Mozart - Concerto para Flauta, Harpa e Orquestra - Andantino
Mozart - Concerto para Flauta e Harpa K 299 - 28min.
Mozart - Concerto para Flauta e Harpa K 299 - 6min.
Mozart
(1756-1791) - Wolfgang Amadeus Mozart Wolfgang Amadeus Mozart (Salzburgo, 27 de Janeiro de 1756 — Viena, 5 de Dezembro de 1791) foi um compositor e músico da música erudita, um dos expoentes máximos da música clássica e um dos mais populares das audiências contemporâneas.Nascimento, batismo e nome
Mozart menino (1763)
Biografia
Wolfgang Amadeus Mozart, retrato póstumo por Barbara Krafft
Wolfgang Amadeus Mozart 1789
Obras
O catálogo geral das obras de Mozart foi realizado pelo botânico, mineralogista e biógrafo musical alemão Ludwig Köchel (1800 - 1877); daí a letra K que aparece frequentemente junto ao título de suas obras (ou KV, que significa Köchel Verzeichnis, catálogo Köchel). Köchel catalogou as obras de Mozart em ordem cronológica, da mais antiga para a mais recente, sendo K1 um minueto para cravo, a primeira obra catalogada, e K626 o Requiem, obra inacabada.Sinfonias
Köchel numerou as sinfonias de Mozart de 1 a 41. Mais tarde, outras sinfonias foram descobertas, elevando o número total de sinfonias de Mozart para 50. Quando pensamos, porém, nas sinfonias de Beethoven, Schubert, Schumann, Brahms, e Mahler, as primeiras 30 dessas peças não merecem verdadeiramente ser chamadas de sinfonias. São peças curtas, cuja duração às vezes não ultrapassa cinco minutos, escritas para uma orquestra pequena, e que em geral inclui apenas as cordas, dois oboés ou duas trompas. Segundo o conceito atual de sinfonia, Mozart compôs apenas as 10 que estão numeradas de 31 a 41. Note-se que a Sinfonia No. 37 de Mozart (assim numerada por Köchel) foi composta, de fato, por Michael Haydn (irmão de Franz Joseph Haydn), como se veio a demonstrar mais tarde, ainda que Mozart tenha composto um dos movimentos da obra. As sinfonias numeradas de 25 a 30 também costumam despertar algum interesse, mas não são geralmente consideradas de qualidade comparável à das dez últimas. A primeira grande sinfonia de Mozart é a Sinfonia No. 31 em dó Maior, K297, chamada Sinfonia Paris, composta em 1778 durante uma viagem de Mozart a Paris. É também a mais ricamente orquestrada de todas as sinfonias de Mozart: sua orquestração inclui duas flautas, dois oboés, duas clarinetas (é a primeira vez que Mozart as emprega numa sinfonia), 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 2 tímpanos (ré, lá) e cordas. Mozart nunca usou trombone em nenhuma de suas sinfonias. Aliás, o uso de trombones era raro na época, mesmo em orquestra de ópera, em geral mais rica do que a usada nas sinfonias. Apenas se regista o seu uso nas óperas Idomeneo, Don Giovanni, A Flauta Mágica, e no Requiem. Em Idomeneo, por exemplo, três trombones aparecem numa única cena, em que a voz de Netuno anuncia aos habitantes de Creta as condições para que o tsunami pare de assolar a ilha. Em Don Giovanni, três trombones aparecem na cena do cemitério, em que a estátua do comendador fala com Don Giovanni, e novamente na cena final, em que o fantasma do comendador comparece ao banquete convidado por Don Giovanni. Em A Flauta Mágica, Mozart chegou a usar 5 trombones! No Requiem, um solo de trombone anuncia o Tuba Mirum, de modo que se pode dizer que, em Mozart, o trombone anuncia sempre algum tipo de comunicação com o sobrenatural. Mozart queria impressionar os parisienses, e a Sinfonia "Paris" começa de maneira bombástica, com quatro acordes em forte na orquestra inteira seguidos de semi-colcheias rapidamente