terça-feira, 19 de março de 2013

A CORAGEM DE SER FELIZ - JOSÉ RAIMUNDO GOMES




 Artigos de
 José Raimundo Gomes



 
A CORAGEM DE SER FELIZ

JOSÉ RAIMUNDO GOMES

Psicólogo clínico
  1. Uns, dizem: felicidade é ter saúde; outros, preferem: felicidade é ter dinheiro. Os mais ambiciosos fazem da combinação destes dois aspectos a felicidade perfeita. Eu mesmo não ousaria pensar que dinheiro e saúde não formem um extraordinário par, fonte de imensa alegria. Mas isso não é tudo. Todos os dias ouço pessoas que se queixam de “sensação de vazio”, “falta sentido”, “desânimo”. Elas chegam ao consultório psicológico na esperança de encontrar, finalmente, a solução de seus problemas. Estão cansadas. Percorreram uma infinidades de especialistas e realizaram um sem números de exames e nada foi encontrado que justificasse seus sintomas e suas dores.
  1. Por outro lado, há casos de pessoas que estão privadas de saúde ou de dinheiro ou desses dois aspectos, simultaneamente, e que abrem a voz com toda coragem e alegria para dizer: sou feliz e nada me falta! Para o espectador desta declaração é incompreensível e quase inaceitável, face o cruel contraste entre o que se vê e a declaração solene.
  1. Se depreende destas reflexões que felicidade não pode ser confundido com bem-estar nem com vigor físico. É verdade que a felicidade carrega consigo uma boa dose de bem estar, mas o inverso nem sempre é verdade. Ademais, o bem-estar presente na felicidade é essencialmente distinto daquele que tem sua origem na satisfação imediata das necessidade material ou física. Os fatos mostram que se é feliz na adversidade e no sofrimento.
  1. Se felicidade não é nem ter dinheiro, nem não ter; se ela não é nem ter saúde nem está privado dela; se felicidade não pode ser apontada naquela ou nesta direção e nem se deixa aprisionar por impressões equivocadas de bem-estar, vale a única pergunta que interessa: O que efetivamente é felicidade? Como e onde encontrá-la?
  1. Um mito grego nos aponta a direção. Os deuses se reuniram no Olimpo. Queriam esconder a felicidade dos olhos dos homens. No fundo do mar, no pico da montanha, nas entranhas da terra. Cada um imaginou o lugar mais difícil para ocultar a felicidade. Entre eles, alguém fez a escolha certa. Disse: o coração. Escondam a felicidade no coração dos homens e eles jamais encontrarão! E assim foi feito. Insensatos, os seres humanos continuam a buscar a felicidade “lá fora”, através das coisas e das pessoas. Decepção.
  1. Se você deseja ser feliz, não perca tempo e vá na direção certa. Olhe para dentro de sua alma, atenda seus íntimos apelos, escute seu coração. Não. Um cardiologista não é uma boa idéia. Desejos não são visíveis e nem sensíveis a eletrocardiogramas.
  1. O coração não é só um importantíssimo órgão do corpo humano. Ele é a fonte de nosso ser. Através dele e nele me torno quem realmente sou. Sim, além de bombear sangue para todo o organismo, mantendo-o vivo, ele também me faz sonhar. Atento a ele, não me livro só de possíveis cardiopatias precoces. Eu engendro uma mitologia de adivinhações sobre meu destino, uma espécie de cardiomancia. Só ele pode sussurrar as verdades das quais não devo fugir, sob pena de me tornar in-feliz.
  1. Finalmente, podemos agora encarar a grande questão: o que é felicidade? Já sabemos o que ela não é. Não é dinheiro, nem é saúde perfeita, do contrário pessoas pobres e doentes não poderiam se sentir felizes ou pessoas ricas e saudáveis não deveriam sentir-se in-felizes. Já sabemos também que a felicidade não reside “nisto” ou “naquilo”, pois alguém pode ser feliz em um estado onde uma outra pessoa se sentirá profundamente in-feliz. Diante destas armadilhas que a felicidade nos impõe, podemos nos aproximar dela somente de forma indireta, para conceituá-la.
  1. Felicidade é qualquer vivência que permita realizar o projeto antropológico de minha vida, mesmo que isto me faça sofrer. Felicidade é tudo que eu faço por minha realização, para grandeza de minha vida. Felicidade é poder celebrar todos os dias, todos os minutos, a beleza de viver e a possibilidade de humanizar-se. Não se pode dar felicidade se não se é feliz e felicidade é um estado do coração.

