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Admirável Mundo Novo: 1 - Máquinas - 46min.
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Admirável Mundo Novo:
Descobertas científicas -Analise Global - 47min.
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Admirável Mundo Novo:-Episódio 3 - 46min.
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Admirável Mundo Novo:- 4 - Saude - 46min.
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Admirável Mundo Novo:-5 - O Universo - 46min.
O Admirável Mundo Novo:-
O
Admirável Mundo Novo:- Profundezas - 23min.
O Século do Povo - 68,in.
O Admirável Mundo Novo:-
Fábula Científica ou Pesadelo Virtual?
Maria Clara
Corrêa Tenório
[*]
RESUMOO cientificamente possível é eticamente viável? O Admirável Mundo Novo, escrito por Aldous Huxley em 1931 é uma “fábula” futurista relatando uma sociedade completamente organizada, sob um sistema científico de castas. Não haveria vontade livre, abolida pelo condicionamento; a servidão seria aceitável devido a doses regulares de felicidade química e ortodoxias e ideologias seriam ministradas em cursos durante o sono. Olhando o presente, podemos imaginar um futuro semelhante em termos de avanços tecnológicos. Será ele de excessiva falta de ordem, da ordem em excesso preconizada por Huxley ou já vivenciamos o pesadelo virtual de Matrix, a fábula cinematográfica atual ?
Outro dia assisti a um filme
de ficção científica no cinema, e, em dado momento um dos atores exclamou
estupefato: “É o Admirável mundo novo!”, numa clara referência ao “O Admirável
Mundo Novo” de Aldous Huxley. O filme, “O Homem sem Sombra” tratava
de um grupo de cientistas subsidiados pelo governo dos Estados Unidos, que
realizava experiências genéticas visando conseguir tornar seres vivos invisíveis,
através de um processo de decomposição celular. O ator principal acaba realizando
a experiência em si mesmo e sua personalidade se transforma, ou melhor, as
características negativas de sua personalidade afloram e o dominam. A partir
desse momento muitas atrocidades acontecem.
Esse filme confesso, não é daqueles
que costumo assistir. Não sou fã de ficção científica, embora alguns autores
possam dizer que já estejamos vivendo uma “ficção”. No entanto, fez-me refletir
sobre a condição humana e todo o relativo “progresso” que a humanidade tem
alcançado neste curto espaço de tempo que vai da Revolução Industrial aos
dias atuais. Se por um lado, as conquistas humanas são uma maravilha que nos
assombra, por outro, corremos sérios riscos de hipervalorizar tais conquistas
e esquecer os limites da dimensão humana. Surgem, questionamentos éticos e
mesmo existenciais aos quais não podemos nos furtar de responder: Haveria
um limite para o desenvolvimento humano? Se há qual seria ele? Quem vai impor
esses limites? O que é cientificamente possível é eticamente viável? Para
onde caminha a humanidade? Se a destruição é inevitável o que podemos esperar?
Se ela pode ser evitada como isso será possível? Até que ponto o homem é senhor
de si mesmo?
Observando a rapidez com que
as inovações têm se sucedido é impossível não compararmos esse nosso mundo,
que a cada dia traz algo de novo, com o “Admirável Mundo Novo” que Aldous
Huxley idealizou, há cerca de 70 anos, em 1931. A obra é uma “fábula” futurista
de uma sociedade completamente organizada, sob um sistema científico de castas,
onde a vontade livre fora abolida por meio de um condicionamento metódico,
a servidão tornou-se aceitável mediante doses regulares de felicidade quimicamente
transmitida pelo “Soma” (a droga liberado do futuro), e onde as ortodoxias
e ideologias eram “propagandeadas” em cursos noturnos ministrados durante
o sono.
Nesse livro, o autor mostra sua
visão do futuro e profetiza um mundo bem diferente do que existia em sua época.
Para ele, em 1931 vivia-se o pesadelo da excessiva falta de ordem, enquanto
a sua fábula no século VII d. F (depois de Ford) seria o pesadelo da ordem
em demasia. Segundo ele próprio constata no seu Regresso ao Admirável Mundo
Novo, escrito vinte e sete anos depois, em 1957, aquilo que ele imaginava
num futuro distante, ou seja, as profecias feitas em 1931 já começavam a se
realizar mais depressa do que ele pensava
e “O abençoado intervalo entre a excessiva falta de ordem e o pesadelo
da ordem em excesso não começou e não dá sinais de começar”. (HUXLEY, 1957:
16).
Como ressaltei, Huxley profetizou
em Admirável Mundo Novo, uma civilização de excessiva ordem onde todos
os homens eram controlados desde a geração por um sistema que aliava controle
genético (predestinação) a condicionamento mental, o que os tornava dominados
pelo sistema em prol de uma aparente harmonia na sociedade. Não havia espaço
para questionamentos ou dúvidas, nem para os conflitos, pois até os desejos
e ansiedades eram controlados quimicamente pelo “Soma”, sempre no sentido
de preservar a ordem dominante. A liberdade de escolha estava restrita a poucas
matérias da vida. As castas superiores
eram decantadas em betas, alfas e alfas + e se originavam de óvulos biologicamente
superiores, fertilizados por esperma biologicamente superior, recebendo o
melhor tratamento pré-natal possível. Já as castas inferiores, bem mais numerosas,
recebiam um tratamento diferenciado: provinham de óvulos inferiores, fertilizados
por esperma inferior, passavam por um processo denominado Bokanovsky
(noventa e seis gêmeos idênticos retirados de um só ovo) e eram “tratados
prénatalmente, com álcool e outros venenos proteínicos”.
