quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O MUNDO SE RENDE AO TERRORISMO DE ESTADO



 MUNDO TERRORISTA


"-  os EUA, tendo a França e o Reino Unido como aliados e cúmplices, semearam ruínas, miséria e fome nesses países.

- Em ambos os casos alguns analistas e jornalistas atribuíram aos serviços secretos a concepção e preparação desses crimes. Os executores teriam sido meros instrumentos de organizações empenhadas em desencadear campanhas repressivas. Nos EUA foram inclusive publicados livros responsabilizando a CIA pela montagem da tragédia.

- Politólogos conhecidos, como o francês Tierry Meyssan e o italiano Manlio Dinucci, identificam a mão dos serviços de inteligência na montagem dos acontecimentos da França.

- Os massacres cometidos pelos cristãos (crimes dos Cruzados) dessa época foram tamanhos que um papa, numa bula, condenou os cruzados que em Antioquia, para aterrorizar os muçulmanos, assavam crianças no espeto em rituais de antropofagia.

- As campanhas de islamofobia encaram todo o muçulmano como potencial terrorista, mas abstêm-se de condenar os crimes do imperialismo, cometidos no Oriente Médio e na Ásia Central.

- As agressões armadas contra os povos do Afeganistão, do Iraque e da Líbia foram precedidas de bombardeios midiáticos que apresentavam as intervenções militares como inseparáveis da defesa dos direitos humanos, da liberdade e da luta da democracia contra a barbárie. Os EUA, tendo a França e o Reino Unido como aliados e cúmplices, semearam ruínas, miséria e fome nesses países. A soldadesca estadunidense destruiu monumentos milenares que eram patrimônio da humanidade, praticou a tortura como rotina.

- As bombas do Ocidente, dito civilizado e cristão, mataram centenas de milhares de muçulmanos; os drones dos EUA assassinaram crianças, mulheres e idosos em aldeias do Paquistão, do Iémen, da Somália. Muitos terroristas da Al Qaeda e do ISIS (Califado Islâmico) foram, aliás, treinados por oficiais estadunidenses e pela CIA. Quando o Estado de Israel expulsou da Palestina milhões de muçulmanos, influentes mídias europeias e estadunidenses  não condenaram essa monstruosidade e, já neste milênio, quando o exército sionista invadiu o Líbano, e posteriormente Gaza, em operações genocidas, os mesmos órgãos de comunicação social desculpabilizaram o fascismo sionista, alegando que agira em legítima defesa."

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“Não se combate o terrorismo com o terrorismo de Estado”



Haim 
Zach/GPO
Para o jornalista e escritor português Miguel Urbano Rodrigues, o discurso da maioria dos chefes de Estado e de governos que compareceram à colossal marcha dita republicana de Paris reflete o farisaísmo desses políticos
21/01/2015
Por Nilton Viana,
Da Redação
O mundo inteiro ficou chocado com o massacre ocorrido na sede do jornal satíricoCharlie Hebdo, no dia 7 de janeiro, em Paris, que provocou a morte de 12 pessoas. Alguns analistas compararam este ato terrorista com os atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos. No entanto, para o jornalista e escritor português Miguel Urbano Rodrigues, o que existe de comum no ataque ao World Trade Center e ao Pentágono e no massacre do Charlie Hebdo é a enorme repercussão mundial que alcançaram.
Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Urbano analisa o cenário mundial a partir dos acontecimentos ocorridos na França. Para ele, a xenofobia e o racismo na Europa aumentaram muitíssimo a partir da segunda metade do século 20 com a entrada de milhões de imigrantes muçulmanos.
“As campanhas de islamofobia encaram todo o muçulmano como potencial terrorista, mas abstêm-se de condenar os crimes do imperialismo, cometidos no Oriente Médio e na Ásia Central.” Para Urbano, os EUA, tendo a França e o Reino Unido como aliados e cúmplices, semearam ruínas, miséria e fome nesses países.
Segundo ele, nada leva a crer que a tragédia do Charlie Hebdo possa contribuir para um agravamento das relações dos EUA e da União Europeia com a China e a Rússia. “Washington e os seus aliados não podem em nome da luta antiterrorista bombardear Beijing ou Moscou. Mas tudo indica que uma onda de repressão, de contornos ainda imprevisíveis, vai atingir os povos da Europa Ocidental”, avalia. 
Brasil de Fato – Como você analisa o ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo no dia 7 de janeiro e quais os reais motivos para este ato?
 