     NASCER DE NOVO

    ENCONTROS NOTURNOS - JESUS E NICODEMOS 

    José Raimundo Gomes - Psicólogo Clínico

    RABI

    1.Mas ele não estava de todo perdido. Alguns homens de seu tempo o consideravam um iluminado. Deram-lhe um título nobre. Chamaram-lhe de Rabi. Era o reflexo do respeito que tinham por ele. Rabi é a tradução de “Meu Senhor”, “Mestre”. Entre os escribas, uma nomeação honrosa. Era necessário ser especial... e ele era. 

    2.Nicodemos era um fariseu e os fariseus odiavam Jesus. Odiavam porque ele gostava de usá-los como exemplo do que um ser humano não deveria se tornar. Frequentemente chamava-os de "sepulcros caiados", pois exigiam dos outros virtudes que eles não praticavam. Criticou publicamente a atitude exibicionista de sentarem nas primeiras cadeiras do templo e isso porque se achavam melhores do que os outros. Gostavam de bater no peito e alardear os próprios pecados, pois desta forma impressionavam as pessoas e angariavam delas elogios com sua fingida humildade. Certa vez, ao encontrá-los na rua, o Rabi lhes avisou que as prostitutas entrariam no Reino de Deus muito antes do que eles. Quando os via almoçando em alguma taberna, fazia absoluta questão de sentar-se à mesa com seus amigos - a escória de Jerusalém - e não lavava as mãos de propósito, já que para os fariseus esse era um gesto obrigatório e sagrado.

    3.O Rabi fazia absoluta questão de quebrar tudo o que era considerado sagrado para a píedade farisaica.

    4.Numa certa manhã, ao ver um aleijado que a 40 anos esperava pela cura à margem da piscina de Siloé, Jesus oferece ao morimbundo um milagre! O curioso desta situação é que Jesus não suportava que exigessem dele provas milagrosas de que era o "Santo de Deus" e muitas vezes reagiu a esse assédio de forma agressiva. Mas naquele dia decidiu agir de forma inesperada...Inesperada? Nem tanto!... Na verdade, havia uma intensão. Uma pequena multidão de fariseus se aglomeravam ali por perto. Eles estavam atentos às palavras e gestos do Rabi, pois aquele dia não era qualquer dia. Era um sábado!E sábado era coisa séria para os fariseus. 

    5.O cenário era perfeito... Não podia ser melhor... O Rabi não perderia aquela oportunidade de corrigir a perversa rigidez farisaica...

    6.Ele vai criar um problema...

    7.Aproxima-se lentamente do infeliz... Em voz alta faz a oferta do milagre. O pobre homem, asssustado, não compreende o que está acontecendo e tenta argumentar com o Rabi, exibindo a sua situação terminal..

    8.Mas Jesus não está disposto a ouví-lo... Veemente, pela segunda vez oferece a cura da sua enfermidade:

    "Homem, tu queres ser curado?"

    "Sim, eu quero ser curado, Senhor...", disse ele.

    "Então, levanta-te deste chão e vai para tua casa."

    9.Um grande silêncio se fez. A tensão era imensa... a espectativa também...

    10.Como se tivesse sido tomado por uma energia de vida inexplicável, o homem salta sobre seus dois pés e, um tanto desajeitado, dá os seus primeiros passos... Ele não pode acreditar no que está acontecendo... Olha para o Rabi, que fita seus olhos com ternura violenta. A ternura dos fortes. A ternura dos vivos. O homem corre em sua direção... Abraça-o com profunda gratidão...  Emocionadas, as mulheres caem em prantos e a população vai ao êxtase, gritando: "este é verdadeiramente o Filho de Deus"...

    11.Os fariseus espumam de ódio... O gesto de Jesus é uma declaração de guerra àquela sinistra casta de sacerdotes...

    12.Sim, ele poderia esperar pelo domingo... Um dia a mais, um dia a menos para quem esperava por 40 anos não faria a menor diferença.

