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Procrastinação
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Procrastinação é o diferimento ou adiamento de uma ação. Para a pessoa que está a procrastinar, isso resulta em stress, sensação de culpa, perda de produtividade e vergonha em relação aos outros, por não cumprir com as suas responsabilidades e compromissos. Embora a procrastinação seja considerada normal, torna-se um problema quando impede o funcionamento normal das ações. A procrastinação crônica pode ser um sinal de problemas psicológicos ou fisiológicos.
A palavra em si vem do latim procrastinatus: pro- (à frente) e crastinus (de amanhã). A primeira aparição conhecida do termo foi no livro Chronicle (The union of the two noble and illustre famelies of Lancestre and Yorke) de Edward Hall, publicado primeiramente antes de 1548.
Logo, um procrastinador é um indivíduo
que evita tarefas ou uma tarefa em particular.
Causas da procrastinação
Psicologia
As causas psicológicas da procrastinação variam muito, mas geralmente tendem a fatores como ansiedade, baixa autoestima e uma mentalidade auto-destrutiva. Pensa-se que procrastinadores têm um nível de consciência abaixo do normal, mais baseado em "sonhos e desejos" de perfeição ou realização, em vez de apreciação realista de suas obrigações e potenciais.[1]
O autor David Allen traz à tona duas grandes causas psicológicas de procrastinação no trabalho e no dia a dia que estão relacionadas à ansiedade, e diretamente ligada à preguiça emocional. A primeira categoria engloba coisas muito pequenas para se preocupar, tarefas que são uma interrupção irritante no fluxo das coisas, e que tem soluções de baixo impacto; um exemplo seria, organizar uma sala desarrumada. A segunda categoria contém coisas muito grandes para serem controladas, tarefas que uma pessoa pode temer, ou cujas implicações podem ter um impacto grande na vida da pessoa; um exemplo seria, um estudante de vestibular adiar indefinidamente o preparo para a prova, por causa da pressão recebida por seus familiares e o medo de não conseguir ser aprovado.
É de apontar que uma pessoa pode inconscientemente sobre-estimar ou subestimar o tamanho de uma tarefa, se a procrastinação se tornar um hábito.
Fisiológica
Pesquisas sobre as raízes fisiológicas da procrastinação, na sua grande maioria, focam-se no envolvimento do Córtex pré-frontal. Essa área do cérebro é responsável por funções de execução cerebral como planejamento, controlo de impulsos, atenção, e age como um filtro diminuindo estímulos que causam distração, que vêm de outras regiões do cérebro. Lesões ou baixa utilização dessa área podem reduzir a capacidade de uma pessoa de filtrar estímulos que causam distração, resultando em má organização, perda de atenção e aumento de procrastinação. Isso é similar ao papel do lobo pré-frontal no Transtorno do Défice de Atenção com Hiperatividade (TDAH), onde é comum a sua subutilização.[1]
Procrastinação e a saúde mental
A procrastinação pode ser uma desordem persistente e debilitante em algumas pessoas, causando disfunções e imperícia psicológicas significantes. Estas pessoas podem estar, de fato, sofrendo de outros problemas mentais como depressão ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Enquanto a procrastinação é uma condição comportamental, esses outros problemas de saúde mental podem ser tratados com medicamentos e/ou terapia. Medicamentos podem melhorar a capacidade de foco e atenção de uma pessoa (no caso de um TDAH) ou melhorar o humor e temperamento no geral (no caso da depressão). A terapia pode ser uma ferramenta importante para ajudar um indivíduo a ter novos comportamentos, superar seus medos e ansiedades, e alcançar uma melhor qualidade de vida. Portanto, é importante para as pessoas que lidam cronicamente com a procrastinação debilitante, consultarem um terapeuta ou um psiquiatra para ver se um maior problema de saúde mental pode estar presente.
Perfeccionismo
Tradicionalmente, a procrastinação tem sido associada com o perfeccionismo, uma tendência de avaliar negativamente os resultados e a performance de alguém, medo intenso e ansiedade, mau humor recorrente e workaholismo. Slaney, em 1996, descobriu que perfeccionistas adaptivos eram menos prováveis a procrastinar que os não perfeccionistas, enquanto que os perfeccionistas não adaptivos (pessoas que veem seu perfeccionismo como um problema) apresentavam altos níveis de procrastinação (e também ansiedade).[2]
Procrastinação acadêmica
Enquanto que a procrastinação acadêmica não é um tipo especial de procrastinação, pensa-se que a procrastinação é particularmente prevalente em configurações ambientais acadêmicas, onde estudantes devem lidar com prazos para provas e trabalhos em um ambiente cheio de eventos e atividades que competem o tempo e atenção dos estudantes. Mais especificamente, um estudo de 1992 mostrou que "52% dos estudantes entrevistados indicaram ter uma necessidade, de moderada a alta, de ajuda em relação à procrastinação"[3] .
