Êxodo Silencioso
- A Expulsão dos Judeus dos Países Árabes - 53 min.
Palestina - A História de uma Terra - 120 min.
Iêmen - O Segredo do Oriente - 42 min.
1967 - A Guerra de Seis Dias - 104 min.
"Deus é com Israel "
- A Guerra de Seis Dias - 23 min
A seguir, um pouco da história das comunidades judaicas nos países árabes, desde suas origens até a quase extinção nos dias atuais. Clique no menu ao lado para ir direto a uma comunidade de seu interesse.
INTRODUÇÃO
Os judeus vivem no Oriente Médio, Norte da África e na região do Golfo há vários séculos. Houve uma presença ininterrupta de grandes comunidades judaicas no Oriente Médio desde os tempos remotos, mais de 2.500 anos antes do nascimento dos estados árabes modernos.
Veja a época em que algumas delas surgiram:
Iraque - século 6 a .C.
Líbia - século 3 a .C.
Iêmen - século 3 a .C.
Líbano - século 1 a .C.
Síria - século 1 a .C.
Marrocos - século 1 d.C.
Argélia - séculos 1 e 2 d.C.
Tunísia – século 2 d.C.
Após a conquista da região pelos muçulmanos, sob o domínio islâmico os judeus passaram a ser considerados cidadãos de segunda classe, mas a eles eram permitidas, durante um determinado período, oportunidades religiosas, educacionais, profissionais e empresariais limitadas.
Isso mudou no século 20, quando ocorreu um padrão de perseguição consistente e difundido e violações em massa dos direitos humanos das minorias judaicas em países árabes. Decretos e legislações oficiais aprovados pelos regimes árabes negaram direitos humanos e civis aos judeus e às outras minorias; suas propriedades foram desapropriadas; eles foram privados de sua cidadania e de seu sustento.
Os judeus eram frequentemente vítimas de assassinato,
prisões e detenções arbitrárias, tortura e expulsões.
Com a declaração do Estado de Israel em 1948, o status dos judeus nos países árabes piorou drasticamente à medida que muitos países árabes declararam ou apoiaram guerra contra Israel. Os judeus foram, então, expulsos dos países onde residiam há anos e tornaram-se reféns políticos dominados do conflito árabe-israelense.
Os direitos e a segurança dos judeus residentes em países árabes passaram a ser atacados física e legalmente pelos governos e pela população de um modo geral. Na Síria, por causa das perseguições anti-judaicas em Alepo, em 1947, dos 10 mil judeus da cidade, 7 mil fugiram do terror. No Iraque, o “sionismo” tornou-se um crime capital.
Mais de 70 judeus foram assassinados
por bombas na região judaica do Cairo, no Egito.
Após os franceses terem desocupado a Argélia, as autoridades emitiram uma variedade de decretos anti-judeus que induziram os quase 160 mil judeus a fugirem prontamente do país.
Após a Resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre o Plano de Partilha, em 1947, amotinadores muçulmanos deram início a perseguições
sanguinárias em Áden e Iêmen que acabaram causando a morte de 82 judeus.
Em diversos países os judeus foram expulsos ou tiveram sua cidadania revogada (como, por exemplo, na Líbia). Inúmeros judeus fugiram de 10 países árabes. Eles se tornaram refugiados em uma região predominantemente hostil aos judeus.
As restrições sancionadas pelo estado, frequentemente associadas à violência e repressão, forçaram um deslocamento em massa dos judeus. Resultado: mais de 850 mil judeus foram expulsos das terras que eles e seus ancestrais viviam há várias gerações. Saiba mais sobre estas comunidades:
EGITO
Bar Mitzvah de gêmeos, Cairo, Egito, 1930.
Histórico
Os judeus vivem no Egito desde os tempos bíblicos. As tribos israelitas mudaram-se inicialmente para a terra de Goshen (extremo nordeste do delta do Nilo) durante o reinado do faraó egípcio Amenhotep IV (1375-1358 b.C.).
Ao longo dos anos, os judeus buscaram abrigo e habitaram o Egito. Em 1897, havia mais de 25 mil judeus no Egito, a maior parte deles concentrada nas cidades do Cairo e Alexandria. Em 1937, a população alcançou 63.500 judeus.
Na década de 1940, com o crescimento do nacionalismo egípcio e os esforços do movimento sionista para criar uma terra natal judaica adjunta a Israel, as atividades anti-judaicas começaram a surgir com mais intensidade.
Em 1945, as agitações começaram – dez judeus foram mortos, 350 ficaram feridos e uma sinagoga, um hospital judeu e um lar para idosos foram incendiados. Após o sucesso do movimento sionista em estabelecer o Estado de Israel, medidas violentas e repressoras vindas do governo e dos cidadãos egípcios tiveram início entre junho e novembro de 1948. Bombas foram postas no quartel judeu, matando mais de 70 judeus e ferindo cerca de 200.
As agitações nos meses que se seguiram resultaram em muitas outras mortes. Dois mil judeus foram presos e muitos tiveram suas propriedades confiscadas.
Em 1956, o governo egípcio usou a Campanha do Sinai como pretexto para expulsar aproximadamente 25 mil judeus egípcios do país e confiscar suas propriedades. A eles foi permitido levar do país apenas uma mala e uma pequena quantidade de dinheiro, e todos foram obrigados a assinar documentos “doando” suas propriedades ao governo egípcio.
Aproximadamente mil outros judeus foram presos ou mandados para campos de concentração. Em 23 de novembro de 1956, um manifesto, assinado pelo Ministro de Assuntos Religiosos e lido em voz alta pelas mesquitas de todo o Egito, declarava que “todos os judeus são sionistas e inimigos do Estado”, e prometeu que todos seriam, em breve, expulsos (AP, 26 e 29 de novembro de 1956; New York WorldTelegram).
Em 1957, a população judaica no Egito ja tinha caído para 15 mil. Em 1967, depois da Guerra dos Seis Dias, houve uma nova onda de perseguições, e a comunidade judaica caiu para 2.500. Na década de 1970, após ser dada aos judeus remanescentes a permissão de deixar o país, a comunidade reduziu-se a algumas poucas famílias.