O jornalista e escritor português Miguel Urbano Rodrigues. Foto: ALESC
 
Miguel Urbano Rodrigues – Os ataques terroristas na Europa Ocidental e nos EUA têm sido frequentes. Este, como o de Atocha, em Madrid, apenas surpreendeu pela dimensão e por ter visado um prestigiado semanário satírico que publicava cartoons considerados humilhantes pelos islamistas fanáticos. A Al Qaeda, os Talibans, as organizações mafiosas sunitas de Peshawar (que conduziram, apadrinhadas por Reagan, a luta contra a revolução afegã) e mais recentemente o ISIS (o auto- intitulado Estado Islâmico), diferentes na estratégia mas convergentes no recurso ao terrorismo, invocaram sempre a defesa da religião e dos valores do Islã para justificaram aquilo que consideravam uma missão sagrada.
Este ato está sendo comparado ao 11 de setembro. Qual sua opinião?
A comparação é sobretudo feita pela mídia. Mas o que existe de comum no ataque ao World Trade Center e ao Pentágono e no massacre doCharlie Hebdo é a enorme repercussão mundial que alcançaram. Em ambos os casos alguns analistas e jornalistas atribuíram aos serviços secretos a concepção e preparação desses crimes. Os executores teriam sido meros instrumentos de organizações empenhadas em desencadear campanhas repressivas. Nos EUA foram inclusive publicados livros responsabilizando a CIA pela montagem da tragédia.
Agora esse tipo de especulação sensacionalista repete-se. Politólogos conhecidos, como o francês Tierry Meyssan e o italiano Manlio Dinucci, identificam a mão dos serviços de inteligência na montagem dos acontecimentos da França. Os irmãos franco-magrebinos Kouachi, autores da monstruosa chacina do Charlie Hebdo e o afro-francês Coulibaly, responsável pela matança na loja judaica, não seriam agentes de organizações islamistas, mas – como o alemão do incêndio do Reichstag – criaturas manipuladas pelos serviços de inteligência. Na minha opinião, essas interpretações especulativas somente semeiam confusão e favorecem a direita. Aliás, os autores dos repugnantes atentados, em declarações gravadas, já assumiram a ligação que mantinham com a Al Qaeda e, eventualmente, com o jihadismo.
Como você avalia essa ofensiva midiática mundial de condenação ao “terrorismo islâmico”?
A palavra hipocrisia qualifica bem o estilo da campanha midiática em curso. A maioria dos comentadores e dos jornalistas que têm tratado o tema usam e abusam da palavra Islã, mas nunca leram o Alcorão, pouco ou nada conhecem da história dos povos muçulmanos e de Maomé, como profeta, estadista e criador de uma religião e de uma das mais importantes civilizações da Idade Média.
Quantos desses politólogos têm uma ideia dos crimes dos cruzados na Palestina antes e após a reconquista de Jerusalém? Os massacres cometidos pelos cristãos dessa época foram tamanhos que um papa, numa bula, condenou os cruzados que em Antioquia, para aterrorizar os muçulmanos, assavam crianças no espeto em rituais de antropofagia.
A xenofobia e o racismo na Europa aumentaram muitíssimo a partir da segunda metade do século 20 com a entrada de milhões de imigrantes muçulmanos. Somente na França, os magrebinos e seus descendentes constituem hoje mais de 10% da população do país. A esmagadora maioria dessa gente nunca manteve  qualquer contato com grupos terroristas.Mas são olhados e tratados como cidadãos de segunda classe. As campanhas de islamofobia encaram todo o muçulmano como potencial terrorista, mas abstêm-se de condenar os crimes do imperialismo, cometidos no Oriente Médio e na Ásia Central.
As agressões armadas contra os povos do Afeganistão, do Iraque e da Líbia foram precedidas de bombardeios midiáticos que apresentavam as intervenções militares como inseparáveis da defesa dos direitos humanos, da liberdade e da luta da democracia contra a barbárie. Os EUA, tendo a França e o Reino Unido como aliados e cúmplices, semearam ruínas, miséria e fome nesses países. A soldadesca estadunidense destruiu monumentos milenares que eram patrimônio da humanidade, praticou a tortura como rotina.
As bombas do Ocidente, dito civilizado e cristão, mataram centenas de milhares de muçulmanos; os drones dos EUA assassinaram crianças, mulheres e idosos em aldeias do Paquistão, do Iémen, da Somália. Muitos terroristas da Al Qaeda e do ISIS (Califado Islâmico) foram, aliás, treinados por oficiais estadunidenses e pela CIA. Quando o Estado de Israel expulsou da Palestina milhões de muçulmanos, influentes mídias europeias e estadunidenses  não condenaram essa monstruosidade e, já neste milênio, quando o exército sionista invadiu o Líbano, e posteriormente Gaza, em operações genocidas, os mesmos órgãos de comunicação social desculpabilizaram o fascismo sionista, alegando que agira em legítima defesa.
Quais as consequências que este tipo de atentado pode desencadear no mundo? Quem “ganha” e quem “perde”?
O presidente François Hollande e o primeiro-ministro Manuel Valls afirmam que não se deve confundir o Islã com as organizações terroristas, e que os muçulmanos da França nada têm a temer. Mas essas garantias já estão a ser desmentidas no quotidiano. As primeiras medidas anunciadas pelo Estado francês, e em muitos departamentos pelo poder local, apontam para uma militarização inquietante da vida francesa.
