segunda-feira, 23 de julho de 2012

ESTRUTURA INTERIOR SI-MESMO - Frederico Eckschmith




Estrutura Interior do Si-mesmo  

  Autor: Frederico Eckschmidt (1)

Em "Aion - Estudos sobre o simbolismo do Si-mesmo" Jung teve uma de suas mais brilhantes idéias. De acordo com seus estudos sobre a manifestação do Cristo em "Resposta a Jó", ele desenvolveu finalmente uma fórmula que conecta o arquétipo do Si-mesmo com a estrutura espaço-temporal vivida pela consciência. Seu modelo retrata o dinamismo interior e exterior do Si-mesmo dentro de uma estrutura enantiodrômica, ou seja, ela demonstra como o tempo eterno e arquetípico do Si-mesmo se manifesta no contínuo espaço-tempo.

A partícula enanti(o) vem do grego "enantíos" e significa 'oposto' ou 'contrário'. A formulação permite a visualização do processo onde uma dada posição eventualmente se desloca na direção ao seu oposto e retorna novamente à sua origem. Com isso, nota-se da parte de Jung uma tentativa de fazer, em duas dimensões, uma fórmula que indicasse a união dos opostos ou hierosgamos (núpcia sagrada dos opostos irreconciliáveis).

Dentro da Psicologia Analítica, este conceito indica o processo de individuação onde ocorre a integração dos conteúdos inconscientes e conscientes em um indivíduo ou em toda uma cultura. Individuar-se significa tornar-se quem você verdadeiramente é, ou seja, você realizar (ou encarnar) algo só cada um de nós podemos ser: nós mesmos. Neste difícil processo, o indivíduo deve harmonizar sua personalidade com a estrutura coletiva de sua cultura, integrando seus valores espirituais que geralmente estão em oposição aos desejos do ego individual. Simbolicamente este drama é retratado na antiga tetrametria alquimista que culmina na extração do ouro filosófico.

Para chegar à sua correta compreensão, devemos lembrar que o quatérnio espaço-tempo abaixo é a condição básica para a formação da consciência.

Quatérnio espaço-temporal

Jung o define como "a condição
 e a possibilidade arquetípica do conhecimento físico em geral".

E de todas as quaternidades psíquicas, este quatérnio específico constitui um esquema ordenador por excelência e sua estrutura corresponde ao esquema das funções psicológicas _pensamento, sentimento, intuição e sensação.

É possível observar empiricamente essa manifestação na prática clínica onde ocorre uma desintegração dessa estrutura. Em casos de surtos psicóticos, geralmente ocorre nos pacientes os sintomas de desorientação halopsíquica (espacial e temporal), ou seja, ele não sabe onde está, onde mora, nem o dia da semana ou a hora do dia que ele se encontra.
É importante observarmos aqui que o tempo se comporta de maneira oposta e complementar à tentativa da consciência de estaber uma ordem a um objeto em movimento, ou seja, espacialmente. Para Jung "a relação três: um aparece freqüentemente nos sonhos e nos desenhos espontâneos dos mandalas". Segundo sua teoria:
"Se considerarmos esta quaternidade sob o ângulo da tridimensionalidade do espaço, o tempo pode ser concebido como uma quarta dimensão. Se, pelo contrário, considerarmos a quaternidade sob o ponto de vista dos três atributos inerentes ao tempo (passado, presente e futuro) então acrescenta-se o espaço estático, no qual se produzem as mudanças de estado, como unidade e como quarto fator. Em ambos os casos, o quarto fator representa algo de incomensuravelmente diverso, o qual, entretanto, é necessário para determiná-los, um em relação ao outro. Assim é que medimos o espaço por meio do tempo e o tempo por meio do espaço. Nas quaternidades gnósticas o correspondente do outro, isto é, do quarto fator, é o 'theos pyrinos' ('o quarto na ordem numérica'), a dupla esposa de Moisés (Séfora e a etíope), o duplo Eufrates (o rio e o Logos), e, no quatérnio dos elementos dos alquimistas, o fogo" (Jung).
 
Desta maneira, para que o objetivo da fórmula enantiodrômica seja atingido, é necessário que estes elementos que estão separados em quatro sejam unificados através de seus opostos. Para isso, duas estruturas devem ser integradas: de um lado a vivência da consciência e do ego (o indivíduo em estado de vigília), estruturado pelo arquétipo espaço-temporal e de outro o espaço-tempo relativo ou inexistente presente no inconsciente (percebido nos transes místicos, por exemplo).

