segunda-feira, 18 de abril de 2011

ARTE E IDENTIDADE CULTURAL


 
Arte e Identidade Cultural na Construção de uma Escola Solidária
 
Não é possível deixar de lembrar Paul Valery quando, sobre a natureza da arte, dizia de um «prazer por vezes tão profundo que nos leva a supor que temos um entendimento directo do objecto que o provoca; prazer que desperta a inteligência, desafia-a e faz com que ame a sua derrota; ainda mais, um prazer que pode estimular a estranha necessidade de produzir ou reproduzir a coisa, o facto, o objecto ou o estado a que parece estar ligada, e que se torna, então, em fonte de actividade sem qualquer fim definido, capaz de impor uma disciplina, um zelo, um tormento sobre toda uma vida, de encher esta vida, por vezes exageradamente».

Urge a reinvenção do mundo através da arte. Segundo Nietzsche, só a arte tem o poder de produzir representações da existência que nos possibilitam viver.
 
(1) Já Kolakowski afirma ser "a arte um modo de perdoar a maldade e o caos do mundo". Segundo ele a "arte organiza as percepções do mau e do caótico, introduzindo a compreensão da vida de maneira tal que a presença do mal e do caos se converte na possibilidade de minha iniciativa com respeito ao mundo, que leva em si mesmo seu próprio bem e seu próprio mal. Para que possa ser assim, a arte deve descobrir no mundo o que sua aparência não proporciona, ou seja, o encanto secreto de sua feiúra, a deformação oculta de sua graça, o ridículo de sua elevação, a pobreza do luxo e o custo da pobreza; em uma palavra: deve descobrir todas as fibras secretas sufocadas pelas qualidades empíricas e que as convertem em partículas de nosso fracasso ou de nosso orgulho." 
 
(2) A arte nos permite, como o mito, tocar o mistério do mundo, sua ludicidade, prazer, alegria. Permite-nos penetrar no desconhecido em busca de respostas parciais, sempre parciais, que mantém o élan de viver. E isto ligado, também, a uma busca de soluções para os problemas que nos atropelam e ameaçam a nossa própria sobrevivência. Sobrevivência que, para ser válida, tem que ser digna. Vale dizer, tem que ser compartilhada, em um mundo que valha a pena ser vivido.

Às vezes, nos esquecemos que, além da carência de bens materiais, que causa a miséria e a morte de milhares de pessoas, temos carência de bens simbólicos e espirituais. Na confluência entre os bens simbólicos e espirituais, temos a arte que impulsiona relações entre pessoas e grupos, renovando vivências, laços de solidariedade, criando imaginários e poéticas imprescindíveis para o conhecimento do outro e de si mesmo. Neste sentido, desenvolver-se com arte pode tornar a nossa vida mais alegre e o nosso olhar mais sensível à realidade cotidiana. Pode contribuir para a criação de um rico imaginário, apoiado nas raízes e na criatividade coletiva do presente; e resgatar poéticas que dão um sentido à vida em comunidade pela alegria, o lúdico, a imaginação" (3).

Arte e sociedade
Segundo Octavio Paz, não existe uma sociedade sem poesia nem uma poesia sem sociedade. Entenda-se poesia em seu sentido lato, como o povoamento do mundo pela arte.

Arte e Identidade Cultural na Construção de uma Escola Solidária

Não é possível deixar de lembrar Paul Valery quando, sobre a natureza da arte, dizia de um «prazer por vezes tão profundo que nos leva a supor que temos um entendimento directo do objecto que o provoca; prazer que desperta a inteligência, desafia-a e faz com que ame a sua derrota; ainda mais, um prazer que pode estimular a estranha necessidade de produzir ou reproduzir a coisa, o facto, o objecto ou o estado a que parece estar ligada, e que se torna, então, em fonte de actividade sem qualquer fim definido, capaz de impor uma disciplina, um zelo, um tormento sobre toda uma vida, de encher esta vida, por vezes exageradamente».

Urge a reinvenção do mundo através da arte. Segundo Nietzsche, só a arte tem o poder de produzir representações da existência que nos possibilitam viver. (1) Já Kolakowski afirma ser "a arte um modo de perdoar a maldade e o caos do mundo". Segundo ele a "arte organiza as percepções do mau e do caótico, introduzindo a compreensão da vida de maneira tal que a presença do mal e do caos se converte na possibilidade de minha iniciativa com respeito ao mundo, que leva em si mesmo seu próprio bem e seu próprio mal. Para que possa ser assim, a arte deve descobrir no mundo o que sua aparência não proporciona, ou seja, o encanto secreto de sua feiúra, a deformação oculta de sua graça, o ridículo de sua elevação, a pobreza do luxo e o custo da pobreza; em uma palavra: deve descobrir todas as fibras secretas sufocadas pelas qualidades empíricas e que as convertem em partículas de nosso fracasso ou de nosso orgulho." (2) A arte nos permite, como o mito, tocar o mistério do mundo, sua ludicidade, prazer, alegria. Permite-nos penetrar no desconhecido em busca de respostas parciais, sempre parciais, que mantém o élan de viver. E isto ligado, também, a uma busca de soluções para os problemas que nos atropelam e ameaçam a nossa própria sobrevivência. Sobrevivência que, para ser válida, tem que ser digna. Vale dizer, tem que ser compartilhada, em um mundo que valha a pena ser vivido.
Às vezes, nos esquecemos que, além da carência de bens materiais, que causa a miséria e a morte de milhares de pessoas, temos carência de bens simbólicos e espirituais. Na confluência entre os bens simbólicos e espirituais, temos a arte que impulsiona relações entre pessoas e grupos, renovando vivências, laços de solidariedade, criando imaginários e poéticas imprescindíveis para o conhecimento do outro e de si mesmo. Neste sentido, desenvolver-se com arte pode tornar a nossa vida mais alegre e o nosso olhar mais sensível à realidade cotidiana. Pode contribuir para a criação de um rico imaginário, apoiado nas raízes e na criatividade coletiva do presente; e resgatar poéticas que dão um sentido à vida em comunidade pela alegria, o lúdico, a imaginação" (3).
Arte e sociedade
Segundo Octavio Paz, não existe uma sociedade sem poesia nem uma poesia sem sociedade. Entenda-se poesia em seu sentido lato, como o povoamento do mundo pela arte.
Para Paz, uma "sociedade sem poesia careceria de linguagem: todos diriam a mesma coisa ou ninguém falaria", já uma poesia em sociedade "seria um poema sem autor, sem leitor e, a rigor, sem palavras. Condenados a uma perpétua conjunção que se resolve em instantânea discórdia, os dois termos buscam uma conversão mútua: poetizar a vida social e socializar a palavra poética. Transformação da sociedade em comunidade criadora, em poema vivo; e do poema em vida social, em imagem encarnada.
Uma sociedade criadora seria uma sociedade universal em que as relações entre os homens, longe de ser uma imposição da necessidade exterior, fossem como um tecido vivo. (...) Essa sociedade seria livre porque, dona de si, nada exceto ela mesma poderia determiná-la; e solidária porque a atividade humana não consistiria, como hoje, na dominação de uns sobre outros (ou na rebelião contra esse domínio) mas buscaria o reconhecimento de cada um por seus iguais ou, melhor, por seus semelhantes" (4). A reinvenção do mundo passa, necessariamente, pelo imaginário individual e coletivo. Terreno fértil para a criação artística. A perda de uma bússola que nos guie nos faz aventureiros em um mar repleto de perigos e possibilidades de conquistas de novos universos. Em tudo isto há um ato de vontade, tanto individual quanto coletiva. Ousar fazer deve ser a nossa palavra de ordem. É no fazer, com seus erros e acertos, que poderemos construir uma nova forma de vida mais igualitária, criativa e feliz.
A arte, através do tempo tem sido o registro de várias civilizações, documento e testemunho, desempenha um papel fundamental no desenvolvimento humano e cultural. Hoje, mais do que nunca, com a crise civilizatória, e com ela a do monoteísmo da razão, a linguagem da arte talvez seja das poucas que fala diretamente ao coração das pessoas, particularmente aos jovens . Além de impulsionar transformações sociais, pode contribuir para reencantar o mundo a partir do estabelecimento de trocas simbólicas com sentido forte e formar, assim, uma comunidade de emoção.Assim como a arte, a figura do artista é central nas sociedades contemporâneas: construtor de identidades sociais e imaginários, referência existencial e, muitas vezes, mítica. Enfim, são pessoas especiais nos vários contextos, muitas vezes agentes da alienação usando a arte como sistema de manipulação.

Criar é inerente à condição humana. O homem se define enquanto tal como um ser criador. Criar significa transformar as coisas, dar a elas um sentido, um significado. E, ao transformar as coisas, o homem se transforma, em um processo dinâmico que se recria constantemente. O homem se percebe e se reconhece naquilo que cria.
Potencialmente somos todos criadores, e a arte, em suas múltiplas dimensões, é um campo incomensurável de possibilidades de exercício de criação.

A arte nos proporciona a possibilidade de vivenciar a diversidade cultural, possibilitando nos (re)conhecer em um processo criativo. Extirpando o etnocentrismo que nos conduz a visões estereotipadas dos outros, incorporamos, pela arte, a nossa pluralidade, com suas diversas formas de construir e reconstruir o mundo.

Hoje é fundamental o papel da cultura, entendendo que a arte faz parte do seu todo, na formação das identidades. Identidades que estão em constante mutação.
É através do imaginário que o ser humano se projeta no tempo, imaginando um universo a ser criado. Esta arquitetura do porvir pode ser projetada através da arte, que nos permite múltiplas invenções, dando sentido a nossa existência e nos levando a agir.

Neste sentido, podemos pensar que a arte pode servir de contrapeso à ideologia economicista do "tempo é dinheiro", que tudo molda, inclusive o imaginário dos homens.
Torna-se fundamental lutar pela construção de um imaginário coletivo que nos permita reinventar um mundo mais igualitário e solidário

Construir a Cultura da Paz
As nossas sociedades praticamente não conhecem uma Paz duradoura. Guerras mercadológicas, guerras militares, guerras civis plantadas no cotidiano, guerras silenciosas fruto da competição e da desagregação social . A cultura da Paz deve se constituir em uma bandeira das mais importantes não para o Império reinar sobre o consenso e o silêncio dos dominados mas como condição de construirmos uma sociedade mais feliz em todos os campos das atividades e da convivência humana. Neste sentido a arte como formadora de comunidades de emoção, de celebração da coletividade, pode vir a desempenhar um enorme papel, como essência agregadora e formadora da Paz. 

Neste sentido pode-se levar campanhas pela Paz, movimentos de Arte e Paz nas escolas, encontros de arte e paz entre os jovens, ações simbólicas pela paz, movimentos pelo desarmamento.

O diálogo inter-religioso pode contribuir muito para a paz no mundo

É preciso mostrar que a linguagem da arte é convergente com a paz na convivência da sociedade . Desenvolver atividades artísticas para a promoção da paz. Estimular o debate sobre o papel dos meios de comunicação e sua responsabilidade na construção da paz. Os meios de comunicação tem sido um dos grandes propagadores da guerra no planeta. Finalmente os símbolos de destruição podem ser re-significados e substituídos por símbolos de paz. Enfim, resistir pacificamente e com arte contra a crueldade do mundo e gerar valores de não-violência e solidariedade.

Fortalecer as trocas culturais entre os diversos países

Defendemos que um dos papéis fundamentais do chantier e do colégio de artistas deve ser o intercâmbio cultural . Constatamos que pouco sabemos das nossas próprias culturas e muito menos das culturas de outros povos. Assim podemos realizar imersões planejadas em nossos próprios países com a presença de aliados de outros países e caravanas interculturais com o objetivo de vivenciar e estabelecer pontos comuns e diferentes para um diálogo intercultural .

A troca através de encontros e via internet não é suficiente para um verdadeiro diálogo intercultural . O contato e o "choque" intercultural e vital para a transformação das nossas sociedades e o papel ativo do chantier no contexto mundial . Defendemos também a construção do chantier e colégio dos artistas nos diversos países.
Fonte:
CAVERNA MINEIRA
http://www.cavernamineira.jex.com.br/artes/arte+e+identidade+cultural+na+construcao+de+uma+escola+solidaria
 ARTES - 22/07/2004
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

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