terça-feira, 5 de julho de 2011

EXPORTAÇÃO CONTÍNUA DE ARMAS PARA GUERRAS INFINDÁVEIS


Gastos com armamentos aumentam mundialmente 

 Picasso


O mundo se arma cada vez mais, afirma o Instituto de Pesquisas da Paz, sediado em Estocolmo. O instituto acaba de divulgar seu relatório sobre armas, desarmamento e segurança internacional para 2007.


Segundo o Instituto de Pesquisas da Paz (Sipri), sediado em Estocolmo, o mundo não parou de se armar em 2006. Os gastos militares registraram um aumento de 3,5% no ano passado em relação a 2005, chegando a mais de 1,2 trilhão de dólares (cerca de 900 bilhões de euros). No período entre 1997-2007, os gastos militares cresceram 37%.

À frente da corrida armamentista, estão os Estados Unidos, país responsável por quase metade dos gastos mundiais com armamentos, seguido do Reino Unido, França, China, Japão e Alemanha.

O relatório apresentado na segunda-feira (11/06), na capital sueca, aponta ainda a Alemanha como a terceira maior exportadora mundial de material bélico. O país exportou, no ano passado, armamentos no valor de 3,9 bilhões de dólares, mais do que o dobro de 2005, quando foram exportados cerca de 1,5 bilhão de dólares.

Comércio internacional de armamentos

Índia é um dos maiores importadores de armamentos 

Enquanto na Europa Ocidental, no entanto, o orçamento bélico diminuiu, a Europa Oriental foi a região em que os gastos com armamentos mais cresceram em 2006.

Segundo o Sipri, o comércio internacional de armamentos aumentou em 50% desde 2002 e os maiores exportadores continuam a ser os Estados Unidos e a Rússia. China e Índia, por sua vez, foram os maiores compradores, abastecendo-se principalmente da Rússia.

"Os Estados Unidos e os países da União Européia (UE) continuam a abastecer o Oriente Médio com uma enorme quantidade de armas", comentou Siemon Wezeman, especialista do instituto sueco. Juntos, os países da UE teriam a mesma parcela de mercado que Estados Unidos e Rússia, cerca de 30%.

Bons negócios também fizeram os fabricantes de armamentos: as cem maiores empresas de material bélico aumentaram suas vendas, no ano de 2005, em torno dos 3%, chegando aos 290 bilhões de dólares. A parcela de mercado de companhias com sede nos Estados Unidos e na Europa Ocidental chegou aos 92%.O instituto informou não dispor dos números referentes a 2006.

Número de guerras inalterado
Principalmente o combate ao terrorismo foi responsável pelo aumento dos gastos com armamentos dos norte-americanos, explica o Sipri, acrescentado que as chances para uma diminuição dos gastos mundiais com material bélico são pequenas, enquanto os EUA estiverem em guerra.

Em 2006, o número de guerras estacionou em 17, a mesma quantidade registrada em 2005. Ekaterina Stepanova, especialista do Sipri, afirma que nenhuma destas guerras foi travada entre Estados. "Enquanto a maioria das formas de violência política armada some ou se estabiliza, no início do século 21, o terrorismo está claramente em ascendência", explica Stepanova.

Potências atômicas

Potências nucleares modernizam suas armas 
O relatório anual do instituto contabilizou ainda o número de armas nucleares do clube de potências atômicas: EUA, Rússia, França, Reino Unido e China possuíam, juntos, mais de 26 mil ogivas nucleares no início de 2007.

Ainda que este número esteja diminuindo gradualmente, a modernização do arsenal nuclear dos cinco países já estaria em execução ou, pelo menos, em planejamento, acrescenta o documento.

"As decisões tomadas pelo cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU manterão armas nucleares em seus arsenais para além de 2050", afirmou Ian Anthony, chefe do Projeto de Controle de Exportação e Não-Proliferação do Sipri. (ca)


Estudo acusa duplicação das exportações de armas da Alemanha, e oposição pede maior controle sobre a indústria bélica do país. América Latina, cuja importação de armas subiu 150%, também preocupa especialistas.