Os direitos dos judeus
foram finalmente recuperados em 1979,
depois que o presidente Anwar Sadat
assinou o Acordo de Camp David com Israel.
Somente então foi permitido à comunidade estabelecer laços com Israel e com a coletividade judaica no mundo. Os quase 200 judeus deixados no Egito são agora idosos, e a comunidade judaica do país, outrora orgulhosa e crescente, está agora praticamente extinta.
Decretos discriminatórios
e violações dos direitos humanos (apenas alguns exemplos)
Esta cláusula serviu como pretexto oficial
para expulsar muitos judeus do Egito.
Em 9 de julho de 1947, uma emenda foi introduzida à Lei das Empresas Egípcias, tornando obrigatório a uma empresa que 75% dos empregados de setores administrativos e 90% dos empregados em geral fossem cidadãos egípcios. Isto resultou na demissão e na impossibilidade de conseguir novos empregos para muitos judeus, pois apenas 15% da população judaica possuía a cidadania egípcia. 3
Os judeus partiram em massa do Egito quando foi criada uma nova emenda, em 1956, retificando a Lei de Nacionalidade Egípcia de 1926. O Artigo 1 da lei de 22 de novembro de 1956 estipulava que os “sionistas” fossem proibidos de receber a cidadania egípcia. 4
O Artigo 18 da lei de 1956 reforçava ainda que “anacionalidade egípcia poderia ser retirada, por ordem do Ministério de Relações Interiores, em caso de pessoas classificadas como sionistas”.
Além disso, o termo "sionista”
nunca foi definido, deixando então que as autoridades egípcias
o interpretassem como bem entendessem.
As cláusulas nas leis de 1956 e 1958 permitiram que o governo retirasse a cidadania de qualquer judeu egípcio que estivesse ausente do território da RAU (República Árabe Unida) por mais de seis meses consecutivos. O que prova que estas cláusulas foram feitas para atingir exclusivamente os judeus é o fato de que as listas de pessoas desnaturalizadas, publicadas de tempos em tempos pelo Diário Oficial, continham apenas nomes judeus, apesar de muitos outros egípcios não-judeus terem se ausentado por mais de seis meses do território egípcio. 5
Discriminação econômica
e estrangulamento
(apenas alguns exemplos)
A lei nº 26 de 1952 obrigava todas as empresas a empregar percentagens pré-determinadas de “egípcios”. Um grande número de empregados judeus assalariados perdeu seus empregos, e não conseguiram outros, porque não pertenciam à categoria de judeus que possuía nacionalidade egípcia.
Entre 1 e 20 de novembro de 1956, registros oficiais revelam que, por uma série de ordens de confisco dadas pela Proclamação Militar nº 4, as propriedades de muitas centenas de judeus no Egito foi retirada de seus donos e entregue a administradores egípcios.
A Proclamação nº 4 foi posta em prática quase que exclusivamente em judeus; e ainda que um pequeno número de coptas e muçulmanos tenham sido também prisioneiros de guerra, seus pertences nunca foram tomados. 7
Das listas publicadas contendo 486 pessoas e empresas cujas propriedades foram retiradas pela Proclamação Militar nº 4, pelo menos 95% dos nomes eram judeus. Os nomes de pessoas e empresas afetadas por esta medida representa o volume econômico substancial representado pelos judeus no Egito, as maiores e mais importantes empresas e seu sustento principal, por meio de contribuições voluntárias, de instituições judaicas religiosas, educacionais, sociais e de bem-estar social no Egito. 8
Além do confisco de propriedade e outros tratamentos discriminatórios, a Diretiva nº 189 criada sob a autoridade da Proclamação Militar nº 4, autorizava que o Diretor Geral da Agência de Confisco deduzisse, dos pertences de pessoas presas na guerra, 10% do valor total das propriedades confiscadas, alegando ser este para cobrir custos administrativos. A partir disso, sem nenhuma preocupação em relação à legalidade do confisco de propriedades, os judeus do Egito passaram a pagar taxas pela maquinaria ou por confisco e retenção impróprios. 9
Os judeus que deixavam o Egito eram sujeitos a privações e inconveniências adicionais. Uma regra foi estabelecida autorizando judeus que deixassem o Egito a levar com eles cheques de viagem ou outros documentos de troca no valor máximo de 100 libras esterlinas por pessoa.
O Banco do Egito fornecia aos judeus que saíam do país instrumentos criados especificamente para contas egípcias na Inglaterra e França, quando as autoridades egípcias sabiam muito bem que tais contas eram bloqueadas em reciprocidade ao bloqueio egípcio de pertences ingleses e franceses, e que não eram livremente negociados fora do país. 10
IRAQUE
Cerimonial de memória para Menahem Salah Daniel, líder da comunidade judaica de Bagdá.
Histórico
O Iraque é a designação moderna para um país estabelecido com a antiga Babilônia, a Assíria e a parte sul da Turquia após a Primeira Guerra Mundial.
O Iraque é também o lugar da mais antiga diáspora judaica, a de história contínua mais longa, de 721 b.C. a 1949 a .C., uma faixa de tempo de 2670 anos.
Comerciantes judeus de Bagdá
No século III, a Babilônia tornou-se o centro do conhecimento judaico, como é confirmado pela contribuição mais influente do conhecimento judaico à comunidade, o Talmude babilônico.
Os judeus prosperaram no que era então a Babilônia por 1200 anos antes da Conquista Muçulmana em 634 d.C. Sob controle dos muçulmanos, a situação da comunidade judaica tornou-se instável.
Alguns judeus possuíam altos cargos de governo ou prosperavam com o comércio e as trocas. Ao mesmo tempo, outros judeus eram submetidos a taxas especiais e restrições em suas atividades profissionais. Sob o controle britânico, que começou em 1927, os judeus iam bem economicamente, mas todo este progresso cessou quando o Iraque conquistou sua independência em 1932.
Em junho de 1941, o golpe de Rashid Ali, de apoio aos nazistas e inspirado pelo Mufti, iniciou uma série de manifestações e perseguições em Bagdá. Multidões de iraquianos armados assassinaram 180 judeus e feriram outros mil.
Insurreições adicionais de manifestações anti-judaicas
ocorreram entre 1946 e 1949.
Após o estabelecimento de Israel em 1948,
o sionismo tornou-se um crime capital.
Judia iraquiana foge com seu filho
Em 1950, foi permitido que os judeus iraquianos deixassem o país em um ano caso desistissem de suas cidadanias. Um ano mais tarde, no entanto, as propriedades dos judeus que emigraram foram congeladas e restrições econômicas foram dadas aos judeus que permaneceram no país.
De 1949 a 1951, 104 mil judeus foram expulsos do Iraque na Operação Ezra e Nehemiah, outros 20 mil foram retirados clandestinamente pelo Irã. Assim, uma comunidade que chegou a 150 mil pessoas em 1947 rapidamente se reduziu a seis mil depois de 1951.
Em 1952, o governo do Iraque barrou os judeus de imigrarem. Com a ascensão de facções rivais Ba’ath em 1963, restrições adicionais foram impostas aos judeus iraquianos remanescentes. A venda de propriedades foi proibida e todos os judeus foram forçados a carregar cartões de identidade amarelos.
As perseguições continuaram, especialmente após a Guerra dos Seis Dias em 1967, quando muitos dos três mil judeus restantes foram presos e demitidos de seus empregos. Por volta desta época, medidas mais repressoras foram tomadas: as propriedades dos judeus foram tomadas; as contas bancárias, congeladas; os judeus foram despedidos de cargos públicos; lojas foram fechadas; licenças comerciais foram canceladas; telefones foram desligados. Os judeus foram colocados em prisão domiciliar por longos períodos de tempo, ou ficavam restritos a suas próprias cidades.
As perseguições chegaram ao seu limite máximo no final de 1968. Grupos de judeus eram presos sob alegação de descobertas de “grupos de espiões” compostos por empresários judeus. Quatorze homens – sendo onze deles judeus – foram sentenciados à morte em julgamentos encenados e, em 27 de Janeiro de 1969, foram enforcados em praças públicas de Bagdá; outros morreram sob tortura (Judith Miller e LaurieMylroie, “Saddam Hussein and the Crisis in the Gulf”, p. 34).
Em resposta à pressões internacionais, o governo de Bagdá silenciosamente permitiu que a maior parte dos judeus que restavam emigrassem no início da década de 1970, mesmo enquanto outras restrições eram mantidas.
Em 1973, a maior parte dos judeus iraquianos restantes estavam velhos demais para saírem do país e foram pressionados pelo governo a entregar títulos, sem compensações, de propriedades judaicas no valor de mais de 200 milhões (New York Times, 18 de fevereiro de 1973).
Hoje, aproximadamente 61 judeus permanecem ainda em Bagdá. O que fora um dia uma comunidade crescente de judeus no Iraque encontra-se hoje extinta (Associated Press, 28 de março de 1998).
Decretos discriminatórios
e violações dos direitos humanos (apenas alguns exemplos)
A primeira fração de legislação posta em prática que violou os direitos dos judeus foi a emenda 12 de 1948 para o suplemento 13 de 1938 ao Código Penal de Bagdá. O Código Penal de Bagdá reforçava a cláusula relacionada ao comunismo, anarquia e imoralidade da seção 89 A(1).
A seção geralmente proíbe a publicação de qualquer coisa que incite a difusão do ódio, abusos de governo ou a integridade da população. Esta emenda, criada em 1948, adicionou o termo “sionismo” ao comunismo, anarquismo e imoralidade, cuja propagação constituía uma ofensa com pena de sete anos de prisão e/ou uma multa.
Em um artigo do jornal New York Times
em 16 de maio de 1948, foi registrado que
“No Iraque, não é permitido
que nenhum judeu deixe o país a não ser que deixe £5,000
(cerca de 10 mil dólares) com o governo para garantir o seu retorno.
Nenhum judeu estrangeiro pode entrar no Iraque, nem mesmo de passagem”.
A lei nº 1 de 1950, intitulada “Suplemento ao decreto cancelando a nacionalidade iraquiana”, privava de fato os judeus da nacionalidade iraquiana. A seção 1 estipulava que “o Conselho de Ministros pode cancelar a nacionalidade iraquiana dos judeus iraquianos que desejem por vontade própria deixar o Iraque...”. 14
A lei nº 5 de 1951, intitulada “Lei de supervisão e administração de propriedades de judeus que negligenciaram a nacionalidade iraquiana”, também os privava de suas propriedades. A seção 2(a) “congelou” as propriedades dos judeus. 15
Houve uma série de leis que subseqüentemente expandiram o confisco de pertences e propriedades de judeus que “negligenciaram a nacionalidade iraquiana”. Entre elas está a lei nº 12 de 1951 16 e a lei anexa nº 64 de 1967 (em relação à posse de ações em empresas comerciais), além da lei nº 10 de 1968 (em relação a restrições bancárias).
LÍBIA
Bairro dos judeus em Trípoli
Histórico
A comunidade judaica da Líbia
remete suas origens ao século 3 a .C.
Na época da ocupação italiana na Líbia em 1911, havia apenas 21 mil judeus no país, a maior parte em Tripoli.
No final da década de 1930, leis anti-judaicas foram gradualmente reforçadas, e os judeus foram sujeitos a repressões terríveis. Ainda assim, em 1941, os judeus respondiam por um quarto da população de Trípoli e mantinham 44 sinagogas.
Em 1942, os alemães ocuparam o quarto judeu e tornou tudo muito difícil para os judeus na Líbia, ainda que as condições não melhorassem após a liberação. Durante a ocupação britânica, o crescimento do nacionalismo árabe e do fervor anti-judaico foram as principais razões por trás de uma série de perseguições, a pior das quais, em novembro de 1945, resultou no massacre de 140 judeus em Tripoli e regiões próximas, e na destruição de cinco sinagogas (Howard Sachar, A History of Israel).
O estabelecimento do Estado de Israel levou muitos judeus a deixarem o país. Em junho de 1948, em protesto à descoberta do Estado judeu, manifestantes assassinaram outros 12 judeus e destruíram cerca de 280 lares judeus. Ainda que a emigração fosse ilegal, mais de 3 mil judeus conseguiram fugir para Israel.
