As Razões do Ódio
Podemos amar sempre? O cristianismo diz que amar ao próximo é uma possibilidade e uma salvação para todos. Mas, e todo mundo merecer amor? A nova hipocrisia (“o totalitarismo do bem social”) diz que sim, basta darmos aos homens e mulheres boa educação, condições de vida, ferramentas de auto-estima, um meio ambiente sustentável, enfim, instrumentos para a transformação do ser humano em um ser de luz, tolerância e amor social. Alguns crêem que o mal seja apenas uma palavra para descrever o mundo da ignorância e do irracional.
Combatendo a ilusão da religião e dos mitos, pautando a vida pela ciência e pela certeza do avanço político alcançado (o dogma da democracia), muitos de nós, respiramos aliviados. Doce ilusão. Seria o ser humano capaz de deixar pra atrás seus fantasmas de ódio, rancor, inveja e destruição? Vamos ouvir o que alguns filósofos têm a dizer sobre isso: Aristóteles, Marco Aurélio, Hobbes, os iluministas, Nietzsche, Freud, Adorno, Sartre, Hannah Arendt, Foucault, Sloterdijk, entre outros.
A hipótese deste módulo é que não. A vocação para o ódio e para o mal no homem e na mulher é algo intrínseco. Suas formas históricas são variadas, mas a fonte é sempre a mesma: somos um animal assustado, acuado, insatisfeito, que compara sucessos, que se sente injustiçado, em sofrimento continuo.
O diagnóstico que este módulo propõe analisar é que as “tentações do bem” – forma contemporânea de negação neurótica da sombra assustadora do humano, materializada no politicamente correto, no neopaganismo de uma natureza pretensamente santa, numa obsessão de saúde, enfim, numa política de mentira sistemática acerca dos limites do bem e do amor na vida concreta – fazem do homem um exilado de si mesmo, sem condições de olhar a si mesmo no espelho e ver a escuridão que também o habita e o constitui. Sempre haverá guerras, mortes, injustiça, medo porque estas são faces do humano, assim como o são sua capacidade para a arte, ciência, filosofia e moral.
Durante quatro encontros, quatro pensadores discorrerão pelas sombras do humano apontando quatro tópicos distintos, mas relacionados, buscando por diante de nós as razões do ódio e como compreender algumas das causas de sua existência eterna e constante, contra as ilusões de um mundo que se diz melhor pelo amor à mentira.
Li
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
3 comentários:
Nossa, o Leandro Karnal é um ídolo meu. Esses pensadores são motivo de orgulho para o Brasil. E ainda poria o Daniel Lins e o Peter Pál Pelbert aí.
Felipe, amei seu entusiasmo,mais,sua sensibilidade em eleger Leandro Karnal um dos seus ídolos.Você me faz muito feliz dando prova de que a juventude brasileira tem e terá sempre orgulho da Inteligência Atuante e transformadora ,nascida em nosso querido Brasil.
Ah, Menino,vou correndo pesquisar e garimpar artigos sobre Daniel Lins e o Peter Pál Pelbert (Peter é brasileiro também?) Mesmo que não seja,se ama Karnal,ele deve ser do mesmo filão ,vou...fui!
Sim! Ambos são brasileiros. Já conheço Kamal de outra palestra dele, sobre o medo, mais especificamente. Ele é um intelectual como poucos no Brasil.
Daniel Lins tem um interesse imenso pela infância. Peter já tem um interesse (ele foi aluno de Deleuze, aliás) no âmbito da contemporaneidade, da (bio)política e coisas do gênero.
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