ascendentes nas cordas, flautas e fagotes, dando uma sensação de fogo-de-artifício. O primeiro movimento da sinfonia transcorre num clima festivo, com os "fogos de artifício" explodindo aqui e ali. O segundo movimento, Andante 6/8, é uma dança francesa, delicada e elegante, lembrando um quadro de Fragonard. O terceiro e último movimento, Allegro, começa com uma tremedeira cheia de expectativa só nos violinos, que explode num tutti (acorde de ré), como o estourar de uma rolha de champanhe, e a festa começa. Outra obra marcante é a Sinfonia No. 36 em Dó Maior, K425 ("Linz"). Mozart e sua mulher deixaram Salzburgo às 9:30 da manhã a 27 de outubro de 1783 com destino a Linz, na Áustria. Assim que lá chegaram, Mozart escreveu uma carta a seu pai, datada de 31 de outubro, na qual dizia: Preciso dar um concerto aqui e, como não trouxe comigo nenhuma sinfonia, estou compondo uma nova o mais rápido que posso. O concerto estava marcado para 4 de novembro, o que significa que Mozart teria 4 dias para compor! E, de fato, a 4 de novembro, a nova sinfonia de Mozart foi apresentada ao público. Nem mesmo um gênio como Mozart poderia compor uma sinfonia como a Linz em apenas quatro dias. Essa carta de Mozart parece só fazer sentido se ele já tinha concebido mentalmente a totalidade da sinfonia quando entrou na carruagem em Salzburgo, já que se calcula que levaria uns três ou quatro dias só para passar a sinfonia para o papel (trabalhando muito rapidamente) mais, talvez, uns dois dias para mandar copiar as partes de cada instrumento e distribuí-las aos músicos (desde que ele tivesse um excelente time de copistas à sua disposição), ensaiar e reger a Linz. O fato é que, mesmo tendo sido composta às pressas, a Sinfonia Linz é um exemplo de arte clássica, bela e bem proporcionada em todas as suas partes, expressando os mais inefáveis e ardentes desejos, num monumento sinfônico digno de figurar ao lado das sinfonias de Mahler e de Beethoven. Podemos ouvir as rodas da carruagem no primeiro movimento da Linz.O próprio Mozart esclareceu numa carta o seu processo de composição:
Quer saber como eu componho?
Posso dizer-lhe apenas isto: quando me sinto bem disposto, seja na carruagem quando viajo, seja de noite quando durmo, ocorrem-me idéias aos jorros, soberbamente. Como e donde, não sei. As que me agradam, guardo-as como se tivessem sido trazidas por outras pessoas, retenho-as bem na memória e, uma após a outra, delas tomo a parte necessária, para fazer um pastel segundo as regras do contraponto, da harmonia, dos instrumentos, etc. Então, em profundo sossego, sinto aquilo crescer, crescer para a claridade de tal forma que a obra mesmo extensa se completa na minha cabeça e posso abrangê-la de um só relance, como um belo retrato ou uma bela mulher... Quando chego neste ponto, nada mais esqueço, porque boa memória é o maior dom que Deus me deu.
A Sinfonia No. 38 em Ré Maior, K504 ("Praga") foi composta em Viena em 1786. Em janeiro de 1787, Mozart fez uma viagem a Praga, onde ele estreou sua sinfonia no dia 19 daquele mês. Assim como a Linz, esta sinfonia também tem uma introdução lenta. Haydn quase sempre punha uma introdução lenta nas suas sinfonias; Mozart raras vezes o fazia. Este é um monumento sinfônico comparável à Linz, com um segundo tema extremamente comovente no primeiro movimento.
A Sinfonia No. 40 em Sol Menor, K550 é a única dessas dez em tonalidade menor.
Seu tom de angústia é, ao mesmo tempo, tão comovente que levou Schubert a exclamar: Na sinfonia em sol menor de Mozart, pode-se ouvir o canto dos anjos.
