quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

AS ESTRELAS MAIS BRILHANTES

 

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Mário Sérgio Teixeira de Freitas, Dr. (Astrônomo Amador)

RECONHECIMENTO DE CONSTELAÇÕES E ESTRELAS MAIS BRILHANTES

céu de verão no hemisfério sul

Com a ajuda de poucas palavras e alguns mapas, será mostrado aqui como podemos identificar, numa única observação, nada menos do que 15 estrelas brilhantes, vistas simultaneamente no início da noite para observadores no hemisfério sul, principalmente nos meses de janeiro e fevereiro (verão no hemisfério sul).   

Os mapas desta seção foram obtidos do programa Your Sky.

Caso você já conheça os nomes e posições das sete famosas estrelas da constelação de ORION, pode pular sem receio esse parágrafo. Caso contrário, saiba que ORION tem um aspecto notável no céu, devido às três estrelas que formam o chamado “cinturão” (conhecido no folclore brasileiro como “3 Marias”). Com tantas estrelas no céu, o que há de especial neste trio? O sistema visual humano reconhece-o muito facilmente, porque estrelas de brilhos semelhantes chamam nossa atenção para as figuras geométricas que elas aparentam formar: nesse caso, seus brilhos são quase iguais, e elas estão sobre uma mesma linha imaginária no céu, e ainda por cima, igualmente afastadas.  Podem ser distingüidas pelas suas posições: Alnilam é a do meio. Considerando que esquerda e direita no céu dependem da orientação da cabeça do observador, é necessário adotar aqui um outro critério: a vizinha a oeste de Alnilam é Mintaka – lembre que, ao seguirmos o movimento aparente do céu, vemos as estrelas nascendo a leste e se ocultando a oeste, devido à rotação da Terra em torno do seu próprio eixo. A vizinha a leste de Alnilam é Alnitak.  Encontrando o cinturão, você reconhece imediatamente uma grande moldura, um  quadrilátero que o cerca:
ESQUEMA COM OS NOMES DAS 7 ESTRELAS DA CONSTELAÇÃO DE ORION

(Caso você seja um observador no hemisfério norte, lembre que no hemisfério sul nós vemos as constelações rotacionadas de 180 graus; isso significa que, para nós, a cabeça de ORION aparece voltada para baixo).
Os nomes das estrelas que formam o quadrilátero também podem ser aprendidos sem dificuldade: você pode ver dois vértices opostos muito brilhantes, um deles é uma estrela avermelhada (ao norte), chamada Betelgeuse (pronúncia), e  a outra é azulada, ao sul, chamada Rigel. Elas estão entre as estrelas mais brilhantes de todo o céu. O conjunto ficará completo se você agora procurar pelo vértice mais próximo de Betelgeuse: é Bellatrix; e o que está mais perto de Rigel é a mais fraca das 4 estrelas mencionadas, chamada Saiph. (Deve ser salientado que aquilo que chamamos de constelação não é realmente uma figura plana! Cada estrela fica a uma diferente distância do Sistema Solar. Então, se quisermos imaginar a figura que elas formam no espaço tridimensional, é mais como um poliedro irregular. Animais e heróis geométricos são, é claro, imaginários, mas são dignos de serem assimilados, como recurso mnemônico).

Agora você pode identificar mais estrelas, tomando ORION como uma base eficiente: antes de qualquer coisa, dê uma olhada numa porção mais ampla do céu noturno, como ele aparece no verão para um observador no hemisfério sul. Observe as posições das diversas constelações e faça uma idéia aproximada:
CONSTELAÇÕES DE VERÃO VISTAS POR UM OBSERVADOR NO HEMISFÉRIO SUL

Imagine que o mapa representa uma calota esférica que abrange 70 graus (Betelgeuse e Rigel estão separadas por quase 20 graus, você pode verificar isso fechando um olho, esticando o braço na frente do que ficou aberto, e abrindo bem a mão, tal que a distância entre o dedo mínimo e o polegar cubra a separação angular). Você pode ver as constelações zodiacais de ARIES, TAURUS e GEMINI (CANCER não é mostrado, pois suas estrelas são bem menos brilhantes que as outras do esquema), e também CETUS, CANIS MINOR, e HYDRA, próximas ao Equador Celeste. Ao norte, tem-se PERSEUS e AURIGA,  e ao sul, ERIDANUS, COLUMBA, LEPUS, CANIS MAJOR, e preferindo não confundir o leitor com um esboço complicado demais, você será deixado com as estrelas sem os traços de ligação, nas três constelações que compõem o navio ARGOS: CARINA, VELA, e PUPPIS. 