    13.Mas o Rabi não quer esperar... Ele quer profanar o dia santo farisaico. Quer que todos saibam que ele é o Senhor do Sábado... O Senhor da Compaixão. O velho Deus mosaico está morto... Nenhuma outra lei será respeitada a não ser a do amor ao próximo...    

    14.Não nos surpreenderá, que em breve, sejam os fariseus que decidirão por sua condenação e morte.

    NICODEMOS - UM FARISEU QUE AMAVA O RABI

    15.Nicodemos era um fariseu diferente. Admirava Jesus em segredo. Ele o chamava de Rabi. Nicodemos era um homem velho e bom. Piedoso, percebeu que havia algo de divino naquele homem. Tinha bom faro. Mas era preciso ter certeza. Resoluto, decidiu encontrar-se com ele. Ouvir suas palavras. Observar seus movimentos. A vida inteira sonhou testemunhar a gloriosa vinda do filho de Deus, prevista por profetas e alardeada pelo excêntrico João Batista. 

    16.Seria aquele rapaz filho do Altíssimo ou apenas mais um lunático entre muitos que pululavam em Jerusalém?, perguntava-se em silêncio...

    17.Nicodemos era membro do Sinédrio, uma espécie de colegiado dos mais altos magistrados do povo judeu. Era tido como um homem íntegro e sua opinião contava, por esse motivo não podia ser visto publicamente com o Rabi. Prejudicaria sua reputação, sua carreira política, além de lançar dúvidas sobre sua fé no único e verdadeiro Deus, aquele anunciado pelas profecias.

    18.Preservando-se, decidiu visitá-lo à noite. Às escondidas, dirigia-se ao local dos encontros. O colóquio noturno é tenso. Certa vez discutiram sobre o Renascimento. Nicodemos esforçava-se para entender as palavras herméticas de Jesus. "Nascer de novo" era uma dessas afirmações que ele não compreendia. Dominado pelo pensamento concreto, Nicodemos tentou inutilmente constranger Jesus ao lhe perguntar se um homem poderia voltar ao ventre da própria mãe para ter uma segunda chance de nascer... 

    19.O Rabi mal pode acreditar no que acabara de ouvir... Horas e horas de conversas... e nada... Nicodemos não entendeu nada!  Não conseguiu abandonar o pensamento concreto e abrir-se para o pensamento simbólico. Estava engessado dentro de sua própria fé.

    20.Mas ele não desistiria... 

    21.Com um tom de voz alguns decibéis acima do habitual, Jesus pode dizer àquele homem angustiado que podemos nascer de novo quantas vezes for necessário, pois o que morre e renasce em nós não é carne mas o espírito eterno que nos habita... 

    22.O Rabi levanta-se... anda na direção de Nicodemos... Seu olhar está repleto de amor pelo amigo, perturbado por suas enigmáticas palavras... Ele se aproxima... segura firme os seus braços, fitando seus olhos com ternura profunda... A ternura de Deus. Ele diz:

    "Acorda meu amigo, desperta do teu sono, de tuas ilusões. Morre e nasce de novo porque nada importa para Deus a não ser o teu coração, o teu arrependimento, a tua relação pessoal com Ele. Ele te quer inteiro, vivo, alegre, feliz, jubilante..."

    23.O Rabi ganha fôlego... Pensa se deve dizer o que está prestes a dizer... Decide continuar:

    "Nicodemos, meu Pai não está aprisionado nas letras das tuas escrituras. Ele é livre... É como o vento que sopra sem que tu consigas dizer de onde vem e para onde vai... Aquele que é nascido de carne é carne e perecerá pois não pode compreender as coisas espirituais... mas aquele que é nascido do espírito, esse será chamado de filho de Deus e a morte não o alacançará...  

    24.Mestre, diz Nicodemos, perdoe-me... Por mais que me esforce não consigo ter o alcance que desejas... Tuas palavras me ferem, esmagam a minha fé, a fé dos nossos pais...

    25.Eu sei meu amigo, eu sei... Esse milagre eu não posso fazer por ti... Não posso esvaziar teu coração de tuas certezas, das certezas que foram para ti um norte a te guiar por toda a tua vida... 