As sinfonias nos. 39 e 40 foram inicialmente escritas sem clarinetas.
Clarinetas eram raras no tempo de Mozart; o instrumento havia sido recentemente inventado, e Mozart foi um dos primeiros a compor para ele.
Mozart não esperava contar com uma orquestra que possuísse clarinetas para poder executar as suas sinfonias. Mais tarde, porém, ele mudou de idéia e resolveu refazer a orquestração das sinfonias nº. 39 e 40 para incluir duas clarinetas (para isto, ele só precisou realmente alterar as partes de oboé). A versão que nós ouvimos dessas duas sinfonias hoje em dia é quase sempre a versão com as clarinetas.
Por fim temos a Sinfonia No. 41 em Dó Maior, K551 ("Sinfonia Júpiter"). Quem lhe deu este título foi o editor musical inglês que publicou a partitura após a morte de Mozart, pela "alta elevação de idéias e nobreza de tratamento." É o deus grego passeando por entre as nuvens, exibindo sua beleza e majestade. Está orquestrada para flauta, dois oboés, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos (do, sol) e cordas.
É interessante notar que, sempre que aparecem tímpanos em Mozart, aparecem também trompetes.
Só existe um exemplo de tímpanos sem trompetes na música de Mozart: na Serenata Notturna, K239.
Os tímpanos, quando aparecem, são sempre dois: um na tônica, outro na dominante.
Concertos para piano
Mozart era um exímio pianista, podendo ser considerado o primeiro virtuose da história deste instrumento. Ele adorava se apresentar em público exibindo seus dotes de pianista e, nos seus últimos anos em Viena, esta era uma de suas principais fontes de renda. Ao contrário, por exemplo, dos seus concertos para instrumentos de sopro, escritos para um amigo clarinetista (Anton Stadler), ou para um amigo trompista (Joseph Leutgeb), ou um ou outro instrumentista que se aproximava de Mozart pedindo a ele que compusesse música para seu instrumento, os concertos para piano e orquestra de Mozart foram escritos - com algumas excepções - para serem tocados em público pelo próprio Mozart. Não é de surpreender, portanto, que haja tantas obras primas entre os concertos para piano de Mozart. Alguns pensam que a melhor música de Mozart está nos concertos para piano. Outros pensam que está nas óperas. Esta disputa não termina nunca, mas uma coisa é certa: nenhum outro compositor compôs tantos concertos para piano quanto Mozart, e ninguém o superou neste gênero. Embora tenha composto obras primas em todos os gêneros musicais existentes, Mozart parecia manifestar o melhor do seu gênio naquelas situações em que um solista tem que se defrontar com uma orquestra, como nas árias de ópera e nos concertos. Seria isto uma metáfora da contraposição indivíduo/sociedade, ou do gênio que se destaca dos seus contemporâneos? Pode ser, mas nos concertos para piano nós temos a vantagem adicional de que ele próprio era virtuoso do instrumento para o qual estava escrevendo, e isto explica por que encontramos mais obras primas de Mozart entre os concertos para piano que entre as sinfonias, por exemplo, ou os quartetos de cordas. Köchel numerou os concertos para piano de Mozart de 1 a 27. Só que Köchel não sabia que os que ele numerou de 1 a 4 não são obras originais de Mozart, são só arranjos que Mozart fez para piano e orquestra de sonatas para cravo de outros compositores. Esses arranjos são pièces d'occasion, meros pastiches que Mozart fez aos 11 anos de idade, que ele provavelmente nem sequer pensava em guardar para a posteridade. Além disso, Köchel incluiu entre os "concertos para piano" um que é na realidade para três pianos (no. 7, K242) e outro para dois pianos (no. 10, K365). Subtraindo então estes 6 dos 27 que Köchel numerou, ficamos com 21 concertos para piano e orquestra de Mozart. O primeiro concerto para piano de Mozart que é universalmente aclamado como uma obra prima por todos aqueles que conhecem e amam a música de Mozart é o Concerto No. 9 em Mi Bemol Maior, K271, também chamado Concerto Jenamy devido à pessoa a quem ele foi dedicado, a pianista Madame Victoire Jenamy (1749-1812). Em todo caso, ela parece mesmo ter sido uma exímia pianista, se é verdade que Mozart pretendia que este concerto fosse tocado por ela. Outra peça interessante deste período inicial em Salzburgo é o Concerto No. 12 em Lá Maior, K414, uma peça leve, graciosa e despreocupada, capaz de dar grande prazer ao ouvinte. Do número 16 em diante, os concertos para piano de Mozart são todos obras primas. De todos os concertos para piano de Mozart, apenas dois são em tonalidade menor: o No. 20 em Ré Menor, K466 e o No. 24 em Dó Menor, K491. As tonalidades menores são, como nós sabemos, mais sombrias e mais tristes que as tonalidades maiores, mais claras, mais luminosas, mais alegres. O estado mental transmitido por esses dois concertos se assemelha a uma psicose no No. 20, e a uma neurose no No. 24. Sentimos fantasmas na introdução orquestral do Concerto em Ré Menor (podemos chamá-lo assim sem perigo de confusão, porque Mozart só compôs um nessa tonalidade), lembrando a cena no último ato de Don Giovanni, em que o fantasma do comendador entra na casa de Don Giovanni. Esta cena, bem como a ária da Rainha da Noite no segundo ato de A Flauta Mágica estão entre as poucas ocasiões em que Mozart utilizou essa tonalidade tétrica, fantasmagórica, ameaçadora de ré menor. Já o Concerto em Dó Menor é muito triste, dando a impressão de que Mozart estava deprimido quando o compôs. Dó menor é a tonalidade trágica por excelência (a mesma tonalidade da Quinta Sinfonia de Beethoven). Um outro ponto a ser marcado neste concerto é a sutileza e o refinamento da escritura para instrumentos de sopro, mormente no segundo movimento, onde há uma seção praticamente só para eles, que se põem a dialogar com o piano. O Concerto No. 21 em Dó Maior, K467 é outro favorito, tanto dos pianistas quanto do público. É muito sinfônico na sua concepção, com uma introdução orquestral marcial e de ânimo eufórico. Seu segundo movimento foi usado como tema de um filme famoso (Elvira Madigan, 1967). O Concerto No. 22 em Mi Bemol Maior, K482, tem um primeiro movimento eufórico e festivo, cheio de fanfarras de tímpanos e trompetes. O segundo movimento, escrito na relativa (dó menor) é triste e sombrio, mas no último a luz e a alegria surgem de novo, com passagens celestiais nos instrumentos de sopro. O Concerto No. 23 em Lá Maior, K488 tem um caráter angélico e sobrenatural, elevando a mente do ouvinte acima das coisas deste mundo. Mozart excluiu de sua orquestração todos os intrumentos de sonoridade rude ou agressiva; não há tímpanos nem trompetes; apenas uma flauta, duas clarinetas, dois fagotes e duas trompas, além das cordas. Não há contrastes dinâmicos violentos nem explosões orquestrais. O segundo movimento é em fá sustenido menor (a relativa de lá maior), acentuando ainda mais o caráter contemplativo desta música sublime. Maurizio Pollini talvez tenha sido o pianista que melhor captou o espírito de êxtase místico desta música. A Encyclopaedia Britannica chama o Concerto No. 26 em Ré Maior, K537 (chamado Concerto da Coroação) de "brilhante mas superficial". Isto pode ser verdade, mas esta é uma obra adequada para a finalidade para a qual foi criada: as festividades da coroação de Leopoldo II, imperador da Áustria, em 1790, ocasião na qual não cabem grandes dramas nem muita profundidade. Ao mesmo tempo majestoso e festivo, esta é uma obra capaz de dar grande prazer ao ouvinte. Géza Anda gravou todos os concertos para piano de Mozart para a Deutsche Grammophon. Altamente recomendável.Concertos para instrumentos de sopro
Os 4 concertos para trompa de Mozart, K412, K417, K447 e K495, bem como o Rondò K371, foram todos escritos para a mesma pessoa, o trompista Ignaz Leutgeb, um dos amigos mais íntimos de Mozart. A primeira dessas peças é em ré maior, as outras todas em mi bemol maior. O Concerto em Lá Maior para Clarineta, K622, é a última obra instrumental do mestre de Salzburgo, escrita em outubro de 1791 - dois meses, portanto, antes da morte de Mozart - para seu amigo, o clarinetista Anton Stadler. Os obbligati para clarineta na ópera La Clemenza di Tito também foram escritos para ele. Os dois concertos para flauta, em sol maior, K313, e em ré maior, K314 foram escritos por encomenda. No último movimento do K314 Mozart utiliza a mesma melodia da ária Welche Wonne, welche Lust da ópera O Rapto do Serralho. Há também o Andante em Dó Maior para Flauta e Orquestra, K315, e o sublime Concerto para Harpa, Flauta e Orquestra, K299 (a única obra que Mozart escreveu para harpa). O Concerto para fagote em mi bemol maior, K. 191, foi datado por Mozart a Salzburg, 4 de junho de 1774. Ignora-se se Mozart tinha algum solista em mente, ou se o compôs pelo simples prazer de compor.Concertos para violino
Mozart compôs 5 concertos para violino: K. 207, 211, 216, 218, 219 ("Turco") Todos eles foram compostos em 1775, quando Mozart era spalla da orquestra da corte do arcebispo Colloredo, em Salzburgo, e foram tocados por ele em Viena, Munique e Augsburgo. Depois que Mozart se mudou para Viena, em 1781, parece que ele perdeu o interesse em ser virtuose do violino, e nunca mais apareceu em público tocando este instrumento. Dos concertos para violino de Mozart, o que mais tem sido gravado e executado em público é o último, que é o mais virtuosístico dos cinco, com seu finale à moda turca.Sonatas para piano
Mozart compôs um total de 18 sonatas para piano, divididas em quatro grupos:
6 sonatas K. 279, 280, 281, 282, 283, 284 3 sonatas K. 309, 310, 311 4 sonatas K. 330, 331, 332, 333 5 sonatas K. 457, 533, 545, 570, 576As primeiras 6 sonatas foram todas compostas em Munique em 1775, num período de menos de dois meses (14 de janeiro - 6 de março), quando Mozart se encontrava naquela cidade organizando a estréia de sua ópera La Finta Giardiniera. Mozart aprendeu a tocar cravo na infância, mas muito cedo ele entrou em contato com o pianoforte, um instrumento que havia sido inventado pouco antes dele nascer, e que estava então em seus primeiros estágios de evolução. A técnica de execução pianística é completamente diferente da do cravo. Como seu próprio nome o diz, o pianoforte é capaz de produzir sons de alta intensidade (it. forte) ou baixa (it. piano), ou seja, tem uma amplitude dinâmica maior do que o cravo; além disso, as cordas do pianoforte (cujo nome foi abreviado para piano, nas línguas outras que o italiano) vibram por mais tempo que as do cravo, permitindo efeitos de eco e a criação de um fraseado especial. A música composta por Mozart para o instrumento, à medida que ele absorvia essas inovações técnicas e as dominava, reflete essa evolução. Assim, as primeiras cinco sonatas contêm poucos