Paulo Abe
Capítulo 4 – Item 1/6 –
O conteúdo fenomenológico e ideal das vivências de significação.
O conteúdo fenomenológico e ideal das vivências de significação.
O conteúdo da vivência expressiva no sentido psicológico e seu conteúdo no sentido da significação unitária.
A essência da significação não a vemos, pois na vivencia que da significação, sem o conteúdo desta, conteúdo que representa uma unidade intencional idêntica, frente à dispersa multiplicidade das vivencias reais ou possíveis do que fala e do que pensa. “Conteúdo” da vivencia de significação, neste sentido ideal, não tem nada que ver com o que a psicologia entende por conteúdo, isto é, alguma parte real ou algum aspecto de uma vivência.
Quando compreendemos um nome – não importa que dito nome nomeie algo individual ou algo geral, algo físico ou algo psíquico, algo que é ou algo que não é, algo possível ou algo impossível – ou quando compreendemos um enunciado – não importa que este enunciado seja por seu conteúdo verdadeiro ou falso, congruente ou contra-sentido, julgado ou fingido -, o que uma ou outra expressão disse (em uma palavra: a significação que constitui o conteúdo lógico e que em conexões puramente lógicas é designada diretamente como representação ou conceito, como juízo ou proposição, etc.), não é nada que no sentido real posa valer como parte do ato correspondente de compreensão.
Esta vivência tem, naturalmente, também seus componentes psicológicos; é um conteúdo e consta de conteúdos, no sentido psicológico corrente. A estes pertencem, sobre todo, os elementos sensíveis da vivência, os fenômenos verbais em seus conteúdos puramente visuais, acústicos, motores e assim mesmo os atos da interpretação objetiva, que ordena as palavras no espaço e tempo.
O conteúdo psicológico é neste respeito conhecidamente variável e notavelmente cambiante de individuo em individuo: também troca para o mesmo individuo em diferentes tempos e ele com respeito a “uma e a mesma palavra”. Que nas representações verbais, que acompanham meu pensar silencioso, fantasio eu palavras faladas pela minha voz? Que as vezes me aparecem os signos gráficos de minha estrutura taquigráfica ou normal, etc? Todas estas são propriedades individuais minhas, que pertencem ao conteúdo psicológico de uma vivência de representação.
O conteúdo psicológico é neste respeito conhecidamente variável e notavelmente cambiante de individuo em individuo: também troca para o mesmo individuo em diferentes tempos e ele com respeito a “uma e a mesma palavra”. Que nas representações verbais, que acompanham meu pensar silencioso, fantasio eu palavras faladas pela minha voz? Que as vezes me aparecem os signos gráficos de minha estrutura taquigráfica ou normal, etc? Todas estas são propriedades individuais minhas, que pertencem ao conteúdo psicológico de uma vivência de representação.
Ao conteúdo no sentido psicológico múltiplas diferenças – não sempre fáceis de apreender descritivamente – referentes ao caráter de ato que constitui a menção e representativamente a compreensão da palavra, no significado unitário, completamente indiferente o que eu me representei na fantasia ao homem insigne com chapéu mole e capa ou com uniforme de “coracero”, segundo a pauta de uma ou outra imagem conhecida. É mais: a circunstância mesma de que existam ou não imagens intuitivas da fantasia ou imagens que indiretamente vivifiquem a consciência da significação, não ´pe de nenhuma importância
Em luta contra uma concepção muito difundida temos demonstrado que a essência do expressar reside na intenção significativa e não nas imaginações mais ou menos perfeitas, mais próximas ou mais remotas, que podem adicionar-se para cumprimento da dita intenção.
Porém, se tais imaginações existem, estão intimamente fundidas com a intenção significativa. E por isso se concebe que a vivencia unitária da expressão – expressão que funcione conforme o sentido p , considerada de caso em caso, mostre também pelo lado da significação notáveis diferenciações psicológicas, permanecendo, “empero”, sua significação inalteradamente a mesma. Também temos mostrado que a essa identidade da significação no atos pertinentes, corresponde realmente algo determinado; que, por tanto, o que chamamos intenção significativa não é um caráter indistinto que se diferencia só pela conexão com as intuições “impletivas”, isto é, exteriormente.
