domingo, 1 de novembro de 2009

HISTORINHAS VERD-ADEIR-AS - CARNAVAL1981



               HISTORINHAS VERD-ADEIR-AS                      

  Filho,
Sei que é difícil de acreditar mas quando você tinha 10 anos,exatamente na terça-feira de carnaval de 1981 eu,euzinha,sua mãe,fui passar o carnaval na Missão Ramacrisna ,não me lembro se vocês também tinham ido comigo,só sei que fui à Missão para  fugir da barulheira da cidade e principalmente para cuidar dos meninos.       
        Lembro-me que no primeiro dia,sábado,passou um filme sobre um gatinho que caiu de uma nave espacial e ele trazia numa coleira, no pescoço, nada mais que o seu planeta inteirinho dentro de uma gota de cristal.

              O filme começou alegre e muito interessante e já no meio dele,alguns cientistas malvados começaram uma caça ao gatinho que trazia o tesouro de outra civilização.....e por causa das maldades repetitivas,comuns nesse tipo de  mentalidade perversa,preferi voltar para o quarto e dormir mais cedo,pois eu pretendia acordar bem cedinho,pra ir pra cozinha fazer o café das crianças     

          Chegando ao quarto , retirei da casa da minha blusa um raminho de hortência murcho que eu peguei de um grande vaso de barro que estava no templo durante a reunião que assisti antes de ir ver o filme do Gatinho - Não me lembro o nome do filme se você esta lá comigo,talvez se lembre. 

     Pois é, automáticamente,sem pensar, enchi um copo com água e ali coloquei meu prisma e o galhinho cinzento,em cima de um móvel grande e distante uns três metros da minha cama.   Apaguei a luz e pensei dormir rápido como sempre me acontece.  Engraçado é que pelejando pra dormir fiquei até lá pelas duas da manhã e já sentia dor no pescoço de tanto esticá-lo para olhar  o galhinho cinzento de tão murcho.  Foi quando tive a brilhante idéia de colocá-lo perto de mim , no tamborete junto a cama.

Aí, notei algo extraordinário: o raminho murcho se transformara num galinho todo florido,com flores azuis,  novinhas como se tivesse sido colhido naquela hora.Como eu tinha levado um caderno para anotações, emocionada escrevi um versinho registrando minha alegria por aquela transformação . Escrevi, dei  um beijinho nela e neste momento vi a florzinha envolta numa massa redonda de luz e  dentro da luz um enorme sorriso , telepaticamente dizendo: - "Obrigada ! "

Senti um baque e  me virando para a parede eu disse depressa:    
- Ah, agradece a água !!!
E foi com a cara pra parede que senti uma batidinha  no meu ombro direito.

           Automaticamente me virei  ,quando o galhinho de hortência azul bem forte e firme falou::
Mas foi você quem me botou na água .!..
Aí mesmo foi que vi que não dormiria  mais.

               Este foi o primeiro dia de mais  três .

          Resumindo, foram 04 noites e dias sem dormir .
Nunca em toda minha vida eu perdera uma só noite de sono,ao contrário,apago antes de um minuto,penso que durmo mais do que a maioria.         

Quando amanheceu e consegui exausta  sair da cama,ao passar perto do latão de lixo,vi  ali amontoadas todas as outras hortênsias que enfeitavam o templo. Confesso que tive um certo medo de cada galinho se escancarar pra mim e falar coisas....    Sai depressa  pra não correr o risco de me envolver em outra historinha fantástica  .

       E tentando dormir passei todo o carnaval, envergonhada por não trabalhar conforme planejara e foi neste clima que na terça-feira, com o rabo entre as pernas fui me desculpar com o Sr.Arlindo.(o dono do orfanato onde  desenvolvia ali o culto de Ramacrisna) e ele disse poucas coisas, mas afirmou bem devagarinho:        ela inda está dormindo..........

Com as palavras dele na cabeça,desci as escadas e lentamente me encaminhei para o antigo pomar, cheio de tocos das árvores frutíferas que ele mandara cortar, porque as crianças viviam fugindo pra roubar as frutas....

       Deitei numa grama rala e ali fiquei longo tempo olhando pro Sol do fim da tarde e me perguntando: por que?...por  quê?.. (por que não cumprira meu desejo de cuidar das crianças,conforme planejei?)

