quinta-feira, 7 de março de 2013

CARL GUSTAV JUNG ao som de Mozart / Guiomar Novaes, Piano Sonatas No. 11 in A major, K 331-Lista ...



Mozart / Guiomar Novaes, 1955:

 Sonata para piano n º 11 em Lá Maior, K 331 - Completo, indexado

Nesta gravação de 1955, pianista brasileira Guiomar Novaes realiza Piano de Mozart Sonata n º 11 em Lá Maior, K 331. Criei este vídeo música do LP mostrado acima, publicado em 1955 na etiqueta Vox, número de série PL 9080.

Movimento 1: Andante grazioso
Movimento 2: Menuetto (07:59)
Movimento 3: Alla Turca - Allegretto (13:10)

De modo que nenhuma questão surge na mente das pessoas a ouvir esta gravação, eu confio para imagens no rótulo do LP e casaco para documentar a autenticidade de apresentações importantes e extremamente raro como este.

Carl Gustav Jung

Jung via o pensamento e o sentimento 
como maneiras alternativas 
de elaborar julgamentos e tomar decisões.
| Filosofia | Teorias da Personalidade

Dentre todos os conceitos de Carl Gustav Jung, a idéia de introversão e extroversão são as mais usadas. Jung descobriu que cada indivíduo pode ser caracterizado como sendo primeiramente orientado para seu interior ou para o exterior, sendo que a energia dos introvertidos se dirige em direção a seu mundo interno, enquanto a energia do extrovertido é mais focalizada no mundo externo.  

Entretanto, ninguém é totalmente introvertido ou extrovertido. Algumas vezes a introversão é mais apropriada, em outras ocasiões a extroversão é mais adequada mas, as duas atitudes se excluem mutuamente, de forma que não se pode manter ambas ao mesmo tempo. Também enfatizava que nenhuma das duas é melhor que a outra, citando que o mundo precisa dos dois tipos de pessoas. Darwin, por exemplo, era predominantemente extrovertido, enquanto Kant era introvertido por excelência. 


O ideal para o ser humano é ser flexível, 
capaz de adotar qualquer dessas atitudes quando for apropriado,
 operar em equilíbrio entre as duas.


As Atitudes: Introversão e Extroversão
Os introvertidos concentram-se prioritariamente em seus próprios pensamentos e sentimentos, em seu mundo interior, tendendo à introspecção. O perigo para tais pessoas é imergir de forma demasiada em seu mundo interior, perdendo ou tornando tênue o contato com o ambiente externo. O cientista distraído, estereotipado, é um exemplo claro deste tipo de pessoa absorta em suas reflexões em notável prejuízo do pragmatismo necessário à adaptação.

Os extrovertidos, por sua vez, se envolvem com o mundo externo das pessoas e das coisas. Eles tendem a ser mais sociais e mais conscientes do que acontece à sua volta. Necessitam se proteger para não serem dominados pelas exterioridades e, ao contrário dos introvertidos, se alienarem de seus próprios processos internos. Algumas vezes esses indivíduos são tão orientados para os outros que podem acabar se apoiando quase exclusivamente nas idéias alheias, ao invés de desenvolverem suas próprias opiniões.

As Funções Psíquicas

Jung identificou quatro funções psicológicas que chamou de fundamentais: pensamento, sentimento, sensação e intuição. E cada uma dessas funções pode ser experienciada tanto de maneira introvertida quanto extrovertida.

O Pensamento

Jung via o pensamento e o sentimento como maneiras alternativas de elaborar julgamentos e tomar decisões. O Pensamento, por sua vez, está relacionado com a verdade, com julgamentos derivados de critérios impessoais, lógicos e objetivos. As pessoas nas quais predomina a função do Pensamento são chamadas de Reflexivas. Esses tipos reflexivos são grandes planejadores e tendem a se agarrar a seus planos e teorias, ainda que sejam confrontados com contraditória evidência.

                                                   Carl Gustav Jung, jovem - 1906
   
O Sentimento
Tipos sentimentais são orientados para o aspecto emocional da experiência. Eles preferem emoções fortes e intensas ainda que negativas, a experiências apáticas e mornas. A consistência e princípios abstratos são altamente valorizados pela pessoa sentimental. Para ela, tomar decisões deve ser de acordo com julgamentos de valores próprios, como por exemplo, valores do bom ou do mau, do certo ou do errado, agradável ou desagradável, ao invés de julgar em termos de lógica ou eficiência, como faz o reflexivo.

 A Sensação
Jung classifica a sensação e a intuição juntas, como as formas de apreender informações, diferentemente das formas de tomar decisões. A Sensação se refere a um enfoque na experiência direta, na percepção de detalhes, de fatos concretos. A Sensação reporta-se ao que uma pessoa pode ver, tocar, cheirar. É a experiência concreta e tem sempre prioridade sobre a discussão ou a análise da experiência.
  
 Carl G. Jung
Os tipos sensitivos tendem a responder à situação vivencial imediata, e lidam eficientemente com todos os tipos de crises e emergências. Em geral eles estão sempre prontos para o momento atual, adaptam-se facilmente às emergências do cotidiano, trabalham melhor com instrumentos, aparelhos, veículos e utensílios do que qualquer um dos outros tipos.

