Especial
O que é mais arriscado, a paz ou a guerra? O que é mais perigoso para palestinos e israelenses: o ódio mútuo alimentado pela morte e a violência ou a aposta humanista numa reconstrução generosa dos laços e valores compartilhados que sustentam convivência fraterna entre as nações?
A quem interessa um povo palestino humilhado, expropriado em seus direitos, fragmentado em lotes territoriais, cindido em facções, que o enfraquecem enquanto nação mas ao mesmo tempo convidam ao desespero da ação unilateral pelas armas?
A quem interessa uma Israel prisioneira
de uma agenda bélica,
asfixiada pelo orçamento da guerra, ( ?.kkk.?)
intoxicada por uma cultura de perseguição que apequena sua subjetividade e afeta a qualidade de vida e o futuro de seus jovens, além de legitimar governantes toscos que, definitivamente, não representam o povo judeu naquela que é a sua maior riqueza: a densidade e a alegria humanista que sempre o distinguiu em todos os campos da civilização?
Depois de décadas de impasses, em que a sua sorte foi jogada nos campos de batalha e em mesas de negociação nas quais a sua existência enquanto povo foi tratada como objeto e não como sujeito histórico, a nação palestina resolveu olhar para frente porque é lá que se encontra a paz. E a paz é a única fronteira que unifica a pátria palestina e a pátria israelense.
Ao levar à ONU diretamente, sem intermediários, como cabe a um povo dotado de legitimidade e autodeterminação, seu pleito pelo reconhecimento do Estado soberano, o que os palestinos estão dizendo é que o futuro do Oriente Médio não está na diáspora, nem no confinamento, tampouco na negação mútua de sonhos e direitos. Estão dizendo que a convivência realmente fraterna entre árabes e judeus, e entre os próprios judeus e os próprios palestinos passa por acordos e concessões mútuas.
Mas, acima de tudo, passa pela mais importante das transformações que a história agendou para agora: assumirem juntos a construção de seu próprio destino, afastando a influencia nefasta de interesses econômicos expansionistas e imperiais, bem como de seus aliados internos e regionais que representam, no fundo, o grande obstáculo ao florescimento de uma verdadeira primavera da liberdade e da justiça social no Oriente Médio.
Neyse histórico 23 de setembro de 2011, Carta Maior saúda a festa de libertária de todos os povos condensada na festa contagiante da nação palestina, cuja soberania, definitivamente, conquistou seu lugar nos corações e mentes dos democratas de todo o mundo.
E isso nenhum veto imperial pode reverter.
As razões para Israel reconhecero Estado Palestino na ONU
Fórum de ONG’s israelo-palestinas pela paz, grupo que compreende 100 organizações dos dois lados do muro, lançou um manifesto no qual expõe as “50 razões para Israel reconhecer o Estado Palestino na ONU”. O texto, respaldado pelo influente colunista do jornal Haaretz, Gideon Levy (foto), busca explicar à sociedade por que não há nem perigo nem catástrofe nesse reconhecimento. A reportagem é de Eduardo Febbro.
Eduardo Febbro – Direto de Jerusalém
O Executivo israelense mobilizou duas terças partes de suas forças policiais e armadas prevendo possíveis incidentes nas colônias judias e no território palestino da Cisjordânia, uma vez que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, pronuncie nas Nações Unidas o discurso no qual pedirá à Assembleia Geral da ONU o reconhecimento da Palestina como Estado pleno. Com esse pano de fundo e uma férrea propaganda oficial contra a iniciativa palestina, as organizações israelenses que militam pelo reconhecimento desse Estado intensificaram suas ações pedagógicas para somar aliados a essa causa.
Entre as muitas atividades empreendidas até agora, a mais acertada e profunda é a do Fórum de ONG’s israelo-palestinas pela paz. Esse grupo, que compreende 100 ONG’s dos dois lados do muro, lançou um manifesto no qual expõe as “50 razões para Israel reconhecer o Estado Palestino na ONU”. O texto, respaldado pelo influente colunista do jornal Haaretz, Gideon Levy, busca explicar à sociedade por que não há nem perigo nem catástrofe nesse reconhecimento. O texto de Levy, publicado há alguns dias, conclui com uma pergunta simples e desafiadora: “por que dizer não mais uma vez?”.
Com seus 31 anos cheios de convicções, Yael Patir dirige a campanha. A mulher explica que, quando se soube que Abbas iria se dirigir a ONU nestes termos, houve em “Israel uma campanha de medo orquestrada pelo governo. A mensagem consistiu em dizer que isso era uma ameaça para Israel, que não conduziria mais que a uma escalada, que os palestinos iriam todos para as fronteiras. Todas as expressões dos homens políticos procuraram gerar medo”.
O manifesto pretende funcionar como um antídoto contra esses temores. Assim, no editorial de Gideon Levy, o jornalista desmonta todos os argumentos oficiais esgrimidos há décadas – Arafat como obstáculo para a paz, a segurança de Israel, o terrorismo, etc. – e faz um breve e lúcido resumo das opções que os palestinos tinham: “render-se sem condições e seguir vivendo sob a ocupação como ocorre há 42 anos, lançar-se ao terrorismo ou a uma nova intifada, ou mobilizar o mundo em seu nome. Escolheram a terceira opção, o mal menor, inclusive do ponto de vista de Israel”.
