Era Vargas - História - Boris Fausto Boris
A Volta de Getúlio Vargas - 1950 - 1954
Trajetória Política de Getúlio Vargas - 9 min.
O Petróleo é Nosso - 1953 - 2008 - 8 min.
domingo, 24 de março de 2013
A Farsa do Petróleo que hoje dizem ser nosso:
Lobato, Getúlio, Standar Oil, Comunismo, EUA...
Nota do autor:
- A censura sem lógica ao escritor brasileiro Monteiro Lobato,
chamando-o de racista, eugenista, me levou a pesquisar
e publicar o texto que relato.
- Lobato, que além de escritor foi um grande entusiasta na criação da Petrobras, de herói, agora querem transformá-lo e a sua brilhante obra em racistas, com chavões do tipo “estereótipos raciais”... Agora é Lobato que é taxado de racista, e, amanhã quem será? Jorge Amado, Machado de Assis, José de Alencar, Euclides da Cunha, Castro Alves ou Gilberto Freyre?(Guimarães, 21/11/2010).
- Mas o que seria o politicamente correto, segundo esse conjunto de matérias? Quem seriam seus agentes? Comecemos pela segunda questão. Os agentes do politicamente correto variam de texto para texto. Obviamente, o CEB/CNE, o CNE e o MEC são identificados mais frequentemente, por razões óbvias. Há também, ainda que mais raras, atribuições do politicamente correto a um Zeitgeist, o que dilui na prática a idéia de que há um agente dotado de propósito e intenções por trás dele (Martins, 29/10/2010). Por outro lado, há uma forte tendência nas matérias de atribuir a responsabilidade do politicamente correto diretamente à “linha ideológica do PT” (Editorial, 5/4/2011) e ao “governo Lula” (Fiuza, 19/3/2011), ou ao “Lulaworld” (“De olhos bem fechados”, 11/11/2010), Depois que Dilma Rousseff virou símbolo meteórico de afirmação feminina, ninguém mais segura os gigolôs da ideologia (Fiuza, 14/5/2011)
- Reduzir um clássico da literatura a uma pinimba ideológica não é crime. Segundo os valores do Brasil de hoje, o que cada um faz ou pensa pode não ser tão importante quanto a cor da sua pele (Fiuza, 19/3/2011). Tal conexão do agente PT - governo Lula com a ideologização já é parte da resposta à primeira questão, acerca da natureza do politicamente correto. Pelo menos do ponto de vista mais externo, ele corresponderia à imposição da ideologia de um grupo de militantes de esquerda “autoritária” sobre toda a sociedade. “Quem pede a suspensão de uma obra por ela conter um termo considerado discriminatório está assassinando a cultura brasileira, que a cada dia é torpedeada por novas empreitadas da patrulha do politicamente correto”, diz o imortal Evanildo Bechara, membro da comissão de lexicógrafos – como são chamados os fazedores de dicionários – da Academia Brasileira de Letras (Barrucho, 3/3/2012).
Essa é mais uma amostra das “panes mentais” que a obsessão com ações politicamente corretas costuma produzir (Editorial, 5/11/2010). Se a escola fundamental fracassa em suas tarefas elementares, como poderá incluir no currículo as disciplinas inventadas pelos luminares politicamente corretos? (Kuntz, 15/6/2011) faria por meio de instituições públicas de governo.
O uso de palavras fortes como “patrulha” e “policiamento”, nas citações acima, indica a associação do politicamente correto a métodos repressivos de cerceamento da liberdade. Isso é patrulha ideológica (Moreira, 28/2/2011). Afinal, não é a primeira vez que o governo federal tenta empurrar goela abaixo da sociedade uma pílula supostamente progressista, que, na realidade, é um composto no qual mal se disfarça o DNA do autoritarismo e da intolerância (Editorial, 5/4/2011).
" O Brasil tem vivido cocainizado por uma ilusão
- a de ter-se como um paraíso terreal, um pais riquíssimo,
invejado pelos outros povos."
"Quem primeiro estudou e afirmou
que existia petróleo no Riacho Doce em Alagoas,
foi José Bach, um geólogo alemão residente em Maceió em 1918.
mas logo que formou uma pequena companhia para explorá-lo
"foi morto afogado" em uma lagoa.
Mais tarde, Eutichio Gama e Pinto Martins retornaram a iniciativa.
mas quando Pinto, no Rio de Janeiro, estava para assinar um contrato com os ingleses, "foi assassinado" num hotel".
O combativo escritor José Bento Renato Monteiro Lobato (Taubaté, 18/04/1882 - SP, 04/07/1948) era um apaixonado pelo Brasil. Apesar de ter combatido os modernistas de 1922 por considerá-los um tanto quanto "alienados" (influenciados por modismos estrangeiros), ao ser preso em 1941 foi considerado "anglófilo" por uma agência internacional. Monteiro Lobato sempre se empenhou para que o Brasil deixasse de ser a terra do "Jeca-Tatu", na literatura, nas ideias e realizações. Ele acreditava piamente que a nossa modernização dependeria de ferro e petróleo.
E por incrível que pareça,
parte do governo e dos nossos intelectuais
consideravam essas ideias subversivas e antibrasileiras.
Lobato foi convidado por Washington Luís a ser adido cultural no exterior, o escritor se encontrou com Henry Ford visitou as fábricas de Detroit para entender a razão do sucesso norte-americano, e escreveu ao presidente brasileiro que "O Solo, a superfície, apenas permite a subsistência. O enriquecimento vem de baixo. Vem do subsolo" Argumentando que o Brasil poderia iniciar a produção de ferro com a metodologia moderna (recém patenteada nos Estados Unidos), utilizando recursos naturais disponíveis no País, tais como a palha do café e o xisto betuminoso.
Inicia a luta de Monteiro Lobato
para ajudar a transformar o Brasil auto suficiente:
01) - Em 24 de maio de 1940, o escritor Monteiro Lobato Monteiro Lobato escreveu:
correspondência ao presidente Getúlio Vargas. Denuncia que o Conselho (CNP)
“perseguia sistematicamente as empresas nacionais, dificultando com
“embaraços legais” a exploração do subsolo, Monteiro Lobato escreveu:
“Dr. Getúlio, pelo amor de Deus
ponha de lado a sua displicência e ouça a voz de Jeremias”.
02) - Outra correspondência, encaminhada ao general Góes Monteiro:
Chefe do Estado-Maior do Exército, denunciando: “a displicência do
Sr. Presidente da República, em face da questão do petróleo no Brasil,
permitindo que o Conselho Nacional do Petróleo retarde a criação da grande indústria petroleira em nosso país, para servir, única e exclusivamente, os interesses do truste Standard-Royal Dutch”.
03) - Por que o General Etchegoyen respondeu:
" Mas eu fui eleito justamente pelos militares
que não queriam mais que se falasse neste assunto do petróleo
aqui dentro do clube.”
04) - Conforme Marcel Morel “todos os jornalistas que escreviam sobre o petróleo nacional eram acusados de serem comunistas”.
Intimidação àqueles que revelavam a verdade a sociedade brasileira.
