segunda-feira, 16 de março de 2015

HISTÓRIA DO SIONISMO




A História do Sionismo - 46 min.

Oriente Médio - Sionismo e as Guerras - 46 min.

Palestina - História de uma terra -  120 min.

Palestina: História de Uma Terra - Completo - Português
F O R Z A 

História da criação do Estado de Israel e a luta pela criação de um Estado palestino, desde o fim do domínio do Império Otomano até as negociações mais recentes entre árabes e israelenses.

A região era chamada de Palastu pelos assírios.

A palavra Palestina deriva do grego Philistia, nome dado pelos autores da Grécia Antiga a esta região, devido ao facto de em parte dela (entre a atual cidade de Tel Aviv e Gaza) se terem fixado no século XII a.C. os filisteus.

Os filisteus não eram semitas e sua provável origem é creto-miceniana, uma das mais conhecidas (embora recorrentemente mencionadas) vagas dos chamados "Povos do Mar" que se estabeleceram em várias partes do litoral sul do mar Mediterrâneo, incluindo a área hoje conhecida como Faixa de Gaza. Segundo a tradição bíblica os filisteus seriam oriundos de Caphtor, termo associado à ilha de Creta. Este povo é igualmente referido nos escritos do Antigo Egipto com o nome de prst, por onde também passaram e foram repelidos.

No século II d.C., os romanos utilizaram o termo Syria Palaestina para se referirem à parte sul da província romana da Síria. O termo entraria posteriormente na língua árabe e é usado desde então para se referir a esta região.

Primeira prova numismática para o nome da Síria Palaestina 
vem do período do imperador Marcus Aurelius Antoninus.


Heródoto escreveu em c.450 aC nas histórias de um bairro "da Síria, chamado Palaistinê" (daí Palaestina, de onde Palestina). Em c.340 aC, Aristóteles escreveu em Meteorologia sobre a Palestina, em uma referência para o Mar Morto: "Mais uma vez se, como é fabuloso, há um lago na Palestina, de tal forma que se você ligar um homem ou animal e jogá-lo flutua e não afundará, isso suporta o que já dissemos. Dizem que este lago é tão amargo e salgado que nenhum peixe vive nele e que se você mergulhar a roupa nele e agitá-los limpa-os ". E em C.40 AD, Roman-escritor judeu Philo de Alexandria escreveu dos judeus na Palestina:

 "Além disso a Palestina e a Síria
 também não estão desprovidos de sabedoria exemplar e virtude,
 que os países não pequena parte que a nação mais populosa dos judeus habita. Há uma parcela dessas pessoas chamada Essênios "



Theodor Herzl.
Theodor Herzl (Budapeste2 de maio de 1860 — Edlach3 de julho de 1904) foi um jornalista judeu austro-húngaro que se tornou fundador do moderno Sionismo político. Seu nome em hebraico era Benjamin Ze'ev (בנימין זאב).

Sua carreira

A primeira escola de Theodor Herzl foi uma escola primária judaica. Aos 10 anos foi enviado para uma escola real, mas saiu dessa escola por conta do anti-semitismo. Depois foi matriculado num colégio evangélico, onde não existiam problemas com o anti-semitismo.
Em 1878 sua família se mudou para Viena. Formou-se em Direito em 1884 e o seu trabalho inicial não tinha qualquer relação com a vida judaica, pois trabalhava como empregado não-assalariado nos tribunais de Viena e Salzburgo. Ele queria muito viver em Salzburgo, mas sua condição de judeu nunca permitiria fazer-se juiz.
Apesar de ser formado em Direito ele se dedicava mais ao jornalismo e à literatura. Ao invés de procurar um emprego fixo, começou a viajar e escrever para jornais.
Na sua juventude frequentou uma associação, chamada Burschenschaft, que aspirava à Unificação alemã, sob o lema: Honra, Liberdade, Pátria. Herzl era um judeu assimilado.
Em 1891 o jornal "Neue Freie Presse" ofereceu-lhe um cargo de correspondente em Paris. Ele aceitou o cargo, expressando, nesta época, suas idéias num pequeno livro. Nesse cargo ele fazia ocasionalmente viagens a Londres e Constantinopla. O seu trabalho era inicialmente do gênero da crítica literária, descritivo e não político. Mais tarde ele tornou-se o editor literário do Neue Freie Presse. Herzl tornou-se simultaneamente um escritor de peças destinadas aos palcos vienenses, tendo sido autor de comédias e dramas.
Em 1894 ele interferiu no Caso Dreyfus, que desvelou na Europa o latente anti-semitismo.
Em 1895 ele escreveu "O Estado Judeu". A principal ideia do livro era que a melhor maneira de formar um estado judeu era formar um congresso sionista formado apenas por judeus. Da ideia partiu para a prática e, pouco tempo depois, já havia formado o "Sionismo Político". No dia 29 de agosto de 1897 foi realizado o primeiro congresso sionista desde a diáspora, em Basileia. Durante o congresso foi criada a Organização Sionista Mundial, e Herzl foi eleito presidente.

Resoluções do primeiro Congresso Sionista em Basileia


Herzl foi o visionário do Estado judeu, em 1901.
  • Theodor Herzl o organizou e foi eleito presidente.
  • Adoção de um hino nacional e uma bandeira.
  • Compra de terras e formação de kibutz (que uma das principais ideias do sionismo socialista).
  • Negociações diplomáticas, com o Império Turco-Otomano para a fixação de judeus alemães na Palestina não deu certo e mais tarde com a Grã Bretanha só seria possível após a primeira guerra mundial e mesmo assim mal interpretado ou de forma conspiratória, tendo em vista que o povo da Alemanha possuía dívidas de guerra com a Inglaterra.

Líder do Movimento Sionista

Túmulo de Theodor Herzl em Viena
A partir de 1896, ano da tradução para o inglês do seu livro "Der Judenstaat" ("O estado judaico"), a sua carreira tomou uma nova direção e ele adquiriu uma reputação diferente.
O livro que é considerado como o ponto de partida do movimento Sionismo. Pregava que o problema do anti-semitismo só seria resolvido quando os judeus dispersos pelo mundo pudessem se reunir e se estabelecer num Estado nacional independente.
Herzl impressionado pelo caso Dreyfus, cobriu seu julgamento para o jornal austro-húngaro e também foi testemunha das manifestações em Paris após o julgamento em que muitos cantaram pelas ruas "Morte aos Judeus"; isto convenceu-o da possibilidade das manifestações anti-judaica atravessasse as fronteiras e refletisse até a Polônia ou Alemanha países que reconheciam sua influência.
SIONISMO
O sionismo (em hebraicoציונות Tsiyonut) é um movimento político e filosófico que defende o direito à autodeterminação do povo judeu e à existência de um Estado nacional judaico independente e soberano no território onde historicamente existiu o antigo Reino de Israel (Eretz Israel).
O sionismo é também chamado de nacionalismo judaico e historicamente propõe a erradicação da Diáspora Judaica, com o retorno da totalidade dos judeus ao atual Estado de Israel. O movimento defende a manutenção da identidade judaica, opondo-se à assimilação dos judeus pelas sociedades dos países em que viviam.
O sionismo surgiu no final do século XIX na Europa Central e Oriental como um movimento de revitalização nacional e logo foi associado, pela maioria dos seus líderes, à colonização da Palestina. Segundo o pensamento sionista, a Palestina fora ocupada por estranhos.1 Desde a criação do Estado de Israel, o movimento sionista continua a defender o estado judeu, denunciando as ameaças à sua permanência e à sua segurança.
Em uma acepção menos comum, o termo pode também se referir ao sionismo cultural, proposto por Ahad Ha'am, e ao apoio político dado ao Estado de Israel por não-judeus, tal como no sionismo cristão.
Os críticos do sionismo o consideram como um movimento colonialista ou racista.2 Os sionistas rebatem essas críticas, identificando o antissionismo com o antissemitismo.3 4