         .E foi aí que algo maravilhoso aconteceu: 

                De olhos fixos no Sol vi brotar do seu centro um foco  a  encorpar-se,crescer movente e se desenrolando em espiral em minha diração até mergulhar dentro dos meus olhos que viam e analisavam a beleza da composição da espiral ,toda ela formada de filetes do tamanho de um dedo indicador e os filetes eram compostos de mini quadradinhos ( ou pares de triângulos) semelhantes a  cristal... e os filetes transparentes  eram também mini  espirais.......Maravilhoso !!!

A IMENSA ESPIRAL (em diagonal,apontada para mim) ERA COMPOSTA DE MILHARES DE ESPIRAIZINHAS  verticalizadas.

O mais fantástico desta história ainda estava por acontecer:

Á medida que a grande espiral que brotara do Sol se aproximava ,toda a paisagem se comprimia  como que revelando ser a Terra inteira uma unica celulade mim eu ia diminuindo,diminuindo até que chegou o instante que de tão pequena eu ja nem mais me via, só sabia que existia porque sentia aquela incrível felicidade .

Não sentia mais este corpo pesado cheio de orgãos, células, moléculas..e concomitantemente na mesma proporção, minha tristeza e dúvida ia se transformando numa felicidade como eu nunca pensara que pudesse existir.

Nesta hora eu não estava feliz, EU ERA  A PROPRIA FELICIDADE..Eu me via  uma ENZIMA,que navegava, deslizava plena, incrivelmente integrada numa corrente coesa com outras enzimas plenas, extremamente eficiente em penetrar,delisando ao  ritmo da harmonia  nos labirintos....de uma MITOCÔNDRIA.

         Eu era naquela hora uma ENZIMA,COMPLETA,EFICIENTE ou mesmo um fragmento de enzima a   deslizar feliz, absurdamente feliz !!!       

             Esta historinha não imaginei e pelo que há de mais sagrado,sinto ter sido  premiada - a PRESENÇA REAL DA ORIGEM DA VIDA (se é que a vida começa com uma enzima já  formada,pronta e atuante)    

             Mas há nesta experiência algo inacreditável a qualquer mente científica sensata e que eu me arrisco a dizer,pela nitidez  e clareza como tudo se deu, arrisco a dizer, que os filetes transparentes como cristal em quadradinhos empilhados e do tamanho de um dedo indicador ,era nada mais nada menos que a imagem trilhões de trilhões de vezes ampliadas das super cordas, hoje objeto de estudo dos mais sérios e geniais cientistas............

Tenho outra história de 'ampliação de molécula(?) da cor, mas esta eu lhe conto outro dia e me aconteceu exatamente na noite de 01/09/1998 .
 É também extraordinária,absurdamente Real.    

            Então..."nosso Compasso" quero fazê-lo reproduzindo as espiral que brotou do núcleo do Sol qual um  presente,quem sabe para ser usado e revelado justamente no GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO ???!!!

                     
E O  QUE VOCÊ JÁ  SABE SOBRE AS SUPER CORDAS ? ?
  
  
A História do Pé de Café

Terminado o carnaval (de 1981),volto para meu apto e ali recomeço na lida.
Talvez porque ainda estava sob  'efeito' das quatro noites sem dormir, com a sensibilidade à flor da pele,diante da gritaria dos meus dois filhos,de 12 e 10 anos,fui para o Parque Municipal,próximo de onde morava,pra encontrar algum silêncio.

Sentei-me no chão,numa quina de um retângulo cimentado,onde havia um carro-de-boi, tendo em cada ângulo um pézinho de café.
Escolhi sentar-me entre o pézinho de café junto a um frondoso eucalípto.
Poucos minutos depois de banhar-me no silêncio,peguei na grama uma frutinha amarelada.

Rolei-a na mão e  pensei: parece veludo.

Vi que ela estava picada de passarinho e ali na cicatriz,abri-a,quando outro pensamento me veio:
- parece uma flor.

Olhei a frutinha aberta como uma flor de quatro pétalas ,aproximei-a dos olhos e vi que ela estava cheiinha de sementinhas,e de novo outro pensamento chegou: parece figo.
 De repente,pra minha surpresa ouvi: Eu não quero ser figo de passarinho,queria ser doce!

E porque sou determinada e estava ali no Parque para encontrar silêncio,atirei longe a frutinha que me fazia pensar,quando fui invadida por um chôro forte e nítido.Virei-me instintivamente para a esquerda onde eu quase roçava no pezinho de café, de menos de um metro de altura.

Engraçado é dentro do choro havia uma pergunta:
-"O que é melhor,frutificar muito no tempo certo,ou um só antes da hora?"

Eu olhava meio pasma para a árvorezinha e ela repetia a pergunta dentro do choro.