05) - A Luta intensa de Monteiro Lobato em explorar o óleo negro, sem saber dos cuidados adotados pelo governo do Brasil na gestão Getúlio Vargas, em preservar suas riquezas devido a infiltração e ameaça do comunismo:
No ano de 1858, o decreto n.º 2266 assinado pelo Marquês de Olinda, concedeu a José Barros Pimentel o direito de extrair mineral betuminoso para fabricação de querosene de iluminação, em terrenos situados nas margens do Rio Marau, na Província da Bahia.
No ano seguinte, em 1859, o inglês Sanuel Alklport, durante a
construção da Estrada de Ferro Leste Brasileiro, observou o gotejamento de óleo em Lobato, no subúrbio de Salvador.
Cristine Delphino lembra que em 1907, “as explorações passaram a ser realizadas também por órgãos públicos, como o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil (SMGB), o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) e o Governo do Estado de São Paulo. Porém, a primeira sondagem realizada por órgão público data somente em 1919”.
Entre 1919 e 1930, os esforços do governo brasileiro conduziram à perfuração de 51 poços em sete Estados, sem resultados em termos de hidrocarbonetos. Entretanto, os resultados em outro nível foram de características interessantes. Pela primeira vez um grande número de dados sobre a subsuperfície do nosso país vinham à tona. além disto, começava a se formar aquilo que pode ser identificado como os primeiros técnicos em Geologia brasileiros.
Manuel Inácio Bastos 1930 |
Em 1930, adentrou a cena Manuel Inácio Bastos, topógrafo, engenheiro civil, estudioso de Geologia, que trabalhava para a delegacia de Terras e Minas.
Parece que ele estava, durante uma folga, realizando uma caçada nas antigas terras de terras de Francisco Rodrigues Lobato, tornada a povoação de Lobato, na Bahia. Foi então informado que os moradores das terras do Lobato, na Bahia, usavam uma “lama preta”, em vez de querosene, nos lampiões para iluminar suas residências.
Coletando amostras, ofereceu-as à analise pelo engenheiro Antonio Joaquim de Souza Carneiro, da Escola Politécnica de São Paulo, confirmando ser petróleo.
Levou consigo amostras ao Rio de Janeiro, apresentou-as ao presidente Getúlio Vargas, enquanto buscava sócios. O presidente encaminhou suas amostras ao Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil. Entretanto, considerando os fracassos anteriores, não havia clima para este investir no tema. Não apresentou, portanto, qualquer resultado, apesar dos esforços de Manuel Bastos. Com a tendência a refluir os esforços, entraram em campo pessoas que moveram campanhas a favor da sua continuação e intensificação. Dentre elas, destacou-se o escritor José Bento Monteiro Lobato. Este começara a se interessar pelo tema em 1927, quando estivera nos Estados Unidos, percebendo nesse país uma vinculação estreita entre desenvolvimento e exploração do petróleo.
Este, em 1931, defendeu de maneira ostensiva esta linha, inclusive investindo em prospecção. Empreendedor: Lobato (no destaque) criou empresa para prospectar petróleo
Afirmou Monteiro Lobato, em uma palestra:
“Compreendi ser o petróleo a grande coisa,
a coisa máxima para o Brasil, a única força com elementos
capazes de arrancar o gigante do seu berço de ufanias."
Lançando, em 1931, a Companhia Petróleos do Brasil, negociou 50% das suas ações subscritas em apenas quatro dias. Com isto, Monteiro Lobato estimulou-se e ampliou sua campanha. Denunciou a morosidade burocrática do Ministério da Agricultura. Denunciou que a Standar Oil agia e corrompia para dominar as regiões com maior potencial para petróleo.Neste mesmo ano, o Presidente Getúlio Vargas defendeu, em Belo Horizonte, a necessidade de se nacionalizarem as reservas minerais do Brasil. Neste contexto, Monteiro Lobato escreveu cartas ao presidente Getúlio Vargas em termos denunciativos, exigindo a criação de uma entidade nacional que buscasse o petróleo. Em função disto, foi preso duas vezes.
Manoel Inácio Bastos, em 1932, continuava insistindo em trabalhar sobre uma “lama preta” baiana. Estava, após a falta de retorno do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, sendo considerado um aventureiro desreferenciado.
Foi então que procurou Oscar Cordeiro, presidente da Bolsa de Mercadorias Baiana. Conseguiu estimular este, atraindo-o para uma sociedade para explorar o potencial de Lobato.
Conforme informações levantadas por Antônio Carlos de Magalhães Silveira, Oscar Cordeiro nascera em 18 de outubro de 1890, na antiga freguesia de São Pedro, em Salvador. Apaixonara-se pelos estudos da então “Geografia Mineral”, especializando-se, como amador, em Mineralogia, no Brasil. Em 1925, ele passara a acreditar e afirmar a existência do “ouro negro” na Bahia. Daí ter Manoel Inácio Bastos encontrado o aliado certo.
Murilo de Mello Filho sublinha. Juracy Magalhães, que, em seu “Minhas Memórias Provisórias”, lembra:- Sobre petróleo, eu me lembrava bem de um episódio curioso, entre dois vizinhos, que estavam se engalfinhando porque um deles acusava o outro de por gasolina na água do poço de sua casa. Oscar Cordeiro ao examinar o poço, cavou-o com uma pá e viu que do buraco afluía um óleo negro. Colheu uma amostra e foi correndo me exibir: "Descobri petróleo no Brasil." Conforme Marcel Morel, atraído por Manoel Inácio Bastos, usando ferramentas e materiais artesanais, Oscar Cordeiro “encharcou suas mãos de petróleo em 1933 quando perfurava o poço de Lobato”. Imediatamente Oscar Cordeiro pediu ao Ministério da agricultura em ofício ferramentas, brocas, sondas e recursos para continuar suas pesquisas.
Também atraiu o interesse de Sílvio Fróes Abreu, técnico ligado ao Instituto Nacional de Tecnologia. Este, com o material em mãos, finalmente sinalizou que, efetivamente, este era de qualidade, indicando a necessidade de efetiva intensificação dos trabalhos.
Levada a nova dimensão, nos jornais começaram a correr nada amigáveis embates.
Em 20 de janeiro de 1933, foi criado o Instituto Geológico e Mineralógico do Brasil, entidade que substituiu o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil. Criou-se a Diretoria-Geral de Produção Mineral, entidade vinculada ao Ministério da Agricultura.
06) - O entreguista ministro da agricultura Juarez Távora (Itabaiana Paraíba), que apoiava a participação de empresas privadas na exploração do petróleo, inclusive estrangeiras, negou a existência do petróleo descoberto por Oscar Cordeiro:
Marcel Morel cita o ofício assinado pelo Ministro da Agricultura, finalmente respondendo à carta enviada por Oscar Cordeiro:.
“Rio de Janeiro 14 de maio de 1934. Ilmo Srº Oscar Cordeiro.
Em resposta a sua carta à vossa carta do 8 corrente, informo-vos que a opinião do Geólogo Victor Oppenheim é a opinião dos técnicos do Departamento Nacional de Produção Mineral e pode ser resumida como está no ofício que vos dirigiu o Diretor deste departamento. Outra opinião não terá esse Ministério que não seja a de seus técnicos que estudaram suficientemente o assunto que vos interessa.
Atenciosas saudações, Juarez Távora.”
07) - Victor Oppenheim geólogo da Standard Oil também negou a existência do petróleo:
Assim os geólogos do Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM negavam a possibilidade de petróleo em nosso território.
Pechados de “estrangeiros” a negativa categórica da existência de petróleo defrontando as evidências de campo adquiriu contornos de confronto que só poderia avançar em um sentido maior.
Conforme Marcel Morel, Victor Oppenheim era o geólogo da Standard Oil que emitira seu parecer certificando por escrito que o petróleo de Lobato era estranho ao local. Nesta conclusão, apontava que haveria uma fraude, e que “Oscar Cordeiro é que punha no poço”. Acabou politizada a questão.
Este evento atraiu mais atenção para o tema. O empresário carioca Guilherme Guinle financiou os trabalhos dos geólogos Irnack Amaral e Glycon de Paiva, o quais deram parecer de que se avançasse ainda mais a pesquisa.
08) - Impedidos de entrar em Lobato:
Em função disto, o próprio governo passou a reconhecer a área de Lobato como promissora. Cita Morel, Oscar Cordeiro “além do petróleo, estudou agricultura tropical e jazidas minerais do território baiano. Técnico autodidata, ele elaborou um mapa geológico da Bahia, que foi, durante muito tempo, um auxílio valioso para as pesquisas na área.”
Entretanto, Oscar Cordeiro foi alijado do programa do governo e proibido de entrar em Lobato.
Oscar Cordeiro para perfurar o seu poço, tomara dinheiro emprestado, empenhara sua casa. Como foi marginalizado do processo, perdeu tudo.
Em 1934, a Constituição e o Código de Minas separaram as propriedades do solo e do subsolo.
09) - Cartas de Monteiro Lobato ao Presidente Getúlio Vargas:
Finalmente, com o Decreto 23.979, de 08 de março de 1934, extinguiu-se a Diretoria-Geral de Pesquisas Científicas e foi criado o Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM. Monteiro Lobato, que deu curso à sua campanha reivindicando a nacionalização dos bens do subsolo,
“São Paulo, 20 de janeiro de 1935
Dr. Getúlio Vargas
Por intermédio do meu amigo Rônald de Carvalho, procurei no dia 15 do corrente, fazer chegar ao seu conhecimento uma exposição confidencial sobre o caso do petróleo, estou na incerteza se esse escrito chegou a destino. Talvez se perdesse no desastre do dia 20. E como se trata de documento de muita importância pelas revelações que faz, seria de toda conveniência que eu fosse informado a respeito. Nele denuncio as manobras da Standard Oil para senhorear-se das nossas melhores terras potencialmente petrolíferas, confissão feita em carta pelo próprio diretor dos serviços geológicos da Standard Oil of Argentina, que é o tentáculo do polvo que manipula o brasil. E isso com a cooperação efetiva do sr. Victor Oppenheim e Mark Malamphy, elementos seus que essa companhia insinuou ou no Serviço Geológico e agora dirigem tudo lá, sob o olho palerma e inocentíssimo do dr. Fleuri da Rocha. É de tal valor a confissão, que se eu der a público com os respectivos comentários o público ficará seriamente abalado.
Acabo agora de obter mais uma prova da duplicidade desse Oppenheim, cornaca do Fleuri. Em comunicação reservada que ele enviou para a Argentina ele diz justamente o contrário, quanto às possibilidades petrolíferas do Sul do Brasil, do que faz aqui o Fleuri pelos jornais, com o objetivo de embaraçar a marcha dos trabalhos da Companhia Petróleos.
O assunto é extremamente sério e faz jus ao exame sereno do Presidente da República, pois que as nossas melhores jazidas de minérios já caíram em mãos estrangeiras e no passo em que as coisas vão o mesmo se dará com as terras potencialmente petrolíferas. E já hoje ninguém poderá negar isso visto que tenho uma carta em que o chefe dos serviços geológicos da Standard ingenuamente confessa tudo, e declara que a intenção dessa companhia é manter o Brasil em estado de “escravização petrolífera”.
Aproveito o ensejo para lembrar que ainda não recebi os papéis, ou estudos preliminares do serviço que V. Excia. Tinha em vista organizar, por ocasião do encontro que tivemos em fins do ano passado, no Palácio Guanabara.
Respeitosamente,
J. B. Monteiro Lobato”
“São Paulo, 19 de agosto de 1935
Dr. Getúlio Vargas
Rio de Janeiro
Excelentíssimo Senhor:
Conforme previ na última audiência que me foi concedida a 15 do corrente, há alguém interessado em embaraçar a ação da Cia Petróleos do Brasil, dificultando a obtenção da autorização para que ela siga seu curso natural, fora das restrições do Decreto nº 20.799, que, em requerimento ao Ministério da Agricultura, foi pedida. E como V. Excia., me autorizou, neste caso, a recorrer diretamente a V. Excia., como guardião que é dos verdadeiros interesses nacionais, sou forçado a lançar mão desse recurso.
Negam-nos a autorização pedida, dificultando, retardando, protelando o necessário decreto. Isso vem impossibilitar a atividade da Cia Petróleos do Brasil. Os homens contratados à custa de tanto sacrifício monetário para procederem em nosso território quatro meses de provas, nada poderão fazer já que a companhia que os contratou não pode fazer contratos de opção nos terrenos a serem examinados. E desse modo terão de regressar para a América do Norte sem que o Brasil se beneficie das vantagens incomensuráveis da série de provas previstas e para as quais a nossa empresa se formou.
Isso constitui um crime imperdoável, além de denunciar de modo esmagador que há gente paga por estrangeiros para que o Brasil não tenha nunca o seu petróleo. Em vez de, pelas funções de seus cargos, esses homens tudo fazerem para que tenhamos petróleo, quanto antes, tudo fazem para que não o tenhamos nunca. O caso é, pois, desses que pede a imediata intervenção de homens que, como V. Excia., só têm em vista os altos interesses do País.
Assim, de acordo com a promessa que V. Excia. Me fez, venho denunciar a manobra da sabotagem burocrática e pedir o remédio urgente.
Respeitosamente subscrevo-me
De V. Excia. Atento servidor
Monteiro Lobato.”
Em março de 1938, Monteiro Lobato, encaminhou carta a Getúlio Vargas, criticando o Departamento Nacional da Produção Mineral. Protesta: “Pelo amor de Deus, e do Brasil, não preste sua mão generosa à mais cruel e mesquinha obra de vingança pessoal, disfarçada em sublime nacionalismo.”
10) - Perseguição e prisão frente a revolta dos protestos de Lobato e seguidores no direito de explorar o solo brasileiro:
Oscar Cordeiro foi preso
Neste mesmo 1935, a publicação “A luta pelo petróleo”, depõe conta a ineficiência do Serviço Geológico, instituição oficial encarregada das pesquisas. Esta, ao agir morosamente, não descobria o petróleo nem possibilitaria que outrem o fizesse. Seria, nesta via, mero instrumento de interesses estrangeiros.