Alguns estudantes enfrentam a procrastinação devido à falta de gerenciamento de tempo ou técnicas de estudo, stress, ou porque se sentem sobrepujados com seus trabalhos. Estudantes também podem lidar com a procrastinação por razões médicas como o TDA/TDAH ou uma desordem de aprendizado como a dislexia.
A situação é pior em nível de graduação, onde as condições são perfeitas para procrastinação e trabalho mental intangível com prazos flexíveis e, muitas vezes, objetivos autodefinidos. Muitas universidades oferecem aulas, treinamento e tutoria em técnicas de estudo para estudantes que estão enfrentando a procrastinação ou uma desordem de aprendizado. Estudantes com TDA ou desordens de aprendizado, geralmente estão aptos a considerações especiais como, por exemplo, tempo maior para fazer uma prova.
Não é sabido o quão frequentemente um caso severo de procrastinação causado por uma disfunção mental pode passar despercebido quando a pessoa está em um contexto acadêmico, pois ela pode ser categorizada meramente como "procrastinação acadêmica".
Síndrome do estudante
A síndrome do estudante refere-se ao fenômeno que muitos estudantes só vão começar a se dedicar inteiramente a uma tarefa logo antes do prazo final. O termo foi originado no livro Critical Chain de Eliyahu M. Goldratt.
Por exemplo, se um grupo de estudantes vai até um professor e pede por um adiamento do prazo final de entrega, eles provavelmente vão argumentar que seus projetos serão melhores se eles tiverem mais tempo para trabalhar neles; os alunos pedem isso com a intenção de distribuir o tempo de trabalho pelo tempo que sobra até o prazo de entrega. Porém, a maioria dos estudantes terá outras tarefas ou eventos que também demandam seu tempo. Logo, eles vão acabar se encontrando na mesma situação que começaram, desejando ter mais tempo livre, conforme a data limite se aproxima.
Tipos de procrastinadores
O tipo relaxado
Os procrastinadores do tipo relaxado veem suas responsabilidades negativamente e fogem delas direcionando sua energia para outras tarefas. É comum, por exemplo, para uma criança procrastinadora do tipo relaxado, abandonar a sua lição de casa, mas não sua vida social. Esse tipo de procrastinação é uma forma de negação. O procrastinador evita situações que causariam desprazer, e, em vez delas, participa de situações mais prazerosas. Em termos Freudianos, esses procrastinadores se recusam a renunciar ao princípio do prazer, em vez de sacrificarem-se no princípio da realidade. Eles podem aparentar não estar preocupados com o trabalho e com prazos, mas isso é simplesmente uma forma de evasão.[4]
O tipo tenso-nervoso
O procrastinador tipo tenso-nervoso normalmente sente-se dominado por pressão, irreal quando trata-se de tempo, incerto sobre seus objetivos e muitos outros sentimentos negativos. Sentindo que lhes falta a habilidade ou foco para completar seus trabalhos, eles dizem a si mesmos que precisam "desestressar" e relaxar, e que é melhor "ir com calma à tarde para começar de novo na manhã seguinte", por exemplo. O "relaxamento" do procrastinador desse tipo é geralmente temporário e inefetivo, e leva a até mais stress conforme o tempo vai se esgotando, prazos se aproximam e a pessoa se sente cada vez mais culpada e apreensiva. Esse comportamento vira um ciclo de fracasso e atraso, enquanto os planos e objetivos são deixados de lado e anotados "para amanhã" ou para a próxima semana repetidamente. Isto também traz um efeito debilitante em sua vida pessoal e suas relações. Como os procrastinadores desse tipo são incertos em relação a seus objetivos, eles muitas vezes se sentem desconfortáveis com pessoas confiantes e objetivas, o que pode causar depressão. Procrastinadores tensos-nervosos geralmente recolhem-se da vida social, evitando contato até mesmo com amigos próximos.[4]
Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade
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Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade
O TDAH foi descrito pela primeira vez em um jornal médico (Lancet) por um pediatra, George Still, em 1902.[1]
Classificação e recursos externos
CID-10 F90
CID-9 314.00, 314.01
OMIM 143465
DiseasesDB 6158
MedlinePlus 001551
eMedicine med/3103 ped/177
MeSH D001289
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade ('TDAH, semelhante ao Transtorno Hipercinético na CID-10) é um transtorno mental [2] [3] [4] do neurodesenvolvimento[5] [6] no qual se verificam diversos problemas significativos de atenção, hiperatividade ou impulsividade que não são apropriados para a idade da pessoa.[7] O diagnóstico requer que os sintomas tenham início entre os seis e doze anos de idade e que persistam por mais de seis meses.[8] [9] Nas crianças em idade escolar, os sintomas de déficit de atenção muitas vezes estão na origem de mau desempenho escolar.