Simultaneamente, o comportamento da polícia belga em Verviers, quando abateu ali dois presumíveis jihadistas, e as declarações do primeiro-ministro em Bruxelas sobre o acontecimento, são esclarecedores daquilo que os dirigentes ocidentais preparam ao anunciar um reforço do combate ao terrorismo. Nada leva a crer que a tragédia do Charlie Hebdo possa contribuir para um agravamento das relações dos EUA e da União Europeia com a China e a Rússia. Washington e os seus aliados não podem em nome da luta antiterrorista bombardear Beijing ou Moscou. Mas tudo indica que uma onda de repressão, de contornos ainda imprevisíveis, vai atingir os povos da Europa Ocidental.
A França aprovou, no ano passado, uma lei que proíbe mani­festações populares de apoio à Pales­tina durante os bombardeios israe­lenses à Faixa de Gaza. Como você analisa este atual cenário deste país?
É significativo que na França, no ano passado, tenham sido oficialmente proibidas manifestações populares de apoio ao povo da Palestina quando o exército e a força aérea israelenses bombardeavam Gaza. O governo de Hollande absteve-se, porém, de condenar os crimes do Estado sionista. Julgo útil lembrar que não é somente na França (onde o pai de Marine le Pen, da Frente Nacional, pediu já a revogação do Tratado de Schengen, sobre a abertura das fronteiras) que se registam nestes dias graves manifestações de islamofobia. 
Na Alemanha, elas estão a repetir-se, com frequência alarmante, na Saxônia. Em Dresden, assumiram facetas particularmente agressivas quando o Pegida (movimento Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente) reuniu nas ruas da cidade, em dias sucessivos, muitos milhares de manifestantes que exigiam a expulsão dos imigrantes muçulmanos. 
A chanceler Merkel sentiu necessidade de intervir e condenar a organização quando o Pegida promoveu em Berlim e noutras cidades desfiles do movimento fascista. Esse tipo de iniciativa expressa bem o subir da maré da islamofobia na União Europeia. O discurso de fachada democrática dos chefes de Estado e de governos que participaram na  jornada de Paris refletem o farisaísmo desses políticos. O discurso sobre a liberdade de expressão, repetido incansavelmente, por esses governantes, foi marcado também por uma profunda hipocrisia. Na Europa, tal como nos EUA, o que predomina é a liberdade irrestrita dos grupos financeiros que controlam a mídia influente para imporem discricionariamente a linha mais adequada aos interesses do grande Capital.
Domingo, em Paris, na marcha convocada pelo governo francês, des­tacava-se a figura, na linha de frente, do premiê de Israel, Benjamin Ne­tanyahu, o líder que ordenou o bom­bardeio à Faixa de Gaza. Qual a sua opinião sobre isso?
O protesto dos milhões de franceses – cristãos, muçulmanos, judeus, ateus –  que inundaram as cidades do país  traduziu bem o sentimento de solidariedade com as vítimas dos atentados e a condenação dos criminosos. Mas o discurso da maioria dos chefes de Estado e de governos que compareceram na colossal marcha dita republicana de Paris refletiu – repito – o farisaísmo desses políticos.
Por si só, fato de o israelense Netanyahu, um criminoso de guerra, ter desfilado na primeira fila e multiplicado declarações de fé democrática, amplamente difundidas pela mídia, ilumina bem a contiguidade da farsa e da tragédia na grande jornada de 11 de janeiro. Não foi aliás o único inimigo dos povos que apareceu ao lado de Hollande. Ali estiveram também o inglês Cameron, a alemã Angela Merkel, o espanhol Rajoy, o português Passos Coelho, o húngaro Viktor Orban, o oligarca ucraniano Poroshenko, o turco Erdogan, príncipes da Arábia e das monarquias árabes do Golfo, tiranos africanos – toda uma fauna humana responsável por agressões militares, crimes monstruosos contra os seus povos, gente incompatível com a democracia e a liberdade de que se proclamam defensores. A realidade inocultável é transparente: Apresentando-se como campeões da luta contra o terrorismo, os EUA promoveram o terrorismo no mundo. Não se combate o terrorismo com o terrorismo de Estado.

QUEM É
Miguel Urbano Rodrigues é jornalista e escritor português. Redator e chefe de redação de jornais em Portugal antes de se exilar no Brasil, onde foi editorialista principal do jornal O Estado de S. Paulo e editor internacional da revista brasileira Visão. Regressando a Portugal após a Revolução dos Cravos, foi chefe de redação do jornal do Partido Comunista Português (PCP) Avante! e diretor de O Diário
Foi ainda assistente de História Contemporânea na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, presidente da Assembleia Municipal de Moura, deputado da Assembleia da República pelo PCP entre 1990 e 1995 e deputado da Assembleias Parlamentares do Conselho da Europa e da União da Europa Ocidental, tendo sido membro da comissão política desta última. 
Tem colaborações publicadas em jornais e revistas de duas dezenas de países da América Latina e da Europa e é autor de mais de uma dezena de livros publicados em Portugal e no Brasil.
Fontes:
 rasildefato.com.br/node/31089
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres. 
Sejam abençoados todos os seres.

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