Hare Krishna - Maha Mantra - 69min.
Rama Putra Dasa
Autor do livro recém-lançado As Três Forças do Universo fala sobre como surgiu o livro e discorre sobre sua temática dos três gunas e do sistema social varnashrama.
Volta ao Supremo: Como foi o processo de pesquisa e elaboração do livro?Rama Putra: Foram muitos anos garimpando em várias fontes vaishnavas e não vaishnavas que eu considerava coerentes e interessantes, mas a minha base foi o Bhagavad-gita de Srila Prabhupada. Eu acordava todos os dias bem cedo pela madrugada para estudar e escrever no ambiente sagrado de Nova Gokula. Às vezes, enquanto viajava e vinha alguma ideia ou inspiração, eu parava e escrevia.
Confesso também que fiz bom proveito da inteligência dos vários amigos que encontrava ou me visitavam, ocasião em que eu questionava e sanava inúmeras dúvidas. Na verdade, a construção deste livro e todo sucesso que seja atribuído a ele não é mérito pessoal, mas sim devido a um conjunto de vozes que convergiram para isso. E, sem dúvida, as vozes mais ouvidas foram de Srila Prabhupada e a do meu mestre, Hridayananda Dasa Gosvami. Serei sempre grato pela oportunidade que tive de escrever após ouvir essas vozes.
Volta ao Supremo: Quando despertou em você o interesse em se aprofundar na temática dos gunas, que você chama no título do livro de “as três forças do universo”?
Rama Putra: Fiquei muito inspirado a começar minhas pesquisas sobre os gunas após a prova de bhakti-shastri, à qual me submeti sob supervisão de Dhanvantari Swami, no final de 2005. Ficava curioso e às vezes impressionado quando via a importância que Krishna dá a esse tema dos gunas no Bhagavad-gita. Há momentos em que Krishna diz que esse é o principal assunto dos Vedas. Depois, no início do décimo quarto capítulo, cujo título é “Os Três Modos da Natureza”, Krishna diz que fará para Arjuna a exposição do melhor de todos os conhecimentos (parama jnanam), e isso depois de ter falado o décimo segundo capítulo, que finaliza a segunda sessão do Bhagavad-gita, cujo tema é o serviço devocional.
No Bhagavad-gita, Krishna chama o conhecimento dos três modos
da natureza de “o melhor de todos os conhecimentos”.
da natureza de “o melhor de todos os conhecimentos”.
Volta ao Supremo: Qual a importância que você atribui a esse assunto dentro da vida cotidiana e espiritualidade?
Rama Putra: O tema dos gunas é de fundamental importância por apontar a necessidade de enxergarmos ou entendermos as influências da natureza em nossas vidas. Por outro lado, o conhecimento sobre os gunas é o início da compreensão para nos situarmos em nossa verdadeira posição na sociedade varnashrama, onde podemos oferecer nossas habilidades vocacionais no serviço a Krishna. Por outro lado, com a intenção de apresentar uma escrita que de alguma forma pudesse ser informativa e transformadora, fiz, no apêndice do livro, um organograma de quatro colunas contendo as várias características dos gunas que podem acontecer no nosso cotidiano. Além de servir como autorreflexão filosófica, podemos colocar estes ensinamentos práticos em nossa vida ao apreciarmos as vantagens da situação de sattva-guna. Esse tema foi genialmente elaborado por Krishna no final do Bhagavad-gita e nos leva a perceber as influências exercidas pela ignorância, paixão, bondade ou bondade pura em nossas vidas. Assim, com essas pistas demarcadas, poderemos detectar facilmente o quanto essas influências atrapalham nossa evolução espiritual ou o quanto nos atam ao mundo material.
Uma ilustração de como os três modos controlam as pessoas em geral
e de como Krishna está acima da influência dos mesmos.
e de como Krishna está acima da influência dos mesmos.