Apesar de ser o mais estudado transtorno psiquiátrico em crianças e adolescentes, na maioria dos casos a causa é desconhecida. Quando diagnosticado segundo os critérios DSM-IV, afeta cerca de 6–7% das crianças,[10] ou 1–2% quando diagnosticado pelos critérios CID-10.[11] A prevalência é equivalente entre os vários países e depende principalmente do método de diagnóstico.[12] O diagnóstico de TDAH é cerca de três vezes superior em rapazes do que em raparigas.[13] [14] Cerca de 30–50% das pessoas diagnosticadas em criança continuam a apresentar sintomas na idade adulta[15] pelo que a condição está presente em 2–5% dos adultos.[3] Este transtorno pode ser difícil de distinguir não só de outros transtornos, como também de uma atividade normal elevada.[9]
O tratamento do TDAH envolve geralmente a conjugação de acompanhamento psicológico, alterações no estilo de vida e medicação. No entanto, a medicação só é recomendada como tratamento de primeira linha em crianças com sintomas graves, podendo também ser considerado em casos de sintomas moderados que não melhorem com o acompanhamento psicológico.[16] Os efeitos a longo prazo da medicação não são ainda claros, pelo que não é recomendada para crianças em idade pré-escolar. Os adolescentes e os adultos tendem a desenvolver estratégias de enfrentamento que compensam algumas ou todas das suas debilidades.[17]Desde a década de 1970 que o TDAH, o seu diagnóstico e o seu tratamento têm sido considerados controversos.[18] As controvérsias têm envolvido profissionais de saúde, decisores políticos, encarregados de educação e a comunicação social. Entre os principais tópicos de debate estão as causas do TDAH e a utilização de medicação estimulante no seu tratamento.[19] [20] A maior parte dos prestadores de saúde aceita o TDAH como um transtorno genuíno e o debate na comunidade científica centra-se principalmente na forma como é diagnosticado e tratado.[21] [22] [23]
Características
O transtorno se caracteriza por frequente comportamento de desatenção, inquietude e impulsividade, em pelo menos dois contextos diferentes (casa, creche, escola, etc). O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (DSM IV) subdivide o TDAH em três tipos[24] :
TDAH com predomínio de sintomas de desatenção;
TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade e;
TDAH combinado.
Na década de 1980, a partir de novas investigações, passou-se a ressaltar aspectos cognitivos na definição de síndrome, principalmente o déficit de atenção e a impulsividade ou falta de controle, considerando-se, além disso, que a atividade motora excessiva é resultado do alcance reduzido da atenção da criança e da mudança contínua de objetivos e metas a que é submetida.
O transtorno é reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde), tendo inclusive em muitos países, lei de proteção, assistência e ajuda tanto aos portadores quanto aos seus familiares. Segundo a OMS e a Associação Psiquiátrica Americana, o TDAH é um transtorno psiquiátrico que tem como características básicas a desatenção, a agitação (hiperatividade) e a impulsividade, podendo levar a dificuldades emocionais, de relacionamento, bem como a baixo desempenho escolar e outros problemas de saúde mental. Embora a criança hiperativa tenha muitas vezes uma inteligência normal ou acima da média, o estado é caracterizado por problemas de aprendizado e comportamento. Os professores e pais da criança hiperativa muitas vezes têm dificuldades para lidar com a falta de atenção, impulsividade, instabilidade emocional e hiperativa incontrolável da criança. Há especialistas que defendem o uso de medicamentos; outros acreditam que o indivíduo, sua família e seus professores devem aprender a lidar com o problema sem a utilização de medicamentos - através de psicoterapia e aconselhamento familiar, por exemplo. Há, portanto, muita controvérsia sobre o assunto.