(Huxley, 1957: 39)
Pontos convergentes são encontrados
no recente filme de ficção científica Matrix, que explora a perspectiva
futurista numa dimensão virtual. Nessa “fábula” moderna, os indivíduos também
são decantados de incubadoras, mas tudo se passa na mente humana. A realidade
não existe, pois tudo torna-se virtual. Os homens gerados nas incubadoras
são meio-máquinas, como as castas baixas do Admirável Mundo Novo, assimilam
conhecimentos através de programas de informática avançada. Porém, há uma
inversão: não são mais as máquinas que são programadas pelos homens e sim,
os homens é que estão sujeitos à dominação da máquina, dos robôs e são mantidos
alheios a essa realidade. O filme faz-nos questionar se nosso mundo é real
ou se já estamos vivendo um mundo imaginário na mente de algum computador
central.
A meu ver, constitui-se numa
superação do Admirável Mundo Novo de Huxley. Nessa visão, o mundo organizado
e perfeito não prescinde de conflitos existenciais e frustrações, guerras
e embates sociais. Em Matrix um dos robôs andróides explica que a experiência
de se evitar qualquer frustração nos homens não tinha dado certo e por isso
fôra criada uma nova Matrix, melhor elaborada, que abrigava inclusive os problemas,
as guerras, as falhas, as frustrações, as dores humanas. Incrivelmente, satisfaz-se
até a “necessidade” de frustração, entendida também como uma necessidade humana.
Para que as pessoas não percebam que aquela é apenas uma realidade virtual,
criada pelos computadores todos são levados a um estado de semi-consciência
do real que lhes induz a ver o imaginário como real. É como se estivemos sonhando
ou tendo um pesadelo sem fim. Só alguns poucos mortais fogem a esse padrão
e tentam subverter a ordem estabelecida. Sendo constantemente perseguidos
e severamente castigados.
O que difere Matrix da “fábula” de Huxley é que lá o mundo não mais está sendo governado
por homens e sim por máquinas robôs, tendo como sua matriz, o computador.
Todos vivem dentro de uma ordem estabelecida, mas não por alguns homens em
detrimento dos outros e sim pelo computador que governa quase todas as mentes
humanas. Entretanto há um aparente caos, enquanto que nessa última o caos
foi quase todo eliminado, o mundo civilizado dominou o mundo selvagem.
Essas “fábulas científicas” atuais e antigas guardam entre si um ponto
de comunicação: todas apontam para uma desumanização do homem, uma morte do
indivíduo, embora de pontos de vista diferenciados.
Se o futurismo de Huxley nos
faz refletir sobre os caminhos da nossa civilização, afinal, sete décadas se passaram, muito coisa mudou, algumas “profecias”
tornaram-se realidade, (é o caso da concepção de proveta e dos vários sistema
de condicionamento), Matrix nos apresenta o avesso da civilização,
num mundo onde o real e o virtual se confundem e nos alerta para os perigos
que a revolução informática e robótica pode gerar. Um mundo onde o homem deixa
de ser senhor de sua história e deixa-se controlar pela máquina que ele mesmo
criou.
Ambos têm em comum a dominação
do espírito humano que no Matrix é a absorção e criação total da mente
humana e no Admirável Mundo Novo é perda total da individualidade pelo
coletivo, determinada por fatores genéticos e condicionamento constante, controlada
pelos donos do poder. A repressão ao elemento subversivo é fundamental nos
dois mundos para sua manutenção, garantindo o equilíbrio.
Outras realidades sequer sonhadas
por Huxley vieram à tona, já citamos a revolução informática, a internet que
alterou profundamente o sistema de comunicações no planeta e na própria genética.
Nesse sentido, Matrix inovou, trouxe a discussão de Huxley à tona adaptada
à realidade presente ao enfocar o mundo virtual.
No campo genético, as atuais descobertas científicas deixariam Huxley,
talvez não admirado, mas no mínimo perplexo com os rumos tomados pela ciência.
O avanço no campo genético da produção de sementes é incrível! Isso já era
abordado em outro livro que li, do qual me recordo somente o título “Os
Dentes Brancos da Fome” que discutia a problemática das sementes híbridas,
sua comercialização mundial controlada por monopólios, e sua utilização como
arma nos estados de guerra. A história ocorreria em 1981 e como 1984 de Orwell, outra obra futurista, suas terríveis
profecias, não se concretizaram na época prevista.
Hoje a discussão centra em torno
dos alimentos transgênicos e dos remédios genéricos. Mas a descoberta revolucionária
do século talvez seja a decodificação da cadeia de DNA, que concedeu o Prêmio
Nobel da Ciência aos seus cientistas, ou seria o fenômeno “dolly”? O clone?