O aumento substancial do volume de exportações de armas da Alemanha reacendeu o debate político sobre o controle do comércio de equipamentos bélicos. Um estudo divulgado nesta segunda-feira (15/03) pelo Instituto Internacional de Pesquisa de Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), aponta que a Alemanha duplicou suas exportações de armas nos últimos cinco anos.
Entre 2005 e 2009, a participação do país como exportador no mercado bélico mundial saltou de 6% para 11%. A Alemanha ocupa o terceiro lugar entre os maiores exportadores de armas, atrás apenas dos EUA (30%) e da Rússia (23%).
A oposição alemã tachou de "preocupante" a notícia do aumento de exportações da indústria bélica do país, e exigiu que as vendas sejam fiscalizadas pelo parlamento alemão. Os principais clientes da Alemanha são a Turquia, a Grécia e a África do Sul.
Fazer fortuna armando rivais
Cem Özdemir, um dos líderes do Partido Verde, lamentou principalmente o alto volume de exportações para a Turquia e a Grécia. "É um absurdo estarmos fazendo fortuna ajudando dois membros da Otan a se armarem um contra o outro", disse.
Claudia Roth, dos Verdes, pede maior controle 
Na opinião da também líder verde Claudia Roth, o parlamento alemão deve controlar o envio de armas para o exterior, "como é comum em outros países e parlamentos, onde o Legislativo tem o direito de controlar o governo no que diz respeito a exportações de equipamentos bélicos", pleiteou.
O Ministério da Economia, responsável pelo assunto, declarou que as exportações de armas seguem estritamente os regulamentos da UE. Grande parte do equipamento bélico só é vendido a países da UE e Otan, ressaltou uma porta-voz do órgão federal.
Corrida na América Latina preocupa
A corrida armamentista na América Latina também preocupa: as importações de armas dos países da região cresceram 150% entre 2005 e 2009. Segundo o Sipri, o aumento das importações se deve a um crescimento significativo tanto nos gastos militares como no volume de encomendas dos países latino-americanos.
"Há indícios de um comportamento competitivo nas aquisições de armamentos na América do Sul", disse Mark Bromley, pesquisador do Sipri e especialista em América Latina. "Isso mostra claramente que precisamos de melhorias na transparência e nas medidas para fomentar a confiança recíproca e reduzir a tensão na região", afirmou.
Em relação ao volume global, as importações de toda a América, incluindo os EUA, se mantêm em 11%, mesmo percentual registrado entre 2000 e 2004. Os Estados Unidos foram o maior importador de armas convencionais na região e o oitavo maior importador do mundo.
Investindo em blindados
Na América Latina, o principal importador desse tipo de armas foi o Chile, que ocupa do 13º lugar no mundo entre os importadores de armamentos. O relatório do Sipri aponta que alguns países da América do Sul estão investindo em tanques e veículos blindados.
Em setembro de 2009, Venezuela recebeu um crédito de cerca de 2,2 bilhões de dólares para comprar sistemas de defesa aérea, artilharia, veículos blindados e tanques, embora não sejam conhecidos nem o número nem o tipo de armas que serão adquiridos, de acordo com o Sipri.
Enquanto isso, o Brasil começou a receber em 2009 os 220 tanques Leonard-1A5 de segunda mão e o Chile concluiu a aquisição de 140 tanques modelo Leopard 2A4 , encomenda de ambos países à Alemanha. Por seu lado, o Peru anunciou no fim de 2009 a intenção de assinar um acordo com a China para comprar 80 tanques MBT-2000.
Brasil analisa compra de caças
Atualmente, o Brasil está analisando a compra de 36 aeronaves de combate. Os modelos franceses Rafale, os Gripen suecos e os estadunidenses F/A-18 fazem parte da concorrência. Em setembro passado, Brasília assinou, ainda, um acordo de cooperação militar com a França, prevendo a fabricação de 50 helicópteros, a construção em série de quatro submarinos convencionais, além do desenvolvimento do primeiro submarino brasileiro de propulsão nuclear.
Embora a maioria dos sistemas bélicos adquiridos venha de fora da América Latina, as empresas da região também estão se beneficiando de um aquecimento do comércio de armamentos. O Chile e o Equador encomendaram aviões Super Tucano à brasileira Embraer. As Forças Armadas colombianas utilizaram esse modelo em 2008 durante um ataque contra os guerrilheiros das Farc. - MD/dpa/afp - Revisão: Augusto Valente
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DW-WORLD.DE

Apesar de leis restritivas, indústria bélica alemã tem alto volume de exportação



Alemanha não permite exportar armas para regiões onde elas possam acirrar ainda mais os conflitos já existentes. Mesmo assim, Paquistão e Israel continuam comprando submarinos alemães.