A criança com déficit de atenção muitas vezes se sente isolada e segregada dos colegas, mas não entende por que é tão diferente. Fica perturbada com suas próprias incapacidades. Sem conseguir concluir as tarefas normais de uma criança na escola, no playground ou em casa, a criança hiperativa pode sofrer de estresse, tristeza e baixa auto-estima.
Critérios Diagnósticos (CID-10 F90)[editar | editar código-fonte]
Para se diagnosticar um caso de TDAH é necessário que o indivíduo em questão apresente pelo menos seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos sintomas de hiperatividade; além disso os sintomas devem manifestar-se em pelo menos dois ambientes diferentes e por um período superior a seis meses.[25]
Com predomínio de desatenção
Caracteriza-se o predomínio da desatenção quando o indivíduo apresenta seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistentes por pelo menos 6 meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:[25]
Frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho entre outras.
Com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas.
Com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra.
Com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade de compreender instruções).
Com frequência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.
Com frequência evita, antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa).
Com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por ex., brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais).
É facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa
Com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias.
Com predomínio de hiperatividade e impulsividade[editar | editar código-fonte]
Caracteriza-se o predomínio da hiperatividade e impulsividade quando seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade persistirem por pelo menos 6 meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:[25]
Hiperatividade
Frequentemente agita as mãos ou os pés.
Frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado.
Frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação).
Com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer.
Está frequentemente "a mil" ou muitas vezes age como se estivesse "a todo vapor".
Frequentemente fala em demasia.
Impulsividade
Freqüentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas.
Com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez.
Frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por ex., intromete-se em conversas ou brincadeiras).
Critérios para ambos os casos
Em ambos os casos os seguintes critérios também devem estar presentes[25] :
Alguns sintomas de hiperatividade/impulsividade ou desatenção que causaram prejuízo estavam presentes antes dos 7 anos de idade.
Algum prejuízo causado pelos sintomas está presente em dois ou mais contextos (por ex., na escola [ou trabalho] e em casa).
Deve haver claras evidências de prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.
Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de um transtorno invasivo do desenvolvimento, esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não são melhor explicados por outro transtorno mental (por exemplo transtorno do humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo ou um transtorno da personalidade).
Os sintomas de desatenção, hiperatividade ou impulsividade relacionados ao uso de medicamentos (como broncodilatadores, isoniazida e acatisia por neurolépticos) em crianças com menos de 7 anos de idade não devem ser diagnosticados como TDAH.[26]
Pessoas com TDA-H têm problemas para fixar sua atenção pelo mesmo período de tempo que as outras, interessadamente. Crianças com TDA-H não têm problemas para filtrar informações. Elas parecem prestar atenção aos mesmos temas que as crianças que não apresentam o TDA-H prestariam. Crianças com TDA-H se sentem entediadas ou perdem o interesse por seu trabalho mais rapidamente que outras crianças, parecem atraídas pelos aspectos mais recompensadores, divertidos e reforçativos em qualquer situação, conforme o entendimento da psicologia behaviorista. Essas crianças também tendem a optar por fazer pequenos trabalhos, mais rápidos, em troca de uma recompensa imediata, embora menor, em vez de trabalhar por mais tempo em troca de uma recompensa maior que só estaria disponível mais tarde. Na realidade, reduzir a estimulação torna ainda mais difícil para uma criança com TDA-H manter a atenção. Apresentam também dificuldades em controlar impulsos. Os problemas de atenção e de controle de impulsos também se manifestam nos atalhos que essas crianças utilizam em seu trabalho. Elas aplicam menor quantidade de esforço e despendem menor quantidade de tempo para realizar tarefas desagradáveis e enfadonhas.
Os dois lados de uma síndrome
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Diferenciais
Há muitos talentos criativos, que geralmente não aparecem até que o TDAH seja tratado.
Demonstram ter pensamento original, "fora da caixa".
Tendem a adotar um jeito diferente de encarar a própria vida. Podem ser imprevisíveis na maneira como abordam diferentes assuntos.
Persistência e resiliência são suas características marcantes - mas, às vezes podem parecer cabeças-duras.