Quando os ingleses legalizaram a emigração em 1949, e nos anos que precederam a independência do Líbano em 1951, demonstrações hostis e manifestações contra os judeus causaram a partida de cerca de 30 mil judeus para o norte do país, e após a Líbia ter conquistado a independência e tornar-se membro da Liga Árabe em 1951 (NormanStillman, The Jews of Arab Lands in Modern Times).
família judia da Líbia
Decretos discriminatórios
e violações dos direitos humanos
(apenas alguns exemplos)
* O Artigo 1 da Lei nº. 62 de março de 1957, decretava, entre outras coisas, que pessoas ou empresas foram proibidas de entrar direta ou indiretamente em contratos de qualquer natureza com organizações ou pessoas domiciliadas em Israel, com cidadãos israelenses ou seus representantes. A provisão desse artigo também permitiu que o Conselho de Ministros registrasse residentes na Líbia que fossem parentes de pessoas residentes em Israel. 17
·* A Lei de 31 de dezembro de 1958 foi um decreto emitido pelo Presidente do Conselho Executivo deTripolitania, que ordenava a dissolução do Conselho da Comunidade Judaica e a designação de um comissário Muçulmano nomeado pelo Governo. 18
* Em 24 de maio de 1961, uma lei foi promulgada decretando que apenas cidadãos líbios poderiam possuir ou transferir propriedade real. Uma prova conclusiva da posse de cidadãos líbios era requerida para ser evidenciada por uma licença especial, confiantemente relatado de ter sido emitida para apenas seis Judeus em sua totalidade. 19
Estudantes de escola judaica de Trípoli - |
* O Decreto Real de 8 de agosto de 1962 decretou, entre outras coisas, que um líbio perdia sua nacionalidade se tivesse tido qualquer contato com Sionismo. A perda da nacionalidade Líbia, de acordo com essa provisão, se estendia para qualquer pessoa que tivesse visitado Israel depois da proclamação da independência líbia, e qualquer pessoa julgada por ter agido moral ou materialmente em favor dos interesses israelenses. O efeito retroativo dessa provisão permitiu que as autoridades privassem Judeus da nacionalidade Líbia à vontade. 20
* Com a primeira lei nº 14, de 7 de fevereiro de 1970, o Governo líbio estabeleceu que todas as propriedades pertencentes a "Israelitas" que deixaram o território líbio "para se estabelecer definitivamente no exterior" teriam que passar pela Custódia Geral. Apesar do preciso fraseio da lei ("Israelitas que deixaram o território líbio para se estabelecer definitivamente no exterior"), o Governo líbio começou a tomar posse de propriedades pertencentes a "judeus" sem se preocupar com o fato de que esses Judeus não poderiam ser considerados "israelitas" e não tinham "se estabelecido definitivamente no exterior". 21
* O governo decretou a lei de 21 de julho de 1970, que afirmava que queria "a restituição de certos recursos para o Estado". A "lei relativa à definição de certos recursos para o Estado" afirmou que a Custódia Geral administraria o valor líquido das propriedades de Judeus, bem como suas empresas e ações pertencentes a judeus. 22
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Família celebrando o Seder de Pessach - Oran, 1930.
Histórico
O assentamento judeu na Argélia dos dias de hoje pode ser traçado muito distante no passado. No século XIV, com a deterioração das condições na Espanha, muitos judeus espanhóis mudaram-se para a Argélia. Após a ocupação francesa do país em 1830, os judeus gradualmente receberam a cidadania francesa.
Decretos discriminatórios
e violações dos direitos humanos
(apenas alguns exemplos)
Em 1934, os muçulmanos, incitados por eventos ocorridos na Alemanha nazista, se agitaram em Constantina matando 25 judeus e ferindo muitos outros.
Antes de 1962, havia 60 comunidades judaicas, cada uma mantendo seus próprios rabinos, sinagogas e instituições educacionais. Após a independência da Argélia em 1962, o governo argelino atormentou a comunidade judaica e privou os judeus de seus direitos econômicos. Como resultado, quase 130 mil judeus argelinos imigraram para a França e, desde 1948, 25.681 judeus argelinos imigraram para Israel.
A independência da Argélia com a França foi o evento-chave na expulsão da comunidade judaica. Como resultado do desejo da Argélia e dos argelinos de juntarem-se à onda de nacionalismo e pan-arabismo que varria o Norte da África, os judeus não mais se sentiam bem-vindos após a partida francesa. O Código de Nacionalidade Argelino de 1963 deixou isso bem claro, dando a cidadania argelina como direito apenas àqueles cujos pais e avôs paternos possuíssem algum status pessoal muçulmano na Argélia. 24
Em outras palavras, ainda que a Frente Libertadora Nacional na Argélia fosse conhecida por seu slogan “Um Estado secular democrático”, ela seguia critérios religiosos rígidos ao dar a cidadania, por isso fortificando sentimentos anti-judeus e anti-Israel no país.
Professores e Rabinos da Escola Etz Haim - Oran, 1927
TUNÍSIA
Histórico
As primeiras evidências documentadas de judeus
vivendo onde é hoje a Tunísia vêm de antes do ano 200.
Após a conquista árabe da Tunísia no século 7, os judeus viviam em condições satisfatórias apesar de algumas medidas discriminatórias como algumas taxas.
Em 1948, a comunidade de judeus tunísios chegava a 105 mil pessoas, com 65 mil vivendo somente em Tunis.
Decretos discriminatórios
e violações dos direitos humanos
(apenas alguns exemplos)
Depois que a Tunísia conquistou sua independência em 1956, uma série de decretos anti-judaicos do governo foram promulgados. Em 1958, o Conselho da comunidade judaica na Tunísia foi abolido pelo governo, e sinagogas, cemitérios e quartos judeus antigos foram destruídos sob alegação de “renovação urbana”.
Em condições similares a dos judeus na Argélia, a ascensão do nacionalismo tunísio levou a legislações anti-judaicas e, em 1961, fez com que um grande número de judeus deixasse o país. A situação de instabilidade crescente fez com que mais de 40 mil judeus tunísios imigrassem para Israel. Em 1967, a população judaica no para 20 mil.