A Intuição
A intuição é uma forma de processar informações em termos de experiência passada, objetivos futuros e processos inconscientes. As implicações da experiência (o que poderia acontecer, o que é possível) são mais importantes para os intuitivos do que a experiência real por si mesma. Pessoas fortemente intuitivas dão significado às suas percepções com tamanha rapidez que, via de regra, não conseguem separar suas interpretações conscientes dos dados sensoriais brutos obtidos. Os intuitivos processam informação muito depressa e relacionam, de forma automática, a experiência passada com as informações relevantes da experiência imediata.


Arquétipos
Dentro do Inconsciente Coletivo existem, segundo Jung, estruturas psíquicas ou Arquétipos. Tais Arquétipos são formas sem conteúdo próprio que servem para organizar ou canalizar o material psicológico. Eles se parecem um pouco com leitos de rio secos, cuja forma determina as características do rio, porém desde que a água começa a fluir por eles. Particularmente comparo os Arquétipos à porta de uma geladeira nova; existem formas sem conteúdo - em cima formas arredondadas (você pode colocar ovos, se quiser ou tiver ovos), mais abaixo existe a forma sem conteúdo para colocar refrigerantes, manteiga, queijo, etc., mas isso só acontecerá se a vida ou o meio onde você existir lhe oferecer tais produtos. De qualquer maneira as formas existem antecipadamente ao conteúdo. Arquetipicamente existe a forma para colocar Deus, mas isso depende das circunstâncias existenciais, culturais e pessoais.
 Jung também chama os Arquétipos de imagens primordiais, porque eles correspondem freqüentemente a temas mitológicos que reaparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes. Os mesmos temas podem ser encontrados em sonhos e fantasias de muitos indivíduos. De acordo com Jung, os Arquétipos, como elementos estruturais e formadores do inconsciente, dão origem tanto às fantasias individuais quanto às mitologias de um povo.

A história de Édipo é uma boa ilustração de um Arquétipo. É um motivo tanto mitológico quanto psicológico, uma situação arquetípica que lida com o relacionamento do filho com seus pais. Há, obviamente, muitas outras situações ligadas ao tema, tal como o relacionamento da filha com seus pais, o relacionamento dos pais com os filhos, relacionamentos entre homem e mulher, irmãos, irmãs e assim por diante.

O termo Arquétipo freqüentemente é mal compreendido, julgando-se que expressa imagens ou motivos mitológicos definidos. Mas estas imagens ou motivos mitológicos são apenas representações conscientes do Arquétipo. O Arquétipo é uma tendência a formar tais representações que podem variar em detalhes, de povo a povo, de pessoa a pessoa, sem perder sua configuração original.

Uma extensa variedade de símbolos pode ser associada a um Arquétipo. Por exemplo, o Arquétipo materno compreende não somente a mãe real de cada indivíduo, mas também todas as figuras de mãe, figuras nutridoras. Isto inclui mulheres em geral, imagens míticas de mulheres (tais como Vênus, Virgem Maria, mãe Natureza) e símbolos de apoio e nutrição, tais como a Igreja e o Paraíso. O Arquétipo materno inclui aspectos positivos e negativos, como a mãe ameaçadora, dominadora ou sufocadora. Na Idade Média, por exemplo, este aspecto do Arquétipo estava cristalizado na imagem da velha bruxa.
Jung escreveu que cada uma das principais estruturas da personalidade seriam Arquétipos, incluindo o Ego, a Persona, a Sombra, a Anima (nos homens), o Animus (nas mulheres) e o Self.

Símbolo.

De acordo com Jung, o inconsciente se expressa primariamente através de símbolos. Embora nenhum símbolo concreto possa representar de forma plena um Arquétipo (que é uma forma sem conteúdo específico), quanto mais um símbolo se harmonizar com o material inconsciente organizado ao redor de um Arquétipo, mais ele evocará uma resposta intensa e emocionalmente carregada.

Jung se interessa nos símbolos naturais, que são produções espontâneas da psique individual, mais do que em imagens ou esquemas deliberada-mente criados por um artista. Além dos símbolos encontrados em sonhos ou fantasias de um indivíduo, há também símbolos coletivos importantes, que são geralmente imagens religiosas, tais como a cruz, a estrela de seis pontas de David e a roda da vida budista.

Imagens e termos simbólicos, via de regra, representam conceitos que nós não podemos definir com clareza ou compreender plenamente. Para Jung, um signo representa alguma outra coisa; um símbolo é alguma coisa em si mesma, uma coisa dinâmica e viva. O símbolo representa a situação psíquica do indivíduo e ele é essa situação num dado momento.

Aquilo a que nós chamamos de símbolo pode ser um termo, um nome ou até uma imagem familiar na vida diária, embora possua conotações específicas além de seu significado convencional e óbvio. Assim, uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além de seu significado manifesto e imediato. Esta palavra ou esta imagem tem um aspecto inconsciente mais amplo que não é nunca precisamente definido ou plenamente explicado.

Os Sonhos

Os sonhos são pontes importantes entre processos conscientes e inconscientes. Comparado à nossa vida onírica, o pensamento consciente contém menos emoções intensas e imagens simbólicas. Os símbolos oníricos freqüentemente envolvem tanta energia psíquica, que somos compelidos a prestar atenção neles.

