Liberdade e Responsabilidade moral
Osmar Mackeivicz *
O conceito de liberdade, na
filosofia
, designa de uma maneira negativa, a ausência de
submissão
, de
servidão
e de
determinação
, isto é, ela qualifica a
independência
do
ser humano
. De maneira positiva, liberdade é a
autonomia
e a espontaneidade de um
sujeito
racional
.
A liberdade é um principio
constituite para que o ser humano possa ser
julgado
acerca de sua responsabildade em seus atos.
A liberdade
qualifica os atos humanos.
A relação que existe entre liberdade e responsabilidade moral é uma
relação de complementaridade, em que estão ligados entre si. Sendo
assim, pode-se questionar sobre os atos humanos, acerca de sua
moralidade e sobre a responsabilidade do homem por seus atos. LECLERQ1
afirma que: “[...] os atos só têm caráter moral na medida em que nele
intervém a liberdade; e seu caráter moral diminui na proporção que
diminui a intervenção do livre-arbítrio”. Logo, a moralidade dos atos
consiste em fazer o uso da liberdade. Quando a liberdade é privada, não
há responsabilidade moral. Portanto, o homem é responsável pelos atos
que pratica com liberdade.
VASQUEZ2 (1996, p. 91) complementa:
… Atos propriamente morais são aqueles nos quais podemos atribuir ao agente uma responsabilidade não só pelo que se propôs a fazer, mas também pelos resultados ou conseqüências da sua ação. Mas o problema da responsabilidade moral está estreitamente relacionado, por sua vez com o de necessidade e liberdade humanas, pois somente admitindo que o agente tenha certa liberdade de opção e decisão é que se poder responsabilizá-lo pelos seus atos.
Assim sendo, não se deve julgar determinado ato segundo uma regra sem
antes analisar as condições que propiciaram certa ação. Se houve para o
indivíduo possibilidade de opção, torna-se possível atribuir-lhe uma
responsabilidade moral. Logo, pode-se levantar a seguinte indagação:
quais as condições necessárias e suficientes para poder atribuir ao
indivíduo uma responsabilidade moral pelos seus atos?
VASQUEZ3 evidencia duas condições fundamentais:
“Que o sujeito não ignore nem as circunstâncias nem as conseqüências da sua ação, ou seja, que seu comportamento possua um caráter consciente. E que a causa de seus atos esteja nele próprio e não em outro agente que o force a agir de certa maneira, [...], ou seja, que sua conduta seja livre”.
Assim o conhecimento e a liberdade é que permitem legitimar a
responsabilidade moral, caso contrário, se há falta de liberdade e
conhecimento, o indivíduo não possui responsabilidade moral. Pois, quem
não possui consciência para agir, não pode ser responsável pelos seus
atos.
É fundamental para que o indivíduo seja responsável por seus atos que
ele não sofra nenhuma coação externa, isto é, que a ação praticada
provenha de dentro da própria pessoa e não de fora. Pois, quando o
indivíduo encontra-se sob coação ou pressão, perde o controle de seus
atos.
O individuo é isento de responsabilidade moral
quando não teve
possibilidade de agir de outra maneira.
A condição primordial da ação é a liberdade. Liberdade é essencialmente
capacidade de escolha. Onde não existe escolha, não há liberdade. O
homem faz escolhas da manhã à noite e se responsabiliza por elas
assumindo seus riscos. Escolhe roupas, amigos, amores, filmes, músicas,
profissões…
A escolha sempre supõe
duas ou mais alternativas;
com uma só
opção não existe escolha nem liberdade.
As escolhas nem sempre são fáceis e simples. Escolher é optar por uma alternativa e renunciar à outra ou às outras.
Não existe liberdade zero ou nula. Por mais escravizada que se ache uma
pessoa, sempre lhe sobra algum poder de escolha. Também não há liberdade
infinita, ninguém pode escolher tudo.
O ato livre é, necessariamente, um ato pelo qual se deve responder e
responsabilizar-se. Porque sou livre tenho que assumir as conseqüências
de minhas ações e omissões.
Os animais irracionais não são livres, não são responsáveis pelo que
fazem ou deixam de fazer. Ninguém pode condenar um cavalo que lhe deu um
coice. O animal não faz o que quer e sim o que precisa ou o que se
encontra determinado pelo instinto de sobrevivência para que continue
existindo.
A reflexão acerca da liberdade encontra-se inclusa no Projeto da
Modernidade, onde os termos autonomia, emancipação e liberdade estão
relacionados entre si, e também são bases de tais reflexões. Pensar a
liberdade não é possível sem fazer alusão a esse Projeto, no qual os
três termos distintos determinam o mesmo sentido, a maioridade do homem.
A liberdade é um pressuposto básico
para que o homem seja responsável
por seus atos e suas escolhas.
É dentro da Modernidade que o homem busca
emancipar-se, ser autônomo e livre. O período moderno é chamado também
de período antropocêntrico, onde o homem é capaz de fazer suas escolhas e
praticar suas ações, e é dentro da Modernidade que lhe é oferecido a
possibilidade de emancipar-se e ser autônomo, enfim, conquistar sua
liberdade.
Notas.
1 LECLERQ, J. As grandes linhas da filosofia moral. São Paulo: Herder. 1967, p. 376
2 VÁZQUEZ,A,S. Ética. 16. ed. Trad. João Dell’ Anna.Rio de janeiro:Civilização brasileira, 1996.p.91. Idem, p.92.
2 VÁZQUEZ,A,S. Ética. 16. ed. Trad. João Dell’ Anna.Rio de janeiro:Civilização brasileira, 1996.p.91. Idem, p.92.
Osmar Mackeivicz *
*Bacharelado em Filosofia
- Instituto de Filosofia e Teologia “Mater Eclesiae”.
Licenciando em Filosofia- Faculdade Bagozzi.
osmarmackeivicz@yahoo.com.br
Pablo Picasso
Li-Sol-30
Fonte:
http://www.consciencia.org/liberdade-e-responsabilidade-moral
http://www.consciencia.org/liberdade-e-responsabilidade-moral
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.
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