Agni - O Fogo Sagrado (JHS)
Estrela Sírius A-B
Que
triste deveria ser, em tempos remotos, a vida do homem sem o fogo!
Apavorado,
fugia ele em busca de sua caverna quando horrível tempestade se desencadeava e
o raio, sulcando as plúmbeas nuvens, vinha abater as corpulentas árvores dos
cerrados bosques onde ele vivia.
Aquela
tempestade, pensava ele, era a vingança de um deus poderoso!
Do mesmo
modo que, até hoje, o fogo afugenta as mais temíveis feras segundo aquela
maravilhosa fantasia de Kipling, quando "elas fugiam diante do pequeno,
criado na cova dos lobos"; o mesmo que, provindo das selvas indianas, era
portador de um facho de luz, ao qual as feras chamavam de
"rubra-flor" - assim fugiam do fogo os primitivos habitantes de nosso
planeta.
Raiou,
porém, o dia em que os "Reis Divinos", ou aqueles que desceram dos
céus para auxiliar a humanidade, ensinaram como deveria ser aceso o fogo,
segundo o processo do atributo de dois pedaços de madeira, usado aliás até
hoje, por algumas tribos selvagens, como reminiscência daqueles remotíssimos
tempos da vida humana.
Relata-nos
a própria história que da haste do nártex, ou pramantha, o qual, pelo atrito
com um disco de vidoeiro, o arâni, fazia chispar a chama com que o pastor ário,
do platô asiático, fazia o fogo de seu lar, saiu o mito índico do Pramantha, ou
do "ser exteriormente agigante, que extrai o desconhecido do conhecido, o
puro do viciado, o luminoso das trevas".
Entretanto,
a história está mui longe de saber a verdade, porquanto já nas duas raças
anteriores à esta, o fogo era conhecido. O próprio fato a que nos referimos,
dos ensinamentos dos "Reis Divinos", teve lugar no começo da raça
lemuriana. E na seguinte, a atlante, era ele, o fogo, habilmente manejado.
Serviu-se,
pois, o homem, do fogo, para afugentar as feras que infestavam os seus
domínios. Usavam-no também para se aquecer e preparar seus manjares.
O fogo
foi o centro, em torno do qual se formou a família, núcleo da sociedade humana.
Se no começo lhe causou pavor o fogo descido dos céus, depois o encheu de
admiração, não só por sua utilidade, como pela misteriosa atração da chama,
como se algo de magnético ali contido o fascinasse. Razão porque acabou ele por
adorar o ígneo elemento.
Não nos
deve pois surpreender que, em toda parte
onde houvesse vida humana, ao fogo se tributasse culto.
Do mesmo
modo que adorado foi o Sol, como Fonte de energia. Fogo de todos os fogos!
Compreendeu
o homem,
por intuição, que o Sol e o Fogo
- com sua luz e calor - eram da mesma
essência.
E, como tal, o fogo dimanava daquele.
O termo
Zoroastro ou Zarathustra, nô-lo diz: "Astro-zero", que, tanto vale
pelo "disco solar" egípcio, ou Aton (o Sol), com o qual o grande
Kunaton (antes chamado Amenhotep ou Amenophis IV), procurou destronar o deus
Amon-Ra, provando com isso ser um conhecedor dos mistérios da vida, ou antes,
um verdadeiro teósofo.
Os
próprios caldeus adotaram para o Astro-Rei um círculo, com um ponto no centro,
o qual serve, até hoje, para representar a primeira emanação da Divindade.
Tempos
depois, quanto mais se afastava o homem da natureza quando, com a sua
inteligência, dominou egoisticamente algumas forças naturais, esqueceu-se da
essência espiritual do Fogo, servindo-se apenas de sua parte mais material e
grosseira.;
Trá-lo
consigo; serve-se dele para os usos domésticos e fabris; para a locomoção
marítima e terrestre e, até, para destruir cidades e vidas, como acontece
nessas lutas fratricidas a que assistimos ainda hoje.
Perdeu
ele, portanto, o contato com os aspectos superiores do Ígneo Princípio, pois,
além do mais, desconhece os misteriosos fogos que dormem em si mesmo, segundo
já diziam os sábios da antiguidade: "Há Fogo na Alma, e Alma no
Fogo"...
Segundo
Virgílio, "ao levantar-se Enéas, dando um grito de alegria, estendia,
súplice, as mãos para o céu, lançando ao fogo "intemerata dona", isto
é, "puras oferendas". Cumprindo esse dever, corria a anunciar a seu
pai a visão dos deuses".
Naqueles
tempos eram oferecidos sacrifícios aos deuses. O fogo consumia as hóstias,
oferecidas em forma de bois e carneiros, mesmo porque, desde o reinado de NUMA,
em Roma, foram proibidos os sacrifícios humanos. Hoje, nossos sacrifícios devem
ser de ordem puramente moral, embora temperados com o sal da Sabedoria. É o
Fogo da Alma que consome o IMORTAL.
Do mesmo
modo, em todas as religiões, papel saliente possui o Fogo, como o provam as
lâmpadas e círios que ardem nos altares. No Fogo é queimado o oloroso incenso,
cujo perfume sobe, em azuladas nuvens, para o céu. Tal Fogo é o emblema da
chama do Espírito, no qual todo homem deve acender o facho da sua Alma sedenta
de luz!
Cerro os
olhos e aparece, diante de minha imaginação aquela "Montanha de Fogo"
onde, por ordem de Wotan, esteve encerrada a sua filha Brunhilda.