Podemos, portanto, expressar uma série de quatérnios em forma de uma equação na qual designamos por A o estado inicial e por A1 o estado final. B, C e D serão os estados intermediários. Nesta fórmula também, A será chamado Anthropos, já que este mitologema é um símbolo perfeito do Si-mesmo. Por ser um mito do ser original que encarnou na união com sua sombra (psicologicamente a manifestação do Si-mesmo), ele também acaba repetindo o movimento do desenvolvimento da consciência e a revolução da concepção de mundo que aconteceu nos últimos dois mil anos.
"Designamos as respectivas figuras discriminativas pelas correspondentes minúsculas 'a' 'b' 'c' 'd'. No que tange à construção desta fórmula, convém termos presente que se trata de um processo de transformação progressiva de uma só e mesma substância. Esta substância (e seu respectivo estado de transformação) produz sempre o seu semelhante, isto é, de A surge 'a' e de B surge 'b'; de igual modo 'b' gerará B, e 'c' gerará C. Pressupõe-se, outro tanto, que 'b' se segue a 'a' e que a fórmula seja escrita da esquerda para a direita. Estes pressupostos são legítimos para uma fórmula psicológica.
Esta fórmula, naturalmente, não pode ser disposta de maneira linear, mas unicamente em um círculo, o qual, precisamente por este motivo, corre da esquerda para a direita. De A se origina o semelhante 'a'. De 'a', o processo avança, por contingência, para 'b', do qual provém o estado B. A transformação se processa da esquerda para a direita, acompanhando o movimento do sol; quer dizer: trata-se de um processo de tomada de consciência ao qual já se refere a discriminação de A B C D em quatro grandezas qualitativamente distintas. Nossos atuais conhecimentos de Ciências naturais, porém, não se baseiam em uma quaternidade, e sim em uma trindade de princípios (espaço, tempo e causalidade)" (Jung).
Portanto, para completar a fórmula _já que também é necessário indicar uma mudança da situação psicológica_, é preciso incluir a noção de equivalência ou correspondência da Física moderna, considerando a ação sincrônica em oposição complementar à causalidade. Como afirma Jung:
"Para atendermos, porém, ao julgamento da totalidade a respeito de A, expresso por 'a' 'b' 'c', devemos completar nossa maneira de pensar influenciada e determinada pela época contemporânea, com um princípio: o da correspondência ou da sincronicidade. Em outras palavras: nossa maneira de descrever a Natureza é imperfeita, sob um certo aspecto, e, conseqüentemente, exclui fatos observáveis do conhecimento ou os expressa de maneira injustificadamente negativa, como, por exemplo, mediante o paradoxo do 'efeito sem causa'".
Assim a quaternidade gnóstica proposta por Jung acaba representando um processo de desenvolvimento da consciência e suas quatro funções de orientação. É importante frisar que este processo de desenvolvimento da esquerda para a direita "constitui a expressão de uma discriminação consciente e, portanto, de uma utilização das quatro funções que formam a essência de um processo de conscientização".

Segundo Jung, esse curso circular retorna obrigatoriamente ao seu começo, no momento em que D _o estado mais distante de A, no que se refere à contingência_ passa a a3, correspondendo a uma espécie de enantiodromia. Dessa maneira se apresenta a seguinte fórmula:
A fórmula enantiodrômica
Ainda, segundo ele:
"Esta fórmula exprime, com precisão, as qualidades essenciais do processo de transformação simbólico: ela mostra a rotação do mandala, o jogo dialético de processos complementares ou compensadores, e, seguidamente, a apocatástasis, isto é, a reconstituição de um estado de totalidade primitivo que os alquimistas expressavam por meio do símbolo do uróboros [grifo meu]; por fim, a fórmula repete a antiga tetrametria dos alquimistas que é dada pela estrutura quaternária do Uno, ou seja:
O que a fórmula indica é apenas o patamar mais alto atingido pelo processo de transformação ou de integração. A 'elevação' ou progresso ou a mudança verificada na qualidade, consistem em um desdobramento da totalidade, constituído de quatro partes e repetido quatro vezes, e isso significa a tomada de consciência. Quando conteúdos psíquicos se dividem em quatro aspectos, é sinal de que foram submetidos a uma discriminação, por parte das quatro funções de orientação [grifo meu]. Só a determinação destes quatro aspectos nos garante uma descrição global. O processo expresso por nossa fórmula, transforma a totalidade originariamente inconsciente em uma totalidade consciente.
O Anthropos (A) desce, através de sua sombra B, ao interior da Physis (C = serpente) e se eleva, de novo, por uma espécie de processo de cristalização (D = Lapis, pedra), que indica a ordem estabelecida no seio do principio caótico, ao estado original, que, no entretempo, de inconsciente que era passou a consciente, graças ao desdobramento acima mencionado. A consciência ou o conhecimento surge pela diferenciação, isto é, pela análise (dissociação) e por uma síntese subseqüente, processo este ao qual se refere, simbolicamente, a sentença alquímica: "Solve et coagula". A correspondência é representada pela identidade das letras a1, a2, a3 etc. Em outras palavras: trata-se sempre do mesmo fator, que na fórmula apenas troca de posição, enquanto, psicologicamente, muda de nome e de qualidade.
Simultaneamente torna-se claro que a troca de posição significa, em cada caso, uma mudança de lugar enantiodrômica, o que corresponde às transformações complementares ou compensatórias da psique como um todo (Jung).
Aqui Jung está comentando a grande transformação posicológica que ocorria na Alquimia. Seu processo resultava na obtenção do Lapis Philosophorum, a Pedra Filosofal. Segundo comentário de Jung, o "lapis" resulta, por seu turno, da divisão e recomposição dos quatro elementos. Esta pedra também é representada pelo elemento "rotundum" [redondo], que é uma idéia abstrata e transcendente relacionada ao Homem Primordial [o Anthropos] devido à sua rotundidade e totalidade.