Durante a Guerra dos Seis Dias, os judeus foram atacados em agitações árabes, e várias sinagogas e lojas foram queimadas. O governo denunciou a violência e apelou à população judaica para que ficassem, mas, no entanto, não os proibiu de deixar o país. Logo depois, sete mil judeus emigraram para a França.
Mesmo em 1982 houve ataques a judeus
em cidades como Zarzis e Ben Guardane.
Hoje, cerca de 2 mil judeus permanecem na Tunísia.
SÍRIA
Histórico
Os judeus vivem na Síria desde os tempos bíblicos, e a história da comunidade é mesclada à história dos judeus na terra de Israel. A população judaica aumentou significativamente após a expulsão dos judeus da Espanha em 1942. Através das gerações, as principais comunidades judaicas foram encontradas em Damascus e Alepo.
Em 1943, a comunidade judaica na Síria tinha 30 mil membros. Esta população era em sua maioria distribuída entre Alepo, onde viviam 17 mil judeus, e Damasco, onde viviam 11 mil.
Decretos discriminatórios
e violações dos direitos humanos
(apenas alguns exemplos)
Em 1945, em uma tentativa de impedir esforços para estabelecer uma terra natal judaica, o governo restringiu a emigração para Israel, e propriedades judaicas foram queimadas e saqueadas. Perseguições anti-judaicas começaram a acontecer em Alepo em 1947, fazendo com que 7 dos 10 mil judeus que ali viviam fugirem por medo. O governo então congelou as contas bancárias judaicas e confiscou suas propriedades.
Logo após a descoberta de Israel, como registrado no jornal New York Times em 16 de maio de 1948:
“Uma política de discriminação econômica na Síria
está sendo posta em prática contra os judeus.
‘Virtualmente, todos’ os cidadãos judeus civis empregados
pelo governo sírio foram demitidos.
A liberdade de movimentos foi‘praticamente abolida’.
Postos especiais de fronteira foram estabelecidos
para controlar o movimento dos judeus.”
Em 1949, os bancos foram instruídos a congelar as contas dos judeus e confiscar todos os seus pertences. Ao longo dos anos que se seguiram, o padrão contínuo de estrangulamento político e econômico fez com que um total de 15 mil judeus deixassem a Síria, 10 mil dos quais emigraram para os EUA e outros 5 mil para Israel.
IÊMEN e ÁDEN
Família iemenita estudando hebraico
Histórico
Os judeus do Iêmen têm várias lendas
relacionadas com a sua chegada ao país,
sendo a mais conhecida aquela que diz que eles chegaram
antes da destruição do Primeiro Templo ( 587 a.C).
A primeira evidência histórica da presença de judeus no Iêmen data do século III.
Os judeus começaram a deixar o Iêmen por volta de 1880, quando aproximadamente 2.500 rumaram para Jerusalém eJafa. Mas foi após a Primeira Guerra Mundial, quando o Iêmen se tornou independente, que o sentimento anti-Judeu no país tornou a imigração uma necessidade. Leis anti-semitas, que tinham ficado esquecidas por anos foram trazidas à tona (por exemplo, os judeus não podiam mais andar nas calçadas ou andar a cavalo). Em um tribunal, as evidências de um judeu não eram aceitas diante das evidências de um muçulmano.
Decretos discriminatórios e violações dos direitos humanos (apenas alguns exemplos)
Em 1922, o governo do Iêmen re-introduziu uma antiga lei Islâmica que exigia que órfãos judeus menores do que 12 anos fossem convertidos ao Islamismo. Quando um Judeu decidia emigrar, ele deveria deixar todas as suas posses. Apesar disso, entre 1923 e 1945, um total de 17 mil Judeus Iemenitas deixaram o país e foram para a Palestina.
Após a Segunda Guerra Mundial, milhares de outros judeus iemenitas queriam migrar para a Palestina, mas o Livro Branco dos britânicos ainda estava em vigor e aqueles que deixassem o Iêmen acabariam em morros abarrotados de gente em Áden, onde revoltas graves aconteceram em 1947 depois que as Nações Unidas decidiram pela partição. Muitos Judeus foram mortos e o bairro Judeu foi completamente incendiado.
Apenas em Setembro de 1948 que as autoridades britânicas em Áden permitiram que os refugiados fossem para Israel.
Em 1947, após a decisão pela partição, revoltosos Muçulmanos deram início a uma sangrenta perseguição em Áden que matou 82 Judeus e destruiu centenas de casas Judias. A comunidade Judaica em Áden, que contava com 8 mil Judeus em 1948, foi forçada a fugir. Até 1959 mais de 3 mil já haviam chegado em Israel. Muitos fugiram para os Estados Unidos e Inglaterra. Atualmente não há Judeus remanescentes em Áden.
Na mesma época da fundação de Israel, a comunidade Judaica no Iêmen estava economicamente paralisada, já que a maioria das lojas e negócios judaicos foi destruída. Essa situação cada vez mais perigosa levou a emigração de toda a comunidade Judaica Iemenita – quase 50 mil Judeus – entre Junho de 1949 e Setembro de 1950, na chamada operação "tapete mágico".
Uma emigração em menor escala foi permitida até 1962,
quando uma Guerra civil trouxe um final abrupto ao êxodo Judaico.
Esse é mais um exemplo do deslocamento de toda uma comunidade Judaica de suas raízes ancestrais em países árabes. É estimado que aproximadamente mil Judeus vivam atualmente no Iêmen. Eles são mantidos como reféns, em péssimas condições e não lhes é permitido deixar o país.
Judeus do Iêmen fogem do país
MARROCOS
Menino celebrando seu Bar Mitzva àcaminho da sinagoga com seus
familiares e amigos, Fez, 1940.
Histórico
Os judeus apareceram pela primeira vez em Marrocos há mais de dois milênios, viajando em parceria com negociantes fenícios. A primeira colonização dos judeus ocorreu em 568 a .C. quando Nabucodonosordestruiu Jerusalém.