São geralmente muito afetivos e de comportamento generoso.
São altamente intuitivos.
Com frequência, demonstram ter uma inteligência acima da média.
Foca-se em apenas uma área para se concentrar, geralmente algo que o agrade (ex: cinema, video-game, etc.)
Possuem um grande senso de humor.
Problemas
Grande dificuldade para transformar suas grandes ideias em ação verdadeira.
Problemas para se fazer entender ou explicar seus pontos de vista.
Falta crônica de iniciativa.
Humor volúvel, da raiva para a tristeza rapidamente.
Pouca ou nenhuma tolerância à frustração.
Problemas com organização e gerenciamento do tempo.
Necessidade de adrenalina. Inconscientemente, podem provocar conflitos apenas para satisfazer essa necessidade.
Tendência ao isolamento e busca por atividades solitárias.
Raramente conseguem aprender com os próprios erros.
Causas
A imagem da direita ilustra áreas de atividade cerebral de uma pessoa sem TDAH e a imagem da esquerda de uma pessoa com TDAH.[27]
Os principais fatores identificados como causa são uma suscetibilidade genética em interação direta com fatores ambientais. A herdabilidade estimada é bastante alta, pois 70% dos gêmeos idênticos de TDAH também possuem o mesmo diagnóstico. Quando um dos pais tem TDAH a chance dos filhos terem é o dobro, aumentando para oito vezes quando se trata de ambos pais.[28]
Problemas na gravidez estão associados com maior incidência de casos mesmo quando desconsiderados outros fatores como psicopatologias dos pais.
Depois dos fatores genéticos a dieta alimentar é o fator mais importante. Uma dieta pobre em nutrientes, intolerâncias alimentares, alergias alimentares e ingestão de açúcares[29] são fatores importantes que podem desencadear os sintomas. A hipoglicemia é comum entre as crianças com TDAH. Outros fatores que contribuem para os sintomas são uma alimentação deficiente em ácidos gordos e proteinas, deficiência de magnésio, manganes, ferro, cobre, zinco, Vitamina C, Vitamin B6 e sensibilidade ao ácido salicílico. Os aditivos alimentares,[30] como corantes, conservantes e sabores sintéticos também causam os sintomas de TDAH. As intolerâncias mais comuns são aos produtos lácteos, chocolate, trigo, citrinos, amendoins e ovos.[31]
Várias hipótese acerca das possíveis causas de TDAH têm sido apresentadas: problemas durante a gravidez ou no parto e exposição a determinadas substâncias, tais como o chumbo. Dentre as complicações associadas estariam; toxemia, eclâmpsia, pós-maturidade fetal, duração do parto, estresse fetal, baixo peso ao nascer, hemorragia pré-parto, consumo de tabaco e/ou álcool durante a gravidez e má saúde materna.[32] Outros fatores, como danos cerebrais perinatais no lobo frontal, podem afetar processos de atenção, motivação e planejamento, e estariam indiretamente relacionados com a doença.[33]
Problemas familiares também poderiam propiciar o aparecimento do TDA-H no indivíduo predisposto geneticamente: uma família numerosa, brigas muito frequentes entre os pais, criminalidade dos pais, colocação em lar adotivo ou pais com transtornos psiquiátricos[34] . Tais problemas não originam o distúrbio mas poderiam amplificá-lo. Um dos possíveis motivos seria a negligência dos pais, que leva as crianças a precisarem se comportar de maneira inadequada para conseguir atenção.
Pesquisas apontam para a influência de genes que codificam componentes dos sistemas dopaminérgico,noradrenérgico, adrenérgico e, mais recentemente, serotoninérgico como os principais responsáveis.[1]
Famílias caracterizadas por alto grau de agressividade nas interações podem contribuir para o aparecimento de comportamentos agressivos ou de uma oposição desafiante nas crianças perante a sociedade. Problemas de ansiedade, baixa tolerância a frustração, depressão, abuso de substâncias químicas e transtornos opositivos são comorbidades frequentes.[1]
Fases da vida
História clássica de TDAH[1]
Fase Sintomas comuns
Bebê
Bebê difícil, insaciável, irritado, de difícil consolo, maior prevalência de cólicas, dificuldade para alimentar e problemas de sono.
Primeira infância Muito inquieto e agitado, dificuldades de ajustamento, desobediente, facilmente irritado e extremamente difícil de satisfazer.
