segunda-feira, 13 de julho de 2015

MICHELANGELO DI LUDOVICO BUONARROTI SIMONI


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Biografia e a Escultura de Miguelângelo - 4 min.

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O Lado Obscuro de Miguelângelo - 66 min.

Miguel Ângelo - Pintura

Michelangelo di Ludovico Buonarroti Simoni

    Miguel Ângelo Buonarroti é um dos maiores artistas de todos os tempos,
um homem cujo nome se tornou sinónimo de "obra-prima". 

Escultor, pintor, arquitecto e poeta, foi um dos fundadores da Alta Renascença e mais tarde um dos expoentes do Maneirismo. Um génio atormentado e raramente satisfeito com os seus trabalhos. Interessado no estudo das formas do corpo humano e nas expressões e gestos dos homens, Miguel Ângelo realizou as suas obras mais importantes por encomenda dos poderosos papas da Igreja Católica.
   
    Entre os mestres recentes admirava Giotto, Masaccio, Donatello e Jacopo del Quercia, mais que os artistas do tempo da sua juventude, embora o clima cultural da cidade lhe tivesse influenciado decisivamente o espírito; quer o neo-platonismo de Marsílio Ficino, quer as reformas religiosas de Savonarola o afetaram pronfundamente. Estas influências opostas agravaram as tensões na personalidade de Miguel Ângelo, as violentas flutuações de humor, o sentimento de estar em luta contra si próprio e contra o mundo. Assim como concebia as suas estátuas como corpos humanos libertados da sua prisão de mármore, também o corpo era para ele a prisão terrena da alma.

    O segundo de cinco irmãos, nasceu a 6 de Março de 1475 em Caprese, uma vila na Toscana (Itália), pertence a uma família nobre, filho de Ludovico di Lionardo Buonarroti Simoni e de Francesca.Em 1481, após o falecimento da mãe foi entregue aos cuidados de uma ama-de-leite cujo marido cortava mármore. Apesar de todo o esforço do pai para que se tornasse um homem de letras, acabou por ter a possibilidade de frequentar a escola de Domenico Ghirlandaio que era considerado o mestre da pintura de Florença. As actividades realizadas no estúdio não correspondiam ao seu carácter, trabalhava sempre sozinho e é nesse período em que começa a estudar a cultura quatrocentista florentina. O seu fascínio pela escultura antiga leva-o a frequentar o jardim de San Marcos, onde a família Medici tinha já adquirido uma colecção notável de estatuária clássica. Participa em requintadas palestras sobre filosofia e estética, mas a sua impaciência e ironia medíocre valeram-lhe o primeiro choque com hostilidade dos invejosos. Ao ridicularizar o trabalho de Torrigiano dei Torrigiani, que era vaidoso e agressivo, este agrediu-o com um golpe violento no rosto que lhe desfigurou, para sempre, o nariz.

    Em 1490, quando Miguel Ângelo tinha 15 anos, é o ano em que, o monge Savonarola começa a inflamada pregação mística que o levará ao governo de Florença. O anúncio que a ira de Deus iria descer sobre a cidade aterroriza o jovem artista, sonhos e terrores do apocalipse invadem as suas noites. Deixa o palácio em 1492, quando Lourenço Medici morre. Dedica-se ao estudo da anatomia usando cadáveres no hospital do Espírito Santo e como forma de agradecimento esculpe um crucifixo para o hospital. Em 1494, Miguel Ângelo foge para Veneza, um mês antes da revolução estoirar. Passa o Inverno em Bolonha, esquece Savonarola e as suas profecias, redescobre a beleza do mundo. Lê Petrarca, Boccaccio e Dante. Em 1496 vai para Roma e esculpe La Pietà (1498-1499), que se encontra ainda hoje na entrada da Basílica de São Pedro, no Vaticano, e também Baco, influenciado pela antiguidade de Roma. 

De volta a Florença, em 1504, conclui a estátua de David, que era originalmente, um bloco de mármore destinado a Agostino di Duccio,que faleceu repentinamente, deixando o mármore à espera. Por volta dessa altura, data também a sua primeira pintura, a Sagrada Família (Imagem 1), em ocasião ao nascimento da filha de Agnolo Doni e de Maddalena. Esta pintura era designada como um tondo (pintura circular) e é uma referência altamente significativa ao estilo do artista, A Virgem com o José e o menino mostram uma torção particular do corpo um modelo que está sempre presente na escultura do artista. O entrelaçamento das figuras cria uma composição movimentada e a luminosidade das cores e os efeitos da luz realçam as figuras sagradas. As figuras nuas no fundo, cujas poses e gestos são típicas das esculturas clássicas, simbolizam a humanidade pagã, o mundo antes da vinda de Cristo.

Imagem 1 - Sagrada Família

    Em Abril de 1508, Julio II tem um grande, se não o maior, trabalho para ele: pintar doze figuras dos apóstolos com decoração na célebre Capela Sistina (Imagem 2), a capela papal do palácio do Vaticano onde se realizam os conclaves. Miguel Ângelo, que sempre se considerou um escultor, teria agora que dominar a arte do "a fresco". Em Maio do mesmo ano, começa a fazer a preparação dos desenhos do teto Capela Sistina (Imagem 3). Apenas no Outono começou a actual pintura, contando com a ajuda do assistente de Giuliano Bugiardini, Aristotele da Sangallo e o seu velho amigo Francesco Granacci. Contudo, o trabalho não correu como desejado, Miguel Ângelo despede todos os seus assistentes, retira tudo o que tinha sido pintado até a altura e no fim de 1508 e no início de 1509, recomeçou todo o trabalho sozinho, é a fase de Miguel Ângelo de herói trágico. O trabalho avança muito lentamente e durante mais de um ano o Papa não paga nada, a sua família atormenta-o com pedidos constantes de dinheiro. O facto da substância frágil das paredes fazer derreter as primeiras figuras esboçadas e a constante perturbação da sua concentração devido ao Papa, levam Miguel Ângelo a ficar impaciente. O artista tenta fugir de Roma, mas o Papa desculpa-se e entrega o dinheiro fazendo com que retome a tarefa.