Mais bem diremos que às diferentes significações, e respectivamente às expressões que funcionam com diferente significação, pertencem também no conteúdo intenções significativas caracterizadas de diferente modo; enquanto isso que todas as expressões compreendidas em igual sentido estão previstas da mesma intenção significativa, como caráter psíquico igualmente determinado. E por isto é pelo que as vivências de expressão, que se diferenciam tão notavelmente em seu conteúdo psicológico, se convertem em vivencias da mesma significação. É notório que a hesitação do significar condiciona aqui certas limitações, que não cambiam em nada a essência da coisa.
– Capítulo 4 – Item 2/6
O caráter do ato que tem o significar. A significação é ideal e uma.
Assinalar este elemento psicológico comum, frente ao elemento psicológico varável, não é, “empero”, dar a conhecera diferença que queríamos mostrar nas expressões e respectivamente nos atos de expressão, isto é, a diferença entre seu conteúdo psicológico e seu conteúdo lógico. Porque ao conteúdo psicológico pertence, claro está, o que permanece igual de caso em caso, no menos que o que cambia. E em efeito, a doutrina nossa não quer dizer que o caráter do ato – caráter que permanece sempre igual – seja já a significação. Por exemplo, o que disse a proposição enunciativa: (letra ilegível) é um número transcendente, o que ao ler entendemos por isto ou ao falar recordamos, não é um rasgo individual, bem que sempre repetido, de nossa vivencia mental.
– Capítulo 4 – Item 2/6
O caráter do ato que tem o significar. A significação é ideal e uma.
Assinalar este elemento psicológico comum, frente ao elemento psicológico varável, não é, “empero”, dar a conhecera diferença que queríamos mostrar nas expressões e respectivamente nos atos de expressão, isto é, a diferença entre seu conteúdo psicológico e seu conteúdo lógico. Porque ao conteúdo psicológico pertence, claro está, o que permanece igual de caso em caso, no menos que o que cambia. E em efeito, a doutrina nossa não quer dizer que o caráter do ato – caráter que permanece sempre igual – seja já a significação. Por exemplo, o que disse a proposição enunciativa: (letra ilegível) é um número transcendente, o que ao ler entendemos por isto ou ao falar recordamos, não é um rasgo individual, bem que sempre repetido, de nossa vivencia mental.
Em cada caso é este rasgo, sem dúvida, individualmente distinto, enquanto que o sentido da preposição enunciativa é idêntico. Se nós, ou qualquer outra pessoa, repita a mesma proposição com igual intenção, cada uma tem seus fenômenos, suas palavras e seus momentos de compreensão. Porém, frente a esta ilimitada multiplicidade de vivências individuais, o que nelas é expresso pe em todo caso algo idêntico: é o mesmo, no sentido mais estrito da palavra. Com o número das pessoas e dos atos não se há multiplicado a significação da proposição; o juízo, no sentido lógico ideal, é uno.
Se defendemos aqui a estrita idealidade da significação e a distinguimos de esse caráter psíquico constante do dignificar, ele obedece não a uma predileção subjetiva pelas distinções sutis, sem a convicção teorética segura de que só dessa maneira respondemos a situação real, que é fundamental para a compreensão da lógica. Tão pouco se trata de uma mera hipótese que se justifique por sua eficácia explicativa, sem que a consideramos como uma verdade imediatamente apreensível, seguindo nele a suprema autoridade em todas as questões do conhecimento: a evidência.
Se defendemos aqui a estrita idealidade da significação e a distinguimos de esse caráter psíquico constante do dignificar, ele obedece não a uma predileção subjetiva pelas distinções sutis, sem a convicção teorética segura de que só dessa maneira respondemos a situação real, que é fundamental para a compreensão da lógica. Tão pouco se trata de uma mera hipótese que se justifique por sua eficácia explicativa, sem que a consideramos como uma verdade imediatamente apreensível, seguindo nele a suprema autoridade em todas as questões do conhecimento: a evidência.