Terminologia

O termo "sionismo" é derivado da palavra "Sion" (em hebraicoציון), que, em hebraico, quer dizer elevado. Originalmente, Sião ou Sion era o nome de uma das colinas que cercam a Terra Santa, onde existiu uma fortaleza de mesmo nome. Durante o reinado de David, Sião se tornou um sinônimo de Jerusalém ou da Terra de Israel. Em muitas passagens bíblicas, os israelitas são chamados de "filhos (ou filhas) de Sião".
No Livro de Isaias, o nome de Sião figura diversas vezes como equivalente para todo aquele que crê no Deus de Israel: Por amor de Sião não me calarei, e por amor de Jerusalém não me aquietarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação como uma tocha acesa (Isaias, 62-1).

História do sionismo

O chamado "sionismo moderno" articulou-se e desenvolveu-se especialmente a partir da segunda metade do século XIX, em especial entre os judeus da Europa Central e do Leste Europeu, que viviam sob a pressão das perseguições e massacres sistemáticos provocados pelo antissemitismo crônico destas regiões.











Theodor Herzl (1860 – 1904),
 Fundador do sionismo moderno
O século XIX foi uma época de irrupções nacionalistas em todo mundo. Gregositalianospolonesesalemães e sul-americanos, entre outros, estabeleceram seus movimentos nacionais em busca de singularidade política, étnica e cultural. Seguindo estes modelos, o sionismo foi o mais recente dos processos de renascença nacional a despertar na Europa.
O sionismo também pode ser considerado como uma reação ao crescente assimilacionismo provocado pela integração dos judeus da Europa Central aos povos e comunidades onde se encontravam estabelecidos, o que, segundo os críticos, solapava as bases culturais e religiosas fundamentais do judaísmo tradicional.
O uso do termo "sionismo" surgiu durante um debate público realizado na cidade de Viena, na noite de 23 de janeirode 1892, e foi cunhado por Nathan Birnbaum, um escritor judeu local que fundara em 1885 a revista “Selbstemanzipation!” (Autodeterminação!)5 . No entanto, considera-se que o "Pai do sionismo" tenha sido o jornalista e escritor austríaco Theodor Herzl, autor do livro Der Judenstaat (O Estado Judeu).

Precedentes do sionismo

São considerados precursores do sionismo (ou "protossionistas") alguns pensadores e religiosos judeus que expressaram em obras escritas o desejo ancestral do povo judeu de retornar às suas raízes históricas através da volta para sua terra de origem. Por outro lado, o nacionalismo judaico é considerado como uma decorrência direta dos diversos movimentos nacionalistas que surgiram no Ocidente a partir do iluminismo, da Revolução Francesa e da Revolução Americana.
Os primeiros protossionistas foram membros do clero judaico, como os rabinos Judá AlkalaiNaftali Berlin (o “HaNatziv”); Tzvi KalisherSamuel MohiliverIsaac Jacob Reines.
Segundo a narrativa religiosa e tradicional, o sionismo surgiria logo após a queda do Segundo Templo e a consequente expulsão da maioria dos judeus dos territórios do antigo Reino de Israel, entre os anos 66 d.C. e 135 d.C. A oração "no ano que vem, em Jerusalém", recitada todo os anos durante oPessach, expressa a vontade, transmitida através das gerações, de retorno à Terra de Israel como condição precípua para a vinda do Messias e do estabelecimento de uma nova ordem, onde as esferas sagrada e terrena passariam a conviver em um único plano.
A "nostalgia de Sião" se manifestou claramente nos discursos de diversos místicos judeus surgidos ao longo dos séculos de duração da Diáspora, desde David Alroy ("falso messias"), no século XII, até Sabbatai Zevi, no século XVII, passando pelos poemas de Yehudah Halevi e por uma infinidade de místicos.
No século XIX, o britânico George Eliot publica o romance Daniel Deronda (1876), que descreve a vida de um homem que se dedica à busca da criação de um centro nacional para os judeus. Mas seriam Leon Pinsker, médico polonês e Moses Hess, escritor alemão, aqueles que mais se destacariam como precursores do sionismo naquele século.

O Caso Dreyfus como impulso

Ao final do século XIX, os judeus que detinham uma condição social um pouco mais elevada (em geral os habitantes dos países da Europa Ocidental) julgavam-se mais seguros contra as perseguições antissemitas que vitimavam os judeus do Leste, mais arraigados às tradições, pois encontravam-se plenamente inseridos nas sociedades daqueles países. Esses judeus pouco diferiam, culturalmente, de seus vizinhos cristãos, e muitos abandonavam as práticas religiosas ou se convertiam ao cristianismo, como forma de selar o processo de completa assimilação. Entre esses, encontrava-se Theodor Herzl, um advogado nascido em Budapeste e que, na juventude, chegou a pedir em carta ao Papa que ajudasse os judeus de toda aEuropa a se converterem coletivamente ao catolicismo.
Herzl ganhou notoriedade quando passou a publicar matérias assinadas na imprensa alemã a partir do final da década de 1880 e, graças a isso, recebeu um convite para se tornar correspondente do jornal "Neue Freie Presse" em Paris, onde cobriu o julgamento do militar Alfred Dreyfus. Dreyfus era um oficial judeu do Exército Francês acusado injustamente deespionar em favor dos alemães. Ao testemunhar a série de fraudes engendradas por elementos da oficialidade francesa para culpar Dreyfus com alegações antissemitas, Theodor Herzl se deu conta de que nem a assimilação cultural seria capaz de livrar os judeus da discriminação.
Com base nessas reflexões e aproveitando-se do pensamento de outras pessoas, Herzl escreve, em 1895, sua principal obra, Der Judenstaat – Versuch Einer Modernen Lösung der Judenfrage ("O Estado Judeu – Uma Solução Moderna para a Questão Judaica"), onde preconiza a necessidade da reconstrução da soberania nacional dos judeus em um Estado próprio6 . Em O Estado Judeu, Herzl descreve, de forma romanceada, suas visões de como tornar possível a construção de uma futura nação judaica, discorrendo sobre imigração, compra de terras, edificações, leis, idioma etc. Muitas das ideias de Herzl serviriam de inspiração para os primeiros legisladores do futuro Estado de Israel.