Isolo-me
do mundo e ouço a sublime música de Wagner e vejo como as chamas lambem as
rochas e sobem em mil formas caprichosas. Ouço-as crepitar, com silvos
semelhantes ao rumor de tempestuoso mar de fogo. Cerro novamente os olhos e me
extasio diante dos próprios valores de nossa Obra, estampados naquela outra
"Montanha de Fogo" que o grande Jina que se chamou Mario Roso de Luna
cognominou de "capital espiritual do Brasil". Lá se acha ainda, a
tremeluzir, o sacrossanto Fogo com que os deuses invisíveis quiseram prendar a
privilegiada Terra de seu próprio nome: BRASIL.
Não mais
a prodigiosa música de Wagner, e sim a transcendental, do bailado das Apsaras,
saudando o amanhecer do Manuântara. Enquanto a Terra trepida sob meus pés, sacudida
pelas cadenciadas vibrações de misteriosa cachoeira, que se divisa do alto da
Montanha!...
Todos
esses mistérios obrigam-me a meditar: a Água sempre para baixo. E o Fogo, para
o Alto! Nenhuma dúvida resta: o Fogo é algo de Divino e sua chama, o veículo
material do Espírito Supremo! Os elementais do Fogo, contrariamente aos da
Água, que procuram sempre atrair os homens para as profundezas oceânicas,
segundo a iniciática frase do "não te deixes levar pelo canto das
sereias", - que tanto vale pelo das paixões inferiores - fogem dos homens
e são intangíveis, porquanto seu contato destruiria os que fossem puramente
mortais. Fato esse que nos ensina que, para podermos viver em contato com o
verdadeiro Fogo, que é o do Espírito, temos de destruir tudo quanto em nós
subsiste de mortal, de material ou inferior. Não era outro o sentido daquele
"para matar a morte" exigido aos pretendentes à imortalidade, nos
egrégios Colégios Iniciáticos de outrora.
Em um
anfiteatro de montanhas entre verdejantes bosques de louro, erguia-se,
majestoso e solene, o templo de Delfos. Os primeiros raios de sol vinham
beijar, todas as manhãs, aquele recanto maravilhoso, onde acudiam os
"mistas" de toda a Grécia, para serem iniciados nos sagrados
mistérios. Em uma caverna ardia sobre um trípode o Fogo Sagrado, alimentado por
troncos sêcos do perfumoso louro. Pelas frestas da caverna, saía um bafo quente
e enervante, enquanto que, através de oblíqua e elevada fenda, se via o cerúleo
manto do Firmamento. Era o lugar onde as inspiradas pitonisas concediam os seus
oráculos.
Nos
templos romanos as vestais conservavam o Fogo. As sacerdotisas druidesas
pagavam com a vida o seu descuido, se ele se apagava. Em tempos mais remotos
ainda, na Caldéia, no Egito, Zoroastro e Hermés davam a entender a imensa
importância do Fogo e de sua misteriosa Alma.
Entretanto,
o Fogo dos planos superiores é mui distinto daquele que conhecemos através de
nosso sentidos físicos, por ser este o simples reflexo ou expressão inferior do
mais elevado e abstrato.
Figuremos
um Fogo que não queima: uma espécie de líquido, algo parecido com a Água, dando
com isso razão de ser ao célebre axioma ocultista de que "o Fogo líquido
procede do indefinido Fogo Oculto, que é alimentado pelo Hálito de seu próprio
Espírito".
Assim o
conceberam em sua essência os mesmos Iniciados da época do primeiro Zoroastro,
como o Grande Mago do Fogo. Daí o arder, nos altares da época, o Fogo sem
combustível, símbolo da Vida Divina.
Do mesmo
modo que hoje a Igreja faz emudecer, na sexta-feira santa, os sinos e as
campainhas, e procura velar com roxos crepes as imagens de seus templos, assim,
também, nos tempos de outrora, a ara ficava órfã de fogo...
Eram os
dias primaveris, antes da Ressurreição da Natureza, que é e será sempre, o Símbolo
da Ressurreição da Alma; da Páscoa florida, símbolo do mito solar. Hermés
ensinava a doutrina da Luz interna como Fogo oculto em todas as coisas; como
Luz residindo em todas as criaturas. Encarregava Ele aos sacerdotes de
repetirem a cada passo: "Eu sou esta Luz; esta Luz sou Eu". Uma das
frases mais favorecidas dos egípcios era: "Segue a Luz".
Na antiga
Caldéia, cada planeta possuía um Templo que lhe era dedicado: porém, o
principal deles era o do SOL. Compunha-se ele de uma grande cúpula central, com
quatro naves, que assinalavam os quatro pontos cardeais, ou seja, semelhante ao
PRAMANTHA das escrituras vedantinas, cuja mais bela expressão ainda se acha no
CRUZEIRO DO SUL, que orna o incomparável firmamento de nossa Pátria, como o
próprio Símbolo da "Missão dos Sete Raios de Luz".
Citemos,
de passagem, o que dizem aquelas escrituras vedantinas a respeito do PRAMANTHA:
"O
Pai do Fogo Sagrado (AGNI)
é o divino TUASHTRI, o carpinteiro
que prepara a
Cruz ou o PRAMANTHA,
destinada a produzir o Fogo pelo atrito,
cujo fogo deveria
gerar o filho divino".
A mãe do
Fogo Sagrado é a Divina Maya. Quando o pequeno AGNI cresce, é colocado num berço,
entre animais. E ao lado, a vaca mugidora, já que Vaca, ou simplesmente VACH,
significa, em sânscrito, o Verbo Sagrado, o Logos Criador, etc. etc.