Oscar Cordeiro se envolveu em pressões de uma necessária normalização da vida democrática do país, sendo preso por isto.
Conforme Morel lembra, “todos os jornalistas que escreviam sobre o petróleo nacional eram acusados de serem comunistas”.
Em 1936, Monteiro Lobato ainda lutando, mantinha-se perfurando. A 250 metros de de profundidade consegue atingir gás, em Riacho Doce, em Alagoas.
Publica, neste ano,
"O escândalo do Petróleo",
mais uma vez atacando os “sabotadores”.
Provoca os militares a agirem, apontando ser uma questão de soberania nacional. Proclama:
“Se não ter petróleo
é inanir-se economicamente, militarmente é suicidar-se”.
Lobato um turrão que cismara desde cedo de que o país tinha petróleo e que era obrigação fazer-se de tudo para encontrá-lo. Envolveu-se em polêmicas ferozes. Brigou com meio mundo. Foi duas vezes preso pela ditadura de Vargas. Arruinou-se. O homem era um tumulto.
11) Com tudo, sem que Lobato soubesse Getúlio sabendo das verdadeiras intenções patrióticas de Monteiro Lobato, o protegeu das garras invisíveis dos entreguistas:
Em 1936 Lobato desancara publicamente um documento oficial do ministro Odilon Braga (Bases para o Inquérito sobre o Petróleo), pois, na sua essência, traduzia a divisa “não tirar petróleo e não deixar que o tirem”. Metera-se naquela questão porque, depois de uns tempos vivendo nos Estados Unidos, entre 1927-1931, voltara convicto da importância estratégica para o progresso da sociedade daquela fonte de energia. O Brasil, para ele, naquela questão, sofria por um duplo conluio.
De um lado, como severo freio à pesquisa e a prospecção, alinhavam-se os interesses das empresas internacionais, os grandes trustes como se chamavam na ocasião, que não tinham intento em promover a descoberta de novas lavras do ouro negro no momento em que, devido a Grande Depressão dos anos trinta, havia superprodução de combustível. Do outro, a simples inaptidão e despreparo da burocracia nacional em por mãos à obra.
Em 1934 a Lei de Minas, que ao invés de ser um Abra-te Sésamo!, servia, disse, como um Frecha-te Sésamo! O que não o inibiu de fundar uma sociedade para a exploração do petróleo: a Companhia Matogrossense de Petróleo S.A.,
Em 1937, através da Constituição imposta pelo Estado Novo, o aproveitamento de jazidas minerais tornou-se algo a ser autorizado somente a brasileiros ou empresas constituídas por brasileiros. Foi neste contexto que, em 1937, o Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM, por determinação do seu Diretor-Geral, Avelino Inácio de Oliveira, começou suas perfurações em Lobato.
Monteiro Lobato prosseguia sua campanha pró-exploração em busca do petróleo brasileiro. Isto fica clara quando lançou “O Poço do Visconde”, neste 1937.
Em julho de 1938, Monteiro Lobato e aliados instalam a Companhia Matogrossense de Petróleo. Com esta almejava alcançar naquele estado o mesmo sucesso que os vizinhos bolivianos vinham tendo perto.
Dando ainda mais destaque ao desenvolvimento do tema, em 1938, deu-se a criação do Conselho Nacional do Petróleo – CNP. Este órgão passava a ser o responsável pela análise dos pedidos de pesquisa e lavra. Dentro deste contexto a exploração, a explotação e o refino de petróleo do petróleo passaram a ser necessariamente realizadas por brasileiros.
O Governo Federal passa também a controlar a importação e o transporte de petróleo.
Os dois primeiros poços perfurados pelo DNPM não obtiveram êxito, e foi já em 1938 que o poço DNPM-163 foi perfurado, em Lobato, já sob autorização do CNP.
Apesar de se revelar economicamente inviável, era a primeira descoberta efetiva de petróleo brasileiro.
Este terceiro poço do DNPM, o DNPM-163, que chegou a atingir 210 metros, finalmente encontrou petróleo, em 21 de janeiro de 1939.
Petróleo do poço inteiro, em Lobato,
amostra no Museu Nacional - Rio de Janeiro
12) - A insistência de Lobato na exploração do petróleo, o colocava como obstáculo ao secreto projeto do governo de preservar o petróleo para que não caísse nas mãos dos comunistas:
Em 24 de maio de 1940, o escritor Monteiro Lobato enviou uma nova correspondência ao presidente Getúlio Vargas. Denuncia que o Conselho “perseguia sistematicamente as empresas nacionais, dificultando com “embaraços legais” a exploração do subsolo, disparando verdadeiro tiro de misericórdia nas companhias nacionais com as exigências estabelecidas no Decreto nº 2.179, de 8 de maio de 1940”.
Edson Struminski lembra outro ponto da correspondência, em que Monteiro Lobato escreveu: “Dr. Getúlio, pelo amor de Deus ponha de lado a sua displicência e ouça a voz de Jeremias”.
Outra correspondência, encaminhada ao general Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior do Exército. Nesta, fica claro que mudara muito o tom em relação a Getúlio. Coloca para o chefe do Estado-Maior denunciando: “a displicência do sr. Presidente da República, em face da questão do petróleo no Brasil, permitindo que o Conselho Nacional do Petróleo retarde a criação da grande indústria petroleira em nosso país, para servir, única e exclusivamente, os interesses do truste Standard-Royal Dutch”.
13) - Perseguição à prisão de Monteiro Lobato:
Pedro Paulo Filho observa que “em 22 de agosto de 1940, o general Júlio C. Horta Barbosa, Presidente do CNP, defendia o órgão federal das acusações de Monteiro Lobato. O referido general oficiou em 17 de dezembro de 1940 ao Presidente do Tribunal de Segurança Nacional, concluindo da seguinte forma:
“Por várias vezes se serve o autor da carta (Monteiro Lobato) do seu argumento ‘Qui Prodest?’ (A quem aproveita?), para sustentar que a política do Conselho é conduzida segundo os interesses dos trustes internacionais, pois que só a estes aproveita.
As expressões citadas, além de outras que se encontram no referido documento, são evidentemente injuriosas aos poderes públicos e aos agentes que o exercem no setor petróleo. Mas o propósito injurioso melhor se caracteriza levando-se em conta que o autor do documento, conforme ele mesmo se intitula, sabe demais o assunto versado. As inverdades com que formou sua acusação foram conscientemente proferidas.
Nessas condições, parece ocorrer o crime previsto no Decreto-Lei nº 431, de 18 de maio de 1938, artigo 3º, nº 25. Se assim entender V.Excia., solicitará as providências legais para apuração da responsabilidade do autor da carta em apreço.”
Ainda Pedro Paulo Filho tece a história da prisão de Monteiro Lobato de maneira bem clara:
.
“Em 6 de janeiro de 1941, o Ministro F. de Barros Barreto, Presidente daquela Corte de Exceção, solicitou ao Chefe de Polícia de São Paulo a abertura de inquérito para apuração do crime de competência deste Tribunal, contra Monteiro Lobato, domiciliado em São Paulo.