Enquanto ela repetia chorando,vi que se tratava de um fruto nela e eu olhava-a de cima em baixo,sem nada ver além de algumas folhas nas pontas das galhas faltando pedaços.Como se soubesse que notara suas folhas machucadas ela afirmou: São os homens,eles passam, arrancam pedaços,espremem e depois jogam no chão,mas já estou acostumada, quero é saber: 
"O que é melhor,frutificar muito no tempo certo,ou um só antes da hora"!

Aí então a coisa ficou brava naquele meu silêncio interrompido.
Primeiro pensei que era a minha imaginação me armando um desafio,depois ,se o choro vinha realmente da arvorezinha, era brincadeira,mas continuava olhando todos os galhinhos pra ver se encontrava algum grãozinho de café,que justificasse aquilo que mais parecia lorota.E ela insistente, ainda chorando dizia:" tem sim...tem sim..."

Longo tempo fiquei ali olhando, até que tive a ideia de olhar debaixo de unas folhas secas no seu tronquinho a uns 30 cm do chão.

Eureka! Encontrei um frutinho.
 Um frutinho vermelho,quase gritei de alegria e  ela continuava a chorar.

Agora a coisa mudava de figura,não era imaginação minha,havia de fato um frutinho e era apenas um,único!

Olhei pra ela meio decepcionada por não compartilhar da minha alegria,e ela mais  chorona ainda disse:"Olha aquela ali"

De novo ,instintivamente olhei na direção que apontava,na frente dela,exatamente nas minhas costas,na outra quina do retângulo, havia  outro pé de café,este robusto,cheio de galhas pesadas de frutos juntinhos,mas todos verdinhos.

Foi quando tomei um choque e por causa do choque,saí da dimensão da árvorezinha chorona,infeliz,porque queria saber e ser tão produtiva como a sua companheira de Parque.

Depois dessa,muitas e muitas vezes fui visitá-la.
Puxava conversa com ela e nada.

Engraçado que por uns sete anos matutava,pensava e não encontrava uma resposta que fosse coerente,satisfatória para mim e também para ela. Aí,vendo-me incapaz disso,deu na telha escrever um livrinho infanto-juvenil contando minhas historias maluquinhas e nele eu ia deixar esta questão para os leitores me ajudarem encontrar a melhor resposta.

Por coincidência,num dia que fui de novo buscar silêncio,ela ja estava crescidinha e naquela hora cheia de frutinhas vermelhas.Peguei algumas, chupei-as,porque adoro café,e sem pensar joguei as sementinhas num vaso com terra, que ficava bem debaixo da minha pinguenta pia do banheiro.

Distraída da vida eu escrevia o tal livrinho,cujo título era "O Menino Sonhador", lascava nele minhas aventuras,apropriadas para uma criança destemida, quando,vi debaixo da minha pia,uma mudinha do pézinho de café.

Já não precisava gritar Eureka.Eu tinha encontrado a resposta ,sete anos depois e esta era a mais perfeita.

Vejamos:
- se eu fosse  um jardineiro naquela época, e estivesse procurando um grão maduro,era só eu colher aquele único grãozinho ,plantá-lo.E até podia consolá-la dizendo, que seu filhinho,digo frutinho ia se tornar um lindo cafezal, enquanto a outra que invejara,no máxima daria uma porção de bons cafezinhos.

Alguns anos depois,os administradores ' levaram o carro-de-boi para conserto' e nunca mais foi devolvido ,depois cortaram o eucalipto gigantesco que fora testemunha desta histórinha maravilhosa e mais poucos anos se passaram e ao visitar meu cantinho mágico do Parque Municipal de BH, quase chorei por não encontrar o meu querido pézinho de cafe chorão.

O retângulo do carro-de-boi foi coberto com terra e grama e só resta alí a rodela enorme do Eucalípto,rodeado de umas cinco azaléas cor de rosa, aonde subo,como num altar-mor e olhando pro céu,silencio e me abasteço de novíssima energia.

O Altar-mor foi a única testemunha desta historinha e está lá pra quem quiser entrar ,como Alice no país das maravilhas, noutra dimensão,ou na incrível dimensão do Reino Vegetal.Duvida?


Só quem duvida pode aprender .


O Universo é uma máquina de fazer deuses.
                                                               
Bergson e Eu
                            

Fonte:
Pachelbel Canon in D Major Perfect Version                         
 http://www.youtube.com/watch?v=DZHw9uyj81g&feature=email  
Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres. Sejam abençoados todos os seres.

Nenhum comentário: