Mistérios astronómicos d’ O Código Da Vinci
Neste Tema do Mês apresentamos excertos do livro «A Espiral Dourada», adaptados pelos autores, onde surgem alguns dos tópicos de astronomia do romance de Dan Brown.
Paris e os seus meridianos
Observações dos planetas realizadas no Observatório de Paris, no reinado de Luís XIV. Era por este observatório que passava o verdadeiro meridiano de referência da capital francesa. Reproduzido de Flammarion, As Terras do Céu.
Autoria: Nuno Crato, Carlos Pereira dos Santos e Luís Tirapicos
A meridiana de St. Sulpice
Nos séculos XVII e XVIII, era comum as igrejas terem meridianas solares para acertarem os seus relógios mecânicos e fornecerem a hora solar local às populações. Esses gnómones atingiram uma grande sofisticação, e passaram a ter usos vários. Além de marcarem o meio-dia solar verdadeiro, marcavam também a altura do Sol por ocasião da sua passagem meridiana, o que permitia detectar os solstícios e equinócios e assim conhecer o dia do ano, o que era essencial para as datas litúrgicas. Projecção dos raios solares, na igreja parisiense de St. Sulpice, nos solstícios de Inverno (linha à esquerda), de Verão (linha à direita) e nos equinócios da Primavera e do Outono (linha central). Gravura da obra Saint-Sulpice, de Lemesle (1931).
Durante a Idade Média, as populações estavam afastadas e as comunicações eram muito difíceis. Um objectivo central da Igreja, que por isso estava muito preocupada com o calendário, era fazer com que os fiéis em todo o mundo pudessem celebrar a Páscoa no mesmo dia. Para isso, todos teriam de ter meios de cálculo dessa data, ou seja, todos teriam de saber calcular esse dia do ano. Os relógios de sol mais sofisticados eram essenciais para o efeito, pois medindo a altura meridiana do astro-rei permitiam o reconhecimento das datas dos solstícios e dos equinócios. Pouco a pouco, esses relógios solares meridianos foram ganhando em precisão e sofisticação. No século XVII, começaram a aproveitar-se alguns grandes edifícios para construir meridianas solares de grandes dimensões. A meridiana de St. Sulpice é um belo exemplo de um desses instrumentos.
Um Zodíaco universal?
Sarcófago egípcio onde surgem representadas as doze constelações do Zodíaco. Reproduzido de Flammarion, As Terras do Céu.
Na China o Zodíaco teve um desenvolvimento independente, sofrendo influências de nações vizinhas. Terá surgido entre os séculos XVII e XII antes da nossa era. Os seus signos são o Tigre (Sagitário); a Lebre (Escorpião); o Dragão (Balança); a Serpente (Virgem); o Cavalo (Leão); o Carneiro (Caranguejo); o Macaco (Gémeos); o Galo (Touro); o Cão (Carneiro); o Javali (Peixes); o Rato (Aquário) e o Boi (Capricórnio). Só após a chegada dos jesuítas ao Império do Meio, em finais do século XVI, o Zodíaco ocidental seria aí adoptado.
Mas, mesmo no Ocidente, o conteúdo simbólico do Zodíaco está longe de ser uma constante. Na Lituânia foi descoberta na cave de uma igreja, durante a Segunda Guerra Mundial, uma taça, datada do século XV, onde surgem doze ícones zodiacais. Alguns podem ser identificados com os signos da tradição babilónica (Sagitário, Capricórnio e Gémeos) mas outros diferem claramente (um galo, dois veados, um guerreiro). Mais uma vez, Taurus não é o Touro mas, neste caso, um cavaleiro.
Vénus e o pentagrama celeste
As figuras desenhadas no céu pelo movimento aparente de Vénus não podem corresponder à hipótese do Professor Langdon n'«O Código Da Vinci». De facto, Vénus obedece a uma periodicidade de oito anos, que se manifesta na repetição de movimentos aparentes no céu do crepúsculo. Mas estas danças cíclicas não produzem um pentagrama. A ideia de pentáculo — a versão ocultista do pentagrama — perfeito corresponderá à verdade? Pentagrama formado pelas cinco posições de Vénus, num período de oito anos, ao crepúsculo, nas cinco datas de elongação máxima, ou seja, de máximo afastamento do Sol.
Embora seja interessante a tese de que Vénus desenha no céu esta figura geométrica ela não passa de uma estimulante proposta ficcional.
.FONTE: © NUCLIO - Núcleo Interactivo de Astronomia 2001-2009
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Sejam abençoados todos os seres.
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