    26.Nicodemos, há um mundo novo dentro de ti... abre-te para esse mundo...Há um Deus que deseja ser conhecido, que anseia ser íntimo de suas criaturas. Ele não se assemelha a quase nada do que tu ouvistes falar Dele nos teus livros sagrados... Ele não é o Senhor dos exércitos. Ele não é o Senhor da vingança, do ódio... Nicodemos, esse Deus que te anuncio não é sequer judeu... Ele é apenas o nosso Pai... Um Pai que ama seus filhos... Se preferes assim , então te digo:Deus mudou! Há nele apenas amor, compaixão e perdão... 

    27.Ouve o que vou te dizer agora: eu serei preso, torturado e morto porque o que salta de minha boca é blasfemia aos ouvidos daqueles que se acham os donos de Deus. Eles me matarão porque não suportam a verdade e eu sou a verdade. Eu sou o caminho, a vida, a boa-noticia que tu aguardastes a cada minuto da tua existência. A minha língua é como fogo que consome. Meu Pai me deu a missão de incendiar o mundo, de batizar o mundo com o fogo transformador de sua palavra. A minha espectativa não é outra senão que o mundo arda nessas chamas do amor de Deus. 

    28.O antes de mim, se findou. Não há mais passado. Não há mais profetas. E sabes porque os profetas desapareceram?  Porque eles nada fizeram a não ser anunciar a minha vinda e eu estou aqui, bem na tua frente, em carne, osso e espírito. 

    29.Aproxima-te de mim... Toca meu corpo. Eu sou o Pai e o Pai está em mim. Nós somos Um. Nicodemos esta é a minha forma humana. Abraça-me, pois conheço-te mais do que tu a ti mesmo e sei que que no teu coração esperastes por esse momento. Não tenhas medo. Muitos desejariam estar no teu lugar... 

    30.Tu acreditas em mim?

    31.O velho homem estava em choque.Teria sido toda a sua vida um erro? Jejuns, Orações, Esmolas... Deus não precisava de nada disso?

    32.Talentoso na arte de ler pensamentos, ele sorri para Nicodemos, ao mesmo tempo que sacode a cabeça afirmativamente como se estivesse respondendo às suas silenciosas indagações... Compadecido, diz: Nicodemos, frequentemente chega-se à verdade após caminhar por longo tempo na escuridão. Luz e trevas formam um misterioso par... Meu Pai não se importa muito com o que fazemos mas no como fazemos... O erro é apenas uma estrada que se caminha e dela se retorna porque não há água fresca nem sombra para repousar... Muitas vezes te vi, recolhido no teu quarto em oração... Sei que nunca fostes feliz... Via a angústia no teu coração... e parte desta angústia e dessa infelicidade está no fato de sentires medo de Deus... Teu respeito é tão grande que, sem perceberes, tu mesmo O afastastes da tua vida. Lembras de Jó? Ele me amava com todo seu coração mas esse amor era um temor e isso me fazia sofrer... Lembras o que ele diz no final da experiência pessoal dele comigo? Lembras daquelas belas palavras que já anunciavam a minha vinda à Terra? "Te conhecia só de ouvir falar, mas agora meus olhos te viram?"...  Nicodemos, eu só queria isso!!! Ser visto, ser vivido, estar perto de verdade, pois ao contrário do que tu deves acreditar, eu também preciso de amor... . Ouve: Eu não quero temor, eu não quero filhos infantilizados  como se eu fosse um Pai castigador e severo. Eu mudei... Não sou mais assim... Não te culpo por não me reconheceres como Deus pois a fama que ganhei atraves dos teus livros sagrados foi a de um Deus poderoso, instável, real... Lamento, mas não sou nada disso... 

    Nicodemos, eu não gosto dos fariseus. Não há neles uma só gota de compaixão pelos desvalidos, pelos doentes da alma. São cruéis com os pecadores e acham que tem privilégios diante de meu Pai. Lembra quando impedi que Madalena fosse apedrejada por eles? Lembra quando me ajoelhei e com meus próprios dedos escrevi no barro o nome de cada um deles e ao lado os pecados que cometiam? Nicodemos, tu sabes perfeitamente que aqueles que estavam ali para lapidar a prostituta, à noite, assim como tu vens a mim, iam até o bordel para usar o corpo dela. Eu tenho horror a esse comportamento hipócrita. Deus é a Verdade e qualquer um que aja com verdade em relação a si mesmo sabe que não pode acusar o seu próximo de pecador. Todos são pecadores! Por isso mesmo todos devem perdoar-se mutuamente.