O artigo 3º, nº 25 do Decreto-Lei nº 431, de 18-3-38, dispunha que constituía crime contra a segurança do Estado e a ordem social injuriar os poderes públicos ou os agentes que os exercem, por meio de palavras, inscrições ou gravuras na imprensa, prevendo a pena de seis meses a dois anos de prisão.
Em 27 de janeiro de 1941, a Superintendência de Segurança Política e Social de São Paulo procedeu a uma busca e apreensão de documentos no prédio da Rua Felipe de Oliveira, 21, 9º andar, sala 4, onde se sediava o escritório de José Bento de Monteiro Lobato. Dentre os documentos encontrados estava a cópia da carta que o escritor remetera ao general. Góes Monteiro, vazada nos mesmos termos daquela que enviara ao Presidente da República.
O delegado Rui Tavares Monteiro, da Superintendência de Segurança Política e Social de São Paulo, concluiu o inquérito policial em 1º de fevereiro de 1941, declarando que o dr. José Bento Monteiro Lobato, “sobre haver injuriado o Sr. Presidente da República, procura com notável persistência desmoralizar o Conselho Nacional de Petróleo, apresentando-o a soldo de companhias estrangeiras, em cujo exclusivo benefício toma todas as suas deliberações, o que, a ser verdade, constituiria, sem dúvida um crime de lesa-pátria, que comprometeria o próprio Governo Federal, de que ele é representante”.
Nesse inquérito, Monteiro Lobato foi ouvido e disse que, de fato, escreveu uma carta ao Presidente da República, “na qual, entre outras coisas, acusa o Conselho Nacional de Petróleo de retardar a criação da grande estrutura petrolífera nacional, como perseguir sistematicamente as empresas nacionais; que assim procedendo, o Conselho Nacional de Petróleo agia única e exclusivamente no interesse do truste Standard Royal Dutch; que confirma inteiramente os dizeres da carta em questão, esclarecendo que suas afirmações ali se encontram plenamente justificadas pelos fatos apresentados; que escreveu ao General Góes Monteiro uma outra carta onde tachou o Sr. Presidente da República de displicente, porque s. Excia. não tomava, em relação ao petróleo, as medidas reclamadas pelo declarante, como sendo as que melhor consultavam os interesses nacionais, com a presteza que o declarante desejava”.
Perguntado se estava convencido “de que o Conselho não passava dum ingênuo instrumento do imperialismo da Standard”, Lobato respondeu que essa era a sua convicção.
No inquérito policial ainda foram ouvidas as testemunhas Vitor do Amaral Freire, Carlos Marques, Plínio Ribeiro, Raul Seabra e Israel Rodrigues Baía.
14) Condenado Monteiro Lobato pela justiça, mas não por Getúlio Vargas que o respeitava como cidadão:
Remetido o inquérito ao famigerado Tribunal de Segurança Nacional, sediado no Rio de Janeiro, o Procurador Gilberto Goulart de Andrade, em 28 de fevereiro de 1941, no processo 1.607 daquela Corte, concluiu: “À vista do exposto, é de concluir-se que José Bento Monteiro Lobato está incurso no artigo 3º, inciso 25 do Decreto-lei nº 431, de 18 de maio de 1938, sujeito à pena de seis meses a dois anos de prisão”.
Em 18 de março de 1941, o referido procurador requereu ao Presidente do Tribunal, Coronel Maynard Gomes, a decretação da prisão preventiva de Monteiro Lobato, por ter ele tentado evadir-se do país. Condenado pelo Tribunal de Segurança nacional em 20/05/1941 art.3 n.25 Decreto Lei 431 de 1939.
A conclusão do inquérito afirmou: “Ficou provado à saciedade que o dr. José Bento Monteiro Lobato ... procura com notável persistência desmoralizar o Conselho Nacional do Petróleo, sem contudo apresentar qualquer prova de suas acusações.”
Do prontuário:
- “Removido em 30-1-41 para a Superintendência de Segurança Política e Social, de conformidade com a determinação constante do ofício de 30-1-41 do dr. Delegado de Ordem Política e Social, a fim de depor no inquérito em que é indiciado".
- “Condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional em sessão realizada em 20-5-41, à pena de seis meses de prisão celular, como incurso no artigo 3º, nº 25 do Decreto-lei nº 431, de 1939".
Lembra Edson Struminski que Monteiro Lobato escreveu da prisão: “estou como queria, colhendo o que plantei. A causa do petróleo ganha muito mais com a minha detenção do que com o comodismo palrador aí do escritório”. Os advogados de Monteiro Lobato passaram a traçar o paralelo do grande escritor com as maiores personalidades literárias mundiais, culminando por considerá-lo como homem público e homem de letras.
Receba, pois, o comovido abraço deste preso que sempre pregou, acima de tudo, no mundo, esta coisa maravilhosa chamada honestidade, e que, por causa dela, está passando por aqui um pedaço de sua vida. (a) Monteiro Lobato.”
15) - ENALTECENDO O CARÁTER NACIONALISTA DE MONTEIRO LOBATO:
Pedro Paulo Filho coloca:
“Na defesa de Monteiro Lobato perante o iníquo Tribunal de Segurança Nacional, os seus advogados, Hilário Freire e Waldemar Medrado Dias, apresentaram numerosos argumentos jurídicos em favor de sua absolvição:
“Trata-se de uma carta particular, que o autor não divulgou nem autorizou o destinatário ou outrem a divulgá-la, e que, portanto, não produz injúria, conforme inalterada jurisprudência do Tribunal de Segurança Nacional.
De outro lado, o denunciado fulgura como uma das maiores expressões da nova mentalidade e de nossa cultura, honrando-a dentro e fora de nossas fronteiras.
Dele afirmou, com sua inconcussa autoridade, o grande escritor e crítico argentino Júlio Barcos, autos de tantas obras notáveis e consagradas: “Podemos gloriar-nos de possuir, nós os sul-americanos, o mais genial escritor de crianças. Já temos, para contrapor aos maiores criadores da literatura infantil do Velho Mundo, um nome que não tardará em universalizar-se, o do brasileiro Monteiro Lobato’.”
Pedro Paulo Filho prossegue:
“Os advogados de Monteiro Lobato passaram a traçar o paralelo do grande escritor com as maiores personalidades literárias mundiais, culminando por considerá-lo como homem público e homem de letras.
“Além de tudo, era um patriota, “tanto que foi justamente às classes armadas de seu país que o denunciado ofereceu a expressiva dedicatória do livro O Escândalo do Petróleo, do qual, em três meses, de agosto a outubro de 1936, se esgotaram quatro edições, num total de 25 mil exemplares”.
Em outra parte da defesa, os advogados proclamaram: “Essa carta de 5 de maio, no seu tom pessoal e quase íntimo, dirigida ao “dr. Getúlio”, é igual a tantas outras, escritas antes e depois dela, ao Sr. Presidente da República.