Embora Huxley pudesse ter previsto a reprodução humana em série através
de heugenia e do seu contrário, produzindo um número considerável de gêmeos
idênticos, ele não previu a clonagem. A reprodução de um ser vivo a partir
de células aleatórias em outro ser vivo portador das mesmas cargas genéticas
do primeiro. Isso já é possível devido às novas descobertas da reengenharia
genética, que envolveram os estudos sobre o DNA.
As novas descobertas se sucedem
e já não se pode, a meu ver, falar em “descoberta do século”. O século todo
tem sido uma sucessão de descobertas e conquistas humanas. Da fabricação da
bomba H, que Huxley só veio a conhecer bem depois da edição do Admirável
Mundo Novo, temos uma sucessão de acontecimentos: o homem pisou na Lua, desvendou parte do universo através dos satélites,
realizou missões a planetas distantes através de sondas. Chegou a Marte. As
guerras modificaram o perfil da história e hoje vivemos mais do que nunca
o terror da destruição total, da guerra nuclear, que não se resolve com as
políticas internacionais de desarmamento nuclear.
Vivemos na era da informática
e da robótica e o Planeta Terra transformou-se, como dizem, numa “aldeia global”
com os avanços da internet. Contraditoriamente, não conseguimos dialogar com
as pessoas com quem vivemos, com nossos vizinhos. O homem torna-se cada vez
mais solitário. A internet eliminou distâncias, porém, não superou o preconceito,
as diferenças sociais gritantes, os conflitos étnicos, as lutas e classe e
pelo poder.
No Retorno ao Admirável Mundo
Novo, Huxley retoma algumas de suas hipóteses sobre o futuro que não podemos
deixar de considerar. Ao perceber a rapidez com que elas estão ocorrendo já
em 1957, ele se assusta, afinal sua “fábula futurista” ou “profecia” deveria
ocorrer no VII século depois de Ford!
No entanto, esse segundo livro
é bem mais que um retorno a sua obra, é uma análise da civilização humana
e da sociedade contemporânea através da percepção da utilização das várias
descobertas científicas e das experiências desenvolvidas no decorrer de quase
três décadas. No prólogo o autor nos informa que se propõe a discutir o problema
da liberdade e da individualidade humana, que vê ameaçada.
Se a questão central é a liberdade,
ela será abordada, segundo ele, com certa superficialidade correndo o risco
de ficar incompleta, nesse seu livro, sob três óticas: a superpopulação, a
super-organização, que conduz à impessoalidade; e as várias formas de condicionamento
humano, para ao final questionar sobre as saídas possíveis, dentre elas a
educação para a liberdade.
O autor começa dizendo que a
base dos problemas tem caráter biológico. Há um controle da mortalidade, mas
é muito difícil um controle da natalidade. Huxley parece convencido de que
é necessário um controle da natalidade mundial para evitar a falta de alimentos
futura. Reporta-se ao seu Admirável mundo novo para exemplificar uma
possível, porém questionável, solução para o problema:
“No Admirável Mundo Novo da minha fábula o problema do número de seres humanos na sua relação com os recursos naturais, foi efetivamente resolvido. Foi calculado um número ótimo para a população mundial e a totalidade da população ia sendo mantida nesse nível (um pouco abaixo de dois bilhões, se bem me recordo), geração após geração. No mundo atual o problema não foi resolvido”(HUXLEY, 1957: 25)
Em 1957 quando o autor escreveu
seu segundo livro a humanidade beirava dois bilhões e oitocentos milhões de
homens, hoje já passamos de seis milhões. Em uma década a humanidade cresceu
1/5, isso já era previsto por Huxley e o angustiava. Além da falta de alimentos
e escassez de recursos naturais o autor preocupava-se com a desumanização
que pode transformar a humanidade em massa passiva nas mãos de “ditadores”
e “ditaduras totalitárias”, uma afronta, na sua concepção, aos regimes democráticos.
Segundo ele “É contra este sinistro
pano de fundo biológico que todos os dramas políticos, econômicos, culturais
e psicológicos do nosso tempo se desenrolam”. (Huxley, 1957: 26) Acreditava
que a Era Espacial não iria resolver o problema de superpopulação e que não
resolvido este problema todos os outros seriam insolúveis.
Hoje, na virada do século, também
nós não temos uma idéia clara do que seria a povoação dos outros planetas.
A tecnologia avançou, mas ainda não possibilitou empreender tamanha
façanha. Estamos adormecidos para os problemas gerados pela degradação do
meio ambiente, embora surjam inúmeros grupos ecológicos. Por outro lado, fica
a pergunta: quais os limites da liberdade humana ? Se temos que pagar um preço
quem deve começar? O controle da natalidade é necessário, mas
quem vai abrir mão do direito à fertilidade ? Recorreríamos ao pesadelo do
Admirável Mundo Novo, para nos espelhar e construir uma civilização,
onde a maioria dos seres humanos fossem estéreis? Aos nossos olhos parece
abominável conceber tal civilização. Ou será que não? Ou será que nossos bisnetos,
quem sabe até mesmo nossos netos, não vão encarar isso como normal ? Seria
um retorno às teorias darwinistas ?