Há alguns anos, tive o privilégio de ouvir uma aula de Purushatraya Swami no templo de Krishna Balarama em Vrindavana. Fiquei muito orgulhoso e satisfeito ao ver um sannyasi guru brasileiro pregando ali e nos representando com tanto respeito no meio de tantos devotos seniores e vrajavasis. Não lembro exatamente de detalhes, mas o momento da aula que me chamou muito a atenção foi quando ele disse que a vida espiritual começa a acontecer depois dos 50 anos ou, se não estou enganado, 60 anos. Achei essa colocação audaciosa e intrigante e, depois de refletir, concluí que realmente é um fato que, depois de certa idade, quando os cabelos brancos começam a aparecer, há mais facilidades para nossas paixões ou desejos se aquietarem e passamos a valorizar o equilíbrio, a harmonia, o silêncio, o estudo, a escrita e a introspecção, todos advindos de sattva-guna.
Volta ao Supremo: Qual a estrutura do livro?
Rama Putra: Tive a preocupação de sistematizar o tema dos gunas conectando cada capítulo dentro de três seções ou três unidades. Na primeira seção, podem-se observar definições e aspectos importantes para haver um entendimento básico sobre os gunas. Na segunda, o leitor pode se aprofundar na filosofia do Bhagavad-gita especificamente na questão prática do conhecimento dos gunas. Achei importante explorar o Bhagavad-gita, pois percebi que esse tema foi colocado como sendo o mais importante, com muitas citações nos capítulos correntes. Como eu disse a pouco, Krishna julgou esse tema tão importante para o benefício das pessoas em geral que dedicou todo o capítulo quatorze e também o dezessete e dezoito especialmente aos gunas.
É importante ressaltar e enfatizar também que toda temática foi alicerçada nos Vedas sem pretensão de demonstrar erudição, mas sim fomentar a reflexão. Procurei a neutralidade, evitando o tom político, apesar de a última seção do livro abordar a temática da sociedade védica. Enfim, senti-me aliviado e feliz, pois, no exercício da escrita deste livro, fiquei muito preocupado no que diz respeito à ética do escritor que deve valorizar as regras da escrita acadêmica dando os créditos de todos os autores mencionados. Agradeço à minha esposa Sri Damodara e a toda equipe da Sankirtana Books pelo auxílio nessa tarefa.
Volta ao Supremo: Você é conhecido por ser um especialista nos rituais védicos chamados samskaras. Qual é a relação deles com o tema do livro?
Rama Putra: Não me considero um especialista; se tiver méritos, eles se devem por eu seguir o procedimento dos samskaras da forma como Gopala Bhatta Goswami e Srila Prabhupada instruíram e com as bênçãos do meu mestre, Srila Hridayananda Dasa Gosvami.
Rama Putra Dasa, à esquerda, conduz um rito purificatório em Nova Gokula, Pindamonhangaba.
Existem dois tipos de rituais – nitya e naimittika. Nitya são os ritos do dia-a-dia, que começam desde a hora de acordar até a hora de dormir. Por exemplo: o cantar do japa, estudos, o ato de cozinhar, os kirtanas etc. Todos devem ser considerados como ritos diários sagrados. E naimittika são todas as formas de rituais prescritos e elaborados, tais como instalação de Deidades, adoração das Deidades, abertura de templos, rituais familiares etc.
No Srimad-Bhagavatam, vemos dezenas de apresentações dos samskaras recomendados para nós seguirmos. E a recomendação para os ritos vaishnavas acontecerem com sucesso é justamente a situação ou envolvimento com sattva-guna. Srila Prabhupada sempre dizia que, quando um homem nasce, só poderá ser aceito como um ser humano civilizado quando se submeter ao processo purificatório (samskara). Assim, numa sociedade que não existe o sistema varnashrama que prescreve os referidos samskaras, será, segundo Srila Prabhupada, muito difícil encontrar seres humanos qualificados. Como podemos ver, a relação destes temas – varnashrama, samskaras e gunas – é inseparável e fundamental.
Volta ao Supremo: Poderia falar mais sobre o sistema varnashrama, que é bastante explorado na terceira parte do trabalho? Qual a relevância desse tema na sociedade atual, organizada sob o sistema capitalista? E como ele se relaciona com a primeira parte do livro?