Vejo com intelecção que, em repetidos atos de representar e julgar, menciono – ou posso mencionar – identicamente o mesmo, o mesmo conceito, a mesma proposição. Vejo intelectivamente que, se se trata da proposição ou da verdade: (mesma letra ilegível) é um número transcendente, não me refiro para nada à vivência individual ou ao momento da vivência de uma pessoa. Vejo intelectivamente que este discurso reflexivo tem realmente como objeto o que no discurso direto constitui a significação.
Por último, vejo intelectivamente que o que na citada proposição menciono ou – se a ouço – apreendo como sua significação, é identicamente o que é, penso eu e exista e existem em geral pessoas e atos pensantes, ou não. E o mesmo pode se dizer de qualquer significação de sujeito, significações de predicado, significações de referencia e de enlace, etc. Pode se dizer sobre todo das determinações ideais, que primeiramente só convém a significações. Entre elas – para recordar algumas especialmente importantes -, os predicados verdadeiro e falso, possível e impossível, geral e singular, determinado e indeterminado, etc.
Esta verdadeira identidade que aqui afirmamos, não é outra que a identidade da espécie. Assim e só assim pode abraçar como unidade ideal a multiplicidade das singularidades individuais. As múltiplas singularidades com respeito a significação ideal e uma são naturalmente o correspondentes momentos do ato de significar, das intenções significativas. A significação mantém, pois, com os atos de significar (e a representação lógica com os atos de representar e o juízo lógico com os atos de julgar e o raciocínio lógico com os atos de raciocinar) a mesma relação que, por exemplo, a espécie vermelha com as linhas (rayas) que vejo neste papel, linhas que tem todas esse mesmo vermelho.
Esta verdadeira identidade que aqui afirmamos, não é outra que a identidade da espécie. Assim e só assim pode abraçar como unidade ideal a multiplicidade das singularidades individuais. As múltiplas singularidades com respeito a significação ideal e uma são naturalmente o correspondentes momentos do ato de significar, das intenções significativas. A significação mantém, pois, com os atos de significar (e a representação lógica com os atos de representar e o juízo lógico com os atos de julgar e o raciocínio lógico com os atos de raciocinar) a mesma relação que, por exemplo, a espécie vermelha com as linhas (rayas) que vejo neste papel, linhas que tem todas esse mesmo vermelho.
Cada linha tem, ademais, de outros momentos constitutivos (extensão, forma, etc), seu vermelho individual, é dizer, seu caso singular dessa espécie cromática, a qual, pór sua parte, não existe realmente nem nem linha nem em parte alguma desse mundo; nem tão pouco “em nosso pensamento” enquanto que este pertence igualmente a esfera de ser real, à esfera da temporalidade.
As significações constituem – podemos dizer também – uma classe de conceitos no sentido de “objetos universais”. Não por isso são objetos que existem, já que não em uma parte do “mundo”, ao menos num lugar celeste ou no espírito divino: pois semelhante hipotasis metafísica foi absurda. Quem se tem acostumado a entender por ser somente o ser “real” e por objetos objetos reais, haverá (habrá) de considerar radicalmente errôneo o falar de objetos universais e seu ser.
As significações constituem – podemos dizer também – uma classe de conceitos no sentido de “objetos universais”. Não por isso são objetos que existem, já que não em uma parte do “mundo”, ao menos num lugar celeste ou no espírito divino: pois semelhante hipotasis metafísica foi absurda. Quem se tem acostumado a entender por ser somente o ser “real” e por objetos objetos reais, haverá (habrá) de considerar radicalmente errôneo o falar de objetos universais e seu ser.