Huxley nos oferece uma visão
geral das razões da estreita correlação entre gente em excesso, gente que
se multiplica rapidamente, a formulação de filosofias autoritárias e o nascimento
de sistemas totalitários de governo. A mim essa explicação não convence porque
está recheada do determinismo de Darwin.
Para ele:
“Nem todas as ditaduras surgem da mesma maneira. Há muitos caminhos que vão dar ao Admirável Mundo; mas, o mais direto e mais amplo de todos eles talvez seja o caminho por que tomamos agora, o caminho que passa por entre números gigantescos de seres humanos e seu aumento acelerado”. (HUXLEY, 1957: 28)
Citando alguns dados que, segundo
ele, apontam para essa sua constatação, diz entre outras coisas que, a melhoria
das condições de vida nos países “subdesenvolvidos” gera outro problema, que
é a insatisfação de novas necessidades e que nesses países não há capital
disponível para investimentos na produção agrícola e industrial, na educação,
na cultura, embora neles a população tenda a aumentar gradativamente em proporções
alarmantes, gerando conflitos que levarão o governo desses países a uma concentração
cada vez maior de poder.
E justifica:
“A superpopulação conduz à insegurança econômica e à intranqüilidade social. Intranqüilidade e insegurança conduzem a maior controle por parte dos governos centrais e a um aumento do poder deles. Na ausência de uma tradição constitucional, este poder reforçado será provavelmente exercido de forma ditatorial”. (HUXLEY: 1957: 32-33)
É uma suposição, mas não a única.
Se assim fosse, os rumos políticos de nossa história teriam sido outros. Huxley
acreditava que: “O problema da relação entre o número total de seres humanos,
que aumenta rapidamente, os recursos
naturais, a estabilidade social, e o bem-estar dos indivíduos, - é agora o
problema central da humanidade” (HUXLEY, 1957:
26)
Mas nos parece que ele, agora
já tendo vivido a experiência do nazismo e do stalinismo, preocupa-se mais com a possibilidade de uma
ditadura totalitária, não nos moldes semi-violentos do Admirável Mundo
Novo, mas semelhante à obra 1984 de Orwell, com a qual estabelece
comparações. Ele descarta a possibilidade dessa última via ser seguida pela
humanidade, pois segundo ele:
“A recente evolução na Rússia, e avanços recentes no campo da ciência e da tecnologia retiraram ao livro de Orwell uma parte da sua horrenda verossimilhança. Mas sustentando neste momento que as Grandes Potências podem abster-se algum tanto de nos destruírem, é lícito dizer que tudo se apresenta agora como se todas as vantagens pareçam mais a favor de algo como o Admirável Mundo Novo do que de algo como 1984”. (HUXLEY, 1957: 18)
Para reforçar a idéia ele lança
mão dos conhecimentos sobre o comportamento humano, que demonstra que:
“O controle do comportamento indesejável por intermédio do castigo e’menos eficaz, no fim das contas, do que o controle por meio de reforço do comportamento desejável mediante recompensas.”(HUXLEY, 1957: 18)
Pois, “...a punição trava temporariamente
o comportamento indesejável, mas não suprime definitivamente a tendência da
vítima a sentir-se bem ao comportar-se desse modo.” (idem)
Estabelecendo uma relação entre
os dois mundos imaginários Huxley
retrata-os sinteticamente:
“A sociedade descrita no ‘1984’ é uma sociedade controlada quase exclusivamente pelo castigo e pelo medo do castigo. No mundo imaginário da minha própria fábula, o castigo não é freqüente e é, de um modo geral, suave. O controle quase perfeito exercido pelo governo é realizado pelo reforço sistemático de comportamento desejável, por numerosas espécies de manipulação quase não-violenta, tanto física como psicológica, e pela estandardização genética”. (HUXLEY, 1957: 19)
O Huxley sob a influência do
espírito anticomunista que se instalou após a segunda guerra mundial tem uma
posição totalmente contrária ao comunismo expressa, a seguir:
“E a crise permanente é o que temos a esperar num mundo em que a superpopulação está a produzir um estado de coisas em que a ditadura, sob os auspícios comunistas, se torna quase inevitável”. (HUXLEY, 1957: 35)
Essa posição avessa vai aparecer
em todo o Retorno. Será seu principal exemplo, com o qual fará inúmeras
relações ao estudar o desenvolvimento do jovem ditador e das novas ditaduras.
Sua obra manterá uma posição
crítica desfavorável ao sistema soviético, expressa em inúmeras passagens,
mas contundente nesta:
“Na Rússia, a ditadura fora de moda, estilo 1984, de Estaline, começou a dar lugar a uma forma mais atualizada de tirania. (...) O sistema soviético combina elementos de 1984 com elementos que profetizam o que se passava entre as castas mais elevadas no Admirável Mundo Novo.” (HUXLEY, 1957: 20-21)
Muita coisa mudou
depois da publicação de seu Retorno. Ele escrevia em plena guerra fria.