    No entanto, por mais que eu queira não consigo sustentar essa raiva dentro de mim e contra a minha vontade rezo por esses homens endurecidos pela fé. Nicodemos, a única coisa que jorra do meu coração é amor... Eu não controlo isso... É mais forte do que eu... me domina, por isso eu os perdôo e peço ao meu Pai que os perdoem também pois eles não sabem o que estão fazendo... Conscientemente não são culpados. As escrituras sagradas os mataram! Eles acham que Deus é um livro.

    7.Nicodemos, ouve com atenção. A observância da lei mosaica não é o caminho para alcançar a salvação. Medita sobre isto. Te recolhe na escuridão de teu quarto e ouve a voz de Deus. Ele falará contigo. Deixa de lado a Torá e nasce de novo. Tu conheces bem o que disseram os profetas. Eles falavam de mim. Estou aqui diante de ti. Nâo desperdiça essa chance. A Torá é inútil. Tudo isso é papel e todo papel será destruído, consumido pelo tempo. 

    O Rabi afasta-se uma vez mais...  Ajoelha e reza... Calmo, volta a sentar-se ao lado do amigo... Nicodemos, diz ele, eu vim anunciar uma vida indestrutível e ela se encontra dentro de cada um de nós. Deus é indestrutível e está dentro de ti... Sorrindo, diz: Nicodemos agora tu já sabes onde podes encontrar o Pai...

      

    A ERVA MALDITA

     
     Sobre a matéria “NOTA BAIXA ACABA NA JUSTIÇA”. 
    Assinado pelo Jornalista Sérgio Ramalho.
     JORNAL  O DIA. Sexta Feira, 08 de Dez. 2000. 


     JOSÉ RAIMUNDO GOMES
    Psicólogo Clínico – CRP 05-09303
      

    We don’t  need education...
    We don’t  need soft control...
    Hey, teacher, leave the kids alone...
     ANOTHER BRICK IN THE WALL. Pink Floyd.

    1.O binômio “droga-mal desempenho escolar”, não se sustenta na maioria esmagadora dos casos. O constrangimento pelo qual Marcelo Ricardo, de 16 anos,  passou é a prova cabal de que tal reflexão é equívoca. Ao contrário de Bill Clinton, que na juventude fumou maconha, não tragou e se tornou Presidente dos Estados Unidos, o adolescente universitário sequer experimentou um “baseado”,  mas teve seu malogro escolar atribuído à “erva maldita”. 

    2.Bode expiatório de toda sorte de delitos praticados por marginais, experimentamos um estranho conforto em apontar, tão rapidamente quanto possível, a maconha como o agente fundamental de toda e qualquer ação agressora ou comportamento transgressor.  E por que a culpamos? Por um motivo muito simples: medo. Sentimos medo de mergulhar e encarar nossa interioridade, sem maquiagens. E isso justifica a eterna busca de um culpado para nossas ações irresponsáveis: vizinho, marido, esposa,  colega de trabalho e, mais uma vez, a maconha! 

    3.Penso aqui com os meus botões, o que a tal professora de Direito teria a dizer a um aluno que tirou dez na avaliação proposta e que admitisse ser usuário habitual da droga?  Inversamente ao comportamento exibido diante de Marcelo e para ser justa a seus critérios valorativos, sorridente, ver-se-ia obrigada a elogiar o aplicado e viciado estudante, em alto e bom tom, para que servisse de exemplo aos outros colegas: “Parabéns, continue fumando maconha. Ela lhe faz muito bem.”  Seria cômico, se não fosse tão trágico. 