Rama Putra: No décimo oitavo capítulo do Bhagavad-gita, a partir do verso quarenta e um, Krishna descreve as classes sociais de forma elaborada: “Os brahmanas, os kshatriyas, os vaishyas e os shudras distinguem-se pelas qualidades que nascem de suas próprias naturezas de acordo com as influências materiais”. Foi desse ponto que iniciei a terceira e última seção do livro, onde abordamos a temática do modelo social védico conhecido como varnashrama-dharma. Essa abordagem da sociedade védica está interligada intimamente com o assunto dos gunas mencionado na primeira parte do livro, em virtude do que estarão sempre em comunhão com as várias evidências que serão feitas sobre o ideal védico de vida humana como base para uma organização social. Haverá muita ênfase na importância e necessidade de agirmos segundo nosso próprio varna, que é fruto de algum guna específico.
Ilustração dos quatro varnas. No sentido da escrita, brahmana, kshatriya, vaishya e shudra.
Ao centro, Krishna, criador do sistema de varnashrama.
Ao centro, Krishna, criador do sistema de varnashrama.
Na sociedade atual, a tecnologia está avançando muito mais rápido do que a ciência, e os grandes capitalistas estão comprando os pesquisadores cientistas com o objetivo claro de expandir mais e mais os seus lucros sem se importar com o futuro do planeta e da humanidade. Assim, procuro mostrar neste livro como o dito progresso atual está fazendo a sociedade regredir, e não progredir. Os líderes e os grandes capitalistas podem se espelhar na sociedade védica, que funcionava de uma forma orgânica e sustentável e na qual o verdadeiro progresso era medido de acordo com a satisfação ou felicidade das pessoas e da capacidade de avanço espiritual que seguia em harmonia com o progresso material regulado.
Volta ao Supremo: Qual o vínculo desse modelo com o atual sistema de castas da Índia?
Rama Putra: O sistema de castas na Índia atual, infelizmente, é corrompido. Essa corrupção aconteceu com a degradação de Kali-yuga e, notadamente, a partir do século XIII, quando não mais foi possível detectar o varna pelo nascimento por causa da mistura das classes. Outro fator preponderante são as inúmeras invasões estrangeiras com o intuito de saquear todos os tipos de valores, deixando inúmeras aculturações que vão de encontro ao sistema de casta original. Desde então, os brahmanas, com a sincera intenção de proteger sua classe da aculturação estrangeira, apregoavam seu direito de nascimento para preservação da sua classe. Com o passar do tempo, infelizmente, esse critério que era uma exceção histórica passa a ser regra para definir a posição ou classe social. Dessa maneira, o sistema varnashrama original foi corrompido em substituição ao atual movimento de castas, que é, na verdade, demoníaco (asura varnashrama) segundo Srila Prabhupada.
Os membros das castas superiores começam a exigir direitos ou privilégios pelo nascimento quando, na verdade, o critério deve ser a atitude ou o exemplo de seus atos. Não é raro ver uma pessoa comum fumando, bebendo ou sendo promíscua e, ao mesmo tempo, exigindo o título de brahmana por ter nascido em uma família tradicional dessa casta. Outros mantêm a adoração nos templos abrindo a cortina do altar em vários horários do dia apenas com intuito de ganhar dinheiro dos peregrinos. Porém, se não adota o comportamento esperado ou se simplesmente menospreza outras castas, não pode ser considerado brahmana. Infelizmente, todavia, é isso que está acontecendo na Índia atual. Srila Prabhupada diz que, devido à falta de treinamento e escassa educação voltada à espiritualidade coerente, as famílias tradicionais estão corrompendo o sistema de casta original. Podemos observar que essa corrupção está deixando como herança a destruição da tradição filosófica e teológica do Bhagavata Dharma, o que pode ser notado pela introdução do hinduísmo popular.
Srila Hridayananda Dasa Gosvami aponta sabiamente todas essas mazelas no seu projeto Krishna West. Eu entendo muito bem e aceito as questões que ele está colocando para indicar o que realmente faz parte da tradição védica e o que foi corrompido. Ele está nos alertando, pois, muitas vezes, fazemos uso de vários elementos agindo como chauvinistas indianos sem discriminação ou percepção mais profunda do que estamos fazendo. Esse é um grande equívoco que, dependendo da circunstância e lugar, está desgastando a difusão do conhecimento de Krishna ao deixar de atrair um número maior de pessoas que não se identificam com o hinduísmo popular da Índia atual.