Pelo que
se vê, foi deste - como de outros mitos e alegorias multiseculares, donde a
Igreja copiou o nascimento do menino Jesus, numa manjedoura; que seu Pai era
carpinteiro; que seu Filho passava os dias a fazer cruzes de madeira, já
prevendo o lugar de seu suplício. Os animais do "Presépio de Belém",
e até mesmo o nome de sua Mãe, como Maria, Myriam ou Mayá, como o foram as Mães
de outros Seres, por exemplo Yeseus Krishna (donde a Igreja copiou o de Jesus
Cristo) e do Buda, embora o primeiro tenha vivido 3.500 anos antes da chamada
era cristã e, o segundo, 645 anos antes daquela mesma época.
Volvamos
aos mistérios do Templo do Sol, da antiga Caldéia:
Ao
passarem as estrelas pelo meridiano, entrava sua luz por estreita abertura,
vindo a refletir-se em um espelho côncavo, de maneira que pudesse ser aplicado
à influência de cada planeta. Quando o Sol, por sua vez, passava pelo
meridiano, acendiam-se, imediatamente, os fogos sagrados, por meio de um globo
de cristal, cheio d'água, que servia de lente.
Sabe-se
que a antiga religião caldaica não só adorava o Sol, como também as hostes
celestes, ou seja, os anjos das estrelas, aos quais chamamos como Teósofos, de
"Espíritos Planetários", Dhyans-Choans, etc. E como sejam em número de
SETE --- segundo os próprios dias da semana, das côres, das notas da gama
musical, dos estados de consciência, as raças e suas respectivas sub-raças, os
Tattwas ou fôrças sutis da natureza (embora os menos entendidos só conheçam
cinco), os Chacras ou centros de fôrças nos homens, etc. - logo a Igreja os
representa nos seus candelabros com igual número de círios.
Ademais, já as
velhas escrituras orientais os apontavam como os "Sete Leões
ardentes"; Ezequiel, em suas famosas visões, como "Sete angelicais trombetas";
enquanto outros, como as "Sete Taças Eucarísticas", embora, de fato,
somente a última, ou sétima, possua direito a tal nome, por simbolizar o último
estado de consciência que o Homem deve alcançar na Terra: o sétimo princípio
Teosófico, ou princípio "crístico". Razão porque esta última Taça
tomou o místico sentido das três iniciais: JHS, das quais a igreja se serviu
para seu "Jesus Homo Salvatorem".
Dessas
tradições iniciáticas serviu-se, por sua vez, o inspirado Wagner, para a Taça
em que Lohengrin bebe o "sangue eucarístico", já que o próprio termo
"Lohengrin" provém de Lohan, ou Choan, e Grim, de Gnain, Jnana, Jina,
etc., todos eles dentro dos referidos mistérios.
Assim é
que a vida dos caldeus era regulada por um perfeito sistema astrológico, embora,
para os grandes Iniciados, o culto do Sol e dos Astros não fosse material, mas
altamente espiritual. A Heliolatria daquele povo possui reminiscências, ainda
hoje, na adoração solar dos povos selvagens, como entre nós, por exemplo, a de
Tupã, como "deus do Fogo, o Sol, etc.". Razão por que a nossa própria
história relata a passagem acontecida com Diogo Álvares Corrêa, o Caramuru,
que, por ter abatido com seu fuzil redentora pomba que passava naquele momento,
fez exclamar aos índios, que o queriam matar: "Tupã Caramuru", isto
é, "Homem do fogo, o homem que produz fogo".
Naqueles
tempos a que nos referimos, levavam os caldeus para suas casas uma brasa do
sacrossanto Fogo, que consideravam como descido do céu. Com ele se acendia o do
lar, que era religiosamente conservado, e jamais deveria apagar-se durante o
ano.
Poucos
ignoram o argumento de NORMA, a inspirada ópera de Belini cujos amores com
Pelion, o cruel romano, tiveram o trágico fim de sua morte na fogueira, antes,
porém, recomendando a seu pai Oroveso, o grande sacerdote Druida, os "dois
filhos de seus amores" que tanto valem pelo iniciático mistério da forma
dual, com que a própria Divindade se apresenta no começo dos ciclos raciais,
mais conhecidos como: Gêmeos Espirituais.
O último
canto da NORMA,
antes de ser
atirada às chamas,
é da mais sublime inspiração.
Do mesmo
modo, Jeanne d'Arc, se acha dentro do etimológico sentido dos termos sânscritos
e tibetanos: Dzyan, Dzyn, Djin, Jina, Jnana. E Arghia, Arga, Agartha, ou Arca
(donde foi copiado o de Arca de Noé).
Nesse
caso, Jeanne d'Arc se traduz por: Jina ou gênio da Agartha. Por isso mesmo,
heroína igual àquelas Valkírias dos cantos nibelungos, e famosas "amazonas
das margens do Thermodonte". Todas elas, digamos, com HPB à frente,
portadoras do excelso Fogo da sabedoria. Por isso mesmo, salvadoras, redentoras
da humanidade, com seus grandes rasgos de heroísmo, como Jeanne d'Arc, salvando
a França das hostes invasoras, e HPB, ao lado de Garibaldi, lutando contra o
poder papal, lanceada no peito, na batalha de Mentana.