Ensino Fundamental Incapacidade de se concentrar, distrações muito frequentes, muito impulsivo, grandes variações de desempenho na escola, se envolve em brigas, presença ou não de hiperatividade.
Adolescência
Muito inquieto, desempenho inconsistente, sem conseguir se focalizar, problemas para memorizar, abuso de substância, acidentes, impulsividade, muita dificuldade de pensar e se planejar a longo prazo.
Adulto
Muito inquieto, comete muitos erros em atividades que exigem concentração, desorganizado, inconstante, desastrado, impaciente, não cumpre compromissos, perde prazos, se distrai facilmente, não fica parado, toma decisões precipitadas, dificuldade para manter relacionamentos e perde o interesse rapidamente. (Para o diagnóstico em adultos, o TDAH deve ter começado na infância e causado prejuízos ao longo da vida)[35]
Quem pode diagnosticar TDAH
O diagnóstico de TDAH é fundamentalmente clínico, realizado por profissional que conheça profundamente o assunto e que necessariamente descarte outras doenças e transtornos, para então indicar o melhor tratamento.[36]
O termo hiperatividade tem sido popularizado e muitas crianças rotuladas erroneamente. É preciso cuidado ao se caracterizar uma criança como portadora de TDAH. Somente um médico (preferencialmente psiquiatra), juntamente com psicólogo ou terapeuta ocupacional especializados, podem confirmar a suspeita de outros profissionais de áreas afins, como fonoaudiólogos, educadores ou psicopedagogos, que devem encaminhar a criança para o devido diagnóstico. Existem testes e questionários que auxiliam o diagnóstico clínico.[37] [38]
Hoje já se sabe que a área do cérebro envolvida nesse processo é a região orbital frontal (parte da frente do cérebro) responsável pela inibição do comportamento, pela atenção sustentada, pelo autocontrole e pelo planejamento do futuro. Entretanto, é importante frisar que o cérebro deve ser visto como um órgão cujas partes se interligam. Portanto, o funcionamento inadequado de outras áreas conectadas à região frontal pode levar a sintomas semelhantes aos do TDAH.[carece de fontes]
Tratamento
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Os neurotransmissores que parecem estar deficitários em quantidade ou funcionamento nos indivíduos com TDAH são basicamente a dopamina e a noradrenalina e podem ser estimulados através de medicação, com o devido acompanhamento médico, de modo a amenizar os sintomas de déficit de atenção/hiperatividade. Entretanto, nem todas as pessoas respondem positivamente ao tratamento. É importante que seja avaliada criteriosamente a utilização dos medicamentos em função dos seus efeitos colaterais. A duração da administração varia em cada caso, a depender da resposta do paciente, não se justificando o uso dessas drogas nos casos em que os pacientes não apresentem melhora significativa. Cerca de 70% dos pacientes respondem adequadamente ao metilfenidato e o toleram bem. Como a meia-vida do metilfenidato é curta, geralmente utiliza-se o esquema de duas doses por dia, uma de manhã e outra ao meio dia.[1] A disponibilidade de preparados de ação prolongada tem possibilitado maior comodidade aos pacientes.
Além de fármacos, ministrados com acompanhamento especializado permanente, o tratamento médico pode contar com apoio psicológico, fonoaudiológico, terapêutico ocupacional ou psicopedagógico.
Quem sofre do transtorno e faz uso de medicamentos, como o cloridrato de metilfenidato (Ritalina ou Concerta em sua versão comercial), a bupropiona, a clonidina e os antidepressivos tricíclicos como a imipramina, tem de 70% a 80% de melhora no aprendizado. Trata-se de drogas derivadas da anfetamina e têm o mesmo mecanismo de ação da cocaína. Recentemente a lisdexanfetamina foi também liberada no Brasil, para tratamento do TDA-H na infância o metilfenidato é classificado pela Drug Enforcement Administration como um narcótico. Segundo especialistas, para as crianças em idade escolar, o tratamento medicamentoso não é a primeira opção, que seria a terapia comportamental, com a participação dos pais.[39]
Para evitar que se distraia, é recomendado que a pessoa portadora do transtorno tenha um ambiente silencioso e sem distrações para estudar/trabalhar. Na escola, ela pode se concentrar melhor na aula sentando-se na primeira fileira e longe da janela. Aulas de apoio com atenção mais individualizada podem ajudar a melhorar o desempenho escolar.[1] Desde o ponto de vista da psicologia behaviorista, os pais e professores podem recompensar a criança quando seu desempenho é bom, valorizando suas qualidades, mais do que punir seus erros. A punição, se houver, nunca deve ser violenta, pois isso pode tornar a criança mais agressiva, por medo e raiva da pessoa que a puniu. Além disso, a punição não impede o comportamento indesejado quando o agente punidor não estiver presente. [carece de fontes]
Famílias caracterizadas por alto grau de agressividade e impulsividade nas interações, podem contribuir para o aparecimento de comportamento agressivo, impulsivo ou de uma oposição desafiante nas crianças em diversos contextos. A família tem importante papel no tratamento de transtornos infantis. Não basta medicar a criança. É necessário que os próprios pais façam psicoterapia junto com a criança ou o adolescente.
