que encarregou o bispo de Orvietro a
levar-lhe as alfaias
litúrgicas embebidas
com o Sangue de Cristo. Instituída para toda a Igreja, desde então, a
data foi marcada por concentrações, procissões e outras práticas
religiosas, de acordo com o modo de ser e de viver de cada país, de
cada localidade.
No Brasil, a
festa foi instituída em 1961. A tradição de enfeitar as ruas com
tapetes ornamentados originou-se em Ouro Preto, Minas Gerais e a prática
foi adotada em diversas dioceses do território nacional. A celebração
de Corpus Christi consta da santa missa, da procissão e da adoração
do Santíssimo. Lembra a caminhada do povo de Deus, que é peregrino, em
busca da Terra Prometida. No Antigo Testamento, esse povo foi alimentado
com o maná no deserto e hoje, ele é alimentado com o próprio Corpo
de Cristo. Durante a missa, o celebrante consagra duas hóstias, sendo
uma consumida e a outra apresentada aos fiéis para adoração, como
sinal da presença de Cristo vivo no coração de sua Igreja.
Cristo
Reflexões
Os
católicos tem plena convicção da presença real de Cristo na Eucaristia.
Jesus está verdadeiramente presente, de dia e de noite, em todos os
Sacrários do mundo inteiro. Contudo, nos parece que esta
certeza já não reside com tanta intensidade no coração do homem
moderno. O maior Tesouro que existe sobre a terra, "que possui o
valor do próprio Deus", a Eucaristia, Cristo a deixou para os
homens .... de graça! Se mesmo na condição de pecadores,
assombramo-nos com o descaso a tão valioso Sacramento, impossível
assimilar o sentimento de Deus ante a indiferença dos homens com
a Eucaristia.
Ao
contrário do que se imagina, a Igreja está mais preocupada em
pregar e difundir a Sã Doutrina, do que com o número de ovelhas em seu
aprisco. A Igreja não trabalha baseada em dados estatísticos, mas com
a difusão do Evangelho. Nesse sentido, lembremos que houve debandada geral
da turba quando Jesus revelou publicamente:
"Minha carne é verdadeiramente comida e meu
Sangue,
verdadeiramente bebida".
Ao ouvir isto,
o povo escandalizado deu as costas à Jesus; todos
evadiram-se, restando
apenas doze. Jesus não deu maiores explicações, nem correu
atrás da multidão desolada, pelo contrário, simplesmente
perguntou aos doze:
"Quereis vós também
retirar-vos?".
No que São Pedro respondeu: "A
quem iríamos nós, Senhor? Só Tu tens palavras de vida
eterna" (Cf. Jo 6, 52 - 68). Portanto, é
absolutamente claro que:
"Jesus não depende das multidões,
as multidões é que dependem
d'Ele",
assim como
"A Igreja de Cristo não depende dos fiéis,
os fiéis é que dependem dela para chegarem a Cristo"
(Livro
Oriente)
Ao
aproximarmo-nos do Santo Sacrário, tenhamos a confiança de dizer
"Meu Senhor e meu Deus", certos de que Ele está ali, Vivo,
Real e Verdadeiro a ouvir nossas preces e a contemplar
nossa fé. E esta fé, é uma formidável bem-aventurança que
recebemos de Jesus, por intermédio das dúvidas levantadas por São
Tomé, a quem o Mestre disse:
"Creste, porque me viste.
Felizes aqueles que crêem sem ter visto!"
(Jo 21,
29)
"Eu
creio, Senhor, mas aumentai a minha fé"
A Eucaristia passa a ser o centro da vida cristã
A
partir desse momento, a devoção eucarística desabrochou com maior vigor
entre os fiéis: os hinos e antífonas compostos por São Tomás de Aquino
para a ocasião - entre os quais o Lauda Sion, verdadeiro compêndio da
teologia do Santíssimo Sacramento, chamado por alguns o credo da
Eucaristia - passaram a ocupar lugar de destaque dentro do tesouro
litúrgico da Igreja.
No
transcurso dos séculos, sob o sopro do Espírito Santo, a piedade
popular e a sabedoria do Magistério infalível aliaram-se na constituição
dos costumes, usos, privilégios e honras que hoje acompanham o Serviço
do Altar, formando uma rica tradição eucarística.
Ainda
no século XIII, surgiram as grandes procissões conduzindo o Santíssimo
Sacramento pelas ruas, primeiro dentro de uma âmbula coberta, e mais
tarde exposto no ostensório. Também neste ponto o fervor e o senso
artístico das várias nações esmeraram-se na elaboração de custódias que
rivalizavam em beleza e esplendor, na confecção de ornamentos
apropriados e na colocação de imensos tapetes florais ao longo do
caminho a ser percorrido pelo cortejo.