    4.A equação “maconha-transgressão” é ingenuamente sustentada por dois tipos muito característicos em nossa sociedade. O primeiro, onde, provavelmente, se encontra a desditosa advogada, reproduz de maneira inconsciente e preconceituosa os surrados chavões repetidos desastrosamente por campanhas de combate às drogas. O lamentável, neste caso, é que todo professor tem uma função importantíssima na vida intelectual e emocional de seus alunos. Ele é formador de opinião. De livre opinião. É educador, não um repressor. Alguém disposto a discutir, debater, questionar. Sua máxima função está menos na dissertação do saber erudito que professa, e mais na formação de espíritos investigativos, inquietos e pesquisadores. O desafio de seu ministério é construir cabeças pensantes, capazes de refletir justamente sobre os complexos mecanismos autoritários dos sistemas sociais, coibidores da liberdade, do direito, do exercício próprio da cidadania e encontrar, cada vez mais, soluções justas, duradouras, que propiciem o franco desenvolvimento de sua existencialidade e de um mundo mais solidário com as inclinações individuais. Se não age assim, exerce um magistério às avessas e trai a vocação natural da Universidade.

    5.Por fim, temos uma articulação mais grave e conseqüente. Há fortes razões, exibidas diariamente em todas as mídias, para considerar-se o combate anti-drogas uma farsa das Nações. Já se perdeu a conta dos números de políticos envolvidos com cartéis multinacionais de entorpecentes. A cada momento, somos surpreendidos com a explosão de escândalos envolvendo homens cultuados como baluartes do respeito internacional, descobertos em operações fraudulentas e invariavelmente beneficiados pelo dinheiro sujo dos traficantes. Bilionários, eles estão em todo lugar...

    6.Felizmente a propaganda do governo só engana despreparadas professoras de Direito e alguns pais zelosos. Elas não têm qualquer conseqüência efetiva. Basta olhar em volta e constatar a diversidade cada vez maior de ofertas no mercado e como elas invadem precocemente a vida dos nossos jovens. Toneladas de drogas cruzam livremente as fronteiras dos países a todo instante. Enquanto os EUA miram seus sofisticados telescópios com suas poderosas lentes de precisão para fotografar poeiras cósmicas lançadas a bilhões de anos luz no espaço pelo Big Bang, essas mesmas lentes de precisão tornam-se completamente cegas e incapazes de localizar uma outra poeira de cor branca, reluzente a olho nu cruzando a fronteira, rumo ao centro financeiro do mundo. Contradições da tecnologia! O país mais desenvolvido do mundo é também o pais mais drogado do mundo.

    7.Não existe fórmula mágica para se livrar das drogas. Onipresente, está em todo lugar. No clube, na universidade, na esquina, no Congresso e até nas Igrejas.  De forma que, se a droga é um problema em sua casa, não lhe resta muito mais do que conversar honestamente e abertamente com seu filho/a a respeito delas. Informe-se sobre seus reais efeitos e sobre suas reais conseqüências. Pare de “mitificá-las” e proteja sua imaginação de vôos desnecessários, procurando encarar a realidade tal qual ela é. Fique certo: a política do medo, da ameaça ou da repressão nunca funcionou nem funcionará. Num lar onde pais se agridem, onde há ausência de amor e afeto, nenhum diálogo e cada um está na sua, se nesse contexto, o adolescente fuma maconha e tem um péssimo desempenho escolar advinha de quem será a culpa?

    8.Leia, converse, discuta e acima de tudo fique atento. Atento a seu mundo, à sua felicidade pessoal, aos valores pelos quais você vive. O que tem efeito sobre os nossos filhos é a ação existencial dos pais e não bons conselhos.  Enquanto isso, vale a pena lembrar o refrão do Pink Floyd em sua ópera Rock, The Wall, muito apreciada entre adolescentes: “Hei, teacher, leave this kids, alone! 

     

A TEIA DO MEDO


ELEMENTOS PARA UMA TEOTERAPIA DA SÍNDROME DO PÂNICO


livro de J.R.J.Gomes 

Quarta-Capa

1. Uma vez que não se pode encontrar nenhum lugar seguro para fugir e esconder-se de Pan.

2. Uma vez que é impossível evitar a sua presença.

3. Uma vez que Pan não é um deus que precise ser invocado para manifestar-se, muito pelo contrário, ele é, isto sim, um deus que ama a surpresa, ama aproximar-se sem ser notado, pois parte de seu poder consiste em não avisar a hora de sua epifania, deixando sua vítima permanentemente atento aos sinais de sua onipresença.

4. Uma vez que Pan é assim, o que é possível fazer para apaziguar sua terrível fúria?

5. O que é possível fazer - se é que é possível - para afastá-lo de nós e mandá-lo de volta, de uma vez por todas, para as catacumbas subterrâneas de algum deserto maldito, onde inconvenientes arqueólogos estejam proibidos de escavar?

6. A Teia do Medo - Elementos Para Uma Teoterapia Da Síndrome De Pânico tenta resgatar o aspecto  tremendum, numinoso, como diria Carl Jung, deste deus, modernamente  transformado em enfermidade, propondo um conjunto de atitudes curativas que envolvem não apenas a rotina alopática de alívio sintomático  mas também, e fundamentalmente, a inclusão na mente e no corpo de suas vítimas do elemento próprio de Pan: a divindade.

7.Os velhos deuses não sucumbirão ao excessivo racionalismo dos nossos dias. Há um inconsciente coletivo que não só é indiferente ao espaço-tempo como também, de uma maneira completamente misteriosa, nos une ao patrimônio simbólico universal e a presença de Pan entre nós e, mais embaraçosamente, dentro de nós  é o nosso melhor argumento. 

A  TEIA DO MEDO

orelha do livro

1.O que de divino esconde essa estranha doença que se manifesta por episódios completamente inesperados, fazendo disparar o coração, suar as mãos, além de imprimir a fantasia de que a morte acabou de instalar-se em sua mente e em seu corpo?  

2.O que de sagrado poderia estar escondido nesse pavor que atinge o paroxismo de sua tensão em apenas 10 minutos? 10 minutos que dão à vítima atacada por Pan a força de pavor necessário para correr em disparada sem importar-se com nada? 

3.Que deus é esse que pode simplesmente despencar de um mundo hoje só avistado em museus e ruínas da antiga Grécia, para atacar a nobre vida dos homens modernos em sua grandes cidades supertecnológicas? O que ele quer de nós? O que quer nos comunicar? Que mensagem nos traria e por que justamente "eu" fui escolhido para receber essa mensagem?

 

ORAÇÕES
DO FUNDO DA ALMA
a inesperada jornada de um psicólogo
clínico no misterioso mundo da oração

Livro de José Raimundo Gomes

quarta-capa

1.Há na vida momentos criticos em que nenhuma oração conhecida é capaz de saciar o desejo de Deus imerso no profundo da alma, e, então, parece que todo o nosso ser se põe a orar espontâneamente. Não se pode controlar esse processo. Não há nada que possa detê-lo.
2.No entanto, um sentimento de perplexidade tornar-se presente neste instante solene. É um paradoxo, uma constatação terrível: como é possível a coexistência, no ser humano, de tanta miséria e mácula e um certo sentir-se santo, um certo sentir-se sagrado?
3.Ajudado por Bion descubro que a oração pre-existe ao meu pensar, ao meu querer orar.
4.Estou pronto para pensar o que já é pensamento em mim, antes mesmo de pensá-lo.
5.Esse desejo me põe a desejar, e não o meu desejo.
6.Esse querer me põe a querer, e não o meu querer.
7.Esse amor me põe a amar, e não o meu amar.
8.A oração não é meu querer, não é meu desejo, não é meu amar. 
Advertência ao Leitor
1.Orações do Fundo da Alma acolhe em sua estrutura velhas fórmulas populares de súplicas ao Absoluto. Como se trata de orações escritas espontâneamente, penso que o formato  impresso ao texto deve obdecer a alguma configuração arquetípica do inconsciente coletivo. 
2.Pensei em remover as passagens mais emblemáticas, típicas das tradições religiosas universais,  porque também a mim esse estilo pareceu um pouco excessivo. Por uma questão de justiça à fonte original de onde nasceram essas súplicas renunciei a esse desejo. Portanto, o leitor  deverá pronunciar o nome de sua necessidade sempre que se deparar com essa exortação.
3.Estas orações estão fortemente ligadas à angústia de separação, experiências profundas de desamparo, vivências onipotentes de triunfo e, por fim, a uma inadiável necessidade de transformar dor em sentido, escuridão em luz.





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Nicodemos

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 Li=Sol-30
 Fontes:
 http://jrgomespsi.webnode.com.br/artigos-de-jose-raimundo-gomes/
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres. 
Sejam abençoados todos os seres.

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