GYÖRGY LIGETI
Compositor famoso por ter sido utilizado em dois
filmes de Kubrick - um deles 2001 -, tem esplêndida obra, resumida assim na Wikipedia:
As primeiras obras de Ligeti são uma extensão da linguagem musical de seu compatriota Béla Bartók. Por exemplo, suas peças para piano Musica Ricercata (1951 - 53), foram comparadas com as do Mikrokosmos de Bartók . A coleção de Ligeti tem onze peças ao todo, A primeira usa somente uma nota “lá” executada em diversas oitavas. Só no fim da peça é possível escutar a segunda nota - “ré”. A segunda peça emprega três notas diferentes, a terceira emprega quatro, e assim até o fim, de tal forma que a décima-primeira peça usa todas as doze notas da escala cromática.
Nessa primeira parte de sua carreira, Ligeti foi afetado pelo regime comunista da Hungria daquele tempo, que impunha a estética do realismo socialista. A décima peça da Musica Ricercata foi proibida pelas autoridades por considerarem-na “decadente”. Isto se deveu provavelmente ao uso muito livre dos intervalos de segunda menor. Devido à ousadia de suas intenções musicais, é fácil de supor a razão por ter decidido deixar a Hungria.
Uma vez estabelecido em Colônia, começou a compor música electrónica junto a Karlheinz Stockhausen. Entretanto, suas obras para essa linguagem se resumem em três:, dentre as quais Glissandi (1957) e Artikulation (1958), antes de voltar à música instrumental e à vocal.
Suas composições, então, apareceram influenciadas por suas experiências eletrônicas e muitos dos efeitos sonoros que criou lembram outras obras eletrônicas. A obra Apparitions (1958-59) foi a primeira a atrair a tenção da crítica, mas foi sua obra seguinte, Atmosphères, a mais conhecida atualmente. Foi usada, junto com fragmentos de Lux aeterna e seu Réquiem como parte de la trilha sonora de 2001: Uma Odisséia no Espaço de Stanley Kubrick - sem a autorização do próprio Ligeti.
Atmosphères (1961) é uma peça para uma grande orquesta sinfônica. É considerada peça-chave na produção de Ligeti e contém muitos dos recursos explorados durante a década de 60. Abandonou o foco na melodia, na harmonia e no ritmo, para se concentrar apenas no timbre dos sons, uma técnica conhecida como “massa de som.
Cada nota da escala cromática soa em cinco oitavas. A peça se desenvolve a partir desse acorde, com nuances sempre distintas.
Ligeti cunhou o termo “micropolifonia” à técnica composicional que usou em Atmosphères, Apparitions e outras obras daquela época. Assim a definiu: “a complexa polifonia das partes individuais está fundida num fluxo harmônico-musical, no qual as harmonias não mudam subitamente; em vez disso, mesclam-se umas com as outras. É uma combinação de intervalos claramente reconhecível e que vai se tornando nebulosa. Nesta nebulosidade, pode-se distingüir uma nova combinação de intervalos se formando”.
Da década de 70 em diante, Ligeti se afastou do cromatismo total e começou a se concentrar no ritmo. Interessou-se, particularmente, nos aspectos rítmicos da música africana, em especial na dos pigmeus. Em meados de 1970, escreveu a ópera “Le Grand Macabre”, com base no teatro do absurdo com muitas referências escatológicas. Sua música dos anos 80 e 90 deram ênfase a complexos mecanismos rítmicos, em uma linguagem menos densamente cromática (tendendo a favorecer as tríades maiores e menores deslocadas e estruturas polimodais).
A última obra de Ligeti foi o Concerto de Hamburgo para trompa e orquestra de câmara
(1998-99, revisado em 2003).
Ligeti - The Ligeti Project I-II-IV
Um comentário:
Soube que "Lontano de Ligeti" foi trilha sonora de um filme- Música contemporânea e a Trilha sonora do filme "Ilha do Medo" (Shutter Island) . Pelo título, o medo devia imperar ao ritmo de 'Lontano.'
Mas tenho algo interesantíssimo a relatar sobre a minha primeiríssima audição desta Música:
Um amigo,Frederico de Leri,grande estudioso, especialista em Análise, querendo ampliar meu horizonte musical, preso em Mozart e Mahler disse:Você precisa aprender gostar da música eletrônica!Senta aí.
Sentei-me no carpete enquanto ele colocava o CD de Lontano e antes do primeiro acorde,fechei os olhos para sentir o som - de repente, num passe de mágica, me vi numa nave que deslizava ondulando entre cumes de várias montanhas pontiagudas,meio triangulares. Todo o ambiente era colorido de ocres,amarelos,alaranjados intensos - era outro planeta,sem dúvida e Lontano, que significa "ao longe" me transportou para a sua própria dimensão.
Ah, gente, não tomo droga,e foi assim a seco, que experimentei esta maravilhosa e inacreditável "visita " ao som da nave-Lontano.
Só tive outra experiência desta natureza com o Titã de Mahler, mas é outra história que virou Suite e talvez eu a conte outro dia.
É verdade, gente e a harmonia de Lontano, deslizando, abrindo universos serenos não combina com nenhuma espécie de medo,só deslumbramento absurdamente real.
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