Particularmente, por outro lado, gosto de ir à Índia e apreciar os poucos remanescentes da cultura védica original que ainda pulsa vibrante nos recônditos vilarejos e montanhas dos inúmeros locais sagrados. Para nós que aceitamos Krishna como Prabhupada nos ensinou, é maravilhoso ir à Índia e observar os grandes projetos e templos da ISKCON, além dos locais sagrados onde ocorreram Seus passatempos. Vivenciando a cultura de Krishna na Índia, para nós, mesmo esses poucos remanescentes parecem gigantescos. Sentimo-nos muito pequenos diante de tantos devotos sinceros e avançados. Há muitos resquícios impressionantes da cultura védica que podemos notar, como, por exemplo, o fato de que, no decorrer da história da Índia, é raro ouvir falar de uma revolução popular ou revolta contra um rei. O respeito ao rei é herança da cultura védica, como observamos na cidade de Jaypur, com sua arquitetura considerada de acordo com o vastu-shastra, onde o rei mantém até os dias de hoje no quintal do palácio a adoração das Deidades de Radha Govinda de Vrindavana. Podemos observar os ritos samskaras sendo praticados na tradição gaudiya e permitindo a purificação de muitos indivíduos. Mesmo as crianças ocidentais, filhos de descendentes de comedores de carne de vaca, terão a oportunidade de nascer com atributos superiores aos de um shudra, muito embora seja Kali-yuga.
Volta ao Supremo: No princípio, o mestre e acharya-fundador da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna, Srila Prabhupada, deu instruções contrárias ao estabelecimento do varnarshrama, mudando drasticamente de posição no final de sua vida. Para você, após todos os seus estudos sobre o tema, por que ele alterou essa concepção?
Rama Putra: No princípio do movimento Hare Krishna, em 1965, Srila Prabhupada chegou aos Estados Unidos muito descontente com os indianos, inclusive alguns irmãos espirituais, que recusaram sua solicitação de ajuda e convite para ir com ele pregar no Ocidente. Posteriormente, quando regressou à Índia pela primeira vez em 1967, percebeu nitidamente como seus líderes estavam rejeitando a cultura védica e imitando o Ocidente. Muitos indianos professavam estar seguindo a cultura védica quando, na verdade, eram vítimas de professores heterodoxos que não aceitavam Krishna como a Suprema Personalidade de Deus e desviavam seus alunos dos padrões da cultura védica original. Mais tarde, quando Srila Prabhupada voltou à Índia novamente com muitos devotos, conhecidos como seus “elefantes brancos”, com seus grandes corpos de pele branca, os vaishnavas da Índia olharam para aquilo com grande surpresa, pensando: “Como seria possível tornar devotos esses indivíduos em tão pouco tempo?”
Ninguém havia pensado que semelhante transformação pudesse ser possível, e, consequentemente, os referidos brahmanas de casta começaram a criticar os métodos e adaptações de Srila Prabhupada e de seus discípulos ocidentais. Srila Prabhupada aponta sua indignação com esses brahmanas de casta nos seus significados dos primeiros cantos do Srimad-Bhagavatam, onde critica duramente o sistema de casta alegando inúmeras vezes, fundamentado nas escrituras, que um vaishnava independente da sua nacionalidade e é superior ao brahmana. Desta forma, Prabhupada, nesse contexto, naturalmente colocava bhakti e o vaishnava como sendo superiores à sociedade varnashrama. Depois, muito antes de abandonar seu corpo, precisamente em 1974, ele começou a perceber que muitos dos seus discípulos estavam tendo dificuldades em seguir os votos e, assim, começou a considerar a implantação do varnashrama. Nas conversas com seus discípulos nas famosas caminhadas matinais, Srila Prabhupada dizia que queria o varnashrama estabelecido em todos os seus templos, imediatamente. Srila Prabhupada deu uma aula do Srimad-Bhagavatam em Roma, no dia 26 maio de 1974, em que disse:
“Quando um homem nasce, ele não é aceito como um ser humano, porque, a menos que exista o processo purificatório (samskara), ele não pode ser aceito como ser humano. Portanto, se, numa sociedade, não existe o sistema varnashrama, eles não são seres humanos. Eles são chamados de animais ou mlecchas, yavanas”.