II
Na Índia
cantava-se, desde tempos imemoriais, um "mantram" ou hino védico, mui
profundo e comovente, o qual tinha o poder extraordinário de atrair forças
superiores em defesa daqueles que o executavam. Tal "mantram" foi um
dos muitos que serviram para a fundação da nossa Obra. É, hoje, de conhecimento
de quantos venham frequentar as nossas fileiras, pelas várias vezes que aqui
tem sido reproduzido. Eis aqui apenas um trecho da letra do mesmo:
"Ó
Agni, Fogo Purificador Centelha divina,
que arde em
todas as coisas Alma gloriosa do SOL AUM..."
Esta
palavra final representa a Tríplice Manifestação da divindade, que em sua
essência é Una, segundo as "três pessoas distintas e uma só
verdadeira" do plágio cristão. De tal palavra serviu-se ainda a igreja
para o seu AMÉM, alías de modo errôneo, porque a palavra verdadeira, que
exprime "Assim seja", assim se cumpra, etc., difere daquela, isto é,
BIJA ou semente que deve germinar, produzir bons frutos, etc., como sói
acontecer ao nosso próprio lema latino: SPES MESSIS IN SEMINE, que quer dizer:
"A esperança da colheita, reside na semente", ou seja, aquela que
desde há longos anos vimos lançando no campo, até então árido, mas donde vai
surgir um dia a prodigiosa civilização portadora de melhores dias para o mundo.
Colheita, portanto de tão nobres, quão elevados esforços, de nossa parte e de
quantos queiram ingressar nas excelsas fileiras da "Missão dos Sete Raios
de Luz", a SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE!
Na
Grécia, simbolizava-se a espiritual marcha da Humanidade, por jovens atletas
que corriam várias etapas, passando, de mão em mão, um facho aceso. A pista era
o templo; as etapas, os séculos, senão, os próprios ciclos raciais; os atletas,
as gerações e finalmente, o "facho aceso" era o progresso espiritual
da Mônada, como centelha ou chama, ou Ego Imortal, até alcançar o máximo de sua
evolução na Terra.
Tal
simbolismo é cheio de sugestões que nos induzem a pensar na marcha ascensional
da Humanidade, em sua contínua evolução, "etapa por etapa"... Onde o
Fogo deve ser, cada vez mais ativo, ou aceso.
Que se
intensifique, pois, o progresso, porém, apoiado no da etapa anterior, tal como
os nossos pés quando sobem os degraus de uma escada. Cumpre-nos progredir
conservando, e conservar, progredindo. Não nos devemos orgulhar de nossos
grandes progressos; são filhos do passado. E sem o "passado", não
teríamos chegado à altura em que presentemente nos encontramos. São filhos dos
esforços dos "atletas", que passaram anteriormente pela pista do
mundo, a começar por aqueles que figuram na espiritual galeria do nosso salão
de reuniões --- os Grandes Iluminados.
As
crianças são forçadas a experimentar por si mesmas, todas as coisas. Nossos
conselhos e ensinamentos as deixam perplexas. Advertimo-las, por exemplo, que
não devem aproximar suas inocentes mãos da chama de uma vela. E só compreendem
a razão de nossa advertência, depois de passarem pela "prova do fogo
físico", que tanto vale pela da "Dor", como único meio que a
própria Lei nos oferece na Vida, para alcançarmos a Perfeição Absoluta.
Entretanto,
a civilização hodierna - pelo menos no seu aspecto material, vai muito mais
apressada do que nos séculos anteriores. Com efeito, a criança de hoje, com
poucos anos de idade pode aprender aquilo que custou à Humanidade, alguns
milênos de experiências.
O facho
do progresso chega às mãos da criança de hoje muito mais aceso e brilhante... O
sopro da evolução avivou poderosamente a sua chama.
Por isso
mesmo, tal fenômeno pode transformar-se em gravíssimo perigo para a sociedade
hodierna. E a nós, Teósofos ou Ocultistas do mundo, cabe o dever de pôr em jogo
todos os recursos imagináveis, a fim de evitar que "imenso e terrível
incêndio" ocasione a sua total ruína. Poderia suceder o mesmo que ao
discípulo do Mago, quando, durante a ausência daquele, começou a fazer
"Experiências" por conta própria, para logo se ver envolvido em
chamas... E só não teve um trágico fim, por ter seu Mestre voltado à casa.
O Fogo
impulsionou o progresso material.
Foi, porém, o Fogo terreno, o fogo interior,
a borra, e não a sublimada essência.
O homem
domina hoje a Terra, o Ar, a Água, por meio do Fogo. Não sabe, entretanto,
dominar a si mesmo, porque abriu a torneira do barril mágico, como o fez o
inexperiente discípulo do Mago. E como ignora o único meio de fechar a
torneira, está sendo devorado pelas chamas de sua própria
"ignorância"...
Esse Fogo
é o mesmo que Mefistófeles fez brotar do cantilho de vinho, diante de
Valentino, o irmão de Margarida, quando aquele se despedia dos amigos, no
momento de partir para a guerra. Porém, logo reconhecido o malévolo estratagema
de Mefistófeles, apresentaram-lhe a cruz da espada, que o obrigou a esconder-se
no canto da casa, vencido e humilhado.
Mas, por
que razão esse seu receio da cruz da espada? Não será por tal símbolo ser o
mesmo do PRAMANTHA, ou antes, do Fogo dirigido nas direções dos "Quatro
Pontos cardeais"?
WOTAN
cravou a "Espada do Conhecimento" na ensinha que se erguia, forte e
soberba, diante da casa de Sieglinda. Ninguém a pôde dali arrancar, a não ser
Sigmundo, num esforço supremo, pois logo morria, após o combate sustentado
contra Hunding. Despedaçada, foi ela cair aos seus pés.