Para Jung, os sonhos desempenham um importante papel complementar ou compensatório. Os sonhos ajudam a equilibrar as influências variadas a que estamos expostos em nossa vida consciente, sendo que tais influências tendem a moldar nosso pensamento de maneiras freqüentemente inadequadas à nossa personalidade e individualidade. A função geral dos sonhos, para Jung, é tentar estabelecer a nossa balança psicológica pela produção de um material onírico que reconstitui equilíbrio psíquico total.

Jung abordou os sonhos como realidades vivas que precisam ser experimentadas e observadas com cuidado para serem compreendidas. Ele tentou descobrir o significado dos símbolos oníricos prestando atenção à forma e ao conteúdo do sonho e, com relação à análise dos sonhos, Jung distanciou-se gradualmente da maneira psicanalítica na livre associação.

Pelo fato do sonho lidar com símbolos, Jung achava que eles teriam mais de um significado, não podendo haver um sistema simples ou mecânico para sua interpretação. Qualquer tentativa de análise de um sonho precisa levar em conta as atitudes, a experiência e a formação do sonhador. É uma aventura comum vivida entre o analista e o analisando. O caráter das interpretações do analista é apenas experimental, até que elas sejam aceitas e sentidas como válidas pelo analisando.

Mais importante do que a compreensão cognitiva dos sonhos é o ato de experienciar o material onírico e levá-lo a sério. Para o analista junguiano devemos tratar nossos sonhos não como eventos isolados, mas como comunicações dos contínuos processos inconscientes. Para a corrente junguiana é necessário que o inconsciente torne conhecida sua própria direção, e nós devemos dar-lhe os mesmos direitos do Ego, se é que cada lado deva adaptar-se ao outro. À medida que o Ego ouve e o inconsciente é encorajado a participar desse diálogo, a posição do inconsciente é transformada daquela de um adversário para a de um amigo, com pontos de vista de algum modo diferentes mas complementares.

O Ego

O Ego é o centro da consciência e um dos maiores Arquétipos da perso-nalidade. Ele fornece um sentido de consistência e direção em nossas vidas conscientes. Ele tende a contrapor-se a qualquer coisa que possa ameaçar esta frágil consistência da consciência e tenta convencer-nos de que sempre devemos planejar e analisar conscientemente nossa experiência. Somos levados a crer que o Ego é o elemento central de toda a psique e chegamos a ignorar sua outra metade, o inconsciente.

De acordo com Jung, a princípio a psique é apenas o inconsciente. O Ego emerge dele e reúne numerosas experiências e memórias, desenvolvendo a divisão entre o inconsciente e o consciente. Não há elementos inconscientes no Ego, só conteúdos conscientes derivados da experiência pessoal.

A Persona

Nossa Persona é a forma pela qual nos apresentamos ao mundo. É o caráter que assumimos; através dela nós nos relacionamos com os outros. A Persona inclui nossos papéis sociais, o tipo de roupa que escolhemos para usar e nosso estilo de expressão pessoal. O termo Persona é derivado da palavra latina equivalente a máscara, se refere às máscaras usadas pelos atores no drama grego para dar significado aos papéis que estavam representando. As palavras "pessoa" e "personalidade" também estão relacionadas a este termo.
A Persona tem aspectos tanto positivos quanto negativos. Uma Persona dominante pode abafar o indivíduo e aqueles que se identificam com sua Persona tendem a se ver apenas nos termos superficiais de seus papéis sociais e de sua fachada. Jung chamou também a Persona de Arquétipo da conformidade. Entretanto, a Persona não é totalmente negativa. Ela serve para proteger o Ego e a psique das diversas forças e atitudes sociais que nos invadem.

A Persona é também um instrumento precioso para a comunicação. 

Nos dramas gregos, as máscaras dos atores, audaciosamente desenhadas, informavam a toda a platéia, ainda que de forma um pouco estereotipada, sobre o caractere as atitudes do papel que cada ator estava representando. A Persona pode, com freqüência, desempenhar um papel importante em nosso desenvolvimento positivo. À medida que começamos a agir de determinada maneira, a desempenhar um papel, nosso Ego se altera gradualmente nessa direção.

Entre os símbolos comumente usados para a Persona, incluem-se os objetos que usamos para nos cobrir (roupas, véus), símbolos de um papel ocupacional (instrumentos, pasta de documentos) e símbolos de status (carro, casa, diploma). Esses símbolos foram todos encontrados em sonhos como representações da Persona. Por exemplo, em sonhos, uma pessoa com Persona forte pode aparecer vestida de forma exagerada ou constrangida por um excesso de roupas. Uma pessoa com Persona fraca poderia aparecer despida e exposta. Uma expressão possível de uma Persona extremamente inadequada seria o fato de não ter pele.