É bem uma fotografia, moral e cívica, do escritor, vivaz e bem intencionado, tomado pelas paixões impessoais do bem público e da verdade, com seu amor às grandes causas, com seu feitio, com seu temperamento, com sua impulsividade, com seu talento literário, com o colorido do seu estilo e com a independência de suas idéias.
Essa carta não constitui injúria ao presidente da República e, por isso, o presente processo, formado em redor dela, é um manifesto erro judiciário, pois falta à espécie o “animus injuriandi” e o “animus nocendi.”
16) - Os advogados indagaram: “Por que não agiu contra o denunciado o Sr. Presidente da República?” Porque Getúlio Vargas sabia dos comunistas e sabia também que Lobato era um verdadeiro nacionalista:
Evidentemente, aduziram, porque não viu injúria na carta incriminada.
“Ninguém melhor do que S.Excia.
Conhece o apreço, a cordialidade e a desinteressada estima
que lhe devota o missivista. Ninguém melhor do que S.Excia. sabe
do seu desapego às posições e de sua esquivança em ocupar cargos
da maior honra e dignidade, que S.Excia. lhe pôs ao alcance
de sua carreira e a que nada o impedia de ascender ou aspirar,
por seus talentos e predicados excepcionais.”
Em outro passo, argumentaram:
“O caso, positivamente, não é o de injúria,
nem o Sr. Presidente da República nem aos órgãos de sua administração.
A remessa da carta de 5 de maio ao Conselho Nacional do Petróleo obedeceu a uma simples praxe que o chefe de Estado estabeleceu normalmente em reclamações análogas, para ser convenientemente informado dos assuntos que motivam as críticas formuladas”.
Passaram os advogados Hilário Freire e Waldemar Medrado Dias a realçar a amizade existente, até então, entre Monteiro Lobato e Getúlio Vargas: “Monteiro Lobato entretém relações pessoais com o Exmo. dr. Getúlio Vargas, desde a época em que S.Excia. exercia o cargo de ministro da Fazenda do governo Washington Luís.
Esse trato cordial nunca se interrompeu durante todo o período em que S.Excia. vem desempenhando a suprema magistratura da nação. Quer por meio de assídua correspondência, quer em inúmeros encontros pessoais diretos, Monteiro Lobato esteve em contato com S.Excia. no estudo dos problemas do ferro e do petróleo.
E reproduziram a carta que Ronald de Carvalho, do gabinete da Presidência da República, em 31 de outubro de 1934, dirigiu a Monteiro Lobato: “Meu caro Lobato. O presidente deseja conversar com v. sobre assunto de grande interesse para o Brasil. Peço-lhe, por isso, que venha ao Rio, se lhe for possível, na próxima semana. Aqui fico às suas ordens”.
A defesa terminava com a peroração vazada nos seguintes termos: “M. julgador. Então expostos, com o maior amor à verdade, os fundamentos de fato e de direito que comprovam a improcedência da acusação feita ao denunciado.
17) Monteiro Lobato é libertado:
Episódios desta natureza são próprios dos povos jovens e varonis, cujos filhos disputam a primazia de bem servir à pátria. No fundo, todos os que entram no cenário deste processo nada mais desejam senão a grandeza do Brasil. A absolvição do denunciado é, assim, um ato de direito e de justiça. Rio, 1º de abril de 1941.””
Também do prontuário:
- “Liberdade em 20-06-41 de conformidade com os dizeres do ofício de 20-6-41, do dr. Delegado de Ordem Política e Social e conforme dizeres do telegrama nº 2.237 expedido pelo Juiz-Presidente do Tribunal de Segurança Nacional, visto haver sido, por Decreto do Exmo. Sr. Dr. Presidente da República, datado de 17-6-41, indultado do resto da pena de seis meses de prisão celular que lhe foi imposta pelo delito contra a Segurança Nacional.”
A sonda do DNPM foi retirada de Lobato e transportada para Candeias. Seu deslocamento uniu épocas diferentes, com a utilização de um trator de carreta de bois. Em 2 de Abril de 1941 teve início o trabalho do Poço C-1 (Candeias 1) e a 29 de Junho de 1941 jorrou o petróleo. Era o primeiro poço comercial do Brasil.
18) - Monteiro Lobato, um nacionalista que tentou defender a Soberania Brasileira contra o truste norte-americano, preso por delito contra a Segurança Nacional.
A Constituição de 1946 aproximou a jurisprudência estadunidense e a brasileira. Como aponta Moniz Bandeira; - a Assembléia Constituinte instalada em 1946 elaborou a Constituição, sob pressão de alguns trustes estadunidenses, notadamente a Standard Oil of New Jersey e a internacional Telegrafh Co. o art. 5°, sobre a concessão dos serviços de telégrafos e de radiocomunicações, por exemplo interessava a ITT. Já os arts. 151, 152, 153, sobre a propriedade do subsolo e o aproveitamento industrial das minas e jazidas, inquietavam a Standard Oil. Moniz Bandeira afirma ainda que a Standard Oil chegou a enviar um agente encarregado de modificar o que dispunha a Carta do Estado Novo sobre a exploração do petróleo. E consegui-o. O art. 153 da Constituição teria saído conforme seus desígnios ( Bandeira, 1973: 310).
19) - A cautela adotada pelo Brasil frente ao comunismo soviético que se infiltrava no território foi intenso, acontecendo desde a segunda guerra mundial uma aproximação forçosa entre o Brasil e EUA, quando os EUA aproveitaram para adentrar no território brasileiro.
Os jornais noticiavam:
Ladrões do petróleo no Copacabana Palace em 09/02/51
Conforme Imprensa Popular em 17/02/1951 ano IV n.621 de Pedro Motta Lima: no Copacabana palace o presidente e vice presidente da The Texas Company, empresa do Trust encabeçada pela Standard Oil - Klein e Wood conferenciaram secretamente com Juraci Magalhães e outros entreguistas - Objetivo: formação de companhias mistas para abocanhar o nosso ouro negro.
Os imperialistas americanos cobraram do Sr. Getúlio Vargas as promessas que foram feitas durante a campanha eleitoral, quando o departamento do Estado condicionou o registro de sua candidatura e a sua própria posse, caso fosse eleito, ao cumprimento de exigências tais como a entrega do petróleo e dos minerais atômicos. Caso Vargas estivesse vacilando e que, por isso mesmo, aumentou sobre ele a pressão dos gringos ianques.
O fato é que, depois da vinda de Nelson Rockfeller em pessoa, Getúlio resolveu colocar na direção do Conselho Nacional do Petróleo, o agente da Standard Oil o velho entreguista Jurací Magalhães cargo em que disfarçava a mais criminosa entrega do nosso petróleo.
Chegaram no dia 09 de fevereiro de 1951, incógnitos, os dois mais graduados representantes da The Texas Company integrantes do monstruoso Truste norte-americano de petróleo, que pertence a rigor ao grupo financeiro Rockfeller é uma das cinco grandes empresas que, em sua ação fora dos Estados Unidos, formam uma aliança monopolista, liderada e dirigida pela Standard Oil. Os representantes dos monopólios ianques como Nelson Rockfeller, Coronel Harry T. Klein e Mr. James T. Wood, chegando e agindo na sombra, avistados clandestinamente com Jurací Magalhães e outros ases do entreguismo. Mr. Klein subiu graças a sua habilidade de burlar a lei anti-truste.