Sieglinda
recolhe os pedaços, mas não a pode recompor o próprio MIMO (figura, por sua
vez, de Mefistófeles, ou traiçoeira), e sim, Siegfrido, por desconhecer o medo
e a ter forjado no Fogo Superior ou Divino, onde só se pode forjar a Espada do
Conhecimento, qual a "Flamígera Espada" de Mikael, postado à entrada
do Paraíso Terrenal, até que a humanidade inteira se torne digna do Paraíso
Celeste, pois outro não é o verdadeiro sentido do símbolo.
Que, de
sublimes mistérios estão contidos nas Chaves ocultas da Mitologia!
Na grega,
por exemplo, Vulcano, o deus do Fogo, constrói para Apolo umas flechas que, ao
serem disparadas pelo deus, volvem à sua aljava, depois de haver acertado no
alvo. À primeira vista, o simbolismo parece uma infantilidade. Não o é, porém,
porque APOLO representa o próprio SOL, como fonte de energia e de vida do
Sistema. Do Sol nos chegam a luz e o calor, como manifestações distintas da
vitalidade. Do Sol emanam as ondas eletromagnéticas que alimentam todo o
Sistema. São as flechas que lançam o Pai-Sol, a todos os âmbitos do sistema. É
o sangue arterial que flui por todos os lados, que tudo alimenta. É finalmente,
a emoção do seu próprio Coração. A essas flechas, sucede a mesma coisa que ao
sangue arterial, voltando ao coração, através das veias, a fim de se purificar
e seguir, alimentanto todo o organismo humano.
Do mesmo
modo que as águas do rio volvem, contaminadas, ao mar, onde se misturam com as
salsas ondas, para se evaporar e purificar, depois, no imenso alambique da
atmosfera, onde formam nuvens que se desfazem em chuvas, que apagam a sede
abrasadora dos campos, animais, e dos homens; assim, as ondas eletromagnéticas
de retorno à Usina que as gerou, se purificam no Fogo do coração do SOL. Não
são essas, pois, as apolíneas flechas, forjadas pelo divino Fogo de Vulcano?
Em
sentido mais transcendente ainda: essas flechas, atiradas por Júpiter Olímpico
ao seu irmão Júpiter Plutônico (no seio dos infernos) - segundo o cabalístico
termo "Dæmon est Deus inversus", ou: o "Demônio é o inverso de
Deus"- são as próprias Mônadas saídas do Seio do Ishvara, ou o Ser
Supremo, o Sol Espiritual dirigente do sistema, cujas "mônadas",
depois de longa série de experiências, que tanto valem por inúmeras encarnações
na Terra, vão ter ao mesmo lugar donde vieram. Outro não é o verdadeiro sentido
da "Parábola do Filho Pródigo" que volta à Casa Paterna, de tão má
interpretação religiosa, embora fosse o próprio Santo Agostinho quem lhe desse
o verdadeiro sentido, conscientemente ou não, quando diz:
"Viemos
da Divindade e para Ela havemos de retornar".
Santo
Agostinho
III
Apolo é o
deus da Poesia e da Música e, como tal, o Pai das Artes e das Musas. As flechas
saídas de seu inspirado peito são mais certeiras do que as de cupido, cujos
olhos vendados não podem perceber que uma delas fere o coração de sua própria
Mãe, Vênus, já que esta representa o próprio Espírito da Terra. Daí a frase dos
Elohim: "Multiplicarei as tuas dores. Com dor parirás os filhos. Maldita
seja a Terra em sua obra: espinhos e abrolhos ela produzirá. (Gênesis II vers.
16/17)
Cupido
não é outro senão o Augoeides neo-platônico, ou o Eu-Consciência-Imortal, do
mesmo modo que Atmã, o Sétimo Princípio, Cristo, etc., da própria Teosofia,
como também, o Sétimo ou último estado de Consciência que a mônada é obrigada a
alcançar na Terra. Razão porque esta, como Mãe de Cupido, segundo a Mitologia,
foi a primeira a ser ferida no peito, pois a Terra é o lugar de sofrimento ou
depuração para a própria Mônada.
A
Mitologia nos diz, ainda, que as flechas de Apolo são a emanação da sublime
beleza. E que foram temperadas, docemente, no coração do deus, à Ele volvendo,
para serem purificadas e prontas novamente a disparar, em contínuo vai-e-vem,
como o próprio "vai-e-vem" das marés, das várias encarnações do Ego.
Por isso mesmo, podendo-se conceber tais palavras como o maravilhoso símbolo do
impulso da Vontade Criadora, para que se realize a salvadora evolução.
O Amor é
uma chama ardente desse Fogo imortal. Tudo arde, inflamado por essa chama. O
corpo humano vive pela contínua combustão, que nele se realiza. O próprio
Hipócrates, já procurava curar as moléstias, por meio do fogo. E hoje, a
diatermia está em franco uso.
A febre é
um aumento do Fogo, que se esforça por queimar as escórias perturbadoras do
organismo. Quando o corpo não as pode vencer e o excesso de fogo se vê
impossibilitado de destruir tais escórias, o calor ou febre aumenta de tal
forma que o organismo, não mais podendo resistir, morre.
Repito, o Amor é uma chama do Fogo Divino,
pelo qual nascemos, crescemos e nos transformamos.