A Sombra

Para Jung, a Sombra é o centro do Inconsciente Pessoal, o núcleo do material que foi reprimido da consciência. A Sombra inclui aquelas tendências, desejos, memórias e experiências que são rejeitadas pelo indivíduo como incompatíveis com a Persona e contrárias aos padrões e ideais sociais. Quanto mais forte for nossa Persona, e quanto mais nos identificarmos com ela, mais repudiaremos outras partes de nós mesmos. A Sombra representa aquilo que consideramos inferior em nossa personalidade e também aquilo que negligenciamos e nunca desenvolvemos em nós mesmos. Em sonhos, a Sombra freqüentemente aparece como um animal, um anão, um vagabundo ou qualquer outra figura de categoria mais baixa.

Em seu trabalho sobre repressão e neurose, Freud concentrou-se, de inicio, naquilo que Jung chama de Sombra. Jung descobriu que o material reprimido se organiza e se estrutura ao redor da Sombra, que se torna, em certo sentido, um Self negativo, a Sombra do Ego. A Sombra é, via de regra, vivida em sonhos como uma figura escura, primitiva, hostil ou repelente, porque seus conteúdos foram violentamente retirados da consciência e aparecem como antagônicos à perspectiva consciente. Se o material da Sombra for tra-zido à consciência, ele perde muito de sua natureza de medo, de desconhecido e de escuridão.

A Sombra é mais perigosa quando não é reconhecida pelo seu portador. Neste caso, o indivíduo tende a projetar suas qualidades indesejáveis em outros ou a deixar-se dominar pela Sombra sem o perceber. Quanto mais o material da Sombra tornar-se consciente, menos ele pode dominar. Entretanto, a Sombra é uma parte integral de nossa natureza e nunca pode ser simplesmente eliminada. Uma pessoa sem Sombra não é uma pessoa completa, mas uma caricatura bidimensional que rejeita a mescla do bom e do mal e a ambivalência presentes em todos nós.

Cada porção reprimida da Sombra representa uma parte de nós mesmos. Nós nos limitamos na mesma proporção que mantemos este material inconsciente.
À medida que a Sombra se faz mais consciente, recuperamos partes previamente reprimidas de nós mesmos. Além disso, a Sombra não é apenas uma força negativa na psique. Ela é um depósito de considerável energia instintiva, espontaneidade e vitalidade, e é a fonte principal de nossa criatividade. Assim como todos os Arquétipos, a Sombra se origina no Inconsciente Coletivo e pode permitir acesso individual a grande parte do valioso material inconsciente que é rejeitado pelo Ego e pela Persona.

No momento em que acharmos que a compreendemos, a Sombra aparecerá de outra forma. Lidar com a Sombra é um processo que dura a vida toda, consiste em olhar para dentro e refletir honestamente sobre aquilo que vemos lá.

O Self

Jung chamou o Self de Arquétipo central, Arquétipo da ordem e totalidade da personalidade. Segundo Jung, consciente e inconsciente não estão necessariamente em oposição um ao outro, mas complementam-se mutuamente para formar uma totalidade: o Self. Jung descobriu o Arquétipo do Self apenas depois de estarem concluídas suas investigações sobre as outras estruturas da psique. 

O Self é com freqüência figurado em sonhos ou imagens de forma impessoal, como um círculo, mandala, cristal ou pedra, ou de forma pessoal como um casal real, uma criança divina, ou na forma de outro símbolo de divindade. Todos estes são símbolos da totalidade, unificação, reconciliação de polaridades, ou equilíbrio dinâmico, os objetivos do processo de Individuação.


O Self é um fator interno de orientação, 
muito diferente e até mesmo estranho
 ao Ego e à consciência.
 
 Para Jung, o Self não é apenas o centro, mas também toda a circunferência que abarca tanto o consciente quanto o inconsciente, ele é o centro desta totalidade, tal como o Ego é o centro da consciência. Ele pode, de início, aparecer em sonhos como uma imagem significante, um ponto ou uma sujeira de mosca, pelo fato do Self ser bem pouco familiar e pouco desenvolvido na maioria das pessoas. O desenvolvimento do Self não significa que o Ego seja dissolvido. Este último continua sendo o centro da consciência, mas agora ele é vinculado ao Self como conseqüência de um longo e árduo processo de compreensão e aceitação de nossos processos inconscientes.

O Ego já não parece mais o centro da personalidade, mas uma das inúmeras estruturas dentro da psique.

Crescimento Psicológico - Individuação

Segundo Jung, todo indivíduo possui uma tendência para a Individuação ou auto desenvolvimento. Individuação significa tornar-se um ser único, homogêneo. na medida em que por individualidade entendemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo. Pode-se traduzir Individuação como tornar-se si mesmo, ou realização do si mesmo.

Individuação é um processo de desenvolvimento da totalidade e, portanto, de movimento em direção a uma maior liberdade. Isto inclui o desenvolvimento do eixo Ego-Self, além da integração de várias partes da psique: Ego, Persona, Sombra, Anima ou Animus e outros Arquétipos inconscientes. Quando tornam-se individuados, esses Arquétipos expressam-se de maneiras mais sutis e complexas.


Quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos através do auto conhecimento, tanto mais se reduzirá a camada do inconsciente pessoal que recobre o inconsciente coletivo. Desta forma, sai emergindo uma consciência livre do mundo mesquinho, suscetível e pessoal do Eu, aberta para a livre participação de um mundo mais amplo de interesses objetivos. 

