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As fotos de Osama Bin Laden
no seu refúgio afegão de Tora Bora
As novas fotos vieram a público durante o recente julgamento de Khaled al-Fawwaz, um dos lugares-tenentes de Bin Laden, responsável pela propaganda da mensagem e imagem do fundador da al Qaeda. Além deste mostram ainda Abu Musab al-Suri, um sírio muito próximo de Bin Laden, e que viria a escrever o que é hoje considerado o "guia" do jihaddista.
As fotos foram tiradas durante a visita de um jornalista paquistanês, Abdel Barri Atwan, ao refúgio de Bin Laden nas montanhas, em 1996.
Atwan era fundador e editor-chefe do Al-Quds al-Arabi, um semanário em árabe publicado em Londres e crítico de alguns regimes árabes e da Guerra do Golfo de 1991.
Foi Atwan o primeiro a publicar a primeira fatwa (decreto religioso) de Bin Laden, contra os Estados Unidos. Em setembro de 1996, al-Fawwaz contatou-o para entrevistar Bin Laden.
Atwan era fundador e editor-chefe do Al-Quds al-Arabi, um semanário em árabe publicado em Londres e crítico de alguns regimes árabes e da Guerra do Golfo de 1991.
Foi Atwan o primeiro a publicar a primeira fatwa (decreto religioso) de Bin Laden, contra os Estados Unidos. Em setembro de 1996, al-Fawwaz contatou-o para entrevistar Bin Laden.
"Exposição mediáticaAl-Fawwaz viria depois a conseguir também que Peter Arnett e Peter L.Bergen, da CNN, entrevistassem Bin Laden em Tora Bora, em 1997, na primeira entrevista para a televisão do líder da al Quaeda. Bergen viria a centrar todo o seu trabalho subsequente em torno de Bin Laden.
No livro de "The Osama Bin Laden I know", publicado por Bergen em 2006, Atwan por seu lado explica o que lhe sucedeu e diz que hesitou em aceitar o convite.
"Foi-me dito que Osama Bin Laden gostava do que eu escrevia, apreciava o meu estilo, e que queria conhecer-me pessoalmente", recorda. "Hesitei, porque era muito perigoso".
Apesar do receio, Atwan acabou por visitar Bin Laden, que tinha sido acolhido pelos Taliban no Afeganistão depois de ter sido expulso sucessivamente do Paquistão e do Sudão.
"Ele queria exposição mediática", diz Attwan no livro de Bergen. "Queria dizer, 'agora sou uma figura internacional, não apenas um saudita. Desgosta-me a presença dos americanos que estão a ocupar a Arábia Saudita, a dessacralizar a Terra Santa'".
Em novembro de 1996, Atwan viajou de avião e depois de carro – sete horas de viagem numa carrinha de caixa aberta, vermelha, ao longo das estradas sinuosas das montanhas – até ao esconderijo de Bin Laden.
Amante da natureza
"Ele estava muito otimista e nunca me ocorreu que este seria o homem mais perigoso do mundo", afirmou Atwan em março de 2015.
Atwan deixou a direção da Al-Quds al-Arabi em 2013 e relatou parte das suas memórias no julgamento de al-Fawwaz, num tribunal federal de Manhhatan em que este foi condenado no passado dia 26 de fevereiro.
As fotografias, descobertas pela Scotland Yard dois anos após serem tiradas, durante buscas ao apartamento de al-Fawwaz em Londres, mostram um Bin Laden de menos de 40 anos, descontraído, sorridente, amante da natureza e das longas caminhadas, sempre acompanhado da sua Kalashnikov.
O jornalista recorda um desses passeios com Bin Laden, de duas horas, nos trilhos das montanhas.
As condições de vida no "oásis" eram duras. Bin Laden vivia numa gruta de 24m2 rodeado de prateleiras cheias de livros sobre o profeta Maomé e o Corão. As estantes eram o cenário dos vídeos que Bin Laden enviava aos seus seguidores.
"Ele estava muito otimista e nunca me ocorreu que este seria o homem mais perigoso do mundo", afirmou Atwan em março de 2015.
Atwan deixou a direção da Al-Quds al-Arabi em 2013 e relatou parte das suas memórias no julgamento de al-Fawwaz, num tribunal federal de Manhhatan em que este foi condenado no passado dia 26 de fevereiro.