A indústria bélica alemã passa por uma fase áurea. Nos últimos cinco anos, o volume de armamentos exportados pelo país quase duplicou, segundo computou o Instituto da Paz Sipri, de Estocolmo, no ano passado.
Difícil fornecer números exatos sobre essas transações, comenta Otfried Nassauer, do Centro de Informação para Segurança Transatlântica, de Berlim. Nos últimos dois anos, a Alemanha autorizou exportações entre 8 e 9 bilhões de euros.
Mesmo que esses números se refiram apenas às autorizações concedidas pelo governo, e não necessariamente ao valor real da exportação, eles indicam que a Alemanha está entre os maiores exportadores de armas do planeta. "Se o país está em terceiro, quarto, quinto ou sexto lugar, depende da estatística e de seus respectivos critérios", diz Nassauer.
A Alemanha continua sendo alvo de críticas pelo fato de exportar armas para países envolvidos em conflitos armados, como o Paquistão e Israel, por exemplo, que nos últimos anos fizeram encomendas significativas de submarinos à indústria nacional.
A Conferência Igreja e Desenvolvimento costuma divulgar um relatório anual sobre exportações, do qual constam dados como esse. O prelado Karl Jüsten, da Igreja católica, critica as exportações alemãs de armamentos:
"Quem estiver disposto a combater 
a escalada armamentista em certas regiões 
– como o Oriente Médio, o Sudeste Asiático
ou a América do Sul – não pode alimentar 
essa dinâmica com transações bélicas."
Para resguardar os direitos humanos
Armamentos de guerra, como por exemplo tanques e fuzis, só podem ser exportados com autorização oficial expressa. Para equipamentos que não são usados diretamente como armas ou podem ter aplicação civil, como motores de navios, por exemplo, as regulamentações são menos rigorosas.
A permissão ou o indeferimento do negócio dependem de diversos fatores. Isso inclui não apenas questões técnicas, ou seja, para qual finalidade exata o produto será comprado. A situação do país em questão também é importante. É necessário avaliar se os armamentos a serem exportados podem acirrar ainda mais os conflitos já existentes ou contribuir para a violação dos direitos humanos.
Esse tipo de questionamento também consta do processo de corrupção em torno do ex-lobista de armas Karl-Heinz-Schreiber e suas transações com o governo Helmut Kohl nos anos 1990. Nesta segunda-feira (18/01), começa em Augsburg o julgamento de Schreiber, acusado de sonegação de impostos e corrupção. Nos anos 90, ele subornou – entre outros políticos – o vice-ministro da Defesa Ludwig-Holger Pfahls, a fim de obter aval para exportações de armas à Arábia Saudita.
Tolerância varia de acordo com o país
Para Nassauer, quem arca com a responsabilidade da decisão é sempre a esfera política. "Sobretudo em casos controversos, as empresas vivem tentando levar os ministérios e os encarregados ministeriais a tomarem uma decisão a seu favor, em nível político. Isso sempre envolve lobistas, como o Sr. Schreiber, ou então mediadores", explica ele.
Em comparação com outros países, inclusive dentro da Europa, a Alemanha faz parte dos exportadores mais restritivos. Apesar de os países-membros da União Europeia haverem se comprometido a respeitar as normas comuns de exportação de armamentos, o grau de tolerância difere bastante de país para país.
Conglomerados multinacionais, como por exemplo a Eads, costumam fechar negócios por meio de países que não levam tão a sério as regulamentações.
Autor: Matthias Bölinger (sl) - Revisão: Augusto Valente
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Fonte:
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