elementos de técnica pianística. Podem muito bem ser tocadas ao cravo. Já a sexta, Sonata em Ré Maior, K284, chamada Sonata Dürnitz por ter sido dedicada a um certo Barão Dürnitz que Mozart conheceu em Munique, está escrita num estilo inconfundivelmente pianístico, e não funcionaria bem em nenhum outro instrumento. O terceiro movimento é um tema com doze variações que contém passagens que ganham um realce extraordiná rio com o uso do pedal, pela primeira vez numa sonata de Mozart. A Sonata em Dó Maior, K309, é ainda mais marcantemente pianística do que a anterior. Ela abre com poderosos acordes que produzem um efeito de eco, parecendo anunciar o despertar de uma nova era. Ela foi composta em Mannheim em outubro e novembro de 1777, onde parece que Mozart entrou em contato com um novo instrumento de fabricação Stein, cujas possibilidades sonoras o fascinaram. Esta sonata foi dedicada a uma aluna de Mozart, Rosa Cannabich. Esta e a anterior estão entre as primeiras peças da história da música escritas especificamente para piano. De todas as 18 sonatas para piano de Mozart, apenas duas estão escritas em tonalidade menor: a Sonata em Lá Menor, K310, e a Fantasia e Sonata em Dó Menor, K457. A Fantasia em Dó Menor, K475 na verdade foi composta como uma peça separada, mas mais tarde Mozart chegou à conclusão de que ela formava a introdução ideal à sonata na mesma tonalidade. Essas duas sonatas apresentam todo o drama que se espera de uma obra de Mozart escrita em tonalidade menor, e estão entre as maiores obras do compositor. A mais famosa de todas as sonatas para piano de Mozart é, sem dúvida nenhuma, a Sonata em Lá Maior, K331. Ignora-se a data ou o local de composição dessa peça. O primeiro movimento não está na forma de sonata, mas é um tema com variações. O tema, que Mozart marcou Andante Grazioso, assemelha-se a uma cantiga de ninar. Alfredo Casella, um dos musicólogos mais respeitados do século XX, comentou: "Mozart terá talvez composto outras variações mais fortes, mais brilhantes, mas ele jamais superou a graça consumada dessas seis." As seis variações são todas em lá maior, com exceção da terceira, que é em lá menor. O segundo movimento, um minueto, abre com o mesmo tema que dá início à sonata K309, mas que Mozart desenvolve de maneira totalmente diferente. Aqui, o gênio de Mozart se manifesta da maneira mais patente: como pode uma mesma idéia musical dar origem a duas coisas tão diferentes? Mas a maior razão da fama desta sonata está no célebre final alla turca, uma peça que nunca deixa de deleitar os ouvintes ou excitar os virtuoses. As sonatas para piano de Mozart não têm todas o mesmo nível de inspiração. Há várias obras primas entre elas, mas também há peças menores. Mais tarde, Beethoven exploraria os recursos do piano com muito mais profundidade e ousadia, mas é preciso levar em consideração que Beethoven trabalhava com um instrumento muito mais poderoso.
Música de câmara
Trios6 trios para piano, violino e violoncelo, K254, K496, K502, K542, K548, K564O trio K254 é cheio daquela graça mozartiana tão deliciosa, mas o violoncelo se limita ao papel de reforço nos baixos, quase sempre dobrando a mão esquerda do pianista, o que torna esta obra um pouco superficial. Já no K548 e no K564 o violoncelo finalmente tem a chance de cantar, ainda que por uns breves instantes, o que torna essas obras mais interessantes que as anteriores.
Trio para clarineta, viola e piano em mi bemol maior, K498Obra interessantíssima, para uma combinação de instrumentos inusitada. Dedicada ao clarinetista Anton Stadler.