Os
Papas Martinho V (1417-1431) e Eugênio IV (1431-1447) concederam
generosas indulgências a quem participasse das procissões. Mais tarde, o
Concílio de Trento - no seu Decreto sobre a Eucaristia, de 1551 -
sublinharia o valor dessas demonstrações de Fé: "O santo Sínodo
declara que é piedoso e religioso o costume, introduzido na Igreja de
Deus, de celebrar todos os anos com singular veneração e solenidade, em
dia festivo e peculiar, este excelso e venerável Sacramento, levando-O
em procissões por vias e locais públicos com reverência e honra".1
O
amor eucarístico do povo fiel não se restringiu, porém, a manifestações
externas; pelo contrário, elas eram a expressão de um sentimento
profundo posto pelo Espírito Santo nas almas, no sentido de valorizar o
precioso dom da presença sacramental de Jesus entre os homens, conforme
Suas próprias palavras: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo" (Mt
28, 20). O mistério de amor de um Deus que não só Se fez semelhante a
nós para resgatar-nos da morte do pecado, mas quis, num extremo de
ternura, permanecer entre os Seus, ouvindo seus pedidos e fortalecendo-
os em suas tribulações, passou a ser o centro da vida cristã, o alimento
dos fortes, a paixão dos santos.
"Ao levar a Eucaristia pelas ruas e praças, queremos
submergir o Pão descido do céu no cotidiano de
nossa vida; queremos que, Jesus caminhe onde nós
caminhamos, que viva onde vivemos" (Bento XVI)
São Pedro Julião Eymard, ardoroso devoto e apóstolo da Eucaristia, exprimiu em termos cheios de unção esta celestial "loucura" do Salvador ao permanecer como Sacramento de vida para nós:
"Compreende-se
que o Filho de Deus, levado por Seu amor ao homem, tenha-Se feito homem
como ele, pois era natural que o Criador tivesse interesse na reparação
da obra saída de Suas mãos. Que, por um excesso de amor, o Homem-Deus
morresse sobre a Cruz, compreende-se também. Mas o que já não se
compreende, aquilo que espanta os débeis na Fé e escandaliza os
incrédulos, é que Jesus Cristo glorioso e triunfante, depois de ter
terminado Sua missão na terra, queira ainda permanecer conosco, num
estado mais humilhante e aniquilado do que em Belém e no Calvário".2
A
Eucaristia é o maior e o mais sublime de todos os Sacramentos. Embora o
Batismo, sob certo ponto de vista, mereça o primeiro lugar por nos
introduzir na vida divina, tornando- nos filhos de Deus e participantes
de Sua natureza, a Eucaristia supera- o quanto à substância, pois
tratase do verdadeiro Corpo, Sangue Alma e Divindade de Nosso Senhor
Jesus Cristo.
O
próprio momento e as circunstâncias solenes em que foi instituído
indicam sua importância e a veneração que Cristo queria infundir nas
almas de seus discípulos por este admirável Sacramento. Para isto
reservou Ele as últimas horas que Lhe restavam de convívio com os
Apóstolos antes de caminhar para a morte, pois "as últimas ações e
palavras que fazem e dizem os amigos no momento de se separar, gravam-
se mais profundamente na memória e imprimem-se mais fortemente na
alma".3
Naqueles
instantes - poder-se-ia afirmar - Seu adorável Coração pulsava com
santa pressa de realizar, no tempo, aquilo que desde toda a eternidade
contemplara em Sua ciência divina. Suas palavras
deixam transparecer claramente os inefáveis anseios de amor do Deus Encarnado por todos os homens, a "multidão de irmãos" (Rm 8, 29), pelos quais iria oferecer-Se naquela mesma noite.
"desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer"
deixam transparecer claramente os inefáveis anseios de amor do Deus Encarnado por todos os homens, a "multidão de irmãos" (Rm 8, 29), pelos quais iria oferecer-Se naquela mesma noite.
O desejo do Divino Mestre era de que o mistério de Seu Corpo e Sangue se perpetuasse pelos séculos futuros: "Fazei isto em memória de Mim"
(Lc 22, 19). Entretanto, devemos considerar que já bem antes da
Encarnação havia a Divina Providência multiplicado os símbolos e as
figuras que permitiriam aos homens melhor compreender e amar este
Sacramento.