Com as duas Alemanhas divididas e uma Rússia forte, fazendo frente ao poderio
econômico americano. Estava na moda criticar o regime comunista russo. Não
podemos nos esquecer, que apesar de Huxley ter uma visão além de seu tempo,
foi um homem em seu tempo. Não havia a Guerra da Vietnã, do Golfo Pérsico,
a queda do muro de Berlin, não se esperava a fragmentação da Rússia, a guerra
das etnias na antiga Rússia favorecendo ainda mais o interesse de uma hegemonia
americana. Não se havia estabelecido o Mercado Comum Europeu, com a União
Européia, fatos históricos imprevistos que modificaram a geografia e a política
da Europa, sem falar nas inúmeras revoluções acontecidas nas últimas décadas
nos “países subdesenvolvidos”, para usar uma expressão do próprio Huxley.
Enfim, não chegou a acontecer, como ele havia apostado em 1957:
“... daqui a vinte anos, todos os países subdesenvolvidos e superpovoados do mundo estarão sob uma forma de domínio totalitário – provavelmente exercido pelo Partido Comunista”. (HUXLEY, 1957: 33).
O autor do Retorno reconhecia
que o Ocidente dependia, como ainda hoje depende, dos países periféricos para
suprirem suas necessidades se e alertava que se as ditaduras futuras lhes
fossem hostis eles teriam que arcar com as conseqüências de possuírem demasiada
população num território demasiado pequeno.
Huxley não aprofunda o raciocínio
em termos econômicos, dá apenas algumas pistas. Seu raciocínio ficou quase
inteiramente restrito ao campo científico. Trabalha nos seus capítulos subseqüentes todos os mecanismos existentes
em seu tempo, que poderiam levar ao condicionamento humano e à dominação da
civilização humana por ditaduras autoritárias.
Porém, a ciência, como o próprio autor vislumbra, não é apolítica,
tem sido usada para favorecer os interesses dos dominantes. Estamos longe
da República de Platão, governada pelos cientistas em prol da humanidade.
Embora se posicionando contra toda forma de autoritarismo, o autor não faz
nenhum questionamento mais sério sobre as profundas divisões estruturais do
trabalho, coaduna com elas. Tanto é verdade que aventa a possibilidade de
tratamentos diferenciados para os países do terceiro mundo, ou subdesenvolvidos.
Denota-se que sua preocupação básica é com o ocidente e os riscos e uma ascensão
Russa:
“Se a superpopulação conduzir os países subdesenvolvidos ao totalitarismo, e se essas novas ditaduras se aliassem com a Rússia, então a posição militar dos Estados Unidos tornar-se-ia menos segura e os preparativos de defesa e retaliação teriam de ser intensificados. (...) e a crise permanente é o que temos a esperar num mundo em que a superpopulação está a produzir um estado de coisas que a ditadura, sob os auspícios comunistas se torna quase inevitável”. (HUXLEY, 1957: 35)
Voltemos ao capítulo dois do
seu Retorno. Nele o autor recorda o controle de natalidade adotado
em sua “fábula” Admirável mundo
novo. Lá os indivíduos eram gerados numa série de frascos (provetas),
originários de óvulos de acordo com as castas a que pertenciam, e sofriam
desde o começo da vida uma espécie de separação biológica por classes. Huxley,
parece concordar com uma espécie de classificação da espécie humana quando
critica a falta de uma política global de controle de natalidade, associando
a superpovoação ao declínio da raça humana.
Podemos depreender isso de suas
própria palavras:
“Nesta segunda metade do século XX, nada fazemos com caráter sistemático pela nossa procriação; mas, com o nosso modo ocasional e irregular, estamos não somente a superpovoar o nosso planeta, mas também, parece, procedendo seguramente para que estas massas de população cada vez maiores, sejam das mais pobres de qualidade biológica”. (HUXLEY, 1957: 40)
E continua, associando declínio
da saúde média, subdesenvolvimento, superpovoamento à ausência de democracia,
fazendo suas as palavras do Dr W. H. Sheldon:
“E a par com um declínio da saúde média bem pode ir um declínio na inteligência média. Na verdade algumas autoridades competentes estão convencidas de que tal declínio já ocorreu e está a continuar. ‘Sob condições que são fáceis e irregulares’, escreve o Dr. W. H. Sheldom, ‘as nossas melhores camadas tendem a ser subvertidas por outras que lhes são inferiores sob todos os aspectos...’ (...) Num país subdesenvolvido e superpovoado, onde quatro quintos da população recebe menos de duas mil calorias por dia e um quinto goza de uma dieta adequada, podem as instituições democráticas nascer espontaneamente? Ou se fossem impostas de fora, ou de cima, poderiam sobreviver? ”. (HUXLEY, 1957: 41)
Não podemos deixar de nos questionar,
enquanto pertencentes um país “subdesenvolvido”, qual seria o seu paradigma
para diferenciar “camadas superiores” da população de “camadas inferiores”?
Não estaria aí implícita a idéia de raças superiores e inferiores? O ideal
de Hitler que ele abomina? O autor faz-se questionamentos e aponta para dilemas
éticos que só exprimem ainda mais seu tom sectário ao questionar.