Comorbidades
Dos hiperativos que buscam tratamento especializado, mais de 70% possuem também algum outro transtorno, na maioria das vezes com transtorno de humor (como depressão maior ou transtorno bipolar), transtorno de aprendizagem, transtornos de ansiedade ou transtorno de conduta. Dependendo da comorbidade o tratamento medicamentoso muda e o acompanhamento psicológico se torna ainda mais necessário.[40]
A taxa de comorbidade com transtornos disruptivos do comportamento (transtorno de conduta e transtorno opositor desafiante) está situada entre 30% a 50%. Com depressão está entre 15% a 20%, com transtornos de ansiedade em torno de 25% e com transtornos da aprendizagem entre 10% a 25%.[1]
Controvérsias
O TDAH - seu conceito, seu diagnóstico e seu tratamento - tem sido objeto de crítica e controvérsias desde os anos 1970.[18] [19] [41] As controvérsias envolvem médicos, professores, formuladores de políticas públicas, pais e a mídia. As opiniões sobre o TDAH vão desde a descrença na sua existência[42] até a crença de que a síndrome realmente exista e que possa ter uma base genética e fisiológica. Há também discordância quanto ao uso de medicação estimulante no tratamento.[19] [20] [42]
Alguns consideram o TDAH como um "clássico exemplo de medicalização do comportamento desviante" - um modo de transformar um problema, que anteriormente não era considerado médico, em uma doença a ser tratada com fármacos,[18] resultando em grandes lucros para a indústria farmacêutica e benefícios para os pesquisadores por ela financiados.[43] [44] [45] Segundo esses críticos, crianças saudáveis estariam sendo patologizadas e inutilmente expostas a riscos tais como a drogadição e depressão, entre outros.[46] [47] [48] [49]
Há também controvérsias quanto à massificação do uso de drogas psicoativas, sobretudo no tratamento crianças a partir dos 4 anos de idade. Muitos médicos ponderam que o diagnóstico do TDAH é baseado em avaliações subjetivas (entrevistas ou questionários) de pais e professores, que muitas vezes desejam apenas que seus filhos e alunos sejam mais dóceis. Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH e estão sendo tratadas com medicamentos. Na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%. Nos Estados Unidos, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico (embora não haja, até o presente, evidências de que o TDAH esteja associado a uma disfunção biológica ou um desequilíbrio químico no cérebro), e o tratamento de escolha também é baseado em medicamentos estimulantes psíquicos - tais como Ritalina e Adderall.[50]
Já os psiquiatras infantis franceses consideram o TDAH como uma condição médica que tem causas psico-sociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança - não o cérebro, mas o contexto social da criança. Portanto o tratamento é baseado em com psicoterapia ou aconselhamento familiar.[50]
A medicação age aumentando a concentração de dopamina (neurotransmissor associado ao prazer). Segundo especialistas mais críticos, a medicação age por algumas horas, e, quando o efeito passa, o usuário quer ter aquele prazer de volta. Há, portanto, risco de dependência química.[51] Com o uso da medicação, o indivíduo fica quimicamente contido e tem a sua atenção focada sobre uma coisa de cada vez. No caso de uma criança, como ela só consegue fazer uma coisa a cada vez, "não questiona nem desobedece". Para os críticos da medicalização, é mais fácil lidar com um problema "médico" do que mudar o método de educação da criança. Ainda segundo esses críticos, a pessoa que faz uso desse tipo de droga tem de sete a 10 vezes mais chances de ter morte súbita.[39]
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres. Sejam abençoados todos os seres.
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