A este respeito, diz São Tomás de Aquino:
"Este
Sacramento é especialmente um memorial da Paixão de Cristo;
e convinha
que a Paixão de Cristo, pela qual Ele nos redimiu,
Um
dos sinais mais remotos da Eucaristia aparece no capítulo 14 do
Gênesis, naquele personagem fascinante e misterioso que saiu ao encontro
de Abraão quando este voltava de sua vitória contra os reis, e o
abençoou, oferecendo pão e vinho.
Melquisedec,
"rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo"
(Gn 14, 18),
reunia em si as glórias da realeza,
Ele é bem o símbolo dAquele que mais tarde proclamaria diante de Pilatos: "Eu sou Rei" (Jo 18, 37) e a propósito do qual todos comentavam: "um grande profeta surgiu entre nós"
(Lc 7, 16). Mas naquilo em que Melquisedec mostrou-se mais plenamente
imagem de Cristo, foi na posse de um sacerdócio superior ao de Aarão,
como está escrito na Carta aos Hebreus: "Se a perfeição tivesse sido
realizada pelo sacerdócio levítico, [...] que necessidade havia ainda
de que surgisse outro sacerdote segundo a ordem de Melquisedec, e não
segundo a ordem de Aarão? Isto se torna ainda mais evidente se se tem em
conta que este outro sacerdote, que surge à semelhança de Melquisedec,
foi constituído não por prescrição de uma lei humana, mas pela sua
imortalidade. Porque está escrito:
‘Tu és sacerdote eternamente segundo a
ordem de Melquisedec'"
Jesus
Cristo, porém, ao descer à terra, não mais oferece pão e vinho, como
outrora Melquisedec, mas sim a oblação pura de Seu Corpo e Sangue: "Não
Vos comprazeis em nenhum sacrifício, em nenhuma oferenda, mas
formastes-Me um corpo: não desejais holocausto nem vítima de expiação.
Então Eu disse:
‘Eis que venho'"
(Sl 39, 7-8).
Assim Ele levou à
plenitude
No
Livro do Êxodo abundam as figuras que nos aproximam da Eucaristia.
Encontramo-las, sobretudo, na ceia pascal, prescrita em suas minúcias
pelo próprio Deus a Moisés, na qual deveriam os israelitas imolar um
cordeiro sem defeito e comê-lo com pães ázimos ao cair da tarde.
A este respeito, ensina o Doutor Angélico: "Neste
Sacramento podemos considerar três aspectos: o que é o sinal
sacramental, ou seja, o pão e o vinho; o que é realidade e sinal
sacramental, ou seja, o verdadeiro Corpo de Cristo; e o que é só
realidade, a saber, o efeito deste Sacramento. [...] O cordeiro pascal
prefigurava este Sacramento sob os três aspectos. Quanto ao primeiro,
porque era comido com pães ázimos, conforme a prescrição:
‘Comerão a carne com pães sem fermento'. Quanto ao segundo, porque era imolado no décimo quarto dia do mês por toda a multidão dos filhos de Israel: nisto era figura da Paixão de Cristo que por Sua inocência é chamado de cordeiro. Quanto ao efeito, porque pelo sangue do cordeiro pascal os filhos de Israel foram protegidos do anjo devastador e libertos da escravidão do Egito".5
‘Comerão a carne com pães sem fermento'. Quanto ao segundo, porque era imolado no décimo quarto dia do mês por toda a multidão dos filhos de Israel: nisto era figura da Paixão de Cristo que por Sua inocência é chamado de cordeiro. Quanto ao efeito, porque pelo sangue do cordeiro pascal os filhos de Israel foram protegidos do anjo devastador e libertos da escravidão do Egito".5
O
pão sem fermento, com o qual deviam os judeus comer a carne do
cordeiro, representava também a integridade do Corpo de Cristo,
concebido no seio puríssimo de Maria, sem mancha alguma de pecado, e
que, após a morte, não experimentou a corrupção do sepulcro, como
anunciara Davi:
"Não permitireis que Vosso Santo conheça a corrupção"
Por
isso o Salvador escolheu a noite da Páscoa, principal das festas
judaicas, para deixar à humanidade Seu legado de amor, dando a entender
que Ele mesmo é o Cordeiro imaculado, entregue à morte para tirar os
pecados do mundo, por cujo sangue seria afastada a sentença de
condenação que sobre nós pesava desde a queda de Adão e Eva.
Adão e Eva
- Peter Paul Rubens - 1577-1640
Aquela
oferenda que os israelitas, reunidos em Jerusalém, imolavam sob as
sombras de uma figura profética, o Senhor, rodeado de um punhado de
discípulos, levava à perfeição, no exíguo ambiente do Cenáculo.