O mesmo
sucede com a Natureza: vemos brotar uma flor, que depois de alguns dias ostenta
suas formosas cores, para logo perfumar o ambiente que a cerca. Uma força
interna impulsiona, tal como a energia de um motor impulsiona toda a engrenagem
de uma máquina. Porém tal energia, é algo expansiva; é a essência do Fogo, não
daquele que encerramos num foguete, que explode em maravilhoso espetáculo,
deixando espaço cravejado de lágrimas multicores, muito menos o das metralhas,
que destrói a vida de inúmeras criaturas... Mas o de seu Divino Pai: o Fogo
Celeste.
Esse foi
o Fogo roubado por Prometeu, o titã rebelde, acorrentado no cume de uma
montanha, para que os abutres se cevassem nas suas entranhas. Aquele mesmo que,
ainda hoje, não perdeu a Fé, por saber que é partícipe da natureza dos deuses,
já que Prometeu é a própria Humanidade, acorrentada nos grilhões de sua
contumaz inconsciência. Ele possui, portanto, o direito à Imortalidade, a qual,
ninguém, nem mesmo Deus lha pode negar.
Prometeu,
segundo a Mitologia, nos ensina o desprezo pela dor, e a necessidade do
esforço, a fim de alcançarmos a libertação. E daí nos cingirmos com a Coroa do
Divino Fogo, a mesma que circundava a fronte de Moisés, quando desceu do Sinai,
após haver contemplado a Luz, face a face. Esse fogo é o mesmo que, "em
línguas de Fogo, no dia de Pentecostes (segundo a adaptação que a Igreja fez
dos misteriosos símbolos da antiguidade) desceu sobre os apóstolos".
E isso,
dentro da sentença oriental: "quando o discípulo está preparado o Mestre
aparece". E tal Mestre, não é outro senão a própria Consciência, adormecida
no imo de todos os seres; aquela mesma que, nos Contos de Fadas, se acha com
toda a sua corte, adormecida em plena floresta negra (ilusória, ou de
ignorância), adormecida, à espera do príncipe encantador, que a venha despertar
de tão amargurado letargo...
O
Alquimista João Tritamo, instrutor de Cornélio Agripa, abade dos beneditinos de
Spanheim, dizia:
"Deus
é um Fogo essencial e aceso em todas as coisas, e principalmente no homem. Deus
é Fogo; porém, nenhum fogo pode arder, nenhuma chama pode brilhar no seio da
Natureza, sem que o Ar ative a sua combustão. Nesse caso, em nosso interior
deve agir o Espírito Santo, como o AR ou Sopro emanado de Deus".
"Cada
coisa, dizia ele ainda, é uma Trindade de Fogo, Luz e Ar. Em outras palavras: o
Espírito - o Pai - é um Fogo Divino, superessencial; o Filho, a Luz
manifestada; e o Espírito Santo, o Ar ou movimento superessencial".
C.G.Jung - O Acordar Humano
Lótus Sagrado
Símbolo da alma humana
"O Fogo reside no coração
e distribui seus raios por todo o corpo,
dando-lhe a vida; porém nenhuma luz nasce desse Fogo
sem o espírito de santidade".
A
filosofia esotérica assegura que reside no homem uma espécie de FOGO, chamado
KUNDALINI. É o Fogo Serpentino latente no centro básico de vitalidade (o
cóccix), como serpente enroscada em seu letargo, até que desperte e continue
ativa, mediante a purificação do corpo, das emoções e da mente, como o completo
domínio dos três mundos: físico, emocional e mental. Isso não se pode alcançar
facilmente, sem o que, todos os homens já teriam obtido a Suprema Perfeição.
Tão logo
o discípulo se encontre em condições, tal Fogo sobe por Sushumna, que é o
"nadi", ou conduto medular da coluna vertebral, à cuja direita se
acha o nervo "Ida" e à esquerda, "Píngala", termos técnicos
esses, que empregamos segundo o Orientalismo, por não conhecer, até hoje, a
Ciência oficial o referido fenômeno, mas que o nosso Colégio Iniciático se
encarregará de modificá-los, futuramente, para o nosso idioma.
Assim,
possuindo o discípulo os condutos medulares em perfeitas condições, Kundalini
por eles se eleva, abrindo as Portas dos mundos invisíveis, mesmo porque o
humano fogo, pondo-se em contato com o Divino (qual o fenômeno de dois carvões
numa lâmpada elétrica) a Energia Cósmica se estabelece. É o que se pode chamar
de "Fiat Lux", pois de fato, a "Luz espiritual" se faz para
o discípulo.
É o mesmo
fenômeno da cana onde Prometeu encerrou o Fogo roubado aos deuses. Do mesmo
modo que o Tirso dos iniciados, e o Caduceu de Mercúrio, cujas duas serpentes
enroscadas nos dão a nítida e perfeita compreensão dos referidos
"nadis" ou condutos medulares da coluna vertebral. Quanto ao capacete
alado de Mercúrio, simboliza a Inteligência Suprema, a Mente Universal.
Nas
escrituras sagradas vemos "Elias arrebatado num carro de Fogo". O
próprio nome "Elias" provém de Hélios do Sol.
Em tudo
pulsa esse misterioso Fogo. Tudo nasce e vive por Ele. E, se bem observarmos a
Natureza, de tal nos convenceremos:
"Entre
as plantas aquáticas, diz Maeterlinck, figura como a mais romântica, a
Valisnéria, essa "hidrocarídea", cujos desposórios formam o episódio
mais trágico da história amorosa das flores. A Valisnéria, entretanto, é uma
insignificante planta, desprovida da graça encantadora do nenúfar, espécie de
loto europeu, ou de outras flores subaquáticas, de airosas cabeleiras. A
Natureza, porém, esmerou-se em lhe dar uma formosa história. Toda a existência
dessa planta se desenvolve no fundo das águas, em uma espécie de sonolência,
até o momento nupcial, em que vive uma nova vida.