O fato é que o autor do Retorno
associa superpopulação com impossibilidade de gestação da Democracia. Chega
a ridicularizar aqueles que pensam numa transformação social que leve a sociedade
a uma maior harmonia pela via da solidariedade. Ele trabalha a lógica do capital
e condena essa lógica por aquilo que tem de mais vil que seria o privilégio
de poucos em detrimento de muitos, mas cristaliza as relações internacionais
da forma que se apresentam na ordem mundial dominante. Talvez por acreditar
cegamente que a democracia nos moldes americanos era o melhor.
Ele propõe-se um questionamento
ético, nascido da inversão do problema moral:
se os bons fins não justificam os maus meios, os bons meios justificam
os maus fins? Seu questionamento não
deixa de estar impregnado de um certo preconceito darwinista, como já afirmamos:
“E que dizer acerca dos organismos congenitalmente insuficientes, que a nossa medicina e os nossos serviços sociais agora preservam, de modo tal que eles podem propagar a sua espécie? Ajudar os desafortunados é obviamente bom. Mas, a transmissão maciça, aos nossos descendentes, dos resultados das mutações desfavoráveis, e a contaminação progressiva da reserva genética de que os membros da nossa espécie terão de beber, não é menos obviamente mal” (HUXLEY, 1957: 43)
Mas, como se a história dos homens
não fosse a história da luta de classes e não se desse em bases materiais,
a solução de Huxlley seria a “via média”. O autor deixa no ar o que
venha a ser isso. O que surpreendente numa obra futurista que disseca sob
muitos aspectos as estruturas germinais de uma dominação de massas que culminaria
com a perda total da liberdade e autonomia humana, com a desumanização ou
robotização do ser humano, é que ela não questiona em nenhum momento a posição
dos vários países em relação aos outros, a hegemonia de umas nações sobre
outras.
No capítulo 3 de seu Retorno,
o autor discute mais a fundo a super-organização. Como tudo tem seu preço,
o homem do Ocidente, não a civilização humana como um todo, terá que pagar pelo progresso técnico que conquistou.
Ele acreditava que na virada do século o a maioria da humanidade estaria tendo
que escolher entre a anarquia e o controle totalitário. Essa “profecia” não
se concretizou, a queda do Muro de Berlim nos faz pensar que isso hoje, não
será mais possível.
No entanto, Huxley é atual ao
refletir sobre a falência dos pequenos diante dos grandes e a quantidade de
poder que se concentra gradativamente nas mãos de poucos, como fator preocupante.
Tomemos os oligopólios e os quartéis que têm sido formados pelas empresas
multinacionais. Huxley atribuía essa
concentração à tecnologia moderna:
“Vemos, pois, que a tecnologia moderna tem conduzido à concentração do poder econômico e político, e ao desenvolvimento de uma sociedade controlada (implacavelmente nos estados totalitários, polida e imperceptivelmente nas democracias) pelo Alto Negócio e pelo Alto Governo.”(HUXLEY, 1957: 51)
Nas suas palavras...
“Física e mentalmente, cada um de nós é único. Qualquer cultura que, no interesse da eficiência ou em nome de qualquer dogma político ou religioso, procura estandartizar o indivíduo humano, comete um ultrage contra a natureza biológica do homem” (HUXLEY, 1957: 53)
Voltemos ao Admirável Mundo
Novo e vislumbremos aqueles operários estandartizados em castas, cujos
inferiores são semi-humanos e gêmeos trabalhando nas fábricas sempre indiferentes
a sua sorte, tranqüilizados pelo “Soma”.
Não queremos crer que isso possa
ser possível em nossos dias, mas as pesquisas genéticas avançaram. É assustador,
mas dispomos de tecnologia e de conhecimentos científicos que tornam perfeitamente
provável a fabricação dessa espécie de “semi-homem”, que tanto horrorizou
o Selvagem, no Admirável Mundo Novo. O clone é uma realidade a nos
pesar sobre as cabeças. Faz-nos questionar até que ponto podemos ir ?
Quais os limites do homem? O biologicamente possível é eticamente correto?
São debates éticos que se travam nos meios científicos, mas aos quais não
podemos, embora leigos, ficar alheios.
Como Huxley podemos criticar
a “vontade de ordem”, esse desejo de gerar harmonia, essa espécie de
instinto intelectual, impulso primário e fundamental do espírito que “pode
transformar tiranos aqueles que aspiram meramente a desfazer a confusão” reinante.
Huxley nos indica que a organização
ao extremo pode ser fatal para a liberdade que nasce da “comunidade auto-regulamentada
de indivíduos que cooperam livremente”. Pois sufoca o espírito criador e elimina
a própria possibilidade da liberdade.”(HUXLEY, 1957:
56)
Ainda nesse capítulo Huxley define
o homem como um ser moderadamente gregário, portanto, não completamente sociável.
Por isso “a civilização é um processo “pelo qual os bandos primitivos são
transformados num análogo, grosseiro e mecânico, às comunidades orgânicas
dos insetos sociais”. E assim, “por mais funda que seja a tentativa, os homens
não podem criar um organismo social, apenas podem criar uma organização”.