Dessa maneira, os alquimistas buscavam resgatar a substância arcana do mundo representado pelo Anthropos-Rotundum perdido na matéria. Em "Timeu", Platão comenta que este Anthropos (o 'Filho do homem' e símbolo do Si-mesmo), possui uma forma esférica: "o redondo é a alma do mundo e um deus bem-aventurado".

Ele desceu à physis (Natureza), ou seja, foi materializado (solidificatio) pelo abraço de sua sombra (Homo) com os quatro elementos (matéria), dando origem à serpente, que representa a natureza vegetativa dos instintos e dos movimentos inconscientes. A redenção do Anthropos, para que ele entre no mundo espiritual, se dá através do Lapis (a Pedra Filosofal), como expresso na fórmula abaixo:
Redenção espiritual do alquimista 

Como já vimos na fórmula enantiodrômica, quando o processo se completa, o Anthropos, que desceu através de sua sombra ao interior da Physis (serpente), se eleva de novo por uma espécie de processo de cristalização (Lapis).

Quando estes fatos são transportamos para nossa História dos últimos dois mil anos, é possível verificar que na primeira fase do desenvolvimento da consciência, a situação psicológica do homem existia num estado indiferenciado, interpretado como uma "raça sem rei" (isto é, livre de moral [inconsciente]). Jung cita o cálculo do astrólogo D'ailly quando ele diz que no ano 11 a.C. encerrou-se o período de Saturno e esse evento permitiu o aparecimento de Cristo. Isso possibilitou ao ego uma melhor estruturação e sua diferenciação do Si-mesmo, pois ainda estava relativamente 'inconsciente'. Já sob o éon de Peixes (que indica a confrontação dos opostos), encarna o Cristo na figura do Homem-Deus, demonstrando a dualidade advinda do surgimento da consciência.

Para demonstrar esta afirmação, Jung cita um importante texto em sua epígrafe. Em Elenchos está escrito: 

"Isto aconteceu, afirmam eles,
 para que Jesus se tornasse a primeira vítima do processo 
de diferenciação das coisas que foram misturadas".
 

Na segunda quaternidade, a sombra representa o homem demasiadamente humano (em alusão a Nietzche). "No ano 289 termina também um outro destes períodos. O maniqueísmo é colocado em relação a este fato" (Jung). Aqui, a situação psicológica do homem discriminava apenas o que era bom em oposição ao mal, sem integrá-los.

O terceiro quatérnio é representado pelo advento do islamismo no ano de 589 até a importante época de Inocêncio III, em 1189. Jung tece o comentário de que neste estado, é quando o Paraíso fala em favor do próprio homem.

O quarto quatérnio surge com a cisma da igreja, em 1489, possibilitando o desenvolvimento do materialismo iluminista, em 1789 (Jung). Neste momento ocorreu a cisão do homem com as alturas e ele passou a caminhar horizontalmente sobre a Terra, como nas grandes navegações. Neste momento surgiu o espírito da contrafação [o Anticristo], que ameaça esmagar o mundo.

E é esta a nossa situação atual. Estamos à beira de um colapso ambiental e social. Por isso esse é o momento da transformação, do ponto de mutação, em busca de uma sociedade mais humana, justa socialmente e que não se criem desigualdades nem desperdício de matérias primas que geram toneladas de lixo ambiental e atmosférico.
Portanto, é necessário urgentemnete o surgimento de um ser humano mais ético e espiritualmente mais elevado é uma questão fundamental para a sobrevivência de nossa espécie.


Esta transformação na História dos últimos dois mil anos confirmaria a tese da fórmula enantiodrômica proposta por Jung, que demonstra a dinâmica interior do Si-mesmo e sugere o desenvolvimento da consciência de forma cíclica e espiralada ascendente, tendendo a uma ampliação motivada pela integração dos opostos diante dos dilemas morais.