Em 17/02/1951 Imprensa Popular Pag.4: A volta do espião Miller que desta vez desembarca no Galeão com o gringo Francis Adans Truslow o massacrador dos nordestinos na batalha da borracha, que dizem ser perito em assuntos brasileiros. Mas nós brasileiros sabemos serem eles peritos em sugar nossas riquezas, derramar o sangue da nossa juventude, exigir dos povos latinos americanos contribuições elevadíssimas em riquezas e recursos humanos para serem postos a serviço da máquina de agressão imperialista norte-americana.
Miller com o fim confessado de tratar de questões a serem debatidas na conferência dos chanceleres de Washington em 26/03/1951, pesa sobre a soberania de nosso país e sobre o petróleo e os minerais atômicos ameaçados pelos trustes e pelos incendiários de guerra que controlam o governo norte-americano.
20) - A traição de Juraci Magalhães cearense, governou a Bahia[!], adido militar, embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Ministro da Justiça e Relações Exteriores, o primeiro Presidente da Petrobras, e presidiu a Companhia Vale do Rio Doce, em parceria com o entreguista Valentim Bouças e nazi-integralista Santiago Dantas aonde reinou até 1967 como Ministro das Relações Exteriores do Brasil, sobre o não olhar clínico e de omissão do regime, então em vigor no Brasil.
Juraci Magalhães foi informante do FBI durante o último governo Vargas e confidenciou a Adolf Berle que conspirara contra Vargas em 1945. Em qualquer país do primeiro mundo pelos seus atos, teria sido encaminhado a prisão perpétua. Juraci Magalhães foi nomeado embaixador brasileiro nos Estados Unidos. É desse período a sua célebre frase:
Cquote1.svg O que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil.8 Cquote2.svg
O que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil
— Juracy Magalhães
Em 21/02/1951 Imprensa Popular pag.3: Miller visa estabelecer o fascismo no Brasil. Miller conversou com Getúlio no Palácio Rio Negro em Petrópolis e longamente no Itamaratí com João Neves Fontoura, Horácio Lafer, Dalton Coelho, Ricardo Jaffet, Mauricio Nabuco, mais duas conferências com o fantoche João Neves. O "auxílio" ianque consiste em levar daqui o petróleo, o manganês, as areias monazíticas, etc., e impedir por todas as formas a industrialização, o progresso no país.
Com a inclusão do agente da Standard Oil Odilon Braga na conferência dos chanceleres torna-se a situação ainda mais clara. A UDN (PARTIDO POLÍTICO E TRAIDOR) no plano internacional mostra o governo Vargas como a efetiva "união sagrada" dos partidos e classes dominantes para executar a política ditada pelo imperialismo norte-americano.
A escolha de Odilon Braga
vai dar em Rockefeller e Miller em Wall Street Washington
quem o escolheu foi Jurací Magalhães
homem de confiança de Rockefeller para presidir o
Conselho Nacional do Petróleo.
Odilon Braga tem relevantes serviços prestados ao truste ianque de relator do infame Estatuto do Petróleo e entreguista dos mais descarados. Odilon Braga na delegação presidida pelo títere João Neves. Um quer a entrega imediata do petróleo a Standard Oil, o outro deseja a imediata "alienação da Soberania Nacional". Não vão representar o Brasil, e sim uma parcela corrompida e apodrecida.
Santiago Dantas |
Atente o povo para a política exterior que Vargas está executando, com pleno apoio e colaboração da escória udenista, não é a política que prometeu antes das eleições, mas a política de submissão aos trustes de Wall Street, a política que conduz à dominação ianque.
O ministro do exterior João Neves por incumbência de Getúlio Vargas, encarregou o conhecido lacaio de empresas americanas Valentim Bouças a elaborar a minuta desses acordos profundamente lesivos à economia nacional. Bouças e seu grupo - pretendiam a entrega aos Estados Unidos em termos semelhantes aos acordos de Washington de todos os minérios estratégicos necessários à máquina de guerra norte-americana, colaborou com Bouças o lesa-Pátria traidor
nazi-integralista Santiago Dantas,informação esta confirmada com a vinda de Rockfeller e Miller ao Brasil, colocando todo o governo Vargas e em particular o seu ministro do Exterior João Neves em cumplicidade. Miller encontrou por parte do GOVERNO VARGAS todas as facilidades para a sua criminosa tarefa a reunir-se em Washington.
Um parceiro de Rockefeller na Standard Oil era Edward Harkness, cuja família veio a controlar o Chemical Bank.Outro foi James Stillman, cuja família controlado Manufacturers Hanover Trust. Os dois bancos se fundiram sob o guarda-chuva JP Morgan Chase. Duas das filhas de James Stillman casaram dois dos filhos de William Rockefeller. As duas famílias controlam uma grande parte do Citigroup também.
Getúlio Vargas exibindo em sua mão com petróleo, em Candeias, a 23 de Junho de 1952. pelos próximos doze anos o Recôncavo baiano se tornaria a única região a oferecer o petróleo comercialmente viável no Brasil.
21) Protesto de Monteiro Lobato sem saberem das armadilhas que Getúlio a ele poupou:
Monteiro Lobato escreveu, em carta a Godofredo Rangel, datada de 17 de setembro de 1941: “Depois que me vi condenado a seis meses de prisão, e posto numa cadeia de assassinos e ladrões só porque teimei demais em dar petróleo à minha terra, morreu um bom pedaço na alma.
Monteiro Lobato faleceu em 4 de julho de 1948,
sem ver seu sonho realizado de criação da empresa nacional que monopolizasse a exploração e a explotação do petróleo.
Procópio Ferreira, no velório de Lobato, a 5 de julho de 1948, observou: “A senvergonhice nacional está de parabéns com a morte de Monteiro Lobato, grande homem, grande espírito, grande artista. Não sabemos o que mais admirar nele: se o homem de bem ou se o artista perfeito... Em meu nome e em nome de todos os atores do Brasil trago aqui o nosso adeus comovido."
Velado na Biblioteca Municipal de São Paulo, recebeu a presença do governador do Estado de São Paulo, que fez questão de conduzir o caixão em sua saída para o enterro.
Em 1950, entra em funcionamento a refinaria de Mataripe, para refinar o petróleo baiano, além de ser lançado ao mar o primeiro navio petroleiro brasileiro. É neste ambiente que morre o pioneiro Manoel Inácio Bastos.
Gislaine Barros lembra a matéria no Jornal da Bahia, da década de 1950, em que a jornalista Petronilha Pimentel colheu o depoimento de Dona Diva, viúva de Manoel Bastos: “Minha filha, eu agora tomei um choque. Passei no Lobato e vi lá uma placa - 'Mina de Petróleo de Oscar Cordeiro'. E eu retruquei. Não disse a você, Maneca, que não convidasse ninguém e esperasse ajuda do governo? E Maneca, sempre incisivo nas respostas: “Mas minha filha, Cordeiro, como presidente da Bolsa de Mercadorias, pode levar avante a parte comercial da sociedade”.”
Médici,Figueiredo e Etchegoyen |
22) - Armação do Exército e do Clube Militar
Em 1950, cresce o movimento em torno da proposta do já falecido Monteiro Lobato. A campanha "O Petróleo é nosso" se alastra, chegando-se no Congresso a uma proposta que afirmava o monopólio da Petrobras.
O servidor aposentado da Petrobras, Pedro de Arbues Martins Alvarez, em depoimento publicado em relatório desta empresa, colocou que "a campanha. O Petróleo é Nosso surgiu em 1947, a partir de um debate promovido pela ala nacionalista do Exército, no Clube Militar (RJ) entre os generais Horta Barbosa e Távora. Barbosa defendia o monopólio estatal, justamente o oposto de Távora, que apoiava a participação de empresas privadas na exploração, inclusive estrangeiras.
Valentim Bouças
A safadeza estrangeira aliava-se à incompetência tupiniquim.
Murilo de Mello Filho também referencia a questão dos embates no Clube Militar, colocando que “no dia 21 de maio de 1952, realizaram-se eleições no Clube Militar.
A chapa da Cruzada Democrática, encabeçada pelos Generais Alcides Etchegoyen e Nelson de Melo, obteve 8.288 votos contra 4.489 dados à chapa nacionalista, apoiada pelo General Estillac Leal, que se demitiu em seguida do Ministério da Guerra, onde foi substituído pelo General Ciro do Espírito Santo Cardoso...
Perguntado certo dia sobre o problema do petróleo, o General Etchegoyen respondeu:
- " Mas eu fui eleito justamente pelos militares que não queriam mais que se falasse neste assunto do petróleo aqui dentro do clube.”
João Neves ministro do exterior e Góes Monteiro ministro do STM começaram a induzir o processo de derrubada de Vargas, quando articularam com os EUA o Acordo Militar de 1952, sem conhecimento do Gen. Estillac Leal, ministro da Guerra, nacionalista e sustentador da base militar do presidente. Estillac demitiu-se e daí a coisa ruim no Brasil foi crescendo.
23) - Chamaram um tal mister Link [Walter K.Link]
Conforme Pedro de Arbues Martins Alvarez, “os entreguistas alegavam que nós não tínhamos recursos financeiros nem capacidade técnica para explorar o petróleo...
mister Link especialista da Standard Oil, que disse não haver petróleo no Brasil (MENTIU). Ele era "autoridade", então oficialmente não tinha petróleo...”
Conforme O Semanário Pg.8 1.caderno de 10 a 17/12/1960 por Edmar Morel, o relatório de Walter Link dizendo que além das reservas conhecidas do Recôncavo Baiano, não há outras áreas de petróleo no Brasil que compense industrialmente tem 52 páginas, e foi escrito em inglês. Uma cópia foi levada para Standard Oil, e outra entregue ao sr. Glycon de Paiva, que uma conferência secreta, leu o documento na Escola Superior de Guerra. Estes fatos, foram denunciados pelo O Seminário, e repercutiram na Câmara dos Deputados através de um discurso do Sr. Gabriel Passos.
Em 13 de março de 1955, a Petrobrás revelou a existência de petróleo no Amazonas em Nova Olinda, acontecimento que fez vibrar o mundo inteiro. Depois foi em Alagoas em Jequié da Praia, todos paralisados por sabotagem de Walter Link, o ianque alto funcionário da Petrobrás. O engenheiro Lindomar Mota superintendente dos serviços da Petrobrás, revoltado, enviou relatório ao superintendente geral, ou seja, ao próprio Link que mandou punir o engenheiro brasileiro (o relatório no anúncio ao lado)
24) - Getúlio cria a Petrobrás:
Getúlio Vargas sancionou, a 3 de outubro de 1953, a Lei Nº 2004, que criou a Petrobrás, nascida com o regime do monopólio durante cerimônia no Palácio do Catete,
25) Do discurso pronunciado de Getúlio Vargas:
“A Petrobras assegurará não só o desenvolvimento
da indústria petrolífera nacional, como contribuirá decisivamente
para eliminar a evasão de nossas divisas. Constituída com capital,
técnica e trabalho exclusivamente brasileiros, a Petrobras resulta de uma firme política nacionalistas no terreno econômico, já consagrada por outros arrojados empreendimentos em cuja viabilidade sempre confiei.”
26) - Getúlio criou a Petrobrás e assinou o seu atestado de morte:
Pobre Getúlio Grande Nacionalista segurou por longo tempo o cidadão respeitado Lobato e suas intenções, assim como tantos outros que teimavam em tomar para si o Petróleo que Getúlio queria para o Brasil, para o povo brasileiro. O poder com Getúlio Vargas era nacionalista e favorável a tornar o Brasil um país industrial.
Criou a Petrobrás, com isso, atiçou o grande inimigo até então oculto, os ianques sionistas.
Porque Getúlio, não teve tempo como nos governos anteriores para punir os inimigos. Porque Getúlio não expulsou, baniu Goes Monteiro e João Neves capitaneados pelo entreguista Lacerda que instigaram na elaboração em fev/1954,o General Newton Estillac Leal, no Manifesto dos coronéis, contra a previsão do aumento do salário mínimo em 100%. Armaram a trama na Toneleiros, e usaram-na contra Getúlio. Quanta traição!
Getúlio sem saber estava sendo colocado em uma fogueira ardente. Lacerda tramou na Rua Toneleiros, se acidentou, tanto que no hospital em que se apresentou, laudo não houve, não teve relatório médico sobre o acidente em que ele culpou Getúlio, tudo mentira, culpou Getúlio de um atentado forjado e mentiroso. Getúlio tinha toda a força e respeito para se defender impondo disciplina junto as FFAA. Jamais Getúlio Vargas se daria um tiro no peito. Getúlio amava a vida, Getúlio amava o Brasil e honrava o povo brasileiro. Getúlio não teve tempo para uma atitude. Tiraram a sua vida, para se banquetearem do Petróleo brasileiro, do solo e sub-solo rico do Brasil. e assim surgiram as forças alienígenas que partiram no ataque se infiltrando na Petrobrás fazendo outras vítimas, a principal; o povo brasileiro. De 1954 para cá, o Brasil ficou à deriva.
27) - 07 de setembro de 1963, Salve-se a Petrobrás. O único diretor não comunista nomeado por Getúlio Vargas foi demitido.
Getúlio Vargas - História - 11 min.
Nasce a Petrobras - 1 min.
CPMI Petrobras - Onyx Lorenzoni questiona...24 min.
Getúlio Dornelles Vargas - 7 min.
O Petróleo tem de ser nosso - 4 min.
Videoentrevista A morte de Getúlio Vargas - 30 min.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Relat%C3%B3rio_Link
Licença padrão do YouTube
http://mudancaedivergencia.blogspot.com.br/2013/03/a-farsa-do-petroleo-e-nosso-lobato.html
Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.
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