Então, a
feminina flor vai lentamente desenrolando a longa espiral de seu pedúnculo,
emerge das águas e se abre, estendendo-se garbosamente na superfície do lago.
Eis que, de lugar vizinho, a vê-la, apenas através da sombria água que a cobre,
a flor masculina sente-se bruscamente retida, porque o talo que a sustém e lhe
dá vida é demasiadamente curto, não lhe permitindo chegar até à superfície das
águas, e aí consumar a união nupcial entre estames e pistilos. Trata-se de um
defeito, ou da mais cruel das provas da Natureza?
Imagine-se,
com efeito, a horrível tragédia desse desejo, dessa transparente fatalidade,
desse suplício de Tântalo de estar vendo e tocando o que é inatingível.
Semelhante drama seria tão insolúvel, como o nosso próprio drama na Terra.
Mas, eis
que surge, de repente, um novo e inesperado elemento.
Terá a
flor masculina o pressentimento de tamanha decepção? Não o sabemos. O certo,
porém, é que ela soube guardar em seu coração uma bolha de ar, como guardamos,
em nossa alma um doce pensamento de inesperada salvação... Dir-se-ia que vacila
um instante, para logo, em esforço supremo, o mais assombroso de quanto se
conhece na vida das flores e dos insetos, romper, heroicamente, o laço que a
liga à existência, para voar à altura de seu amoroso ideal.
Corta,por
si mesma, seu pedúnculo e, em incomparável impulso, entre pérolas de alegria,
suas pétalas se desfolham pela superfície das águas... Ferida de morte, porém
livre e rutilante, flutua um instante ao lado de sua amorosa consorte. A união
dos dois seres se realiza, depois da qual a flor masculina, sacrificada em aras
de seus desejos, é joguete das águas, que levam seu cadáver para a margem
vizinha, enquanto a esposa - já mãe - cerra sua corola onde palpitam, ainda, os
amantes eflúvios; enrola seu pistilo e desce novamente às profundezas
aquáticas, afim de amadurecer o fruto de um amor heróico e sem limites".
Essa
formosa passagem da vida das flores aquáticas, dá-nos a idéia do FOGO amoroso,
que pulsa no seio da natureza. Se disséssemos que o Universo é FOGO, não
mentiríamos. Tudo quanto percebem os nossos sentidos não é mais do que sombras
e fumo desse Fogo.
IV
As
salamandras que vivem nas chamas, são elementais superiores aos gnomos, ondinas
e sílfides, porque estas últimas vivem no âmbito terrestre, enquanto que as
primeiras possuem consciência superior.
No Templo
de Delfos, uma salamandra se punha em comunicação com os Iniciados. Porfírio,
discípulo de Plotino, que conhecia bastante o Oculto, revelou aos homens a
seguinte prece da Salamandra, que não é propriamente a ela dirigida, mas ao
próprio Fogo Criador, mesmo porque os elementais ou Espíritos da Natureza não
conhecem outra linguagem senão a que lhes é própria:
"Ó
imortal, Eterno, Inefável e Sagrado Pai de todas as coisas, conduzido no carro
que desliza sem cessar pelos mundos, que dão sempiternas voltas. Dominador dos
etéreos campos, onde se assenta o trono do Teu poder, de cujo vértice Teus
poderosos olhos tudo vêem, e Teus formosos ouvidos tudo ouvem. Escuta a prece
de Teus filhos, aos quais amaste desde o começo dos séculos. Tua eterna
majestade resplandece sobre o mundo, e sobre o céu das estrelas. Estás acima de
tudo, ó fogo faiscante, que por si mesmo se estende e alimenta. Por seu próprio
esplendor, saem de Tua essência inesgotáveis fontes de luz, que se difundem de
Teu Espírito Infinito. Esse Espírito é o Criador de tudo.
Ó Pai
Universal, criaste Tua essência adorável. É dever nosso louvar e adotar a Tua
sublime vontade, com ardente ânsia de possuir-te, ó Pai, ó mais Terna das Mães,
exemplo admirável da ternura materna. Ó Filho, Flor de Todos os Filhos. Ó forma
de todas as formas. Alma, Espírito, Harmonia e Nome de tudo quanto existe. Nós
Te adoramos".
Se alguma
prece possui valor, esta ao menos encerra em si, os grandes mistérios da Vida
Universal, da Fonte de Energia, que a tudo e a todos banha. Ao ouvi-la, parece,
com efeito, que se acende em nós o Fogo oculto, que nos aproxima da Divindade,
como verdadeira Usina que é, de Força, Luz e Calor, para não dizer, de Vontade,
Sabedoria e Atividade.
É ainda,
do mesmo Porfírio:
"Existe na Divindade
uma insondável profundeza ardente.
O coração humano jamais deverá temer
o contato desse Fogo adorável,
porquanto
não será por Ele destruído."
Ele é o
doce Fogo, cujo feliz e tranquilo calor determina o encadeamento das causas, a
Harmonia e vital continuidade do mundo. Nada existe que não seja por Ele
alimentado pois é Ele a própria Essência Divina. Ninguém o gerou. É sem Pai nem
Mãe... nem causa alguma. Mas, tudo sabe e Nada lhe pode ser ensinado. É
imutável nos seus desígnios e seu Nome é inefável. Eis aqui o que é Deus. Nós,
míseros mensageiros seus, nada mais somos do que uma partícula Sua.