Entretanto, aquilo que as circunstâncias obrigavam Jesus a realizar na
escuridão, os Apóstolos deveriam, no momento propício, dizer às claras e
publicar de cima dos telhados (cf. Mt 10, 27), de maneira que o
Sacrifício da Nova Aliança substituísse definitivamente os antigos
sacrifícios e fosse celebrado diariamente sobre todos os altares da
terra. Cumprir-se-ia assim a palavra do Espírito Santo pronunciada pela
boca de Malaquias:
"Do nascente ao poente,
Meu nome é grande entre
as nações e em todo lugar se oferecem
ao Meu nome o incenso, sacrifícios
e oblações puras"
(Ml 1, 11).
A respeito desta passagem profética, assim comenta Alastruey:
"Estes, são, pois, os caracteres do novo culto vaticinados por Malaquias: universalidade absoluta de tempos e lugares; pureza objetiva da vítima em si, incapaz de ser manchada por indignidade alguma do ofertante; excelência insigne, da qual resultará uma grande glorificação de Deus entre os povos".6
"Estes, são, pois, os caracteres do novo culto vaticinados por Malaquias: universalidade absoluta de tempos e lugares; pureza objetiva da vítima em si, incapaz de ser manchada por indignidade alguma do ofertante; excelência insigne, da qual resultará uma grande glorificação de Deus entre os povos".6
"Quem come minha Carne e bebe meu Sangue tem a vida eterna" (Jo 6, 54) |
Outra imagem de grande eloquência é a do maná, ao qual o próprio Jesus faz alusão no sermão sobre o Pão da Vida, referido no capítulo sexto de São João. Este alimento branco e miúdo como a geada (cf. Ex 16, 14), contendo em si todos os sabores (cf. Sb 16, 20), que nutriu o povo eleito durante a longa viagem pelo deserto, é símbolo também do Pão do Céu, penhor da ressurreição futura, que alimenta todo cristão, dando-lhe as graças e a fortaleza necessárias para atravessar o deserto desta vida e chegar à Terra Prometida, ou seja, à Pátria Celeste.
"O maná - comenta ainda São Pedro Julião Eymard - que
Deus fazia cair cada manhã sobre o acampamento dos israelitas, continha
todos os gostos e propriedades; reparava as forças decaídas, dava vigor
ao corpo e era um pão muito suave. Também a Eucaristia, prefigurada no
maná, contém todo gênero de virtudes; é remédio contra nossas
enfermidades, força contra nossas fraquezas cotidianas, fonte de paz, de
gozo e felicidade".7
Encontramos
por fim, ainda no Êxodo, mais uma prefigura desse divino Sacramento, na
ordem dada por Deus a Moisés para fazer uma mesa de madeira revestida
de ouro puro, onde seriam colocados permanentemente diante do Senhor os
pães sagrados ou pães da proposição.
Aqueles pães, "porção santíssima"
(Lv 24, 9) que só aos sacerdotes era permitido comer, exigiam a pureza
ritual dos corpos (cf. I Sm 21, 4-5) e deviam ser consumidos "em lugar santo"
(Lv 24, 9). De nós, se queremos nos aproximar da mesa da Eucaristia,
exige-se uma purificação muito superior àquela prescrita pela Lei
mosaica: nossa alma - animada por uma reta intenção e com o firme
propósito de enveredar pelas vias da perfeição - deve estar livre de
pecado mortal. De outro modo, esse inefável Sacramento será para nós
causa de condenação:
"Todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação" (I Cor 11, 27-29).
"Todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação" (I Cor 11, 27-29).
Por
outro lado, se os pães da proposição estavam reservados exclusivamente a
Aarão e seus descendentes, Nosso Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro Pão
da proposição, oferece- Se em alimento a todos os fiéis, sem exceção,
dando aos homens um privilégio do qual aos Anjos, por sua natureza, não é
dado gozar. "Coisa admirável! Os pobres, os servos e os humildes comem o seu próprio Senhor" - canta-se no hino Sacris Solemnis, também composto por São Tomás de Aquino para a festa do Corpus.
A
mesa de ouro sobre a qual se achavam os pães encerra outro simbolismo
muito elevado: ela prefigura a Mãe de Deus, em cujo seio foi formado o
Corpo de Jesus. Assim comenta o padre Jourdain: "Maria é a mesa
mística magnificamente ornada e feita de madeira incorruptível, que Deus
preparou para os que se comprazem na meditação das coisas divinas. Ela é
a mesa santa e sagrada, portando o Pão da Vida, Jesus Cristo Nosso
Senhor, o sustentáculo do mundo".8
A Eucaristia
é a saúde da alma e do corpo, remédio de toda
enfermidade espiritual, cura os vícios, reprime as paixões,
vence ou enfraquece as tentações, comunica maior
graça, confirma a virtude nascente, confirma a fé,
fortalece a esperança, inflama e dilata a caridade.