Mas, já em 1996, Bin Laden planeava os atentados contras as embaixadas ou os ataques com aviões que viriam a resultar no 11 de setembro.
As fotografias, descobertas pela Scotland Yard dois anos após serem tiradas, durante buscas ao apartamento de al-Fawwaz em Londres, mostram um Bin Laden de menos de 40 anos, descontraído, sorridente, amante da natureza e das longas caminhadas, sempre acompanhado da sua Kalashnikov.
O jornalista recorda um desses passeios com Bin Laden, de duas horas, nos trilhos das montanhas.
"Ele amava a natureza dali. Amava a montanha. Estavam a tentar estabelecer a sua própria comunidade, cultivar a sua própria comida", conta o jornalista. "Era como um oásis no Afeganistão".
Vida rústica
A escolha da gruta não só proporcionava esconderijo a Bin Laden, como relembrava ao muçulmano comum o próprio profeta, que terá recebido a revelação do Corão numa gruta da montanha.
Com Bin Laden viviam as suas três mulheres e vários filhos. Alguns acompanhavam o pai nos passeios. E muitas vezes a família inteira passava fome. Pouco mais havia que comer, além de pão, arroz, ovos e queijo salgado – que o próprio Atwan considerava intragável.
Com Bin Laden viviam as suas três mulheres e vários filhos. Alguns acompanhavam o pai nos passeios. E muitas vezes a família inteira passava fome. Pouco mais havia que comer, além de pão, arroz, ovos e queijo salgado – que o próprio Atwan considerava intragável.
Ninguém, exceto talvez Bin Laden, apreciava viver a vida rústica de Tora Bora, onde, para enfrentar as temperaturas negativas e as tremendas tempestades do inverno, só havia um fogão a lenha feito de metal e onde à noite a única luz provinha da Lua, das estrelas e de candeeiros a gás.
Apesar da gruta ser um esconderijo, Atwan considerava que, em Tora Bora, Bin Laden estava vulnerável às agências de espionagem. "Pensei que este homem não iria durar", afirma Atwan. "Não estava realmente bem protegido. Estava visível e movia-se à vontade".
Apesar da gruta ser um esconderijo, Atwan considerava que, em Tora Bora, Bin Laden estava vulnerável às agências de espionagem. "Pensei que este homem não iria durar", afirma Atwan. "Não estava realmente bem protegido. Estava visível e movia-se à vontade".
Em 2001, na sequência do atentado de 11 de setembro e da invasão do Afeganistão, Bin Laden foi forçado a fugir de Tora Bora. Acabou por se esconder em Abbotabad, uma hora a norte da capital do Paquistão, Islamabad. Viria a morrer ali, abatido a tiro pelas tropas especiais americanas, em 2011.
O fiel discípulo
As fotografias revelam ainda a presença e proximidade a Bin Laden de Mustafá Setmarián, ou Abu Musab al-Suri, um sírio nascido em Aleppo, filho de um professor de escola e combatente contra as tropas soviéticas no Afeganistão.
O fiel discípuloAs fotografias revelam ainda a presença e proximidade a Bin Laden de Mustafá Setmarián, ou Abu Musab al-Suri, um sírio nascido em Aleppo, filho de um professor de escola e combatente contra as tropas soviéticas no Afeganistão.
Arruivado e de pele clara, de olhos verdes e 1,70m, al-Suri passaria despercebido nas ruas da Europa. Viria a tornar-se especialista em armas químicas e em venenos. Acompanhou as visitas tanto de Atwan como de Arnett e de Bergen a Tora Bora.
No outono de 2001, Bin Laden ter-lhe-á confiado uma missão especial: desenhar a nova jihad, a bomba suja, a guerra química e bacteriológica.
Assim o confirmou al-Suri via internet, aos seus acólitos: “Reuni-me uma última vez com o sheik Osama, que Deus o proteja, em novembro de 2001 e comprometi-me com a jihad. Deu-me um beijo, um abraço e encarregou-me de desenhar a nova jihad”.
Casado com uma espanhola de Madrid, convertida ao islamismo, Setmarían viria a fundar a al Qaeda em Espanha. Foi subindo na hierarquia da rede jihadista após se transferir para Londres para trabalhar com Abu Qutada, líder dos salafistas na Europa. Depois, Setmarían, ou al-Sufi, estabeleceu-se em Cabul, a trabalhar para os Taliban e para o mulah al Omar.
Dirigiu depois os centros de treino de Derunta e de Al-Ghuraba. Especializados em venenos e armas químicas. Terá sido ali que Ahmed Ressam, que planeou os atentados bombistas ao aeroporto de Los Angeles em dezembro de 1999, recebeu o seu treino.Guia para a jihad solitária
Suri acabou por criticar Bin Laden pela excessiva hierarquização da al Quaeda. Fundou o seu próprio campo de treino no Afeganistão e passou a advogar um novo tipo de combatente, o lobo solitário ou de células com um máximo de 10 elementos.
O objetivo era levar a ações “espontâneas, conduzidas por indivíduos e células espalhadas pelo mundo inteiro sem ligações entre elas.” Em 2004, al-Suri publicou na internet um tratado de 1,600 páginas “O Apelo à Resistência islâmica Global”, uma súmula das suas teorias e que ainda hoje é considerado um guia para o aspirante a jihaddista.
Em 2005, al-Suri foi detido em Quetta, no Paquistão, e enviado para a Síria, onde terá sido detido nos calabouços do Presidente Bashar al-Assad.
Entrevistada via telefone, Helena Moreno, a mulher de al-Suri, agora professora num país árabe e mãe de cinco filhos, garantiu não saber onde está o marido “desde que foi detido há 10 anos” e classificando os rumores de libertação como uma “tortura”.
No outono de 2001, Bin Laden ter-lhe-á confiado uma missão especial: desenhar a nova jihad, a bomba suja, a guerra química e bacteriológica.
Assim o confirmou al-Suri via internet, aos seus acólitos: “Reuni-me uma última vez com o sheik Osama, que Deus o proteja, em novembro de 2001 e comprometi-me com a jihad. Deu-me um beijo, um abraço e encarregou-me de desenhar a nova jihad”.
Casado com uma espanhola de Madrid, convertida ao islamismo, Setmarían viria a fundar a al Qaeda em Espanha. Foi subindo na hierarquia da rede jihadista após se transferir para Londres para trabalhar com Abu Qutada, líder dos salafistas na Europa. Depois, Setmarían, ou al-Sufi, estabeleceu-se em Cabul, a trabalhar para os Taliban e para o mulah al Omar.
Dirigiu depois os centros de treino de Derunta e de Al-Ghuraba. Especializados em venenos e armas químicas. Terá sido ali que Ahmed Ressam, que planeou os atentados bombistas ao aeroporto de Los Angeles em dezembro de 1999, recebeu o seu treino.Guia para a jihad solitária
Suri acabou por criticar Bin Laden pela excessiva hierarquização da al Quaeda. Fundou o seu próprio campo de treino no Afeganistão e passou a advogar um novo tipo de combatente, o lobo solitário ou de células com um máximo de 10 elementos.
O objetivo era levar a ações “espontâneas, conduzidas por indivíduos e células espalhadas pelo mundo inteiro sem ligações entre elas.” Em 2004, al-Suri publicou na internet um tratado de 1,600 páginas “O Apelo à Resistência islâmica Global”, uma súmula das suas teorias e que ainda hoje é considerado um guia para o aspirante a jihaddista.
Em 2005, al-Suri foi detido em Quetta, no Paquistão, e enviado para a Síria, onde terá sido detido nos calabouços do Presidente Bashar al-Assad.
Entrevistada via telefone, Helena Moreno, a mulher de al-Suri, agora professora num país árabe e mãe de cinco filhos, garantiu não saber onde está o marido “desde que foi detido há 10 anos” e classificando os rumores de libertação como uma “tortura”.
Apesar de rumores de que Assad o teria soltado, após o início da revolta na Síria e os ataques diplomáticos da Europa e dos Estados Unidos, o paradeiro de al-Suri permanece um mistério.
O jornal El País analisou as fichas secretas dos prisioneiros de Guantanamo, em Cuba, de acordo com as quais al-Suri foi entregue ao Governo sírio de Assad. Mas não conseguiu confirmar os rumores da libertação.
O jornal El País analisou as fichas secretas dos prisioneiros de Guantanamo, em Cuba, de acordo com as quais al-Suri foi entregue ao Governo sírio de Assad. Mas não conseguiu confirmar os rumores da libertação.
Fontes:
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http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=811993&tm=7&layout=121&visual=49
Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres
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