Teilhard de Chardin : aperçus
France Culture, les Racines du ciel (2011)
par Frédéric Lenoir - invité : Jacques MASUREL.
O Fenômeno Humano - 6min
Tradition In Action
Pe. Teilhard de Chardin, SJ. Censurado nos tempos de Pio XII
pelo Vaticano por sua teologia gnóstica-paneteísta-evolucionista
pelo Vaticano por sua teologia gnóstica-paneteísta-evolucionista
Em 24 de julho de 2009, durante suas férias no norte da Itália, o Papa Bento XVI pronunciou uma homilia na Catedral
de Aosta, antes das Vésperas, em que comentou passagens da Epístola de
São Paulo aos Romanos. Ao final de seu comentário, o Papa elogiou o
jesuíta francês Pierre Teilhard de Chardin como um modelo para os
sacerdotes, atribuindo-lhe a idéia de uma liturgia cósmica, dizendo que
era algo que eles deveriam tratar de realizar.
Teilhard é
citado pelo Papa em sua homilia como se sua doutrina fosse um manancial
de água pura, junto ao qual os fiéis, sem nenhuma cautela, se acercam
para beber. A verdade é justamente o contrário, já que o trabalho
teológico do controvertido jesuíta — como também seu ensinamento sobre a
evolução — foi condenado pela Santa Sé no passado.
Transcrevemos a seguir para os nossos leitores um excerto das palavras do Papa.
"Desse
modo, o fato de nos dirigirmos a Deus se transforma em uma exortação
para nós mesmos: Deus nos convida a nos unirmos com Ele, a sairmos do oceano
do mal, do ódio, da violência e do egoísmo, para realizarmos o
conhecimento de nós mesmos, para entrarmos no rio de seu amor.
"Este é
precisamente o conteúdo da primeira parte da seguinte oração: Permiti
que Tua Igreja se ofereça a Ti como sacrifício vivo e santo. Este
pedido, dirigido a Deus, é feito também para nós mesmos. É uma
referência a duas passagens da
Carta aos Romanos. Assim, nós mesmos, com todo nosso ser, temos que
ser adoração e sacrifício; e pela transformação de nosso mundo,
devolvemo-lo a Deus. [1]
"O
papel do sacerdócio consiste em consagrar o mundo para que se converta
em uma hóstia viva, em uma liturgia: como a liturgia não pode ser algo
posto à margem da realidade do mundo, o próprio mundo deve ser tornar
uma hóstia viva, uma liturgia. Esta é também a grande visão de Teilhard
de Chardin: no fim nós realizaremos uma verdadeira liturgia cósmica,
em que o cosmos se tornará uma hóstia viva. [2]
"E vamos
rezar ao Senhor para nos ajudar a sermos sacerdotes neste sentido, para
ajudarmos na transformação do mundo, em adoração a Deus, começando por
nós mesmos. Que nossas vidas possam falar de Deus, que nossas vidas
possam ser uma verdadeira liturgia, um anúncio de Deus, uma porta
através da qual o Deus distante possa se tornar o Deus presente, e
assim realizarmos uma verdadeira entrega de nós mesmos a Deus." [3]
(Bento XVI, Homilia do Papa na celebração das Vésperas em 24
de julho na Catedral de Aosta. Tradução do texto da edição online em inglês, de 29 de julho de 2009) [4]
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Notas do Tradutor:
[1]
Na primeira passagem, São Paulo diz que temos de nos converter em um
sacrifício vivo (Rom 12, 1): "Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas
misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo,
santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual."
Na segunda
passagem, São Paulo descreve como fruto do exercício do sacerdócio a
transformação dos pagãos em oferenda a Deus (Rom 15, 15-16): "Se, em
parte, vos escrevi com particular liberdade, foi para relembrar-vos. E o
fiz em virtude da graça que me foi dada por Deus, de ser o ministro de
Jesus Cristo entre os pagãos, exercendo a função sagrada do Evangelho
de Deus. E isso para que os pagãos, santificados pelo Espírito Santo,
lhe sejam uma oferta agradável."
[2]
Note-se a técnica do modernismo, que interpola comentários
heterodoxos em textos ortodoxos. No caso, as duas passagens de São Paulo
se referem ao caráter sacrifical da vida do católico ou do pagão
convertido, que deve ser para Deus uma missa, um ato de holocausto. Mas
Bento XVI interpola uma aplicação ao mundo, o ídolo diante do qual o
Concílio Vaticano II se curvou, com conotação evolucionista gnóstica.
[3] A
"liturgia cósmica" de Teilhard de Chardin deve ser entendida no
contexto da doutrina da evolução do mundo e da Igreja que o jesuíta
sustentou. Neste sentido vale a pena rever um trecho do artigo "Bento
16 ou Sísifo revisitado", de Mateus Soares de Azevedo:
O arquiteto do
concílio foi o jesuíta Teilhard de Chardin. Com seu evolucionismo
panteísta com verniz cristão, ele dizia que Cristo representou um
grande "salto evolutivo" e que Deus também está sujeito à "evolução".
Se Lutero foi um cristão que deixou a igreja, Teilhard foi um pagão que
permaneceu nela, diz um comentário espirituoso. A natureza dessa
revolução pode ser apreciada pelos ditos e escritos dos papas do
período, de João 23 a Bento 16. Neles, percebe-se um programa radical e
sem precedentes. Apesar disso, não suscitou grandes indagações por
parte de um público que permanece relativamente passivo. Seja como for,
a influência de Teilhard continua. Na sua primeira homilia de Páscoa,
em abril de 2006, Bento 16 declarou: "A ressurreição de Cristo é algo
diferente: se tomarmos emprestada a linguagem da teoria da evolução,
trata-se da maior das mutações, o salto mais crucial rumo a uma
dimensão totalmente nova". O espírito da fala é completamente
teilhardiano. Nisso Bento 16 não está só. Os papas do "aggiornamento"
compartilham a mesma admiração. (Folha de São Paulo, 01 de maio de 2007)
[4] O texto integral do L'Osservatore Romano, da Edição Semanal em português, Ano XL, número 31 (2.067), sábado 1 de Agosto de 2009, Cidade do Vaticano, Página 3: Homilia do Papa na celebração das Vésperas, na Catedral de Aosta.
Tradução: André F. Falleiro Garcia.
Publicado em 30/01/2013-Licença padrão do YouTube
http://www.sacralidade.com/igreja2008/0214.ratzinger.html
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