Essa consciência ampliada não é mais aquele novelo egoísta de desejos, temores, esperanças e ambições de caráter pessoal, que sempre deve ser compensado ou corrigido por contra-tendências inconscientes; tornar-se-á uma função de relação com o mundo de objetos, colocando o indivíduo numa comunhão incondicional, obrigatória e indissolúvel com o mundo.

Do ponto de vista do Ego, crescimento e desenvolvimento consistem na integração de material novo na consciência, o que inclui a aquisição de conhecimento a respeito do mundo e da prória pessoa. O crescimento, para o Ego, é essencialmente a expansão do conhecimento consciente. Entretanto, Individuação é o desenvolvimento do Self e, do seu ponto de vista, o objetivo é a união da consciência com o inconsciente. 

Como analista, Jung descobriu que aqueles que vinham a ele na primeira metade da vida estavam relativamente desligados do processo interior de Individuação; seus interesses primários centravam-se em realizações externas, no "emergir" como indivíduos e na consecução dos objetivos do Ego. Analisandos mais velhos, que haviam alcançado tais objetivos, de forma razoável, tendiam a desenvolver propósitos diferentes, interesse maior pela integração do que pelas realizações, busca de harmonia com a totalidade da psique.

O primeiro passo no processo de Individuação é o desnudamento da Persona. Embora esta tenha funções protetoras importantes, ela é também uma máscara que esconde o Self e o inconsciente.


Ao analisarmos a Persona, dissolvemos a máscara e descobrimos que, aparentando ser individual, ela é de fato coletiva; em outras palavras, a Persona não passa de uma máscara da psique coletiva. No fundo, nada tem de real; ela representa um compromisso entre o indivíduo e a sociedade acerca daquilo que alguém parece ser: nome, título, ocupação, isto ou aquilo.
De certo modo, tais dados são reais mas, em relação à individualidade essencial da pessoa, representam algo de secundário, uma vez que resultam de um compromisso no qual outros podem ter uma quota maior do que a do indivíduo em questão.

O próximo passo é o confronto com a Sombra. Na medida em que nós aceitamos a realidade da Sombra e dela nos distinguimos, podemos ficar livres de sua influência. Além disso, nós nos tornamos capazes de assimilar o valioso material do inconsciente pessoal que é organizado ao redor da Sombra.

O terceiro passo é o confronto com a Anima ou Animus. Este Arquétipo deve ser encarado como uma pessoa real, uma entidade com quem se pode comunicar e de quem se pode aprender. Jung faria perguntas à sua Anima sobre a interpretação de símbolos oníricos, tal como um analisando a consultar um analista. O indivíduo também se conscientiza de que a Anima (ou o Animus) tem uma autonomia considerável e de que há probabilidade dela influenciar ou até dominar aqueles que a ignoram ou os que aceitam cegamente suas imagens e projeções como se fossem deles mesmos.
O estágio final do processo de Individuação é o desenvolvimento do Self. Jung dizia que o si mesmo é nossa meta de vida, pois é a mais completa expressão daquela combinação do destino a que nós damos o nome de indivíduo. 

O Self torna-se o novo ponto central da psique, trazendo unidade à psique e integrando o material consciente e o inconsciente. O Ego é ainda o centro da consciência, mas não é mais visto como o núcleo de toda a personalidade.
Jung escreve que devemos ser aquilo que somos e precisamos descobrir nossa própria individualidade, aquele centro da personalidade que é eqüidistante do consciente e do inconsciente. Dizia que precisamos visar este ponto ideal em direção ao qual a natureza parece estar nos dirigindo. Só a partir deste ponto podemos satisfazer nossas necessidades.

É necessário ter em mente que, embora seja possível descrever a Individuação em termos de estágios, o processo de Individuação é bem mais complexo do que a simples progressão aqui delineada. Todos os passos mencionados sobrepõem-se, e as pessoas voltam continuamente a problemas e temas antigos (espera-se que de uma perspectiva diferente). A Individuação poderia ser apresentada como uma espiral na qual os indivíduos permanecem se confrontando com as mesmas questões básicas, de forma cada vez mais refinada. Este conceito está muito relacionado com a concepção Zen-budista da iluminação, na qual um individuo nunca termina um Koan, ou problema espiritual, e a procura de si mesmo é vista como idêntica à finalidade.)

Obstáculos ao Crescimento

A Individuação nem sempre é uma tarefa fácil e agradável. O Ego precisa ser forte o suficiente para suportar mudanças tremendas, para ser virado pelo avesso no processo de Individuação.

Poderíamos dizer que todo o mundo está num processo de Individuação, no entanto, as pessoas não o sabem, esta é a única diferença. A Individuação não é de modo algum uma coisa rara ou um luxo de poucos, mas aqueles que sabem que passam pelo processo são considerados afortunados. Desde que suficientemente conscientes, eles tiram algum proveito de tal processo.

A dificuldade deste processo é peculiar porque constitui um empreendimento totalmente individual, levado a cabo face à rejeição ou, na melhor das hipóteses, indiferença dos outros. Jung escreve que a natureza não se preocupa com nada que diga respeito a um nível mais elevado de consciência, muito pelo contrário. Logo, a sociedade não valoriza em demasia essas proezas da psique e seus prêmios são sempre dados a realizações e não à personalidade. Esta última será, na maioria das vezes, recompensada postumamente.