Em troca, não verá nada de estranho nele que tome essas expressões, por de pronto, simplesmente como signos da validez de certos juízos, a saber: juízos onde se julga sobre números, proposições, figuras geométricas, etc.; e se pergunte se neste, como em todo, não haverá de conceder-se evidentemente o título de “objeto que verdadeiramente é” ao correlato da validez do juízo, a aquilo de que se julga. Em efeito: considerado logicamente, os sete corpos regulares são sete objetos, o mesmo que os sete sábios e o teorema do paralelogramo das forças é um objeto, o mesmo que a cidade de Paris.
– Capítulo 4 – Item 3/6
A idealidade das significações não é uma idealidade no sentido normativo.
A idealidade das significações é um caso particular da idealidade do específico no geral. Não tem, pois, em maneira alguma o sentido de idealidade normativa, como se se tratasse de um ideal de percepção, de um valor limite ideal, que estivesse contraposto aos casos singulares de sua realização mais ou menos aproximada. Sem dúvida, o conceito lógico, é dizer, o término, no sentido da lógica normativa, é um ideal com respeito a seu significar.
– Capítulo 4 – Item 3/6
A idealidade das significações não é uma idealidade no sentido normativo.
A idealidade das significações é um caso particular da idealidade do específico no geral. Não tem, pois, em maneira alguma o sentido de idealidade normativa, como se se tratasse de um ideal de percepção, de um valor limite ideal, que estivesse contraposto aos casos singulares de sua realização mais ou menos aproximada. Sem dúvida, o conceito lógico, é dizer, o término, no sentido da lógica normativa, é um ideal com respeito a seu significar.
Pois a exigência da arte do conhecimento diz: “emprega as palavras em significação absolutamente idêntica: exclui toda hesitação das significações; diferencia as significações e cuida de conservar sua diferenciação no pensar enunciativo mediante signos sensivelmente diferenciados com rigor”. Pois este preceito se refere ao único que pode submetesse a um preceito; se refere à informação de términos significativos, ao cuidado na distinção subjetiva e na expressão dos pensamentos. As significações “em si”, hesite ou não hesite o significar, são, como já temos explicado, unidades específicas; porém, não são elas mesmas uns ideais.
A idealidade, no sentido corrente, normativo,
não exclui a realidade.
não exclui a realidade.
O ideal é um modelo concreto que incluso pode existir como coisa real e estar ante nossos olhos; como quando um artista incipiente toma por ideais as obras de um grande maestro, obras que ele revive e atrás as quais vão vontade em seu trabalho de criação. E mesmo quando o ideal não é realizável, segue sendo um indivíduo, pelo menos na intenção representativa. A idealidade do específico é, em troca, o oposto exclusivo à realidade ou individualidade; não é um fim de possível aspiração, sua idealidade é a de a “unidade da multiplicidade”. Não a mesma espécie, sem o singular que cai de baixo dela é eventualmente um ideal prático.
– Capítulo 4 – Item 5/6 –
No Ato de significar, a significação não é consciente objetivamente.
À significação unitária cprresponde – dizíamos – na vivência atual de significação um rasgo individual, como caso singular dessa espécie; do mesmo modo que à diferença específica vermelho corresponde o momento de vermelho no objeto vermelho. Se levarmos a cabo o ato e vivemos, por dizer-lo assim, nele, mencionamos naturalmente seu sujeito e não sua significação. Quando, por exemplo, fazemos um enunciado, julgamos sobre a coisa em questão e não sobre a significação da proposição enunciativa, não sobre o juízo no sentido lógico. Este não se nos faz objetivo até que verificamos um ato mental reflexivo, no qual não só reportamos à vista sobre o enunciado levado a cabo, sem que executamos a necessária abstração (ou melhor dito idealização). Esta reflexão não é um ato que tenha lugar de baixas condições artificais, isto é, por modo excepcional; sem que é um elemento normal de pensar lógico.
– Capítulo 4 – Item 5/6 –
No Ato de significar, a significação não é consciente objetivamente.