O Congresso Sionista

O livro de Herzl foi bem recebido pela maior parte dos judeus europeus que compartilhavam dos mesmos ideais. Com o intuito de aglutinar as diversas tendências nacionalistas judaicas, Herzl organizou o Primeiro Congresso Sionista, que deveria ser realizado em Munique, na Alemanha. Contudo, líderes religiosos da comunidade judaica local se opuseram à iniciativa, por temerem uma exposição excessiva e uma possível retaliação antissemita. Assim, o evento acabou por se realizar na cidade suíça de Basileia, em 29 de agosto de 1897. Segundo seus criadores, o Congresso tinha como propósito de mostrar ao mundo "o que é o sionismo e o que ele pretende" e também para unir todos os sionistas sob uma só organização.
O evento reuniu cerca de 200 participantes e seus principais resultados foram a formulação da plataforma sionista, conhecida como "Programa de Basileia", e a fundação da Organização Sionista Mundial, sob a presidência de Herzl. Durante a reunião, discutiu-se onde deveria ser instalado o Estado Judeu, dividindo-se os congressistas entre a Palestina Otomana ou algum território desabitado cedido aos sionistas7 , como a ilha de Chipre, a Patagônia e até em alguma das colônias europeias na África, como o Congo] ou Uganda. Venceram os partidários da Palestina, com o argumento de que aquela era a região de origem de toda identidade judaica na Antiguidade8 . Em seu diário, Herzl escreveu:
 "Se eu tivesse que resumir 
o Congresso de Basileia numa só frase, ela seria: 
‘em Basileia eu fundei o Estado Judeu’.
 Se eu dissesse isto hoje, seria objeto de risos universais;
 mas em cinco anos, talvez em cinquenta, todos o verão".

Seriam realizados 21 Congressos Sionistas 
até à eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Oposição judaica ao sionismo

Segundo alguns autores, a intenção de imigrar e viver na Palestina seria algo distante das intenções reais da maioria dos judeus, estando presente apenas enquanto referência religiosa. Abraham Leon escreve em 1942 que "durante o tempo que o judaísmo ficou incorporado ao sistema feudal, o 'sonho de Sião' não foi precisamente mais que um sonho e não correspondia a nenhum interesse real (...). O taberneiro ou o 'granjeiro' judeu da Polônia do século XVI pensava em retornar à Palestina tanto quanto o milionário judeu da América de hoje."9
A tese do retorno ao lugar de origem ganhou a grande maioria dos adeptos por ter forte apelo religioso, baseado na redenção do povo de Israel e na “Terra Prometida”. Por outro lado, outras correntes religiosas (em especial as fundamentalistas) a consideravam uma compulsão heroica e sentimental, e alguns até a reprovavam duramente, alegando que esta “redenção” deveria vir obrigatoriamente pela “obra de Deus” e não de ações políticas. Outros judeus a não aderir ao sionismo foram os adeptos do budismo. No entanto, tais visões foram se tornando gradativamente minoritárias e isoladas com o passar dos anos e o crescimento da Organização Sionista.
Nos dias atuais, a oposição judaica ao sionismo está restrita a alguns membros de seitas religiosas, como os haredim do Neturei KartaSatmer e Edá Hacharedit, bem com aos adeptos de ideologias internacionalistas de esquerda.

A Palestina e a Terra de Israel

A região da Palestina, onde historicamente existiu uma pátria judaica, encontrava-se desde o ano de 638 sob o controle árabe muçulmano. A partir de 1517, o Império Turco-Otomano incorpora aquelas terras, tornando-se a Palestina uma província turca, status que duraria até o início do século XX. A presença dos judeus na região permaneceu ininterrupta por todo este período, embora em condição de minoria. Em algumas cidades, como Hebron e Safed, a presença das comunidades judaicas se fazia mais numerosa e importante, convivendo em relativa paz com a maioria muçulmana.
Havia também a tradição judaica de migrar para a Palestina para lá morrer e ser sepultado, ou para estudos religiosos nas diversas yeshivot instaladas na região. Estas escolas de formação rabínica recebiam recursos doados por organizações filantrópicas, mas na segunda metade do século XIX, algumas destas organizações, como a Aliança Israelita Universal, passaram a investir na fundação de cidades e fazendas coletivas, dentro de um espírito socialista e secular. Assim Mikveh Israel foi fundada em 1870, seguida por Petah Tikva (1878),Rishon LeZion (1882) e outras comunidades agrícolas fundadas pelas sociedades Bilu e Hovevei Zion.
Mas com a primeira grande leva de imigrantes judeus chegados à Palestina, a partir de 1881, a demografia na Palestina começou a sofrer a sua primeira grande mudança em séculos. Estas ondas (chamadas de aliot), oriundas principalmente do Império Russo e do Iêmen, acabaram por gerar mais comunidades agrícolas e cidades . Estas primeiras aliotindependentes serviriam de modelo para as imigrações que viriam nos anos seguintes, já sob o estímulo da Organização Sionista de Herzl.
Até meados do século XIX, a população total da Palestina registrava um decréscimo lento. Mas as migrações judaicas inverteram este quadro, e no raiar do século XX a região registrou o primeiro aumento demográfico em séculos. A população de judeus chegou a 10% do total antes de 1909, quando foi fundada a cidade de Tel Aviv, a primeira urbe exclusivamente judaica desde a Antiguidade.
O estabelecimento dos primeiros olim em terras palestinas se deu em zonas desabitadas, adquiridas com recursos doados por subscrições públicas ou por grandes filantropos europeus. O mais célebre destes foi o barão Edmond de Rothschild, que sozinho doou recursos para a aquisição de 125 mil acres (ou 22,36 km²) de terras.
No entanto, uma nova onda de perseguições antissemitas ocorrida na Rússia fez crescer o número de olim. Em abril de 1903 o Pogrom de Kishinev vitimou dezenas de judeus  e evidenciou para os sobreviventes a necessidade de buscar a autodeterminação em um ambiente democrático.

As divisões do sionismo

O sionismo socialista

A partir do Segundo Congresso Sionista, realizado em 1898, surgiram os Sionistas Socialistas, inicialmente um grupo minoritário, em sua maioria oriunda da Rússia, mas que exigiu representação na Organização Sionista Mundial. A presença dos sionistas socialistas seria cada vez maior, chegando à maioria dos delegados a partir de do 18º Congresso, realizado emPraga, em 1933. Os sionistas socialistas formariam o principal núcleo político dos fundadores do Estado de Israel, gerando futuros líderes como David Ben-GurionMoshe DayanGolda MeirYitzhak Rabin e Shimon Peres.
Alguns pensadores fundamentais para o conhecimento do sionismo socialista são Dov Ber Borochov e Aaron David Gordon. Ambos, porém, encontram em Moses Hess uma origem da combinação de um estado judeu e socialista.
Diferentemente dos primeiros sionistas reunidos por Herzl, os sionistas socialistas não acreditavam que o Estado Judaico seria criado apelando à comunidade internacional, mas através da luta de classes e dos esforços da classe trabalhadora judaica na Palestina. Os socialistas pregavam o estabelecimento dos kibbutzim (fazendas coletivas) no campo e de um proletariado nas grandes cidades.