Cada estágio, no processo de Individuação, é acompanhado de dificuldades. Primeiramente, há o perigo da identificação com a Persona. Aqueles que se identificam com a Persona podem tentar tornar-se perfeitos demais, incapazes de aceitar seus erros ou fraquezas, ou quaisquer desvios de sua auto-imagem idealizada. Aqueles que se identificam totalmente com a Persona tenderão a reprimir todas as tendências que não se ajustam, e a projetá-las nos outros, atribuindo a eles a tarefa de representar aspectos de sua identidade negativa reprimida.

A Sombra pode ser também um importante obstáculo para a Individuação. As pessoas que estão inconscientes de suas sombras, facilmente podem exteriorizar impulsos prejudiciais sem nunca reconhecê-los como errados. 

Quando a pessoa não chegou a tomar conhecimento da presença de tais impulsos nela mesma, os impulsos iniciais para o mal ou para a ação errada são com freqüência justificados de imediato por racionalizações. Ignorar a Sombra pode resultar também numa atitude por demais moralista e na projeção da Sombra em outros. Por exemplo, aqueles que são muito favoráveis à censura da pornografia tendem a ficar fascinados pelo assunto que pretendem proibir; eles podem até convencer-se da necessidade de estudar cuidadosamente toda a pornografia disponível, a fim de serem censores eficientes.

O confronto com a Anima ou o Animus traz, em si, todo o problema do relacionamento com o inconsciente e com a psique coletiva. A Anima pode acarretar súbitas mudanças emocionais ou instabilidade de humor num homem. Nas mulheres, o Animus freqüentemente se manifesta sob a forma de opiniões irracionais, mantidas de forma rígida. (Devemos nos lembrar de que a discussão de Jung sobre Anima e Animus não constitui uma descrição da masculinidade e da feminilidade em geral.


O conteúdo da Anima ou do Animus é o complemento de nossa concepção consciente de nós mesmos como masculinos ou femininos, a qual, na maioria das pessoas, é fortemente determinada por valores culturais e papéis sexuais definidos em sociedade.)
 
Quando o indivíduo é exposto ao material coletivo,
 há o perigo de ser engolido pelo inconsciente. 
Segundo Jung, tal ocorrência pode tomar uma de duas formas. Primeiro, há a possibilidade da inflação do Ego, na qual o indivíduo reivindica para si todas as virtudes da psique coletiva. A outra reação é a de impotência do Ego; a pessoa sente que não tem controle sobre a psique coletiva e adquire uma consciência aguda de aspectos inaceitáveis do inconsciente-irracionalidade, impulsos negativos e assim por diante.

Assim como em muitos mitos e contos de fadas, os maiores obstáculos estão mais próximos do final. Quando o indivíduo lida com a Anima e o Animus, uma tremenda energia é libertada. Esta energia pode ser usada para construir o Ego ao invés de desenvolver o Self. Jung referiu-se a este fato como identificação com o Arquétipo do Self, ou desenvolvimento da personalidade-mana (mana é uma palavra malanésica que significa a energia ou o poder que emana das pessoas, objetos ou seres sobrenaturais, energia esta que tem uma qualidade oculta ou mágica).

 O Ego identifica-se com o Arquétipo do homem sábio ou mulher sábia aquele que sabe tudo. A personalidade-mana é perigosa porque é excessivamente irreal. Indivíduos parados neste estágio tentam ser ao mesmo tempo mais e menos do que na realidade são. Eles tendem a acreditar que se tornaram perfeitos, santos ou até divinos, mas, na verdade, menos, porque perderam o contato com sua humanidade essencial e com o fato de que ninguém é plenamente sábio, infalível e sem defeitos.

Jung viu a identificação temporária com o Arquétipo do Self ou com a personalidade-mana como sendo um estágio quase inevitável no processo e Individuação. A melhor defesa contra o desenvolvimento da inflação do Ego é lembrarmo-nos de nossa humanidade essencial, para permanecermos assentados na realidade daquilo que podemos e precisamos fazer, e não na que deveríamos fazer ou ser.


Tipos Psicológicos, Anima-Animus e Inconsciente Coletivo
Normalmente, uma combinação das quatro funções resulta numa abordagem equilibrada do mundo para a pessoa. Jung considera que, para nos orientarmos, temos que ter uma função que nos assegure do concreto que está aqui (sensação). Em seguida, uma segunda função que estabeleça o que é esse concreto percebido (pensamento), depois, uma terceira função que declare se isto nos é ou não apropriado ou que valor isso tem (sentimento), finalmente, uma quarta função que indique de onde isto veio e para onde vai (intuição).Entretanto, ninguém desenvolve igualmente bem todas as quatro funções.

Cada pessoa tem uma dessas funções fortemente predominante, e tem também uma segunda função auxiliar, parcialmente desenvolvida. As outras duas funções restantes em geral são inconscientes e a eficácia de sua ação será bem menor. Quanto mais desenvolvidas e conscientes forem as funções dominante e auxiliar, mais profundamente inconscientes serão as funções opostas.E quais seriam, segundo Jung, as funções consideradas opostas?

O Sentimento se opõe ao Pensamento e a Sensação se opõe à Intuição. Assim sendo, a pessoa jamais seria predominantemente Sentimental tendo em segunda prevalência o Pensamento, ou seja, jamais seria Sentimantal-Reflexiva, mas poderia ser Sentimental-Intuitiva, por exemplo. 

Segundo essa caracterização de personalidade de Jung, teríamos 4 tipos psicológicos mistos: Reflexiva-Sensitiva (caso prevaleça o Pensamento em primeiro plano e a Sensação em segundo, sobre as outras duas bastante apagadas); Sensitiva-Reflexiva, Intuitiva-Sentimental e Sentimental-Intuitiva.Nosso tipo funcional indica nossas forças e fraquezas relativas e o estilo de atividade que tendemos a preferir.

A tipologia de Jung é especialmente útil no relacionamento interpessoal, ajudando-nos a compreender os relacionamentos sociais. Ela descreve como as pessoas percebem, usam critérios, agem e ao fazem julgamentos. Por exemplo, os oradores Intuitivos-Sentimentais não terão um estilo de conferência lógico, firmemente organizado e detalhado como são os oradores Reflexivos-Sensitivos. 


É provável que seus discursos sejam divagações, que apresentem o sentido de um tema abordando-o sob vários ângulos diferentes, ao invés de desenvolvê-lo sistematicamente.Jung chamou as funções menos desenvolvidas em cada pessoa de funções inferiores. Inferior é a função menos consciente, mais primitiva e menos diferenciada. Essa função inferior pode representar uma influência demoníaca para algumas pessoas, pelo fato de terem pouco ou nenhum entendimento ou controle sobre ela.

Por exemplo, tipos cuja função mais forte é a intuitiva, podem achar que os impulsos sexuais parecem misteriosos ou até perigosamente fora de controle pelo fato de haver excessiva falta de contato com a função sensitiva.


Anima ou Animus
Jung postulou uma estrutura inconsciente que representa a parte sexual oposta de cada indivíduo; ele denomina tal estrutura de Anima no homem e Animus na mulher. Esta estrutura psíquica básica funciona como um ponto de convergência para todo material psíquico que não se adapta à auto-imagem consciente de um indivíduo como homem ou mulher.

Portanto, na medida em que uma mulher define a si mesma em termos femininos, seu Animus vai incluir aquelas tendências e experiências dissociadas que ela definiu como masculinas.

Todo homem carrega dentro de si a eterna imagem da mulher, não a imagem desta ou daquela mulher em particular, mas uma imagem feminina definitiva. Esta imagem é uma marca ou Arquétipo de todas as experiências ancestrais do feminino, um depósito, por assim dizer, de todas as impressões já dadas pela mulher. Uma vez que esta imagem é inconsciente, ela é sempre inconscientemente projetada na pessoa amada e é uma das principais razões para atrações ou aversões apaixonadas.


De acordo com Jung, o pai de sexo oposto ao da criança é uma importante influência no desenvolvimento da Anima ou Animus, e todas as relações com o sexo oposto, incluindo os pais, são intensamente afetadas pela projeção das fantasias da Anima ou Animus. Este Arquétipo é um dos mais influentes reguladores do comportamento. Ele aparece em sonhos e fantasias como figuras do sexo oposto, e funciona como um mediador fundamental entre processos inconscientes e conscientes. 

Ele é orientado basicamente para os processos internos, da mesma forma como a Persona é orientada para processos externos. É a fonte de projeções, a fonte da formação de imagens e a porta da criatividade na psique. (Não é surpreendente, pois, que escritores e artistas homens tenham pintado suas musas como deusas femininas).

Inconsciente Coletivo
Jung acredita que nascemos com uma herança também psicológica, que se soma à herança biológica. Ambas são determinantes essenciais do comportamento e da experiência do ser. Ele diz que "...exatamente como o corpo humano representa um verdadeiro museu de órgãos, cada qual com sua longa evolução histórica, da mesma forma deveríamos esperar encontrar também, na mente, uma organização análoga. 


Nossa mente jamais poderia ser um produto sem história, em situação oposta ao corpo, no qual a história existe".Jung postula que a mente da criança já possui uma estrutura que molda e canaliza todo posterior desenvolvimento e interação com o ambiente. 

O chamado Inconsciente Coletivo inclui materiais psíquicos que não provêm da experiência pessoal, ao contrário de alguns autores, como Skinner, os quais assumem implicitamente que todo desenvolvimento psicológico vem da experiência pessoal. O Inconsciente Coletivo é constituído não por aquisições individuais, mas por um patrimônio coletivo da espécie humana. Esse conteúdo coletivo é essencialmente o mesmo em qualquer lugar e em qualquer época, não varia de pessoa para pessoa. 

Como o ar, este inconsciente é o mesmo em todo lugar, respirado por todo o mundo e não pertencendo a ninguém. Os conteúdos do Inconsciente Coletivo são chamados de Arquétipos, condições ou modelos prévios da formação psíquica em geral. 

Biografia
Essa biografia de Jung é de Nise da Silveira e foi retirada da página Guardiões do Saber. Veja:

“Carl Gustav Jung nasceu em 26 de julho de 1875, em Kesswil, Cantão da Turgóvia, às margens do lago Constança na Suíça, fruto da união do pastor protestante Johann Paul Jung, e da dona de casa Emile Preiswerk, mulher culta que incentivou Jung à leitura do Fausto de Goethe em sua adolescência.

