quinta-feira, 5 de novembro de 2009

MISTÉRIOS ASTRONÔMICOS - Mozart's Great Mass - Alice Millar Chapel Choir and NUSO


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Mistérios astronómicos d’ O Código Da Vinci

Na obra «A espiral Dourada – Coelhos de Fibonacci, Pentagramas, Cifras e outros Mistérios Matemáticos d’O Código Da Vinci», recentemente editada pela Gradiva, são discutidos os fascinantes temas matemáticos e astronómicos usados por Dan Brown na trama do seu best seller «O Código Da Vinci». Apesar de o livro deste escritor norte-americano ter suscitado numerosas obras de critica e análise ainda não tinha surgido qualquer trabalho sobre as numerosas referências científicas – exceptuando um curto artigo do matemático Keith Devlin publicado na revista Discovery, em Junho de 2004, e três artigos de Nuno Crato no semanário Expresso.

Neste Tema do Mês apresentamos excertos do livro «A Espiral Dourada», adaptados pelos autores, onde surgem alguns dos tópicos de astronomia do romance de Dan Brown.

Paris e os seus meridianos


Observações dos planetas realizadas no Observatório de Paris, no reinado de Luís XIV. Era por este observatório que passava o verdadeiro meridiano de referência da capital francesa. Reproduzido de Flammarion, As Terras do Céu.
No livro de Dan Brown uma das cenas mais electrificantes tem lugar na Igreja de St. Sulpice, em Paris. Aí se descreve uma fita de latão existente no chão dessa igreja que seria parte da «linha da rosa» que uniria os rosacrucianos deste planeta... Não existe uma conexão entre essa linha norte-sul e qualquer seita esotérica. A igreja, contudo, é real. A linha de latão no chão da igreja também. Mas Dan Brown engana-se quando diz que essa linha marca o meridiano de Paris. Na realidade, está cerca de 110 metros a oeste do meridiano de Paris, como se pode verificar observando um mapa dessa cidade. O erro de Dan Brown é um erro menor. Numa cidade como Paris, cem metros de diferença pouco representam. E o alinhamento norte-sul das ruas que medeiam entre o observatório e a igreja levam a crer estarem os dois edifícios no mesmo meridiano. Mas o autor d’O Código Da Vinci não precisava de ter inventado esse alinhamento geográfico para tornar interessante a linha de latão no solo de St. Sulpice. A realidade é ainda mais fascinante que a ficção.

Autoria: Nuno Crato, Carlos Pereira dos Santos e Luís Tirapicos

A meridiana de St. Sulpice

Nos séculos XVII e XVIII, era comum as igrejas terem meridianas solares para acertarem os seus relógios mecânicos e fornecerem a hora solar local às populações. Esses gnómones atingiram uma grande sofisticação, e passaram a ter usos vários. Além de marcarem o meio-dia solar verdadeiro, marcavam também a altura do Sol por ocasião da sua passagem meridiana, o que permitia detectar os solstícios e equinócios e assim conhecer o dia do ano, o que era essencial para as datas litúrgicas.

Projecção dos raios solares, na igreja parisiense de St. Sulpice, nos solstícios de Inverno (linha à esquerda), de Verão (linha à direita) e nos equinócios da Primavera e do Outono (linha central). Gravura da obra Saint-Sulpice, de Lemesle (1931).

Durante a Idade Média, as populações estavam afastadas e as comunicações eram muito difíceis. Um objectivo central da Igreja, que por isso estava muito preocupada com o calendário, era fazer com que os fiéis em todo o mundo pudessem celebrar a Páscoa no mesmo dia. Para isso, todos teriam de ter meios de cálculo dessa data, ou seja, todos teriam de saber calcular esse dia do ano. Os relógios de sol mais sofisticados eram essenciais para o efeito, pois medindo a altura meridiana do astro-rei permitiam o reconhecimento das datas dos solstícios e dos equinócios. Pouco a pouco, esses relógios solares meridianos foram ganhando em precisão e sofisticação. No século XVII, começaram a aproveitar-se alguns grandes edifícios para construir meridianas solares de grandes dimensões. A meridiana de St. Sulpice é um belo exemplo de um desses instrumentos.

 

Um Zodíaco universal?


Sarcófago egípcio onde surgem representadas as doze constelações do Zodíaco. Reproduzido de Flammarion, As Terras do Céu.
No capítulo 3, Dan Brown põe na boca do simbologista de Harvard as seguintes palavras: «O meu francês é uma porcaria, pensou Langdon, mas a minha iconografia zodiacal é bastante boa, muito obrigado. Taurus era sempre o touro. A astrologia era uma constante simbólica em todo o mundo.» A afirmação parece bastante convincente, mas acontece que não corresponde à verdade.

Na China o Zodíaco teve um desenvolvimento independente, sofrendo influências de nações vizinhas. Terá surgido entre os séculos XVII e XII antes da nossa era. Os seus signos são o Tigre (Sagitário); a Lebre (Escorpião); o Dragão (Balança); a Serpente (Virgem); o Cavalo (Leão); o Carneiro (Caranguejo); o Macaco (Gémeos); o Galo (Touro); o Cão (Carneiro); o Javali (Peixes); o Rato (Aquário) e o Boi (Capricórnio). Só após a chegada dos jesuítas ao Império do Meio, em finais do século XVI, o Zodíaco ocidental seria aí adoptado.

Mas, mesmo no Ocidente, o conteúdo simbólico do Zodíaco está longe de ser uma constante. Na Lituânia foi descoberta na cave de uma igreja, durante a Segunda Guerra Mundial, uma taça, datada do século XV, onde surgem doze ícones zodiacais. Alguns podem ser identificados com os signos da tradição babilónica (Sagitário, Capricórnio e Gémeos) mas outros diferem claramente (um galo, dois veados, um guerreiro). Mais uma vez, Taurus não é o Touro mas, neste caso, um cavaleiro.

 

Vénus e o pentagrama celeste

As figuras desenhadas no céu pelo movimento aparente de Vénus não podem corresponder à hipótese do Professor Langdon n'«O Código Da Vinci». De facto, Vénus obedece a uma periodicidade de oito anos, que se manifesta na repetição de movimentos aparentes no céu do crepúsculo. Mas estas danças cíclicas não produzem um pentagrama. A ideia de pentáculo — a versão ocultista do pentagrama — perfeito corresponderá à verdade?


Pentagrama formado pelas cinco posições de Vénus, num período de oito anos, ao crepúsculo, nas cinco datas de elongação máxima, ou seja, de máximo afastamento do Sol.
Há várias explicações possíveis para a afirmação de Dan Brown. Uma é que o maior afastamento aparente do planeta em relação ao Sol (por exemplo, ao início da noite), a chamada elongação, ao longo de oito anos, produz cinco posições que formam um pentagrama. Ou então fixando a posição de Vénus no céu crepuscular a intervalos de 584 dias, o período sinódico entre as órbitas de Vénus e da Terra, por um ciclo de oito anos, também se obtém um pentagrama. É uma hipótese assaz rebuscada e, tanto quanto sabemos, desconhecida dos povos da Antiguidade. Acresce que o pentagrama resultante não é perfeito, ou regular, como lhe chamam os matemáticos. Alonga-se à medida que o observador se encontra mais para norte.

Embora seja interessante a tese de que Vénus desenha no céu esta figura geométrica ela não passa de uma estimulante proposta ficcional.
 
.FONTE: © NUCLIO - Núcleo Interactivo de Astronomia 2001-2009
                                      www.portaldoastronomo.org.          


Sejam felizes todos os seres.
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