Decretos discriminatórios e violações dos direitos humanos
(apenas alguns exemplos)
Por volta de 1948, essa antiga comunidade judaica, a maior na África do Norte, contava 265 mil. Em junho de 1948, após a constituição do Estado de Israel, manifestações sanguinárias em Oujda e Djerada mataram 44 judeus e deixaram outros feridos.Naquele mesmo ano, um boicote econômico não oficial foi incitado contra os judeus marroquinos.
A imigração para Israel iniciou com a iniciativa de pequenos grupos que chegaram na época da Independência de Israel. Entretanto, a maior imigração, que trouxe mais de 250 mil judeus marroquinos para Israel, foi induzida por medidas anti-judaicas executadas em resposta a constituição do Estado de Israel. Em 4 de junho de 1949, manifestações apareceram ao norte de Marrocos matando e ferindo dezenas de judeus.Logo após, os judeus começaram a deixar Marrocos.
Mulheres judias em festa com músicos
Fez, Maroccos, 1950
Durante os dois anos entre 1955 e 1957, mais de 70 mil judeus marroquinos chegaram em Israel. Em 1956, Marrocos declarou sua independência, e a imigração de judeus para Israel foi suspensa. Em 1959, atividades sionistas tornaram-se ilegais em Marrocos Durante esses anos, mais de 30 mil judeus fugiram para a França e para as Américas. Em 1963, a proibição na emigração para Israel foi revogada trazendo mais 100 mil para acosta.
Hoje, a comunidade judaica de Marrocos diminuiu em menos de 10% do seu tamanho original. Dos 17 mil judeus que restam, 2/3 vivem em Casablanca.
LÍBANO
Histórico
Os judeus vivem no Líbano desde os tempos antigos. O Rei Herodes, O Grande, no século I, manteve a comunidade judaica em Beirute.
Durante a primeira metade do século XX, a comunidade judaica desenvolveu-se amplamente devido à imigração da Grécia, Turquia e depois da Síria e do Iraque.
Decretos discriminatórios
e violações dos direitos humanos
(apenas alguns exemplos)
Houve momentos de manifestação e incitamento durante a constituição do estado de Israel como foi comunicado no New York Times em 16 de maio de 1948:
“No Líbano,
judeus têm sido forçados a contribuir financeiramente
para a luta contra a resolução da partição das Nações Unidas na Palestina. Atos de violência contra judeus são revelados abertamente pela imprensa, que acusam judeus de ‘envenenarem poços’ etc.”
Em meados dos anos 1950, aproximadamente sete mil judeus viviam em Beirute. Comparada aos países islâmicos, as regras árabe-cristãs que caracterizam a estrutura política do país conduziam uma política de relativa tolerância em relação à população judaica. Todavia, por estarem tão próximos do “estado inimigo” Israel, os judeus libaneses se sentiram inseguros e decidiram emigrar em 1967, fugindo para a França, Israel, Itália, Inglaterra e América do Sul.
Em 1974, 1.800 judeus permaneciam no Líbano, a maioria concentrada em Beirute. A guerra civil muçulmano-cristã destruiu o quarto judeu em danificando muitos lares, negócios e sinagogas judaicas.
A maior parte dos judeus libaneses restantes emigrou em 1976, temendo que a presença da Síria no Líbano impedisse sua liberdade de emigrar. Hoje, um número estimado de 150 judeus permanecem no Líbano.
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Os Crimes Sionistas de Ariel Sharon
Alguns otimistas incorrigíveis já sugeriram que somente um extremista de direita com a notoriedade do líder “Likud” Ariel Sharon terá as credenciais para mediar qualquer tipo de acordo ainda possível com os Palestinos. Não faltam exemplos como este na história. Mas Sharon?
A história de Sharon nos oferece um arquivo monocromático de corrupção moral, com documentos provando crimes de guerra no início dos anos 50.
Ele nasceu em 1928 e como um jovem se integrou a Haganah, uma organização militar secreta de Israel no seu tempo de pré-Estado. Em 1953 lhe foi outorgado o comando da Unidade 101, cuja missão é freqüentemente descrita como uma retaliação contra ataques árabes em vilas judaicas. De fato, como pode ser visto através de dois terríveis ataques, um deles muito bem conhecido, a proposta da unidade 101 era instalar o terror causando discriminação e violência não somente sobre aqueles que estavam incorporados às batalhas, mas também nos jovens, velhos e inválidos.
A primeira ação militar de Sharon foi em agosto de 1953 no Campo de Refugiados de El-Bureig, ao sul de Gaza. Um arquivo israelense da Unidade 101 registra que 50 refugiados foram assassinados, outras fontes alegam ter sido 15 ou 20. O Major-General Vagn Bennike, comandante das Nações Unidas, relatou que “bombas foram lançadas” pelos homens de Sharon
“através de janelas das cabanas
nas quais os refugiados estavam dormindo e,
assim que estes voavam, eram atacados
por armas de pequeno porte e automáticas”.
Em outubro de 1953 ocorreu o ataque da Unidade 101, comandada por Sharon, a vila jordaniana de Qibya, cuja “mancha” segundo o Ministro de Relações Exteriores de Israel à época confidenciou ao seu diário “estará grudada em nós e impossível de ser lavada por muitos anos”. Ele estava errado. Posto que vários comentários ainda mais fortemente pró-israelenses no ocidente o compararam com Lidici. Qibya e o papel de Sharon são dificilmente evocados no ocidente hoje, a não ser por jornalistas como Deborah Sontag do New York Times que escreveu recentemente uma nota “chapa branca”, descrevendo-o como “corajoso”, ou o representante do Washington Post em Jerusalém, que ternamente o invocou após sua fatal excursão aos locais sagrados em Jerusalém como o “grandioso guerreiro”.
O historiador israelense Avi Shlaim descreve assim o massacre:
“A ordem de Sharon era para penetrar Qibya, explodir casas e causar grandes danos aos habitantes. O sucesso obtido pro suas ordens superou todas as expectativas. A completa e macabra história do que aconteceu em Qibya foi revelada somente durante a manhã posterior ao ataque. A vila foi reduzida a ruínas: quarenta e cinco casas foram explodidas e sessenta e nove civis, dois terços mulheres e crianças, foram mortos. Sharon e seus homens afirmaram que acreditavam que todos os habitantes haviam fugido e de que não imaginavam que havia pessoas se escondendo dentro das casas”.
O observador da ONU que também estava presente teve uma conclusão diferente:
“Uma história tem se repetido de tempos em tempos:
as balas atravessaram as portas, os corpos se esparramaram sobre a soleira, indicando que os habitantes foram forçados pelo fogo pesado
a ficar dentro de suas casas até que fossem explodidas sobre eles.”
O massacre de Qibya foi descrito contemporaneamente em uma carta ao presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, datada de 16 de outubro de 1953 (S/3113) enviada pelo Enviado Especial e Ministro Plenipotenciário da Jordânia aos Estados Unidos.
Em 14 de outubro de 1952, às 09:30h da noite, ele escreveu, as tropas israelenses alcançaram um contingente de batalha e chegaram à vila de Qibya no Reinado de Hashemite da Jordânia (naquele tempo West Bank estava anexada à Jordânia).
De acordo com o diplomata, as forças israelenses entraram na vila e mataram sistematicamente dos os ocupantes das casas, usando armas automáticas, granadas e bombas. Em 14 de outubro, os corpos de 42 civis árabes foram descobertos, vários outros corpos ainda estavam sob os escombros. Quarenta casas, a escola da vila e um reservatório foram destruídos.
Quantidades de explosivos não utilizados, condizendo com as conhecidas condições de armamento de Israel em Hebrew, foram encontradas na vila. Por volta das 03:00h da manhã, para encobertar suas ações, tropas israelenses de suporte começaram a interceptar as vilas de Budrus e Shuqba.
E o que dizer sobre a conduta de Sharon quando esteve na direção do Comando do Sul das Forças de Defesa de Israel no inicio dos anos de 1970? A “passagem” de Gaza foi vivamente descrita por Phil Reeves em um artigo no The London Independent em 21 de janeiro deste ano.
“Trinta anos se passaram desde que Ariel Sharon, o favorito a ganhar as eleições em Israel, foi o líder do Comando do Sul das Forças de Defesa de Israel, encarregado da tarefa de “pacificar” a recalcitrante Faixa de Gaza após a guerra de 1967. Mas o velho homem ainda recorda bem. Especialmente o velho homem na Rua Wreckage.
Até o final dos anos de 1970, a rua Wreckage ou Had´d ainda não era uma rua, apenas uma passagem sem nome atravessando o Campo de Praia da Cidade de Gaza, uma pequena cidade polvilhada com poucas e pequenas casas construídas pela ONU para os refugiados da guerra de 1948 que naquele tempo, como agora, aguardavam que a comunidade internacional resolvesse seu futuro. A rua este nome mais tarde, após uma nada usual e prolongada visita dos soldados do Sr. Sharon.
Suas ordens eram para tratorar centenas de casas para pavimentar uma ampla e portentosa rua. Isto permitiria às tropas israelenses e seus veículos altamente armados a se mover facilmente por sobre o campo, para exercer controle e caçar homens do Exercito de Libertação da Palestina”.
“Eles vieram pela noite e começaram marcando as casas que queriam demolir com tinta vermelha, disse Ibrahim Ghanim, 70, um trabalhador aposentado: “Pela manhã eles voltaram e ordenaram que todos saíssem. Eu me lembro de todos dos soldados gritando para as pessoas, Yalla, yalla, yalla, yalla! Eles atiravam os pertences das pessoas na rua. Então Sharon trouxe tratores e começaram a pavimentar a rua.
Eles fizeram todo o trabalho praticamente em um dia.
E os soldados batiam nas pessoas, você pode imaginar?
Soldados com armas batendo em pequenas crianças!
Assim que o trabalho do exercito israelense terminou, centenas de casas estavam destruídas, não somente na Rua Wreckage, mas por todo o campo, com cancelas de “segurança” instaladas por Sharon nas suas vias de segurança. Muitos refugiados se abrigaram em escolas ou se apertaram nas já lotadas casas de parentes. Outras famílias, geralmente aquelas com um ativista político palestino, foram colocadas em caminhões e levadas ao exílio em uma cidade no coração do Deserto de Sinai, controlada por Israel”.
Assim como Reeves relatou, a devastação do Campo da Praia está longe de ser uma exceção. “Em agosto de 1971 sozinhas, tropas sob o comando do Sr. Sharon destruíram cerca de 2000 casas na Faixa de Gaza desalojando 16.000 pessoas pela segunda vez em suas vidas.
Centenas de jovens palestinos foram presos e deportados para a Jordânia e o Líbano. Seiscentos parentes de guerrilheiros suspeitos foram exilados no Sinai. Na segunda metade de 1971, 104 guerrilheiros foram assassinados.
“A polícia naquele tempo não prendia os suspeitos, mas os assassinava”,
disse Raji Sourani, diretor do Centro Palestino de Direitos Humanos na Cidade de Gaza”.
A complacência de Israel os levou à sua primeira derrota com os egípcios em 1973, em parte nutrida pela suposta fortaleza impenetrável da “Linha Bar Lev” construída por Sharon na margem leste do canal de Suez. Os egípcios ultrapassaram a linha sem muita dificuldade.
Em 1981, Sharon, então Ministro da Defesa, pagou uma visita ao bom amigo de Israel, Presidente Mobutu do Zaire. Almoçando no yate de Mobutu os Israelenses foram questionados por seus hospedes se poderiam utilizar seus escritórios para solicitar ao Congresso dos EUA mais apoio. O que os israelenses conseguiram realizar. Como moeda de troca Mobutu restabeleceu relações diplomáticas com Israel. Este não era o único contato de Sharon na África. Entre amigos ele relacionou velhas memórias de viagens a Angola, observando e aconselhando as forças sul africanas que então estavam lutando em apoio ao assassino acobertado pela CIA Jonas Savimbi.
Como ministro da defesa do segundo governo de Menachem Begin, Sharon foi o comandante que liderou plenamente o assalto ao Libando de 1982, com a ordem expressa de destruir a OLP, levando tantos palestinos quanto fosse possível para a Jordânia e fazendo do Líbano um estado “cliente” de Israel.
Este foi um plano de guerra que custou um sofrimento incontável, cerca de 20.000 vidas Palestinas e Libanesas, e também a morte de aproximadamente 1000 soldados israelenses.
Os israelenses bombardearam populações civis por vontade.
Sharon também comandou os terríveis massacres
dos campos de refugiados de Sabra e Shatilla.
O governo do Líbano contou 762 corpos descobertos e mais tarde 1200 enterrados privadamente pelos parentes. De todo modo, o Oriente Médio poderia ter experimentado coisas piores, evitado graças a Menachem Begin. Justamente quando a guerra de 1982 estava pegando seu caminho, Sharon abordou Begin, então Primeiro Ministro, e sugeriu que Begin cedesse o controle das armas nucleares de Israel para ele. Begin teve suficiente bom senso para não aceitar.
O massacre dos dois campos contíguos de Sabra e Shatilla ocorreu das 6:00 da tarde de 16 de setembro de 1982 até às 08:00 da manhã de 18 de setembro de 1982, em uma área sob o controle das Forças de Defesa de Israel. Os assassinos eram membros da Milícia Phalange, a força Libanesa que foi armada e intimamente aliada a Israel desde o primeiro ataque da guerra civil Libanesa em 1975. As vitimas do ataque de 62 horas, incluiram bebês, crianças, mulheres (inclusive grávidas) e idosos, alguns dos quais foram mutilados e decapitados antes ou depois de serem mortos.
Uma comissão oficial israelense de inquérito – liderada por Yitzhak Kahan, presidente da Suprema Corte de Israel – investigou o massacre e em fevereiro de 1983 publicou suas conclusões (sem o Apêndice B, que permanece secreto até hoje).
Mesmo sob apelos desesperados de cobertura das evidencias do que realmente tinha sido feito pelos militares israelenses, a Comissão Kahan foi compelida da julgar que Ariel Sharon, entre outros israelenses, teve responsabilidade pelo massacre. O relatório da comissão afirma:
“Esta é nossa visão de que a responsabilidade deve ser imputada ao Ministro da Defesa por ter permitido (“de forma plenamente consciente” teria sido uma escolha melhor de palavras) o perigo dos atos de vingança e derramamento de sangue pelos Phalangistas contra a população dos campos de refugiados, e por ter falhado (“avidamente levado em consideração”) ao não levar isso em consideração quando decidiu permitir a entrada dos Phalangistas nos campos. Somando-se a isso, responsabilidade deve ser imputada ao Ministro da Defesa por não ordenar medidas apropriadas de prevenção para redução do perigo do massacre côo uma condição para os Phalangistas entrarem nos campos. Esses erros constituem o não cumprimento dos deveres dos quais o Ministro da Defesa estava incumbido”.
(Para aqueles que querem refrescar sua memória sobre a Operação de Paz da Galileia, dos massacres e da cobertura Kahan nós recomendamos o livro de Noam Chomsky “The Fateful Triangle” – “O Triangulo Fatal”).
Sharon relutou em aceitar. Finalmente, em 14 de fevereiro de 1983, ele foi liberado de suas obrigações como ministro da defesa, permanecendo assim no gabinete como ministro sem pasta.
A carreira de Sharon estava em eclipse, mas ele continuou usando suas credenciais como um ultra-Likud. Sharon sempre foi contra qualquer acordo de paz, a menos em termos inteiramente impossíveis de aceitação pelos Palestinos. Assim como Nehemia Strasler assinalou em Ha’aretz em 18 de janeiro deste ano, em 1979, como membro do gabinete de Begin, ele votou contra o tratado de paz com o Egito. Em 1985 ele votou contra a retirada das tropas de Israel da, assim chamada, zona de segurança no Sul do Líbano.
Em 1991 ele se opôs à participação de Israel na Conferencia de Paz de Madri. Em 1993 ele votou “não” em Knesset no Acordo de Oslo. No ano seguinte ele se absteve no Knesset em uma votação sobre o tratado de paz com a Jordânia. Ele votou contra o acordo de Hebron em 1997 e se opôs ao meio pelo qual a retirada do sul do Líbano estava sendo conduzida.
Como Ministro da Agricultura de Begin no final dos anos de 1970 ele estabeleceu muitos dos acordos de Cisjordânia que são hoje a maior obstrução para qualquer negociação de paz. Sua posição atual? Nem um metro quadrado de terra de distância dos Palestinos de Cisjordânia. Ele irá concordar com um Estado Palestino as áreas existentes sob controle total ou parcial dos Palestinos, chegando a não mais que 42% de Cisjordânia.
Israel irá manter o controle das supervias sobre Cisjordânia e as fontes de água. Todos os assentamentos permanecerão no local com acesso das Forças de Defesa de Israel. Jerusalém irá permanecer sob o governo de Israel e ele planeja continuar construindo em volta da cidade. As colinas de Golan irão permanecer sob o controle de Israel.
Pode ser argumentado fortemente que Sharon representa o fim, a longo prazo, da política de todos os governos Israelenses, sem nenhum obscurantismo ou verborragia. Por exemplo: Bem-Gurion aprovou as missões de terror da Unidade 101. Todo governo israelense condenou os assentamentos e construções em volta de Jerusalém.
Foi Ehud Barak do Labor que acenou positivamente à empreitada militar de Sharon na sua provocativa investida que desencadeou a segunda Intifada e Barak que fez vista grossa à legal repressão militar dos meses recentes. Mas isto não diminui a sinistra sombra de Sharon por sobre metade do século passado. Tal sombra é melhor evocada pelos Palestinos e Libaneses chorando seus mortos, os aleijados, os desabrigados ou pela jovem israelense, Ilil Komey, 16, que confrontou Sharon recentemente quando este visitou sua escola agrícola em Beersheva:
“Eu acredito que você enviou meu pai ao Líbano”, Ilil disse, “Ariel Sharon, eu o acuso de me fazer sofrer por 16 anos. Eu o acuso de uma série de coisas que fizeram um monte de gente sofrer neste país. Eu não penso que você possa agora ser eleito como Primeiro Ministro.”
Ilil estava errada. Ele está lá.
E o banho de sangue vai começar.
Fontes:
Licença padrão do YouTube
http://www.judeusdospaisesarabes.com.br/comunidades.htm
Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.
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