O sionismo político

A cisão da Organização Sionista pelos socialistas provocou a formação de um segundo bloco, a que se chamou de “Sionistas Políticos”, que tal como Herzl e também Chaim Weizmann, preconizavam a independência do Estado Judeu pela via diplomática. Em busca disso, o próprio Herzl encontrou-se com o Kaiser Guilherme II da Alemanha e com o sultão Abdul Hamid II daTurquia, com os quais pediu o apoio de seus países para o estabelecimento do Estado Judeu na Palestina. Após a morte de Theodor Herzl, em 1904, e com o fracasso de uma solução negociada para a independência do Estado Judeu, o sionismo político foi perdendo importância dentro da Organização Sionista.

O sionismo revisionista

Os maiores opositores dos sionistas socialistas seriam os sionistas revisionistas, que surgiram em 1925, liderados por Vladimir Ze'ev Jabotinsky, um filósofo liberal que pretendia reviver na Organização Sionista “o espírito e a doutrina verdadeiramente herzlianos”13 .
Para os sionistas revisionistas, o Estado Judeu só seria viabilizado com a organização dos judeus em frentes paramilitares que combatessem, simultaneamente, a presença britânica na Palestina (a partir de 1917) e a resistência armada dos árabes muçulmanos da Palestina, que vinham atacando pessoas e propriedades dos sionistas. Os revisionistas também combatiam os socialistas, pois pregavam uma ideologia liberal-democrática (contrária ao marxismo) dentro da Organização Sionista e a defendiam para o futuro Estado Judeu.

O sionismo religioso

Pensadores sionistas

São conhecidos por esse nome personalidades que, com suas obras e artigos colaboraram com a estruturação do sionismo como ideologia de formação de um Estado Judeu nos mais diferentes formatos.
Além disso, os pensadores sionistas serviram (e servem) como eixo orientador das comunidades ao redor do mundo, e como referências para seus seguidores. Isso não descarta a importância de autores como Leon Pinsker, considerado um pré-sionista.
Diversas correntes de pensamento são importantes para a compreensão do sionismo atual. Achad Haam, por exemplo, foi o criador de uma visão peculiar do sionismo, mas que é intimamente ligada aos dias atuais. Há ainda Rav Kook, com o sionismo religioso.
Relativamente às criticas dirigidas ao sionismo, de que seria um movimento de cunho racista, seus defensores defendem-se alegando que o sionismo não é doutrinariamente unificado e coeso, possuindo diversas versões divergentes umas das outras. Além disso, alguns também discordam afirmando que palestinos e judeus não são racialmente distintos, e assim não se aplicaria o termo já que a discriminação não se funda na raça.

O antissionismo


Antissionismo é a oposição política, moral ou religiosa às várias correntes ideológicas incluídas no sionismo, inclusive ao estado judeu, criado com base nesse conceito.


Manifestação do Neturei Karta, pela desmontagem pacífica do "estado sionista", na conferência da AIPAC, emWashington, DC, maio de 2005.

Eventualmente, o termo também é muitas vezes aplicado à oposição política ao governo de Israel, sobretudo se motivada por denúncias de violações sistemáticas de direitos humanos dos palestinos, incluindo crimes de guerra 9 carece de fontes), mas também à negação ao direito de existência do Estado de Israel.
Da mesma forma, frequentemente se estabelece uma identidade entre antissionismo e antissemitismo, de modo que, afinal, uma boa parte dos opositores do governo de Israel, inclusive muitos judeus, é tachada de antissemita. 1 De fato, em Israel e em todo o mundo, milhares de judeus - quer se trate de agnósticos marxistas, como Ralph ShoenmanMichel Warschawski e Norman Finkelstein, ou dos hassidim ou dos adeptos do judaísmo ultraortodoxo do movimento Neturei Karta - consideram-se antissionistas. Igualmente, alguns proeminentes intelectuais judeus, que defendem a desocupação dos territórios palestinos ou que pregam a eliminação do Estado de Israel, são considerados antissemitas pelas organizações sionistas e frequentemente são proibidos de entrar em território israelense.2 3 Assim, por razões diversas, esses grupos se opõem ao estado judeu e à política de ocupação dos Territórios Palestinos. A linha mais forte e numerosa de antissionistas contudo continua a ser a que deriva de Amin al-Husayni, tio de Yasser Arafat, e grande mentor antissemitismo mulçumano.

Muitos condenam o movimento sionista por ter promovido a compra e ocupação das terras no Mandato Britânico da Palestina, com o objetivo de criar o Estado de Israel, que consideram artificial. A definição de Israel como estado judeu ainda suscita controvérsia e oposição há mais de sessenta anos,4 assim como a ocupação dos Territórios Palestinos - entre os israelenses e também fora de Israel.5 De todo modo, conceitualmente, antissionismo não se confunde com antissemitismoantijudaísmo, negação do holocausto ou hostilidade contra os judeus em geral.

David Ben-Gurion (1886-1973) - Fundou e dirigiu o movimento Poale Sion (sionismo socialista-democrático). Pouco após o início da Primeira Guerra Mundial, foi expulso da Palestina e mudou-se para Nova York, onde organizou o movimento sionista. Em 1956, mobilizou as forças israelenses, enviando-as ao Sinai. Um ultimato ordenou que o conflito fosse finalizado, mas Ben-Gurion só aceitaria se as tropas inglesas e francesas fossem substituídas por uma força da ONU. Sua atuação nessa crise fortaleceu enormemente sua autoridade. Foi primeiro-ministro de Israel até 1963.

Estadista israelense
David Ben-Gurion
16 de outubro de 1886, Plonsk (Polônia)
1º de dezembro de 1973, Tel-Aviv (Israel)
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
[creditofoto]
Ben-Gurion ocupou o cargo de primeiro-ministro de Israel até 1963
David Ben-Gurion estudou na Universidade de Constantinopla, aderindo desde cedo ao socialismo e ao sionismo. Em 1906 estabeleceu-se na Palestina, onde organizou um corpo de guarda para a defesa dos estabelecimentos agrícolas judaicos na região.

Ben-Gurion fundou e dirigiu o movimento Poale Sion (sionismo socialista-democrático), bem como o semanário Ha-Achdut (A União). Pouco após o início da Primeira Guerra Mundial, foi expulso da Palestina pelos turcos e mudou-se para Nova York, onde organizou o movimento sionista.

Em 1918 voltou para a Palestina como soldado e transformou aquele movimento em partido, conhecido desde 1930 como MAPAI, Mifleghet Poalei Eretz Israel (Partido dos Trabalhadores da Terra de Israel).

Ben-Gurion foi secretário-geral da Histadrut (Federação dos Sindicatos). Convencido de que os judeus necessitavam de um Estado independente, dedicou-se a lutar por sua obtenção e organizou a Haganah como força de combate.

Embora não estivesse presente à assembléia da ONU, sua ação diplomática contribuiu para a resolução favorável a Israel - e a 14 de maio de 1948 leu a declaração de independência em Tel-Aviv. Tornou-se primeiro-ministro e ministro da Defesa do novo Estado. Sua meta era levar para Israel o maior número possível de judeus, e na primeira década os imigrantes chegaram a um milhão.


Liderança
Em 1956, por ocasião do conflito de Suez, Ben-Gurion mobilizou as forças israelenses, enviando-as ao Sinai. Em cinco dias o exército israelense ocupara a maior parte da península a leste do canal, destruindo bases egípcias e pretendendo abrir uma passagem através do golfo de Aqaba.

Um ultimato franco-britânico ordenou o cessar-fogo, mas Ben-Gurion declarou que Israel só retiraria seus homens quando as tropas inglesas e francesas fossem substituídas por uma força da ONU. Sua atuação nessa crise fortaleceu enormemente sua autoridade.

No campo interno, após cada eleição, Ben-Gurion era obrigado a formar um governo de coalizão, mas o MAPAI manteve sua posição de maioria relativa. Em 1959, após a quarta eleição geral, surgiu o escândalo de espionagem conhecido como caso Lavon, envolvendo um secretário do MAPAI, o que levou Ben-Gurion a pedir demissão, por não concordar com a posição do partido.

Embora Lavon tenha sido demitido e Ben-Gurion tenha voltado ao MAPAI, em 1965 separou-se definitivamente do partido, formando a chapa Rafi.

Presidente da Agência Judaica e do Executivo Sionista desde 1935, e autor do programa mínimo do sionismo (Programa de Biltmore, 1942), Ben-Gurion ocupou o cargo de primeiro-ministro de Israel até 1963.

Vivendo retirado na colônia Sedeh Boker, em Neguev, Ben-Gurion continuou a exercer forte influência na política de Israel.

David Ben-Gurion
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
David Ben-Gurion

David Ben-Gurion
Primeiro-ministro de Israel Israel
Período 14 de Maio de 1948 - 7 de Dezembro de 1953

Nascimento 16 de outubro de 1886 - Płońsk
Morte 1 de dezembro de 1973 (87 anos) Tel HaShomer

David Ben-Gurion, em hebraico: דָּוִד בֶּן גּוּרִיּוֹן , (Płońsk, 16 de Outubro de 1886 — Tel HaShomer, 1 de Dezembro de 1973), judeu polonês, foi o primeiro chefe de governo de Israel. Ben-Gurion foi um líder do movimento do Sionismo socialista e um dos fundadores do Partido Trabalhista (Miflêguet Haavodá), que esteve no poder em Israel ao longo das primeiras três décadas da existência do Estado.

Início de sua vida
Ben-Gurion em seu uniforme da Legião Judaica em 1918.
Ben-Gurion nasceu com o nome de David Grün na Polónia, que era então parte do Império Russo. Seu pai, Avigdor Grün, foi um advogado e um líder no movimento Hovevei Zion. Sua mãe, Scheindel, morreu quando ele tinha 11 anos. Quando estudava na Universidade de Varsóvia, ingressou no movimento marxista Poale Zion, em 1904. Foi preso duas vezes durante a Revolução Russa de 1905. Chocado pelos pogrons e o anti-semitismo exacerbado que atormentava a vida judaica no Leste Europeu, tornou-se um apaixonado sionista e socialista e imigrou para a Palestina em 1906, à época sob o controle do Império Otomano. Ali tornou-se um importante líder da Poale Zion junto com Yitzhak Ben-Zvi.

Na Palestina, trabalhou pela primeira vez na agricultura, na colheita de laranja. Em 1909, passou a participar da Hashomer, uma força de voluntários que ajudavam a proteger as comunidades judaicas agrícolas isoladas. Em 7 de novembro de 1911, Ben Gurion chegou a Tessalônica, a fim de aprender turco para os seus estudos de Direito. A cidade, que tinha uma grande comunidade judaica, impressionou Ben Gurion, que a chamou de "uma cidade judaica sem igual no mundo". Também percebeu ali que "os judeus eram capazes de todos os tipos de trabalho", desde ricos empresários a comerciantes, artesãos e porteiros.1

Também trabalhou como jornalista, adotando o nome hebraico Ben-Gurion, quando iniciou a sua carreira política. Em 1915 ele foi expulso da Palestina, então sob o domínio do Império Otomano, devido às suas atividades políticas.

Passando a viver em Nova Iorque em 1915, conheceu sua futura mulher, Paula Munweis, nascida na Rússia. Casaram-se em 1917 e tiveram três filhos. Após a Primeira Guerra Mundial, a família regressou à Palestina, então sob controle da Grã-Bretanha.

§Liderança sionista
Ben-Gurion foi um dos líderes políticos do movimento do Sionismo Trabalhista durante os quinze anos anteriores à criação do Estado de Israel, onde o Sionismo Trabalhista havia se tornado a tendência dominante dentro da Organização Sionista Mundial.

Ele combinou o idealismo com um sentido prático oportunista.

Em 1938, num encontro com sionistas trabalhistas da Grã-Bretanha, Ben-Gurion afirmou:"Se eu soubesse que seria possível salvar todas as crianças da Alemanha ao trazê-las para a Inglaterra ou apenas metade ao transportá-las para a Terra de Israel, então eu optaria pela segunda alternativa. Pois temos que tomar em consideração não apenas as vidas destas crianças mas também a história do povo de Israel."

Ben-Gurion encorajou os judeus a associarem-se ao exército britânico e ao mesmo tempo ajudou a orquestrar a imigração ilegal de milhares de refugiados judeus europeus para a Palestina, no período em que os britânicos tentavam bloquear a imigração judaica para a Palestina.

Ele é também considerado o arquiteto da Yishuv, que criou um estado judaico dentro do estado e da Haganá, a força paramilitar do movimento trabalhista sionista, que facilitava a imigração clandestina, defendia os kibbutzs e outros aglomerados judaicos contra os ataques árabes, além de promover ataques a tropas inglesas e a civis árabes. O Haganá foi a espinha dorsal do Mossad e das futuras Forças de Defesa de Israel.

A incapacidade inglesa em fazer frente aos ataques terroristas de grupos judeus, fator somado a liderança política e paramilitar de Ben Gurion, forçou os britânicos a conceder aos judeus um estado na Palestina, ao terminarem o Mandato da Liga das Nações. Isto se deu com base na Resolução 181 das Nações Unidas, referente ao Plano de Partição do território, para constituição de um estado judeu e um estado árabe.

Durante o período pré-estado na Palestina, Ben-Gurion foi um dos principais representantes políticos judaicos e tornou-se conhecido como um moderado. Os britânicos negociavam frequentemente com o Haganá por vezes para mandar prender grupos mais radicais envolvidos na resistência contra os britânicos.

Ben-Gurion era um forte oponente do movimento do Sionismo Revisionista liderado por Zeev Jabotinsky e o seu sucessor Menachem Begin.

Ele também esteve envolvido em violência ocasional de resistência durante o curto período de tempo em que a sua organização cooperou com o Irgun de Menachem Begin. No entanto, durante as primeiras semanas da independência de Israel, decididu desmantelar todos os grupos de resistência e substituí-los por um exército oficial. Com esse propósito, Ben-Gurion deu a ordem de abrir fogo e afundar um navio chamado Altalena, que transportava munição para o grupo de resistência Irgun (também chamado de Etzel ). Esta ordem permanece controversa até hoje.

§No cargo de primeiro-ministro

Ben-Gurion assinando a Declaração de Independência do Estado de Israel.
Ben-Gurion foi o líder de Israel durante a Guerra da Independência de Israel e tornou-se primeiro-ministro de Israel em 25 de Janeiro de 1948, um cargo que ocuparia até 1963, com a interrupção de 1953 - 1955.

Em 1953, Ben-Gurion anunciou a sua intenção de se retirar do governo e instalar-se no Kibbutz Sde-Boker, no deserto do Negev. Não deixando inteiramente os seus afazeres governamentais, ele residiu ali em 1954.

De regresso ao governo, Ben Gurion colaborou com os britânicos e os franceses no plano da Guerra do Sinai de 1956, durante a qual Israel atacou a Península do Sinai em retaliação pelos raides do Egipto, dando desta forma um pretexto às forças britânicas e francesas para intervir e assegurar o controle do Canal do Suez após o presidente do Egipto Gamal Abdel Nasser ter anunciado a sua nacionalização. A intervenção dos Estados Unidos e das Nações Unidas forçou os britânicos, franceses e israelenses a se retirar.

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Sim, Ben-Gurion está vivo para todos os judeus, tanto em Israel como na diáspora, que se mantêm fiéis à sua visão de que uma vez constituído um Israel soberano, este seria um estado judaico e não somente um estado para os judeus. De acordo com a autêntica visão messiânica que permeou toda a sua existência, Ben-Gurion avistou no horizonte da história um estado judaico que, conforme registrou em suas memórias, não se destacaria no mundo por sua riqueza material ou conquistas tecnológicas, mas através de sua consistência espiritual, a partir de inamovíveis valores éticos e morais. Essa visão de Ben-Gurion, que pode até parecer utópica, está presente até os dias atuais quando a sociedade israelense se debruça em autocrítica, sobretudo no que diz respeito à manutenção de territórios ocupados. A par das condições políticas e de segurança estratégica que sustentam tal ocupação, há vozes importantes em Israel que a vêem como uma agressão aos princípios éticos que devem pautar a existência de um estado judaico, segundo o postulado de Ben-Gurion. É difícil avaliar como ele reagiria, hoje, diante dessa questão. Em 1967, logo depois da Guerra dos Seis Dias, declarou que o país deveria eliminar qualquer anseio no tocante a ganhos de territórios e que deveria abandoná-los em troca da paz. Mas, na verdade, Ben-Gurion era cético quanto às perspectivas de paz com os países árabes. Disso sou testemunha pessoal.

Em janeiro de 1972, estava eu visitando o doutor Albert Sabin, então presidente do Instituto Weizmann, quando ele me disse que tinha um encontro com Ben-Gurion no dia seguinte, a quem apresentaria um projeto educacional cujo conteúdo já não me lembro. A entrevista seria em Sde Boker, no Neguev, e ele indagou se eu gostaria de acompanhá-lo. Ora, que pergunta. Graças ao meu amigo Sabin, pude viver momentos inesquecíveis, talvez os mais significativos em meus anos de profissão. Ben-Gurion chegou ao meio-dia, exatamente na hora marcada, vestindo terno e um casaco de lã pretos, seguido por dois guarda-costas. Apesar de seus 86 anos, vinha com passos determinados. Antes da reunião, falando em inglês, disse que estava com fome. Fomos a um refeitório, acompanhados por um judeu residente na Califórnia, que tinha feito a viagem até o deserto só para tirar uma fotografia ao lado de Ben-Gurion. À mesa, sentou-se ao lado do grande líder, eu mesmo bati a foto e, em seguida, ocupei seu lugar. Serviram-lhe uma sopa de cenouras sobre a qual se concentrou, quase sem falar durante a refeição. Dispensou a sobremesa e, ato contínuo, nos encaminhamos para uma sala onde ele examinaria os papéis levados pelo doutor Sabin. Quando me vi ali fechado, junto aos dois, mal acreditei. Antes de entrar no assunto, o cientista tirou uma fotografia de Ben-Gurion da pasta e pediu que ele a autografasse. O velho, como sempre foi chamado em Israel apesar de ter sido primeiro-ministro com apenas 62 anos de idade, começou a escrever uma dedicatória na margem branca da foto. Parou, virou-se para mim e perguntou: Affection se escreve com um ou dois efes? Respondi os dois efes, mal conseguindo conter a emoção. Parecia incrível, mas numa dedicatória do grande patriarca moderno do povo judeu, endereçada a outro judeu, nascido na Rússia e naturalizado norte-americano, consagrado benfeitor da humanidade, havia uma interferência minha de uma letra, somente uma letra, mas que me significava uma imensidão.

Depois dos assuntos objetivos, passei a entrevistar Ben-Gurion, sem fazer qualquer anotação, para extrair o caráter de uma entrevista formal e de modo a deixá-lo à vontade. Primeiro, falou sobre a China, argumentando que um país tão importante, daquela dimensão e com tamanha população, não poderia continuar à margem do contexto internacional. Acreditava que Mao Tse Tung teria que se abrir para o Ocidente, o que acabou acontecendo, naquele mesmo ano, com a histórica viagem de Richard Nixon a Pequim. Abordou a questão dos territórios ocupados. Insistiu que se tratava do único trunfo de Israel para alcançar a paz. Disse-lhe, a propósito, que havia uma notícia no Herald Tribune daquele dia, na qual lhe atribuíam uma declaração segundo a qual ele considerava a viabilidade de ser alcançada a paz. Ben-Gurion respondeu: "A notícia está incorreta. Omitiram minha formulação de paz completa. Eu considero como paz aquilo que a Alemanha e a França, ou os Estados Unidos e o Japão, fizeram depois da guerra. Uma paz que inclua confiança mútua e francas relações comerciais e culturais. Nós até poderemos ter convivência com nossos vizinhos, mas nossas estruturas sociais e políticas são tão diferentes das deles, que dificilmente teremos uma paz completa". Foram palavras proféticas quando se constata o nível de paz que Israel hoje mantém com a Jordânia e com o Egito, na medida que esses dois países emitem, com relação a Israel, um tipo de declaração convencional em inglês e outra, inamistosa, em árabe.

Por causa da idade avançada, Ben-Gurion já não falava com absoluta desenvoltura. Perguntou meu nome pelos menos umas cinco vezes e, a cada resposta minha, dizia: "Vem para Israel! Vem para Israel!" Recordou-se vagamente de sua visita ao Brasil, três anos antes, quando o vi de perto pela primeira vez, durante uma recepção na embaixada de Israel, no Rio de Janeiro. Ao ser a ele apresentado pelo então embaixador Itzhak Harkavi, certificou-se do meu nome e disse: "Vem para Israel". Fui, sim, diversas vezes, mas sem me radicar, como "o velho" queria, ou melhor, exigia - não somente de mim, mas de todo o povo judeu na diáspora.

David Ben-Gurion, Gruen de família, nasceu em Plonsk, Polônia, no dia 16 de outubro de 1886. Sua mãe, Sheindel, morreu quando ele tinha onze anos de idade, exatamente no ano em que Theodor Herzl promovia, na Basiléia, o Primeiro Congresso Sionista Mundial. Para aquele menino judeu do interior polonês, a Suíça estava mais longe do que a lua e o sionismo, com este rótulo específico, apenas começava a existir. Mas seu pai, Avigdor, advogado e comerciante, já era um sionista. A casa dos Gruen era o centro, em Plonsk, do movimento Chovevei Tsion, Amantes de Sion, precursor do sionismo político. 

Em vez de estudar numa ieshivá, o jovem David teve uma educação secular, que manteve pelo resto da vida, e foi o fundador do movimento juvenil sionista Ezra, cujos membros renegavam o idioma ídiche, falando apenas hebraico entre si. O restante de sua biografia oficial é mais do que conhecida. Com 18 anos de idade, passou a lecionar numa escola judaica de Varsóvia e aderiu ao movimento sionista socialista Poalei Tsion. Aportou em Jaffa, na antiga Palestina, em 1906, trabalhando a terra em sucessivos agrupamentos coletivos, quando enfrentou toda a sorte de dificuldades e doenças. Como a Palestina estava sob domínio otomano, entendeu que deveria dominar as leis otomanas para defender a causa judaica. Foi estudar direito na Turquia com seu amigo Itzhak Ben Zvi, que viria a ser presidente de Israel. Por causa da primeira guerra mundial, ambos foram considerados suspeitos e expulsos do país. 

David Gruen, já com o nome hebraizado para Ben-Gurion, rumou em 1915 para os Estados Unidos, onde permaneceu durante três anos. Dedicou-se a aprender inglês e fortaleceu em Nova York o movimento sionista socialista. Ali conheceu a jovem Paula Monbesz, com quem se casou. Se, por um lado, sentiu-se mobilizado pela revolução russa e com o estilo de liderança exercido por Lênin, por outro lado ficou impactado com a democracia norte-americana, que sempre o inspirou. Voltou para a Palestina e deslanchou uma carreira de ativista que o levaria à liderança da comunidade judaica ali existente e a uma posição proeminente no sionismo internacional.

 Foi no decorrer desses anos que desenvolveu e solidificou as características de sua personalidade, ímpar em muitos sentidos. Apesar das inúmeras tarefas políticas e sindicais que acumulou e, além dos embates enfrentados tanto dentro como fora do âmbito judaico, encontrou tempo para se tornar um intelectual erudito. Devorou livros de filosofia; leu e escreveu comentários sobre a Bíblia, concluindo que não era somente D’us que havia escolhido os judeus, os judeus também O haviam escolhido; aprendeu o idioma grego para ler Platão no original (já primeiro-ministro estudou espanhol para melhor aproveitar o Dom Quixote, de Cervantes); aprofundou-se no budismo e na obra de Spinoza. Conforme assinalou o escritor israelense Amos Oz, sua forma habitual de comunicação se voltava para a batalha verbal em vez do diálogo; mais do que um filósofo era um ponto de exclamação com temperamento vulcânico; um judeu secular nacionalista que combinava visões messiânicas judaicas com ideais socialistas; um homem com feroz ambição de liderança, extraordinária habilidade política e um senso mais chegado ao sarcasmo do que ao humor. 

Tinha curiosidade pelas ciências naturais e ignorava obras de ficção, exceto os clássicos. Acima de tudo, era um trabalhador infatigável. Certa ocasião, quando primeiro-ministro, segurou sua equipe no trabalho até tarde da noite. Uma secretária tomou coragem e lhe perguntou: "O senhor nunca descansa?" - "Como descansar, você quer dizer dormir?", respondeu. - "Não, primeiro-ministro, eu me refiro a repousar". - "Eu não entendo. Como é possível alguém ficar sentado olhando para a parede?"

Ao longo da trajetória política e humana que percorreu, Ben-Gurion viveu, no meu entender, três acontecimentos absolutamente cruciais e em todos foi bem- sucedido. Se apenas um deles tivesse falhado, a corrente se romperia e é impossível imaginar qual teria sido, em função disso, o destino judaico. O primeiro grande momento deu-se durante e logo depois da Segunda Guerra Mundial. Assim como encorajou milhares de jovens da comunidade judaica da Palestina a se engajarem no exército inglês na luta contra o nazismo, após o conflito passou a combater o poder mandatário britânico, trazendo levas de imigrantes ilegais para a futura nação em embrião. As interceptações efetuadas pelos ingleses, colocando os refugiados do Holocausto novamente atrás de cercas de arame farpado, levantaram a opinião pública mundial a favor do sionismo e culminaram com a votação da partilha da Palestina, nas Nações Unidas, em 1947.

 Enquanto isso acontecia às claras, Ben-Gurion criou um exército nas sombras, encarregado de comprar armas para a futura guerra pela independência, que ele estava certo que viria. O quartel-general, disfarçado como empresa comercial, ficava em Nova York, num andar do prédio onde se situava a boate Copacabana, comandado com notável eficiência por Teddy Kollek, o hoje legendário prefeito de Jerusalém. O trabalho desenvolvido por Kollek, envolvendo inclusive a compra de navios e aviões, vai além da imaginação, antecipando uma frase que Ben-Gurion diria anos mais tarde: 

"O difícil a gente faz imediatamente.
 O impossível leva um pouco mais de tempo"

O segundo grande momento correspondeu ao da declaração da independência de Israel. No dia 13 de maio de 1948, véspera da data marcada, a liderança sionista foi notificada de que os Estados Unidos, mais precisamente o secretário de estado, general George Marshall, opunham-se à independência, temerosos das conseqüências que tal ação unilateral poderia causar em todo o Oriente Médio. Parte considerável dos líderes sionistas também se opunha à independência imediata com base em previsões sinistras de derrota. Entretanto, mesmo ciente de que o novo país sofreria um forte e imprevisível ataque armado por parte dos países árabes, Ben-Gurion sabia que, se aquela oportunidade fosse perdida, era impossível dizer quando haveria outra, se é que haveria. 

Na manhã do dia 14, os membros do futuro gabinete ainda discutiam os termos da declaração de independência. Uns queriam que o texto fizesse menção às fronteiras, tais como definidas pela partilha. Ben-Gurion se opôs: a declaração norte-americana não falava em fronteiras. Na verdade, ele pressentia que estas poderiam vir a ser alteradas em função das batalhas, tal como aconteceu após a celebração do armistício, em Rodes. Os ortodoxos insistiam na inserção do termo "D’us, Todo Poderoso". Os seculares rejeitavam. Prevaleceu a opinião de Ben-Gurion: constaria o termo Rocha de Israel (Tsur Israel), equivalente a D’us. E o nome do país? Uns disseram Judeia, outros Sion. Mais uma vez, Ben-Gurion bateu o martelo: Israel.

A cerimônia estava marcada para as quatro da tarde. Enquanto o texto era polido, um artista plástico, Otto Wallisch, percorria a cidade em busca de adereços que ornassem condignamente o salão do Museu de Tel Aviv, onde seria realizada a cerimônia oficial. Depois de muita procura, acabou encontrando um retrato de Theodor Herzl, cujo tamanho insatisfatório foi aumentado com uma larga moldura. Achou duas bandeiras com as estrelas de David, mas estavam tão sujas que tiveram que passar por uma lavanderia rápida antes de serem levadas para o museu. Ben-Gurion tinha corrido até sua casa na rua Keren Kayemet, número 5, para trocar de roupa. O texto final lhe seria entregue na entrada do salão. 

Seu assistente direto, Zeev Sharef, de posse do documento final, providenciou conduções para os líderes e ele mesmo acabou ficando a pé. Nem sombra de um táxi. Pediu ajuda a um policial que parou o primeiro carro, pedindo ao motorista que levasse Zeev. O homem respondeu: "Não posso. Estou indo para casa. Quero ouvir pelo rádio a declaração da independência". Ao que Zeev atalhou:"Pois se você não me levar, não haverá declaração a ser ouvida". Ele chegou ao museu quando faltava exatamente um minuto para as quatro horas e entregou a declaração a Ben-Gurion.

O terceiro momento crucial vivido por Ben-Gurion corresponde ao episódio do navio "Altalena". No dia 12 de junho, Menachem Begin, líder da organização Irgun, que havia cometido ações armadas contra militares ingleses, anunciou que dali a cinco dias chegaria a Israel um navio com mil imigrantes e armas e munições que dariam para abastecer dez batalhões. Begin queria que seus homens, lutando em Jerusalém, ficassem com vinte por cento da preciosa carga. Ben-Gurion respondeu que tudo deveria ser entregue aos combatentes da nova nação, inclusive as armas que a Irgun ainda mantinha em seu poder. 

Era imprescindível, naquela quadra dos acontecimentos, a união nacional. Begin não se conformou e ameaçou ficar com tudo. "O Altalena" deitou âncora em frente a Kfar Vitkin e os caixotes começaram a ser descarregados. Um oficial da Haganá (ainda não havia o exército regular israelense) entregou a Begin um ultimato: ou as armas eram entregues, ou tudo seria confiscado. Diante da recusa, Ben-Gurion decidiu usar a força. O navio deslocou-se até a costa de Tel Aviv e encalhou sobre os destroços de um velho navio afundado pelos ingleses. Na manhã do dia 22, Ben-Gurion reuniu o gabinete. Seus olhos flamejavam enquanto dizia: 
"O que está acontecendo
 coloca em perigo nosso esforço de guerra e, 
mais importante ainda, ameaça a existência do país. 
Um estado não pode sobreviver sem que o seu exército 
seja controlado pelo próprio estado". 

E enquanto Ben-Gurion se dirigia ao gabinete, Menachem Begin falava de um alto-falante no navio: "Povo de Tel Aviv! Nós, da Irgun, trouxemos armas para combater o inimigo, mas o governo está negando o acesso a elas. Ajude-nos a descarregar. Se há diferenças entre nós, vamos resolvê-las depois". Ao mesmo tempo, no quartel-general da Palmach, corporação ligada à Haganá de Ben-Gurion, seus comandantes, Ygal Allon e Itzhak Rabin, começaram a distribuir granadas a seus homens. Uma lancha passou a trazer a carga para a praia e Ben-Gurion estava perfeitamente calmo quando disse:

 "Não há jeito. 
Vamos ter que bombardear o navio". 

Em seguida, o "Altalena" foi atingido por um petardo e pegou fogo. Mais de cem pessoas morreram. Outras se jogaram ao mar e foram recolhidas por botes, inclusive Begin que, naquela noite, voltou a falar através de sua estação de rádio secreta: "Os soldados da Irgun não vão entrar numa guerra fratricida, mas também não vão aceitar a disciplina de Ben-Gurion". Mas a história demonstrou que a disciplina de Ben-Gurion acabou mesmo prevalecendo. A rigor, ele não conferia ao Exército de Defesa de Israel apenas um valor militar, mas encarava-o como um poderoso centro de integração social, como uma instituição que traria homogeneidade nacional aos jovens judeus que tinham chegado ao país provenientes de todos os cantos do mundo.

Foi no trágico episódio do "Altalena", até hoje encravado no âmago dos entrechoques políticos israelenses, que Ben-Gurion promoveu a união do povo de Israel. Ele fez dessa inabalável necessidade de união a sua prática e teoria, partindo do princípio segundo o qual a nova e emergente sociedade judaica, que estivera dividida por dois mil anos, desconhecia qualquer forma de se governar e sequer possuía uma autoridade espiritual centralizada. Na biografia Ben-Gurion, Prophet of Fire, o autor Dan Kurzman escreve que Ben-Gurion era, ao mesmo tempo, humilde e arrogante, tímido e agressivo, alerta e ausente, generoso e mesquinho, comiserado e cruel, sentimental e frio. Muitas vezes tratou aliados com desprezo e admirou adversários, justamente porque estes se atreviam a desafiá-lo. Manobrava o Parlamento como um ditador, mas obedecia cegamente às regras da democracia. Quanto aos seus sentimentos religiosos, confidenciou a um amigo; "Depois de muito ler e de muito meditar, acho impossível provar que D’us não exista".
Zevi Ghivelder
Jornalista e escritor~ Edição 43 - Dezembro de 2003


Judeus ou Sionistas? 91 min.

Holocausto foi Planejado por Judeus - 8 min.


Origem do Judaísmo  47 min.

O Ódio de Hitler pelos Judeus  - 19 min.

       Interessante : 
já foi descoberto,que Hitler era neto do Barão Rotschild
 Vou postar em breve o artigo que afirma isto.

Ver artigo principal: Sionismo trabalhista
Ver artigo principal: Sionismo político
Ver artigo principal: Sionismo religioso
Ver artigo principal: Sionismo revisionista

Origem: Wikipédia,
Enviado em 25 de out de 2011-Licença padrão do YouTube
http://educacao.uol.com.br/biografias/david-ben-gurion.jhtm
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
 Sejam abençoados todos os seres.

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