Jung, na infância, vivida no campo e em contato com a natureza, desenvolveu uma inclinação para sonhar e fantasiar propiciada pelos livros da tranqüila biblioteca de seu pai, onde leu textos de filosofia e teologia que influenciaram em muito seu trabalho depois de adulto.

Quando ingressou nas Universidades de Basiléia e Zurique para estudar medicina, as idéias de Kant e Goethe já nutriam a mente de Jung. Seu razoável conhecimento de filosofia e o entusiasmo daí originado, impulsionaram-no também ao encontro das idéias de Schopenhauer e Nietzsche, que exerceriam posteriormente forte influência sobre a construção de sua Psicologia Analítica, nome escolhido como alternativa à Psicologia Complexa, termo já cunhado por Pierre Janet.

Sua graduação veio em 1902, após o que trabalhou na clínica psiquiátrica da Universidade de Zurique, como assistente do professor Eugene Bleuler, mantendo estudos paralelos com Pierre Janet, em Paris. Seu interesse, então, estava voltava-se para a esquizofrenia.

No Teste de Associação de Palavras, Jung chegou ao que denominou Complexos, definindo estes como idéias ou representações afetivamente carregadas e autônomas da Psique consciente.

O renome internacional conquistado por Jung através destes estudos, conduziram-no a uma colaboração próxima com Freud, que conheceu pessoalmente em 1907. Esta afinidade de idéias entre os dois mestres, no entanto, deteriorou-se com a publicação da Psicologia do Inconsciente, em 1912 (revista em 1916).

Com esta obra, Jung declara sua independência da estreita interpretação sexual de Freud com relação à libido, apresentando os paralelos próximos entre as fantasias psicóticas e os mitos antigos, e explicando a existência de uma energia criativa maior (elan vitae) motivadora da mente humana. Neste momento, Jung renuncia à presidência da Sociedade Psicoanalítica Internacional e funda sua própria Escola, incentivado por outros colegas, pacientes e amigos.
Jung era contrário à formação de escolas e discípulos, mas cedeu aos apelos de seus seguidores.

Jung desenvolveu suas teorias traçando um amplo conhecimento de mitologia (trabalhos em colaboração com Kerensky) e História; recorrendo a diversas culturas de países como México, Índia e Quênia. Os Tipos Psicológicos, nos quais se ocupou do vínculo entre o consciente e o inconsciente, propondo os tipos de personalidade, extroversão e introversão, foram publicados em 1921, num importante e posteriormente bem difundido trabalho.

Segundo Jung, o inconsciente coletivo — sensações, pensamentos e memórias compartilhadas por toda a humanidade — compõe-se do que ele denominou, tomando de Platão, “arquétipos”, ou “imagens primordiais”. Estes correspondem às experiências da Humanidade típicas, como enfrentar a morte ou eleger um companheiro, cuja manifestação simbólica encontram-se nos mitos, nas grandes religiões, nos contos de fadas, nas fantasias e na Alquimia, e em especial nas obras de Paracelso e Picco della Mirandola.

Confrontando o inconsciente pessoal e integrando-o com o inconsciente coletivo, representado no arquétipo da Sombra Coletiva, Jung sustenta que um paciente pode alcançar um estado de individuação, ou a integridade de um mesmo (O Deus Interior), através da reconciliação dos estados diversos da personalidade, que ele viu divididos não somente em contrários de introversão e extroversão, mas também nas subvariáveis pensamento, intuição, sensação e percepção.

Jung escreveu volumosamente sobre metodologia analítica e os laços entre a Psicoterapia e a crença religiosa. Interessou-se muito pela Sincronicidade, pela Alquimia e pelos estados alterados de consciência, a ponto de criar o método de imaginação ativa, surgido logo após a ruptura com Freud, enquanto o crítico e polêmico livro vermelho era por ele escrito.

Na teoria psicanalítica de Sigmund Freud, Jung interpretou os distúrbios mentais e emocionais como tentativa de encontrar integridade pessoal e espiritual. Em especial, sua experiência com Psicóticos foi decisiva para a aproximação com Freud, pois o médico havia tido contato tão-somente com neuróticos, basicamente as denominadas Histerias.

Carl Gustav Jung faleceu em 06 de junho de 1961, em Kusnacht. Pai da psicologia analítica e visto como um dos grandes expoentes do século XX, deixou contribuições científicas bastante significativas para o estudo e compreensão da alma humana. 


As questões espirituais,
 enquanto fenômenos psíquicos, são refletidas em toda sua obra,
 numerosa e traduzida para diversas línguas.”
 Veja a página


Referência
Ballone GJ - Carl Gustav Jung, in.
PsiqWeb, internet, disponível em
 http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2005



* - baseado no livro "Teorias da Personalidade"- J. Fadiman, R. Frager - Harbra - 1980-para saber mais: Tipos Psicológicos - C.G.Jung - Zahar Editores - RJ - 1980
 Li-Sol-30
 Fontes:
davidhertzberg 

Enviado em 28/12/2010
Sejam felizes todos os seres.Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

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