Quartetos
Mozart costumava se reunir com Haydn e outros amigos mais chegados em Viena para tocar quartetos de cordas. Nessas reuniões, Haydn era primeiro violino, o compositor Karl Ditters von Dittersdorf segundo violino, Mozart pegava na viola, e o famoso solista Johann Baptist Vanhal tocava violoncelo. Em algumas dessas reuniões informais, o poeta Giovanni Battista Casti e o compositor Giovanni Paisiello estavam presentes. Segundo Mozart, foi Haydn que me ensinou a compor quartetos de cordas. 6 Quartetos de cordas dedicados a Haydn, K387, K421, K428, K458 "A Caça", K464, K465 "As Dissonâncias" O Quarteto K458, A Caça, recebe este nome devido ao tema que abre o primeiro movimento, que lembra o chamado de uma trompa de caça. O Quarteto em Ré Menor, K421 (o único em tonalidade menor da coleção) é uma das peças mais tristes que saíram da pena de Mozart. Mas o Quarteto K465, As Dissonâncias, merece menção especial. Ninguém é mais apegado ao sistema tonal do que Mozart. Por isso, o abandono da tonalidade nos 22 compassos da introdução lenta (Adagio) do primeiro movimento deste quarteto causou estranheza. A Editora Artaria de Viena, que publicou os quartetos em 1785, chegou a devolver a partitura a Mozart, alegando haver "notas erradas" na introdução do quarteto. Este adagio, ao qual o quarteto deve seu cognome As Dissonâncias, tem levado às interpretações mais fantásticas. Leia-se, por exemplo, Maynard Solomon: Aqui, Mozart simulou o próprio processo da criação, o caos antes de ser convertido em forma... Sem saber onde estamos, sabemos que estamos num universo alienígena. Laocoonte se contorce, enlaçado pelas serpentes... Mozart simulou uma transição das trevas à luz,do submundo para a superfície... Convém notar que pouquíssimas obras de Mozart foram publicadas durante a vida do compositor; daí a maior parte delas tem um número Köchel, mas não número de opus. Estes quartetos, entretanto, foram publicados pela Artaria como opus 10. Após ouvir esses quartetos, Haydn exclamou a Leopold Mozart: Perante Deus eu lhe declaro, como um homem honesto, que seu filho é o maior compositor que eu conheço, quer pessoalmente, quer de nome.Quarteto de cordas em Ré Maior, K499 "Hoffmeister" 3 Quartetos de cordas dedicados ao Rei da Prússia, K575, K589, K590 Adagio e Fuga em Dó Menor para quarteto de cordas, K546 2 Quartetos para piano, violino, viola e violoncelo, K478 e K493 4 quartetos para flauta, violino, viola e violoncelo, K285, K285a, K285b, K298
Quintetos
- 5 Quintetos para 2 violinos, 2 violas e violoncelo, K. 174, 515, 516, 593, 614
Quinteto em Lá Maior, para clarineta e quarteto de cordas, K. 581Provavelmente o mais famoso de todos os quintetos de Mozart. Dedicado ao clarinetista Anton Stadler.
Quinteto em Mi Bemol Maior, para oboé, clarineta, trompa, fagote e piano, K452Obra de experimentação sonora, para uma combinação de instrumentos fora do comum. Mozart não só faz soar cada instrumento clara e distintamente, mas também combina os instrumentos de diversas maneiras possíveis, criando efeitos sonoros estupendos. Uma delícia para os ouvidos. Parece que só existe uma outra obra, em toda a história da música, para esta mesma combinação instrumental: o Quinteto opus 16 de Beethoven, na mesma tonalidade que o de Mozart.