Bem, vamos começar a primeira busca pelas estrelas fora de ORION: passando uma linha ao longo do cinturão e prolongando-a uns 20 graus para leste (meça com sua mão aberta, conforme explicado no parágrafo anterior), você encontra a estrela de maior brilho aparente do céu, chamada Sirius (existem estrelas com brilho verdadeiro muito maior, mas aparecem mais fracas vistas da Terra, por estarem a distâncias bem maiores que Sirius). Fazendo o mesmo, mas para oeste, há uma região dominada por uma brilhante estrela vermelha, chamada Aldebaran, na constelação de  TAURUS: 
COMO LOCALIZAR SIRIUS, ALDEBARAN, AS HYADES E AS PLEIADES

Aldebaran ocupa uma das pontas de um pequeno “V” capotado, formado por estrelas mais pálidas, conhecido pelo nome de HYADES – trata-se de um aglomerado estelar, pertencente à nossa galáxia, e a 150 anos-luz de nós (Aldebaran fica a menos da metade dessa distância; desta forma, não faz parte do aglomerado, pois não interage gravitacionalmente com as outras estrelas que o formam). Outro objeto famoso que pode ser visto é as PLEIADES, outro aglomerado, a cerca de 400 anos-luz de nós.

Agora esqueça por um tempinho o cinturão, e tome uma linha desde Betelgeuse até Saiph, prolongando-as por 40 graus: próximo a esse ponto, está Canopus, a segunda estrela mais brilhante do céu (pode-se chegar a uma posição mais extata usando a linha Bellatrix/Mintaka, mas não fica tão fácil de memorizar; preferimos desta forma, pois não há como errar, devido ao intenso brilho de Canopus).  Tomando outra linha como essa, mas desde Rigel até Bellatrix, e também prolongando-a por 40 graus, você encontra Capella, perto de um pequeno triângulo isósceles, conhecido como “THE KIDS” (“AS CRIANÇAS”). Não se trata de um aglomerado real, mas de um asterismo, ou seja, um grupo de estrelas que parece formar uma figura geométrica, sem chegar a compor uma constelação catalogada:
COMO LOCALIZAR CANOPUS E CAPELLA

(Como você pode perceber, é útil saber medir separações angulares usando a mão e o braço esticado. A mão bem aberta abrange 20 graus; fechada, abrange 10 graus; os dedos indicador, médio e anular juntos abrangem 5 graus, e o dedo mínimo, 1 grau.)
 
Pegue agora a diagonal desde Rigel até Betelgeuse, prolongando por 30 graus, e procure um par de estrelas, separado de quase 5 graus: a primeira é Castor, e a próxima, seu irmão gêmeo Pollux.
           COMO LOCALIZAR CASTOR, POLLUX E ACHERNAR

Na mesma diagonal, mas desde Betelgeuse até Rigel, prolongando por 60 graus, está Achernar.
E completando a lista que foi prometida acima, você pode imaginar um grande triângulo equilátero, cuja base é a linha Betelgeuse-Sirius, com 25 graus de lado: tome o terceiro vértice indo para leste, e encontrará Procyon:
           COMO LOCALIZAR PROCYON

Se tiver um laser verde à mão, em poucos minutos você pode explicar para um grupo de observadores como identificar essas 15 estrelas. Veja essa  revisão geral:
RESUMO PARA LOCALIZAÇÃO A PARTIR DE ORION

Há seis estrelas desse conjunto que formam um asterismo muito conhecido, chamado de “HEXÁGONO DO INVERNO”.  Ele também é visível por observadores do hemisfério norte,  e esse é o motivo do nome.
“HEXÁGONO DO INVERNO”

* * *
 
Mário Sérgio Teixeira de Freitas
 

Mario Sergio Teixeira de Freitas possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (1981), mestrado em Física pela Universidade Federal do Paraná (1996) e doutorado em Física pela Universidade Federal do Paraná (2003). É professor associado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (antigo CEFET-PR), instituição em que atua como docente desde 1983. 

Tem experiência em Dinâmica Não-Linear, com ênfase em Osciladores Lineares por Partes, Multiestabilidade de Sistemas, Comportamento Caótico, Crise de Fronteira. Atualmente desenvolve atividades de pesquisa no Grupo de Estudos e Pesquisas em Ensino de Física (GEPEF).

Também é membro, desde 2002, do Clube de Astronomia do Colégio Estadual do Paraná, tendo ocupado os cargos de Vice-Presidente e Diretor Científico.
(Texto informado pelo autor) 
 

Última atualização do currículo em 01/10/2009
Endereço para acessar este CV:
http://lattes.cnpq.br/6342243274479874

  
Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.
 

Um comentário:

Anônimo disse...

des, Betelgueuse (Alfa de Orion) e
Capela, lá no Noroeste e, também,
me ensinava a conhecer no Céu,
Castor e Polux. Quanto explendor ...
Parabenizo-os por este maravilhoso espetáculo ao qual me
proporcionaram assistir. Peço a
Deus que os Abençôe.
Sou um ancião de 83 anos de idade
e um entusiasmado obsevador dos
maravilhosos astros visíveis a
olho nu. Imagina com um Telescópio.