    No dia de Finados de 1512, Miguel Ângelo retira os andaimes que encobriam a perspectiva total da obra e mostra a capela ao papa. A decoração do tecto estava pronta.

    A superfície da abóbada foi dividida em áreas concebendo arquitetônicamente o trabalho de maneira que resultasse num espaço intercalado por pilares. Nas áreas triangulares colocou figuras de profetas e sibilas; nas rectangulares, episódios do Génesis, tais como: Deus a separar a Luz das Trevas (Imagem 4); Deus a criar o Sol e a Lua (Imagem 5); Deus a separar a Terra da Água (Imagem 6); A Criação de Adão (Imagem 7); A Criação de Eva (Imagem 8); O Pecado Original e a Expulsão do Paraíso (Imagem 9); O Sacrificio de Noé (Imagem 10); O Dilúvio Universal (Imagem 11) e Noé Embriagado (Imagem 12).

    Quando Miguel Ângelo voltou à Capela Sistina em 1536, mais de vinte anos depois, 
    Em 1536 o mundo ocidental sofria a crise espiritual e política da Reforma. E é nesse ano que Miguel Ângelo volta à Capela Sistina e pinta os afrescos da parede atrás do altar, destinada ao Juízo Final (Imagem 13). Durante a sua execução, que durou até 1541, algumas pinturas da época de Sisto IV foram apagadas. A percepção da mudança de atmosfera quando passamos da vitalidade radiante dos frescos do tecto, para a visão sombria do Juízo Final é nítida. A concepção e a força de realização da obra demonstram a grande personalidade do artista que desnuda de forma marcante os novos rumos da sua arte. 

Liberta-se dos cânones da Alta Renascença pela sua forma rigorosa com que trata a figura humana. O conceito de justiça divina, severa e implacável é expresso vigorosamente em relação aos condenados. Cristo, na parte central, é o juíz dos eleitos que sobem ao céu à sua direita, e dos condenados, que esperam Hades e Minos, à sua esquerda. 

A ressurreição dos mortos e os anjos que tocam trombetas completam a composição. Sentado numa nuvem, logo abaixo do Senhor, está o apóstolo Bartolomeu segurando na mão uma pele humana por alusão ao seu martírio (tinha sido esfolado). Todavia, a face aí representada não é a do santo, mas sim a do próprio Miguel Ângelo. No sarcasmo impiedoso deste auto-retrado (tão bem escondido que só em tempos modernos foi descoberto) o artista deixou a sua confissão pessoal de culpa e desmerecimento.

    Mil metros quadrados, decorados por um único homem, nove anos incansáveis para poder representar a expressão dos ideais artísticos do renascimento, foram pintadas cerca de 300 figuras no teto e paredes laterais com a temática dedicada à vinda de Cristo, ao princípio e fim dos tempos e ao Espírito do Deus que cria e que mata. Todo o Antigo Testamento está ali representado. Figuras e imagens dramáticas de grande originalidade e vigor são retratadas: O corpo vigoroso de Deus retorcido e esticado no acto da criação do Universo; Adão que recebe do Senhor o toque vivificador da Sua mão estendida, tocando nos dedos ainda inertes do primeiro homem; Adão e Eva expulsos do Paraíso; a embriaguez de Noé e o Dilúvio Universal; os episódios bíblicos da história do povo hebreu e os profetas anunciando o Messias. São visões de um grande esplendor nunca antes visto, imagens de beleza e genialidade.


Imagem 3 - Exterior da Capela Sistina

Imagem 4 - Deus a separar a Luz das Trevas

Imagem 5 - Deus a criar o Sol e a Lua

Imagem 6 - Deus a separar a Terra da Água

Imagem 7- A Criação de Adão
 

Imagem 8 - A Criação de Eva


Imagem 9 - O Pecado Original e A Expulsão do Paraíso

Imagem 10 - O Sacrifício de Noé

Imagem 11 - Dilúvio Universal

Imagem 12 - Noé Embriagado

Imagem 13 - Juízo Final

    Em 1545, já com 70 anos, começa a pintar o corredor da Capela Paulina (Imagem 14), situada também no Palácio do Vaticano. Miguel Ângelo pintou dois grandes afrescos, A Conversão de Saulo (Imagem 15) e A Crucificação de Pedro (Imagem 16). A Conversão de Saulo é o tema mais amplamente representado, representa Saulo numa estrada onde se dirigia para obter a autorização da Sinagoga (igreja dos Judeus) para prender os Cristãos, mas a luz de Deus acerta em Saulo. Na Crucificação de Pedro, o artista representa Pedro na cruz no momento da elevação. A composição é toda concentrada na dor e no sofrimento do momento. Na crucificação, a maior parte das figuras são verticais e os rostos denunciam um grande horror.

    Os afrescos da Capela Paulina encerram a sua carreira de pintor, ele mesmo afirmou que a pintura não é para velhos. Com 75 anos, até mesmo a escultura tornou-se actividade íntima, uma meditação sobre a sua própria morte.
    Morre em Roma, a 18 de Fevereiro de 1564, com 88 anos.

Imagem 14 - Capela Paulina

Imagem 15 - A Conversão de Saulo

Imagem 16 - A Crucificação de Pedro

Bibliografia:




Fonte:
http://historiadaarte.pbworks.com/w/page/18413905/Miguelangelo-Pintura
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres. 
Sejam abençoados todos os seres.

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