(HUXLEY, 1957: 58)
E mais uma vez em sua obra, surgem
as diferenças entre o Admirável Mundo Novo e 1984 de Orwell. É o próprio Huxley quem as determina.
Na sociedade em guerra de 1984, o objetivo primeiro dos governantes é o de exercer o poder para
seu gozo e em segundo lugar, manter os seus súditos num estado de tensão constante,
sexualmente os membros do Partido são levados à abstinência, enquanto no Admirável
Mundo Novo qualquer pessoa tem o direito de satisfazer os seus desejos sem
constrangimento, pois a guerra foi eliminada e o primeiro objetivo dos que
conduzem a sociedade é impedir que os súditos causem quaisquer perturbações.
Conclui-se então que “Em 1984 o desejo de poder é satisfeito infringindo-se
o sofrimento; no Admirável Mundo Novo, infringindo um prazer pouco
menos humilhante”. (HUXLEY, 1957: 62)
Como já vimos Huxley claramente
prefere este segundo modelo. E para nós, qual é a pior forma de dominação?
Aquela visivelmente violenta ou a camuflada? São as nossas contradições presentes.
Huxley desvenda a propaganda
numa sociedade democrática, demonstrando como ela pode ser extremamente manipuladora.
Estabelece a diferença entre a propaganda racional e a irracional. Na sua
opinião, a primeira conduz à reflexão, à consciência e à verdade, a segunda
utiliza-se das paixões cegas, dos medos inconscientes do expectador para,
através da mentira para engana-lo.
Mas para ele, a comunicação com
as massas, “não é boa nem má, é simplesmente uma força” que pode ser bem ou
mal usada.
Daí os processos de censura políticos
e econômicos serem semelhantes em seus fins:
“No leste totalitário há uma censura política, e os meios de comunicação com as massas são controlados pelo Estado. No Ocidente democrático há a censura econômica e os meios de comunicação com as massas são controlados pela ‘elite do Poder’”.(HUXLEY, 1957)
O problema detectado por Huxley
é que a indústria da comunicação já não se ocupa nem com a verdade, nem com
o falso, mas com o irreal. E mais
uma vez recorremos ao Admirável Mundo Novo onde “as distrações ininterruptas
da mais fascinante natureza são deliberadamente usadas como instrumentos de
governo, com o objetivo de impedirem o povo de prestar demasiada atenção às realidades da situação social e política”.
(HUXLEY, 1957: 82)
O Selvagem, personagem do Admirável
Mundo Novo resgatado de uma reserva de “pré-civilizados”, percebe isso com nitidez, pois olhando aquela
civilização de fora tem condições de detectar o que os seres extremamente
condicionados não vêem. Daí sua revolta e tentativa de “liberta-los” do
“soma”.
Ao tratar da propaganda sob uma
Ditadura, ele assevera que o sistema totalitário, no período de moderno desenvolvimento,
pode dispensar os homens altamente qualificados que pensam e agem livremente,
graças aos modernos meios de comunicação de massa. “O Grande Irmão pode ser
agora tão onipresente como Deus.” (HUXLEY, 1957: 89)
O autor fala do “veneno gregário”,
uma droga ativa e exultante utilizada e explorada por Hitler “em proveito
dos seus próprios objetivos”. (HUXLEY, 1957: 95)
Sobre a estratégia de Hitler,
que inspirou outros ditadores, Huxley é ferrenho:
“Hitler explorava e utilizava sistematicamente os temores e esperanças secretas, os desejos, as ansiedades e frustrações das massas Alemãs”(...) induziu as massas alemãs a comprarem elas próprias um Fueher, uma filosofia insensata e a Segunda Guerra Mundial”.(HUXLEY, 1957: 96) .
Porém se define com uma fina
percepção a estratégia de Hitler, Huxley peca ao considerar toda a filosofia
contrária ao capitalismo no mesmo nível. Confunde dogmatismo e ideologia igualando
a Escolástica, ao Fascismo e ao Marxismo.
Com atualidade o autor desvenda
admiravelmente, em algumas páginas, a linguagem simbólica utilizada nos comerciais,
que visam atingir o ponto fraco de seu público alvo, principalmente no campo
da propaganda política. “Os vendedores de política apelam apenas para a fraqueza
dos eleitores, não para sua força potencial” (HUXLEY, 1957: 122)
Tendo passado por um processo
eleitoral recente podemos, a princípio, concordar com ele, pois às vésperas
das eleições municipais, desse país “periférico”, em que vivemos, pudemos
constatar assombrados o quanto esse mecanismo de manipulação foi utilizado
por alguns candidatos visando cercear a liberdade, denegrindo a imagem alheia
e explorando o medo irracional da população. Por outro lado, esse mesmo mecanismo
de “dominação das massas” pode ser questionado atualmente sob o ponto de vista
da sua eficácia, diante da enorme mobilização nacional nessas mesmas eleições
municipais brasileiras, que demonstraram uma crescente, porém, ainda, não
generalizada, politização dos eleitores e um posicionamento crítico que a
imunizou, por assim dizer, frustrando as expectativas de muitos daqueles que
a quiseram confundir. Isso pode demonstrar
um maior grau de informação, educação e preparação, mesmo num país,
onde a população foi sempre levada à alienação, como é o caso do Brasil. Essa
é uma esperança. No mínimo, reflete certamente a insatisfação geral, diante
de um progresso que tem excluído a maioria da população há muitos séculos.