Assim, esta fórmula acaba representando, simbolicamente, o dinamismo do Si-mesmo e sua estrutura interna, pois, segundo Jung, o Si-mesmo "não é apenas uma grandeza estática ou uma forma persistente, mas também um processo dinâmico" (Jung). É por isso também que quando a situação arquetípica prevalece, podem ser esperados eventos sincrônicos, pois eles consistem em um "arranjo paralelo" do tempo.

Isso porque o tempo arquetípico é o tempo eterno e cósmico, enquanto que o mundo da percepção espaço-temporal é o tempo do ego, organizado pelas estruturas quaternárias que servem como referência às quatro funções de orientação psicológica, como expresso por Pauli.

No mundo psíquico não existem corpos movendo-se no tempo, ele é atemporal. Mas, como o arquétipo é sempre um complexo oppositorum, no interior do Si-mesmo também acontece um fenômeno de eterna encarnação através da morte e renascimento que obedece o padrão da tetrametria como proposta por Jung. Segundo von Franz, ela acaba representando a estrutura básica da vida física e psíquica.


Uma outra representação dessa situação pode ser visto no diagrama abaixo, mas deve-se ter em mente que esses modelos esquemáticos podem clarificar algumas coisas, mas encobrir outras:
Esferas dos  tempos 

Na parte externa do círculo, está o tempo do ego que percebe a realidade através de um fluxo de eventos internos e externos no tempo. Abaixo, está a esfera do chamado inconsciente pessoal e, dentro dela, estão as imagens arquetípicas (não as estruturas), que ainda estão relativamente próximo ao ego, mas que se movem de acordo com os éons de milhares de anos.

Quando essas imagens se constelam na consciência, elas expressam configurações que indicam a existência do tempo, como demonstrado por diversos deuses nas vários mitologias, tais como: Aion na Grécia, Vishnu ou Shiva (Mahâ-Kâla) na Índia, etc.
No nível abaixo, ocorre o movimento de auto-renovação no interior do Si-mesmo, que é demonstrada pela fórmula enantiodrômica acima. No centro do círculo estão as estruturas arquetípicas eternas que demonstram esse padrão de criação contínua ou incarnatio continua. Nesta área não existe tempo algum e o Si-mesmo encontra-se em sua 'múltipla-unidade', livre de qualidades e formas, mostrando-se 'vazio' como uma bolha ou um buraco negro.

Quando a estrutura interna do Si-mesmo é associada à percepção do tempo e sua imagem mitológica (Deus em seu aspecto dinâmico, criativo e ativo), isso parece indicar que o Si-mesmo contenha um elemento temporal, que se manifesta como energia, emanação e movimento. Ou seja, é essa atividade do Si-mesmo que cria para a consciência a experiência do tempo.

Esse movimento parece estar em profunda sincronia com nosso relógio biológico e mantém, portanto, relação direta com o período circadiano e toda produção endógena. Ainda não se sabe como, mas muitos desses ritmos estão sincronizados com o cérebro.

Para os hindus, o centro do círculo é conhecido como sat-cit-ananda (eterno, cheio de conhecimento e bem-aventurança) e, através dos passatempos (lîlâs) imutáveis e eternos de Govinda (a vigraha = forma), ocorre toda a manifestação e a dissolução causal.

Portanto, a sincronicidade demonstra a relação dessa classe de fenômenos especiais que acontecem fora do espaço e do tempo com a impressão de causalidade produzida pelo cérebro. Mas nem ela e nem os arquétipos são a causa desses eventos, senão incorreríamos novamente na própria causalidade.

O fenômeno que acontece no centro é indescritível, por não possuir realmente nenhuma definição compreendida pela consciência. O arquétipo é apenas a estrutura que pode ser percebida introspectivamente desse ordenamento psíquico a priori. Mas quando um evento sincrônico é associado por sua própria manifestação a um arquétipo, como às vezes acontece externamente, isso traz um significado, portanto consciência, para quem o percebe.
Por isso sua melhor expressão é a mandala. A sincronicidade interconecta todos os fenômenos, tanto os que estão nas extremidades, como os que acontecem no centro; tanto no mundo da realidade espaço-temporal, quanto o mundo espiritual e eterno, criando a diferenciação entre ambos e permitindo o surgimento da consciência.
       Nota
(1) Frederico Eckschmidt 
 
- Psicólogo clínico, formado pela Universidade Mackenzie.
© Todos os direitos reservados 
- Este material faz parte do livro "Oriente-se 
 - Uma análise sobre a estrutura e a dinâmica do Si-mesmo"
 e não pode ser copiado ou editado 
sem a autorização expressa do autor.

-Aguardando aprovação do Autor.
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Pablo Picasso

Li-Sol-30
 Fonte:
 http://www.psicoanalitica.com.br/estrutura.htm
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres. 
 Sejam abençoados todos os seres.
 

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