À significação unitária cprresponde – dizíamos – na vivência atual de significação um rasgo individual, como caso singular dessa espécie; do mesmo modo que à diferença específica vermelho corresponde o momento de vermelho no objeto vermelho. Se levarmos a cabo o ato e vivemos, por dizer-lo assim, nele, mencionamos naturalmente seu sujeito e não sua significação. Quando, por exemplo, fazemos um enunciado, julgamos sobre a coisa em questão e não sobre a significação da proposição enunciativa, não sobre o juízo no sentido lógico. Este não se nos faz objetivo até que verificamos um ato mental reflexivo, no qual não só reportamos à vista sobre o enunciado levado a cabo, sem que executamos a necessária abstração (ou melhor dito idealização). Esta reflexão não é um ato que tenha lugar de baixas condições artificais, isto é, por modo excepcional; sem que é um elemento normal de pensar lógico.
O que caracteriza este é a conexão teorética e a consideração teorética, a ela endereçada, que se verifica em reflexões escalonadas sobre os conteúdos dos atos mentais executados. Pode servir-nos de exemplo uma forma muito vulgar de consideração mental: “É S P? Poderia ser. Porém desta proposição se seguiria que M é. Isto, “empero”, não pode ser. Logo tem que ser falso que o que ao principio considerei possível, a saber: que S foi P… etc., etc.” Atenta o leitor às palavras subtraídas e às idealizações nelas expressadas.
Essa proposição – que S é P -, que como tema atravessa toda a consideração, não é notoriamente só o efêmero momento significativo no primeiro ato mental, quando por vez primeira se nos ocorreu o pensamento, sem que a reflexão lógica é levada a cabo em ulteriores passos e sem cessar segue sendo mencionada a significação da proposição, significação que no conexo mental unitário concebemos em idealização e identificação como sendo a mesma e constituindo uma unidade. E o mesmo acontece quando se desenvolve uma fundamentação unitária teorética.
Não podemos pronunciar nunca a palavra logo, sem reportar a olhada sobre o conteúdo de significação que tem as premissas. Ao julgar as premissas, não só vivemos no juízos, sem que reflitamos sobre os conteúdos deles; só com referência a estes conteúdos aparece motivada a conclusão. Assim e só assim pode a mesma forma lógica das premissas (que desde logo não chega a receber essa acentuação geral conceitual que acha sua expressão nas fórmulas dos raciocínio) chegar a determinar intelectivamente a dedução da conclusão.
Capítulo 4 – Item 5/6 –
No Ato de significar, a significação não é consciente objetivamente.
À significação unitária cprresponde – dizíamos – na vivência atual de significação um rasgo individual, como caso singular dessa espécie; do mesmo modo que à diferença específica vermelho corresponde o momento de vermelho no objeto vermelho. Se levarmos a cabo o ato e vivemos, por dizer-lo assim, nele, mencionamos naturalmente seu sujeito e não sua significação. Quando, por exemplo, fazemos um enunciado, julgamos sobre a coisa em questão e não sobre a significação da proposição enunciativa, não sobre o juízo no sentido lógico. Este não se nos faz objetivo até que verificamos um ato mental reflexivo, no qual não só reportamos à vista sobre o enunciado levado a cabo, sem que executamos a necessária abstração (ou melhor dito idealização). Esta reflexão não é um ato que tenha lugar de baixas condições artificais, isto é, por modo excepcional; sem que é um elemento normal de pensar lógico.
Capítulo 4 – Item 5/6 –
No Ato de significar, a significação não é consciente objetivamente.
À significação unitária cprresponde – dizíamos – na vivência atual de significação um rasgo individual, como caso singular dessa espécie; do mesmo modo que à diferença específica vermelho corresponde o momento de vermelho no objeto vermelho. Se levarmos a cabo o ato e vivemos, por dizer-lo assim, nele, mencionamos naturalmente seu sujeito e não sua significação. Quando, por exemplo, fazemos um enunciado, julgamos sobre a coisa em questão e não sobre a significação da proposição enunciativa, não sobre o juízo no sentido lógico. Este não se nos faz objetivo até que verificamos um ato mental reflexivo, no qual não só reportamos à vista sobre o enunciado levado a cabo, sem que executamos a necessária abstração (ou melhor dito idealização). Esta reflexão não é um ato que tenha lugar de baixas condições artificais, isto é, por modo excepcional; sem que é um elemento normal de pensar lógico.