Será a educação para a liberdade algo possível?
Huxley discutia os limites da
mente humana e a carga emocional que o homem sensível, mediano ou forte suportariam.
Os métodos utilizados para dominação humana, segundo ele, combinariam violência
e habilidade de manipulação psicológica. Essa pressão pode ser revertida?
Persuasão química. Persuasão
subconsciente. O que podemos fazer?
Voltando às ideais iniciais deste
texto. Olhando o presente, podemos imaginar o imenso potencial de que dispõe
a civilização humana, em termos de avanços tecnológicos. E o futuro não está
distante, como poderíamos supor. Segue sua corrida vertiginosa, vencendo o
tempo.
Como Huxley e tantos outros,
tentamos imaginar a civilização do futuro. Desse modo, é impossível não deixar
de se questionar: E o futuro? Será o pesadelo da excessiva falta de ordem,
em que, ainda, vivemos ou da ordem em excesso da “fábula” de Huxley? Será
o mundo virtual de Matríx, ou ditatorial de 1984 ? Ou talvez,
“o nada”? A extinção da raça humana numa guerra nuclear? O horror ao “novo
mundo” pode nos conduzir ao desespero e ao suicídio, como nosso amigo Selvagem
do Admirável Mundo Novo.
Mas, olhando as estrelas que
despontam no horizonte, sempre poderemos nos tranqüilizar pensando que o “admirável
mundo novo” é apenas uma fábula científica. Porém, são as próprias estrelas
que nos dizem que tudo é passado. Quando chegamos a vê-las no céu, muitas
já deixaram de existir. Assistimos sempre ao filme reprisado do universo.
Será este na realidade, um pesadelo virtual?
[*]
Advogada, Especializanda em Ciências Sociais - UEM.
Bibliografia
HUXLEY. ALDOUS. Admirável Mundo Novo.São
Paulo, Globo, 2000.
_______________. Retorno ao Admirável Mundo
Novo. Lisboa, Edição "Livros do Brasil", s. d.
Michio Kaku: Como será o mundo em 2100?
O renomado cientista Michio Kaku realizou algumas previsões para o futuro da humanidade, mais precisamente para o ano de 2100. Em uma entrevista com a Revista Superinteressante, ele revelou como algumas coisas que hoje soam como ficção científica podem se tornar realidade em futuro não tão distante.
Michio Kaku
Segundo o físico, em 2100 nossos netos e bisnetos serão como deuses. Será possível mover objetos através da força do pensamento e materializá-los assim que necessário. Além disso, ele prevê que iremos desenvolver novos seres vivos, mas ressalta que isso pode trazer alguns problemas. Hoje já temos o genoma de um neandertal armazenado em computador, e é possível trazê-lo de volta ao mundo. No futuro, isso será comum.
Quando perguntado sobre a possibilidade de ler pensamentos, Kaku afirma que isso será possível até mesmo antes de 2100. Mas como a ideia de saber que alguém está lendo seus pensamentos não soa como muito agradável, até lá haverá algum software capaz de impedir isso.
Transporte rápido e econômico. É nisso que Kaku aposta para 2100. Através de superímas, veículos poderão simplesmente flutuar sobre uma superfície, não havendo necessidade de um combustível, como gasolina. O maior problema é fazer com que esses superímas possam funcionar adequadamente em uma temperatura ambiente, já que eles funcionam em temperaturas muito baixas.
Mas Kaku acredita que o maior avanço será na área da genética. Hoje sabemos como criar pele, ossos, narizes, válvulas cardíacas e bexigas artificiais. Órgãos como o cérebro ainda são um enorme desafio, mas logo o cientista diz que será possível injetar células-tronco no cérebro, fazendo com que elas se integrem e criem um novo tecido cerebral. Além disso, Kaku disse que o primeiro fígado produzido em laboratório estará pronto daqui a 5 anos. Em 2030, será possível projetar crianças geneticamente. Pouco tempo depois, haverá uma “loja” de órgãos humanos, e por volta de 2040 será possível manipular nosso DNA e prever futuras doenças que um determinado ser possa ter.. Daqui a 50 anos, Kaku acredita que o envelhecimento possa ser retardado de forma considerável, e haverá remédios próprios para cada pessoa, de acordo com seu mapa genético.
Leia também: Será possível clonar seres humanos?
Até 2100, os robôs irão tomar boa parte dos empregos ocupados hoje por humanos, segundo Kaku. Mas ele frisa que eles não possuem imaginação, criatividade, liderança ou talento. Humanos com essas habilidades terão emprego certo no futuro.
E você, leitor, como acha que será o mundo em 2100?
Leia mais em http://misteriosdomundo.com/michio-kaku-como-sera-o-mundo-em-2100#ixzz2t3aitD5x
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Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.
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