Yael Patir explicita o conteúdo do manifesto e a filosofia geral da iniciativa: “Apoiamos a criação de um Estado Palestino. Queremos reduzir o medo junto à opinião pública israelense porque o medo pode criar as condições da violência”. O colunista do Haaretz insiste com grande habilidade pedagógica na confusão voluntária criada pelo governo conservador de Benjamin Netanyahu, ao mesmo tempo em que aponta as mudanças históricas que ocorreram no contexto regional. Ele escreve: “Qual é a alternativa agora que os céus se fecham sobe nós?” “Reconhecer o Estado Palestino e viver em paz com base nas fronteiras de 1967 e segundo o postulado de dois Estados com capitais em Jerusalém”, responde Yael Patir, desde Tel Aviv.
Convencer a uma maioria é algo impensável hoje. No entanto, aqueles que impulsionam a campanha esperam influenciar uma opinião pública ante a qual, explicam, a atual maioria ultra-conservadora carece de argumentos.
Isso é precisamente o que Gideon Levy escreve no Haaretz, quando fala do “momento da verdade e da decepção”. Em seu texto, a verdade e a decepção se tornarão patentes quando, seja qual for o responsável israelense fale nas Nações Unidas, “seja incapaz de explicar a lógica israelense”. Segundo escreve Levy, “os palestinos da Cisjordânia – cerca de 3,5 milhões hoje – não poderão seguir vivendo sem direitos civis por outros 42 anos mais”. A última das 50 razões expostas no manifesto tem o encanto dos postulados singelos e realistas:
Entre as muitas atividades empreendidas até agora, a mais acertada e profunda é a do Fórum de ONG’s israelo-palestinas pela paz. Esse grupo, que compreende 100 ONG’s dos dois lados do muro, lançou um manifesto no qual expõe as “50 razões para Israel reconhecer o Estado Palestino na ONU”. O texto, respaldado pelo influente colunista do jornal Haaretz, Gideon Levy, busca explicar à sociedade por que não há nem perigo nem catástrofe nesse reconhecimento. O texto de Levy, publicado há alguns dias, conclui com uma pergunta simples e desafiadora: “por que dizer não mais uma vez?”.
Com seus 31 anos cheios de convicções, Yael Patir dirige a campanha. A mulher explica que, quando se soube que Abbas iria se dirigir a ONU nestes termos, houve em “Israel uma campanha de medo orquestrada pelo governo. A mensagem consistiu em dizer que isso era uma ameaça para Israel, que não conduziria mais que a uma escalada, que os palestinos iriam todos para as fronteiras. Todas as expressões dos homens políticos procuraram gerar medo”.
O manifesto pretende funcionar como um antídoto contra esses temores. Assim, no editorial de Gideon Levy, o jornalista desmonta todos os argumentos oficiais esgrimidos há décadas – Arafat como obstáculo para a paz, a segurança de Israel, o terrorismo, etc. – e faz um breve e lúcido resumo das opções que os palestinos tinham: “render-se sem condições e seguir vivendo sob a ocupação como ocorre há 42 anos, lançar-se ao terrorismo ou a uma nova intifada, ou mobilizar o mundo em seu nome. Escolheram a terceira opção, o mal menor, inclusive do ponto de vista de Israel”.
Yael Patir explicita o conteúdo do manifesto e a filosofia geral da iniciativa: “Apoiamos a criação de um Estado Palestino. Queremos reduzir o medo junto à opinião pública israelense porque o medo pode criar as condições da violência”. O colunista do Haaretz insiste com grande habilidade pedagógica na confusão voluntária criada pelo governo conservador de Benjamin Netanyahu, ao mesmo tempo em que aponta as mudanças históricas que ocorreram no contexto regional. Ele escreve: “Qual é a alternativa agora que os céus se fecham sobe nós?” “Reconhecer o Estado Palestino e viver em paz com base nas fronteiras de 1967 e segundo o postulado de dois Estados com capitais em Jerusalém”, responde Yael Patir, desde Tel Aviv.
Convencer a uma maioria é algo impensável hoje. No entanto, aqueles que impulsionam a campanha esperam influenciar uma opinião pública ante a qual, explicam, a atual maioria ultra-conservadora carece de argumentos.
Isso é precisamente o que Gideon Levy escreve no Haaretz, quando fala do “momento da verdade e da decepção”. Em seu texto, a verdade e a decepção se tornarão patentes quando, seja qual for o responsável israelense fale nas Nações Unidas, “seja incapaz de explicar a lógica israelense”. Segundo escreve Levy, “os palestinos da Cisjordânia – cerca de 3,5 milhões hoje – não poderão seguir vivendo sem direitos civis por outros 42 anos mais”. A última das 50 razões expostas no manifesto tem o encanto dos postulados singelos e realistas:
“Por que não aceitar
a existência de um Estado Palestino?
Essa é a única solução viável
e você sabe disso muito bem”.
Tradução: Katarina Peixoto
Li
Fonte:
http://br.mc1103.mail.yahoo.com/mc/welcome?...
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário