segunda-feira, 18 de abril de 2011

ÉTICA E LIBERDADE - Benedictus de Spinoza



Março de 2003 · Teses de filosofia

A Questão da Liberdade na Ética de Benedictus de Spinoza,

de Emanuel Angelo da Rocha Fragoso
Supervisão de Guilherme Castelo Branco

O presente estudo tem por objeto o conceito de Liberdade na Ética de Benedictus de Spinoza e se propõe à análise de sua definição, tanto para a coisa finita, quanto para a coisa infinita, bem como expor a problemática de sua aplicabilidade ao homem, enquanto coisa finita, ou enquanto modos pelos quais os atributos de Deus se exprimem de maneira certa e determinada (E1P25C). 

A tese principal a ser defendida consiste em vincular o método, ou melhor, a ordem geométrica adotada por Spinoza na Ética, à potência do entendimento e seus gêneros de conhecimento, considerando-a como necessária e indispensável na constituição da obra. 

A Ordine geometrico demonstrata, enquanto determinante da exposição, desenvolvimento e demonstração dos temas abordados, se constitui num verdadeiro exercício potencializador do entendimento finito, que, enquanto parte do entendimento infinito, vai galgando como que por degraus, os gêneros de conhecimento, aumentando gradativamente e ininterruptamente sua capacidade de afeto, possibilitando a superação da questão da liberdade — que a rigor aplica-se somente à substância —, ao aproximar o homem da divindade pelo amor intelectual de Deus e pelo conhecimento das leis da natureza, às quais estão indissoluvelmente ligados.

A ordem geométrica utilizada por Spinoza em sua obra maior, a partir da hipótese das três Éticas proposta por Gilles Deleuze, relaciona a Ética dos escólios, dos corolários, dos apêndices e das introduções, a Ética das proposições e das demonstrações, a Ética da Parte 5, aos três gêneros do conhecimento e suas respectivas formas de expressão, conforme descritos na Ética: o primeiro gênero, dos signos e dos afetos; o segundo, das noções comuns ou conceitos e o terceiro, das essências ou dos perceptos, respectivamente. 

Com essa intenção, depois de mostrar que o método empregado por Spinoza na Ética é distinto daquele denominado More geometrico demonstratæ, empregado nos Principes de la Philosophie cartésienne e do More geometrico dispositæ que Descartes utilizou nas Secundæ Responsiones, demonstra-se que o método utilizado por Spinoza na Ética é o geométrico euclidiano. Em seguida, descrevemos inicialmente os modos e os gêneros de conhecimento nas primeiras obras de Spinoza e na Ética, respectivamente. 

Após, delimitamos o universo ontológico, pano de fundo sobre o qual se desenrolará o drama da humana impossibilidade de autodeterminação, entendida a partir da definição conceitual spinozista para o termo "livre", como unicamente aplicável a Deus, enquanto substância absolutamente infinita e causa sui. Por fim, partindo da consideração de que é somente interdito aos homens, enquanto modos finitos necessariamente constrangidos, nascerem livres, mas não tornarem-se livres, descreve-se a superação da servidão humana pelas potências ativas de nosso entendimento e o conseqüente estado de beatitude ou amor intelectual a Deus que se atinge.

Dissertação de Doutoramento
Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil)
Rio de Janeiro, 2002, 404 pp. (130 170 palavras) 

Emanuel Angelo da Rocha Fragoso 
é professor adjunto de Filosofia Moderna na Universidade 
Estadual de Londrina — UEL, no estado do Paraná, no Brasil. 
As suas áreas de especialização são a Filosofia Moderna, 
em especial os autores Descartes e Spinoza, bem com a Metafísica, 
a Filosofia Política e a Ética. 
É membro do Comitê de Ética da UEL 
e autor de vários artigos e traduções publicados em revistas nacionais.

Fonte:
CRITICA: Revista de Filosofia
http://criticanarede.com/tes_liberdadeespinosa.html
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
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