Danças
Contradança K. 534, Contradança K. 535, 6 Danças Alemãs K. 536, 6 Danças Alemãs K. 567, Contradança Der Sieg vom Helden Coburg K. 587, 6 Minuetos K. 599, 6 Danças Alemãs K. 600, 4 Minuetos K. 601, 4 Danças Alemãs K. 602, 2 Contradanças K. 603, 2 Minuetos K. 604, 3 Danças Alemãs K. 605, 6 Danças Alemãs K. 606, Contradança em mi bemol K. 607, 5 Contradanças K. 609, Contradança em sol Les Filles Malicieuses K. 610Música Sacra
MissasMozart compôs muitas missas. Entre as que mais se destacam, podemos citar:
Missa Brevis em Ré Maior, K194 Missa em Dó Maior, K220, "dos Pardais" Missa Brevis em Si Bemol Maior, K275 Missa em Dó Maior, K317, "da Coroação"
- Missa em Dó Menor, K427 (inacabada)
Missa de Requiem em Ré Menor, K626
Já doente em seu leito de morte, Mozart trabalhava no Requiem. A etérea melodia do Lacrimosa foi a última coisa que saiu daquela pena divina. Ao terminar de escrever esta melodia, lágrimas lhe vieram aos olhos, e suas mãos deixaram cair a partitura. Pouco mais tarde, à uma hora da manhã do dia 5 de dezembro de 1791, o mestre estava morto. Alguém escreveu: Um profundo sentimento religioso se evola daquelas notas, que parecem saídas de uma alma em direta comunicação com a Divindade. Houve muita disputa depois da morte de Mozart para saber quem terminaria o Requiem, mas no final a tarefa acabou recaindo sobre seu aluno Franz Xaver Süssmayer. Ele completou a orquestração que Mozart havia deixado incompleta, e escreveu o resto da música, baseando-se em parte em anotações deixadas pelo próprio Mozart.Motetos e outras peças
Exsultate, Jubilate K165 Ave Verum Corpus, K618Ao ouvir esta última peça, Tchaikovsky exclamou: Sua beleza sobrenatural é indefinível por palavras.
Árias de Concerto
Para tenor
Or che il dover... Tali e cotanti sono K. 36, Se al labbro mio non credi... Il cor dolente, K. 295, Per pietà, non ricercate K. 420, Misero! o sogno!... Aura, che intorno K. 431, Non più, tutto ascoltai... Non temer, amato bene K. 490Para soprano
Misero me... Misero pargoletto, K. 77, Se ardire, e speranza K. 82, Se tutti mali miei, K. 83, Fra cento affanni K. 88, Der Liebe himmlisches Gefühl K. 119, Ah, lo previdi... Ah, t'invola agl'occhi miei K. 272, Alcandro, lo confesso... Non sò d'onde viene K. 294, Popoli di Tessaglia... Io non chiedo, eterni Dei K. 316, Ma che vi fece, o stelle... Sperai vicino il lido K. 368, Misera, dove son!... Ah, non son io che parlo K. 369, A questo seno deh vieni... Or che il cielo a me ti rende K. 374, Nehmt meinen Dank, ihr holden Gönner K. 383, Mia speranza dorata... Ah, non sai qual pena, K. 416, Vorrei spiegarvi, oh Dio K. 418, No, no, che non sei capace K. 419, In te spero, o sposo amato K. 440, Basta, vincesti... Ah, non lasciarmi K. 486a, Ch'io mi scordi di te... Non temer, amato bene K. 505, Bella mia fiamma... Resta, o cara K. 528, Ah se in ciel, benigne stelle K. 538, Alma grande e nobil cuore K. 578, Schon lacht der holde Frühling K. 580, Chi sà, chi sà qual sia K. 582, Vado, ma dove? K. 583Para baixo
Così dunque tradisci... Aspri rimorsi atroci K. 432, Alcandro, lo confesso... Non sò d'onde viene K. 512, Mentre ti lascio, o figlia K. 513Canções
O heiliges Band K148, Oiseaux, si tous les ans K307, Dans un bois solitaire K308, Die Zufriedenheit K349, Komm, liebe Zither K351, Warnung K433, Gesellenreise K468, Der Zauberer K472, Das Veilchen K476, Die Alte K517, Die Verschweigung K518, Das Lied der Trennung K519, Als Luise die Briefe ihres untreuen Liebhabers verbrannte K520, Abendempfindung K523, An Chloe K524, Des kleinen Friedrichs Geburtstag K529, Das Traumbild K530, Grazie agl'inganni tuoi K532, Sehnsucht nach dem Frühlinge K596, Im Frühlingsanfang K597, Das Kinderspiel K598. Fonte: pt.wikipedia.org Enviado em 10/11/2011-Licença padrão do YouTube
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