A
antiguidade sábia, por sua vez, já nos ensinava: do mesmo modo que um fogo
violento queima até as árvores verdes, o homem que estuda compreende os livros
santos, apaga, em si, toda mácula nascida do pecado. E aquele que conhece
perfeitamente o sentido de Veda-Shastra - os ensinamentos da Lei, qualquer que
seja sua condição, prepara-se, durante o seu estudo neste mundo, para a
identificação com BRAHMÃ (liberação).
Os que muito estudaram, valem mais do que
os que pouco leram. Os que possuem tudo quanto leram, são preferíveis aos que
leram e logo esqueceram.
Os que compreenderam, possuem mais mérito do que
aqueles que sabem simplesmente o que decoraram. Os que cumprem com o dever, uma
vez este conhecido, são preferíveis aos que simplesmente o conhecem, mas não o
praticam.
O conhecimento da Alma Suprema e a devoção para com Ela, são os
melhores métodos para se chegar à Felicidade Suprema da liberação. Com a
devoção, resgata as suas faltas; com o Conhecimento de Brahmã, consegue a
Imortalidade.
Aquele que procura adquirir conhecimento efetivo de seus deveres,
possui três categorias de provas: a evidência intuitiva, o raciocínio
discursivo e a autoridade dos diferentes livros deduzidos das Santas
Escrituras.
Ainda
mais: o discípulo concentrando a atenção em tudo isso, alcança o
"perceber" a Alma Divina em todas as coisas, visíveis e invisiveis.
Pois, considerando a Alma Divina em tudo, e reciprocamente, tudo na Alma
Divina, não entrega o espírito à iniquidade. A Alma Suprema, é, com efeito, a
SÍNTESE de todos os deuses e aquilo que pulsa no íntimo de quantos atos
realizaram todos os seres animados. Que o discípulo contemple, em suas
meditações, o éter sutil que inunda todas as cavidades de seu coração; o ar que
atua em seus músculos e nervos, a Suprema Luz do Sol e do Fogo, em seu calor
digestivo e em seus órgãos visuais; a Água, nos fluídos de seu corpo; a Terra,
em todo seu corpo.
Veja,
também, a Lua (Indu) em seu coração; os Gênios das 8 regiões do Espaço, no
órgão de seu ouvido; Hara, em sua força muscular, Agni, em sua palavra, Mitra
em sua faculdade excretória, Pradjápati, em seu poder gerador. Acima de tudo,
porém, deve representar ao Grande Ser (Para-Purusha) como o Soberano Animador
do Universo. Mais sutil do que o Átomo, mais brilhante que o ouro, mais puro e
único capaz de ser concebido pelo Espírito, no Sono da mais abstrata
contemplação.
Uns
adoram a Para-Purusha, no Fogo Elemental. Outros, no Manu, senhor de todas as criaturas;
outros, em Indra; outros em Vayu e Tejas; outros, no eterno Brahmã. Porém, este
Soberano Senhor é aquele que, ao desenvolver todos os seres com um corpo
formado de cinco elementos, os faz, sucessivamente, passar do nascimento ao
crescimento; do crescimento à dissolução, com movimento semelhante ao de uma
Roda que gira.
Por isso o homem que reconhece a sua própria Alma na Suprema
Alma Universal, presente em tudo e em todos, mostra-se igual perante todos e
tudo, e alcança a mais feliz das sortes: a de ser finalmente absorvido no Seio
de Brahmã.
Iluminação interior
Por mais
dificil que isso tudo vos pareça, o fato é que não é impossível, eu vô-lo posso
afirmar. Como nos antigos Códigos Iniciáticos, no nosso o método é posto em
execução. Mesmo porque, sendo a sua Missão a de preparar uma Nova Civilização
portadora de melhores dias para o mundo, é seu dever formar o Homem Integral,
que desde já sirva de Arauto àquela Civilização.
Quanto
aos ideais que vedes por toda parte, e que são causadores da luta fratricida
que se desencadeia no mundo inteiro, não são mais do que demonstrações
palpáveis do fim de um ciclo apodrecido e gasto, ao qual se seguirá o dealbar
do glorioso dia da raça que prenunciamos. Por baixo de todas essas formas
grosseiras de "salvação", se notam os anseios espirituais do
verdadeiro Ideal da Fraternidade Humana.
Daí o
dique tutelar, por nós e poucos mais, construído, para reter as águas invasoras
do materialismo bravio, que ameaça tragar todos os seres da Terra.
José Henrique de Souza
Página:214
LIVRO VI
PITÁGORAS
Os Mistérios de Delfos
Os Mistérios de Delfos
Conhece-te a ti mesmo
– e conhecerás o Universo e os Deuses.
Inscrição do templo de Delfos
O Sono, o Sonho e o Êxtase
são as três portas para o Além,
de onde nos vêm a ciência da alma
e a arte da adivinhação.
A Evolução é a lei da Vida.
O Número é a lei do Universo.
A Unidade é a lei de Deus.
ENTRE IRMÃOS.NET
http://www.entreirmaos.net/wp-content/uploads/2011/10/
Os-Grandes-Iniciados-Edouard-Schure.pdf
Pablo Picasso
Li-Sol-30
Fonte:
http://www.entreirmaos.net/wp-content/uploads/2011/10/Os-Grandes-Iniciados-Edouard-Schure.pdf
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