Srila Prabhupada queria formar brahmanas qualificados para tornar o canto congregacional do maha-mantra Hare Krishna sistematicamente introduzido em todas as cerimônias ritualísticas. Os samskaras ajudam a aperfeiçoar o maha-mantra, que garante a eficiência dos samskaras, e ambos ajudam o restabelecimento do varnashrama-dharma sem a corrupção que existe na sociedade indiana atual.
Volta ao Supremo: Tendo em vista quase dois séculos de regência do capitalismo, você considera possível a transposição para um sistema de varnashrama?
Rama Putra: Sim, falando em termos práticos. Como Prabhupada dizia, o sistema va rnashrama já existe onde podemos observar ótimos professores, administradores etc. Mas também há o problema das classes sociais estarem ocupando lugares errados. Podemos observar em diferentes países que os shudras estão no lugar dos kshatriyas, os brahmanas estão no lugar dos shudras ou vaishyas, e assim vão se formando corpos sociais deficientes. As classes estão em constante conflito, o que é natural no asura varnashrama. Eu entendo que, quando Srila Prabhupada falava sobre o daivi varnashrama, ele se referia a uma sociedade totalmente espiritualizada, com almas 100% rendidas à causa do Senhor Supremo (bhakti-yoga) e, quando ele falava do adaiva varnashrama, queria se referir à situação de uma sociedade de almas condicionadas que sinceramente buscam a conexão ou rendição ao Senhor Supremo (karma-yoga), e essa é a situação mista em que a maioria de nós se encaixa. Srila Prabhupada sabia que era possível estabelecer varnashrama-dharma e queria colocar isso em prática nas comunidades rurais através da fórmula milagrosa da cultura védica “vida simples e pensamento elevado”. Tenho bastante confiança em nossa sociedade ISKCON, que vem se preocupando com a qualificação da sua liderança bem como de seus membros para que cada um fique satisfeito dentro de sua própria ocupação de varna. Creio que, com o passar do tempo, quando tivermos uma quantidade razoável de brahmanas qualificados, esses poderão ensinar e treinar as outras classes sociais, e essa era a esperança de Prabhupada.
Volta ao Supremo: Como a comunidade Nova Gokula, na qual você reside, encaixa-se em tal sistema?
Rama Putra: Muitos anos atrás, quando alguém vinha visitar Nova Gokula, via um monastério, e imagino que poderia ter um choque cultural com uma mistura de respeito e admiração. Para a maioria dessas pessoas visitantes, não lhes havia uma identificação prática com a vida dos moradores, que, em sua maioria, era composta por brahmacharis e grihasthas renunciantes, todos completamente dedicados ao serviço 100% voluntário e dependentes da administração. Hoje, o quadro mudou com a diversidade de tendências e ocupações dos moradores autossustentáveis, entre eles professores, sacerdotes, comerciantes, administradores e trabalhadores todos vaishnavas dedicados. Assim, quando um visitante vem hoje a Nova Gokula, é possível haver mais identificação com um estilo de vida que se aproxima mais da realidade social de todos. A ideia de Nova Gokula é mostrar pelo menos um micromodelo de um sistema social ideal, onde seus habitantes levam suas vidas colocando Deus no centro. Nesse sentido, Nova Gokula é uma comunidade para o coração, que deve focar os valores internos como o sistema varnashrama propõe. Inspirado nesse ideal, um capítulo do livro foi destinado a falar um pouco das minhas experiências pessoais em Nova Gokula em relação ao varnashrama. Seria pretensão limitar Nova Gokula a um capítulo, pois os tópicos que envolvem este local sagrado são ilimitados, mas a ideia foi apontar minhas experiências pessoais de um momento específico, e não dar o tema por encerrado. Nova Gokula abriga dezenas de devotos e devotas com diferentes talentos, os quais certamente poderão dar seu depoimento dentro de uma realidade mais profunda devido ao comprometimento de serviço por tantos anos.
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