O que caracteriza este é a conexão teorética e a consideração teorética, a ela endereçada, que se verifica em reflexões escalonadas sobre os conteúdos dos atos mentais executados. Pode servir-nos de exemplo uma forma muito vulgar de consideração mental: “É S P? Poderia ser. Porém desta proposição se seguiria que M é. Isto, “empero”, não pode ser. Logo tem que ser falso que o que ao principio considerei possível, a saber: que S foi P… etc., etc.” Atenta o leitor às palavras subtraídas e às idealizações nelas expressadas.
Essa proposição – que S é P -, que como tema atravessa toda a consideração, não é notoriamente só o efêmero momento significativo no primeiro ato mental, quando por vez primeira se nos ocorreu o pensamento, sem que a reflexão lógica é levada a cabo em ulteriores passos e sem cessar segue sendo mencionada a significação da proposição, significação que no conexo mental unitário concebemos em idealização e identificação como sendo a mesma e constituindo uma unidade. E o mesmo acontece quando se desenvolve uma fundamentação unitária teorética.
Não podemos pronunciar nunca a palavra logo, sem reportar a olhada sobre o conteúdo de significação que tem as premissas. Ao julgar as premissas, não só vivemos no juízos, sem que reflitamos sobre os conteúdos deles; só com referência a estes conteúdos aparece motivada a conclusão. Assim e só assim pode a mesma forma lógica das premissas (que desde logo não chega a receber essa acentuação geral conceitual que acha sua expressão nas fórmulas dos raciocínio) chegar a determinar intelectivamente a dedução da conclusão.
Significações “em si” e significações expressas.
Até agora temos preferentemente de significações que, como já disse o sentido normalmente relativo da palavra significação, são significações de expressões. Porém, não existe em si uma conexão necessária entre as unidades ideais, que de fato funcionam como significantes, e os signos a que estão unidas, isto é, mediante os quais se realizam na vida da alma humana. Não podemos, pois, afirmar tão pouco que todas as unidades ideais dessa espécie sejam significações expressas. Cada caso de nova formação que nunca antes fora realizada.
Significações “em si” e significações expressas.
Até agora temos preferentemente de significações que, como já disse o sentido normalmente relativo da palavra significação, são significações de expressões. Porém, não existe em si uma conexão necessária entre as unidades ideais, que de fato funcionam como significantes, e os signos a que estão unidas, isto é, mediante os quais se realizam na vida da alma humana. Não podemos, pois, afirmar tão pouco que todas as unidades ideais dessa espécie sejam significações expressas. Cada caso de nova formação que nunca antes fora realizada.
Assim como os números – no sentido ideal pressuposto pela aritmética – não ascem e perecem com o ato de enumerar; assim como, por tanto, a série infinita dos números representa um conjunto de objetos gerais objetivamente fixo, rigorosamente delimitado por uma lei ideal, assim também sucede com as unidades ideais, puramente lógicas, os conceitos, as proposições, as verdades, em suma, as significações lógicas. Estas formam um conjunto – ideal e cerrado – de objetos genéricos, a dos quais lhes é acidental o ser pensados e expressados. Há, pois, incontáveis significações que no sentido corrente relativo da palavra são significações meramente possíveis, não chegando nunca à expressão e incluso não podendo chegar nunca à expressão, a causa das limitações das forças cognitivas no homem.
Fonte:
Investigaciones lógicas. Alianza Editorial. pp. 285-6
Tradução: Paulo Abe
http://projetophronesis.wordpress.com/category/
fenomenologia/husserl-fenomenologia/
Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
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