(Imitação de Cristo, Tomas de Kempis)
enfermidade espiritual, cura os vícios, reprime as paixões,
vence ou enfraquece as tentações, comunica maior
graça, confirma a virtude nascente, confirma a fé,
fortalece a esperança, inflama e dilata a caridade.
(Imitação de Cristo, Tomas de Kempis)
Muitos outros indícios do Sacramento da Eucaristia no Antigo Testamento poderiam ser mencionados: Abraão oferecendo seu filho Isaac em sacrifício (cf. Gn 22, 1-13); o pão cozido sob cinza, pelo qual Elias recobrou as forças para andar quarenta dias e quarenta noites até chegar ao Horeb, Monte de Deus (cf. I Rs 19, 5-8); a multiplicação dos pães operada pelo profeta Eliseu para alimentar cem pessoas (cf. II Rs 4, 42-44); etc.
Já
no Novo Testamento encontramos três sinais insignes pelos quais o
Salvador preparou as almas para o grande mistério cuja manifestação
reservara para a véspera de Sua Paixão.
Primeiro, a transmutação da água em vinho, nas bodas de Caná da Galileia, cujo efeito nos é relatado por São João: "manifestou a Sua glória, e os Seus discípulos creram nEle"
(Jo 2, 11). Mais tarde, a multiplicação dos pães, pela qual Jesus
saciou mais de cinco mil pessoas que O haviam seguido até o deserto (cf.
Mt 14, 15- 21). A este segundo milagre sucedeuse outro, poucas horas
depois: estando os discípulos na barca, em meio ao mar agitado, viram
Jesus aproximar-Se deles caminhando sobre as águas (cf. Mt 14, 24-33).
Através desses prodígios, o Divino Mestre quis demonstrar o poder
absoluto que possuía sobre o vinho e o pão, bem como sobre o Seu próprio
Corpo.
Tão
belos exemplos nos mostram como o Criador, enquanto divino Pedagogo,
foi passo a passo preparando as mentalidades para a revelação do
Sacramento da Eucaristia, eterno testemunho de Seu amor e de Seu desejo
de permanecer entre nós.
Quais
devem ser nossa atitude e nossos sentimentos de alma ao considerarmos o
extremo de bondade de Deus feito Homem que, tendo-Se encarnado, não
abandonou a criatura resgatada por Seu Sangue, mas mantém- Se presente,
assistindo e amparando todos os que dEle queiram se aproximar?
Ajoelhemo-nos
diante do Tabernáculo ou, melhor ainda, diante do Ostensório,
entreguemos a Jesus Sacramentado todo o nosso ser - nosso corpo com
todos os seus membros e órgãos, nossa alma, com suas potências, suas
qualidades e até as próprias misérias - e ofereçamos a Deus Pai o divino
Sangue de Seu Filho, derramado na Cruz em reparação de nossas faltas.
De
modo análogo aos raios do sol que, incidindo sobre o rosto, deixamno
corado e moreno, assim também, diante do Santíssimo Sacramento nossa
alma recebe uma renovada infusão de graças, convidando-nos ao abandono
total nas mãos de Jesus, por meio de Maria. Assim, nossas almas irão se
transformando rumo à santidade para a qual Deus nos chama. E
se em algum momento, as dificuldades da vida nos fizerem sentir
desânimo ou aridez, lembremonos destas tocantes palavras do padre Faber:
"Muitas
vezes, quando o homem é tomado de desespero e assaltado por questões,
dúvidas, desânimos e incertezas, em considerar a sua vida, e se sente
cercado de inimigos, que lhe uivam ao redor, como feras furiosas, então
um impulso, que é uma graça, o leva a ajoelhar-se ante o Santíssimo
Sacramento e, sem que faça qualquer esforço, eis que todos aqueles
clamores se afundam no silêncio. O Senhor está com ele: as vagas se
aquietaram, a tempestade abateu-se e diretamente, sem embaraço, a viagem
vai terminar no ponto procurado. Não foi necessário mais que olhar para
a face de Jesus, e as nuvens se dissiparam e a luz se fez. O esplendor
do Tabernáculo reaparece como o sol".9 ²
Fontes:
Licença padrão do YouTube
http://www.arautos.org/especial/15688/Corpus-Christi.html
http://www.arautos.org/especial/15688/Corpus-Christi.html
http://www.paginaoriente.com/anoeclesiastico/corpuschristi.htm
Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.
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