sábado, 11 de agosto de 2012

HERÁCLITO DE ÉFESO

                                       


Heraclito de Éfeso
Pré-socráticos
Heraclitus, Johannes Moreelse.jpg
Nome completo Ἡράκλειτος
Escola/Tradição: Escola jônica
Data de nascimento: ca. 535 a.C.
* Local: Éfeso (pólis grega na atual Turquia)
Data de falecimento ca. 475 a.C. (60 anos)
Principais interesses: Metafísica, Ética, Epistemologia, Política
Trabalhos notáveis: "Tudo flui", fogo como physis, Logos, Devir
Influências: Platão, Aristóteles, Hegel, Nietzsche, Heidegger, Popper, Marx, Whitehead, Carl Gustav Jung
Portal Filosofia

Heraclito de Éfeso (Grego: Ἡράκλειτος ὁ ἘφέσιοςHērákleitos ho Ephésios, Éfeso, aprox. 535 a.C. - 475 a.C.) foi um filósofo pré-socrático considerado o "pai da dialética". Recebeu a alcunha de "Obscuro" principalmente em razão da obra a ele atribuída por Diógenes Laércio, Sobre a Natureza, em estilo obscuro, próximo ao das sentenças oraculares.

Na vulgata filosófica, Heraclito é o pensador do "tudo flui" (panta rei) e do fogo, que seria o elemento do qual deriva tudo o que nos circunda.
De seus escritos restaram poucos fragmentos (encontrados em obras posteriores), os quais geraram grande número de obras explicativas.

Dados biográficos
Heraclito nasceu em Éfeso, cidade da Jônia (atual Turquia). Diógenes Laércio relata que "Heraclito, filho de Blóson, ou, segundo outra tradição, de Heronte, era natural de Éfeso. Tinha uns quarenta anos por ocasião da 69ª Olimpíada (504-501 a.C.). Era homem de sentimentos elevados, orgulhoso e cheio de desprezo pelos outros".

Por seu desprendimento em relação ao poder e pelo desprezo que dedicava aos bens materiais, Heraclito não era simpático aos efésios, que eram exatamente o seu oposto. Foi, aliás, muito criticado por seus concidadãos quando conseguiu convencer o tirano Melancoma a abdicar para ir viver nos bosques, em livre contato com a natureza[1]. Heraclito era acusado de desprezar a plebe, de se recusar a participar da política - essencial aos gregos) - e de desdenhar os poetas, os filósofos e a religião.[2]

Misantropo, viveu na solidão do templo de Ártemis. O mesmo Diógenes nos conta: "Retirado no templo de Ártemis, divertia-se em jogar com as crianças e, acercando-se dele os efésios, perguntou-lhes:
De que vos admirais, perversos? 
Que é melhor: fazer isso ou administrar
 a República convosco?
Nos últimos anos da sua vida, passou a viver ainda mais isolado, nas montanhas, alimentando-se somente de plantas. Quando adoeceu, atacado por uma hidropisia, Heraclito foi obrigado a voltar à cidade. Aos médicos, cujo conhecimento ridicularizava, perguntou se seriam capazes de transformar uma inundação em seca, aludindo à sua doença.[3] 

 Os médicos não entenderam e acabaram sendo expulsos por Heraclito. O filósofo resolveu então recorrer a um curandeiro que lhe aconselhou imergir-se no estrume pois o calor faria evaporar a água em excesso que havia em seu corpo. Foi um desastre: os cães de Heraclito não reconheceram o seu dono, inteiramente coberto de excrementos, e o atacaram, causando a sua morte. É possível também que a causa da morte de Heraclito tenha sido com o sufocamento do esterco de vaca. O historiador Neantes de Cízico (século III a.C.) afirma que, tendo sido impossível retirar o corpo de sob o esterco, lá permaneceu.

O pensamento de Heraclito

Os filósofos de Mileto (Tales, Anaximandro, Anaxímenes, entre outros) haviam percebido o dinamismo das mudanças que ocorrem na physis, como o nascimento, o crescimento e a morte, mas não chegaram a problematizar a questão.

Heraclito, inserido no contexto pré-socrático, parte do princípio de que tudo é movimento, e que nada pode permanecer estático - Panta rei ou "tudo flui", "tudo se move", exceto o próprio movimento.

Mas este é apenas um pressuposto de uma doutrina que vai mais além. O devir, a mudança que acontece em todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários: coisas quentes esfriam, coisas frias esquentam; coisas úmidas secam, coisas secas umedecem etc. A realidade acontece, então, não em uma das alternativas, posto que ambas são apenas parte de uma mesma realidade, mas sim na mudança ou, como ele chama, na guerra entre os opostos. Esta guerra é a realidade, aquilo que podemos dizer que é. 

 "A doença faz da saúde algo agradável e bom"
ou seja, se não houvesse a doença, 
não haveria por que valorizar-se a saúde, 
por exemplo.

Ele ainda considera que, nessa harmonia, os opostos coincidem da mesma forma que o princípio e o fim, em um círculo; ou a descida e a subida, em um caminho, pois o mesmo caminho é de descida e de subida; o quente é o mesmo que o frio, pois o frio é o quente quando muda (ou, dito de outra forma, o quente é o frio depois de mudar, e o frio, o quente depois de mudar, como se ambos, quente e frio, fossem "versões" diferentes da mesma coisa).

Panta rei os potamós (do grego πάντα ῥεῖ ), traduzido como "Tudo flui como um rio" é o célebre aforisma no qual a tradição filosófica subsequente identificou sinteticamente o pensamento de Heraclito com o tema do devir, em contraposição à filosofia do ser própria de Parmênides.

Mas, na realidade, o famoso moto panta rei não é atestado nos fragmentos conhecidos da obra de Heraclito, e pode ser atribuído ao seu discípulo Crátilo, que desenvolveu o pensamento do mestre, radicalizando-o. A fórmula léxica panta rei será cunhada e utilizada pela primeira vez somente por Simplício, em seu comentário à Physica Auscultatio, 1313, 11. A expressão deriva de um fragmento do tratado Sobre a natureza:
Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma substância mortal no mesmo estado; por causa da impetuosidade e da velocidade da mutação, esta se dispersa e se recolhe, vem e vai.
91 Diels-Kranz
Tudo é considerado como um grande fluxo perene no qual nada permanece a mesma coisa pois tudo se transforma e está em contínua mutação. Por isso, Heraclito identifica a forma do Ser no Devir pelo qual todas as coisas são sujeitas ao tempo e à sua relativa transformação.
Heraclito sustenta que só a mudança e o movimento são reais, e que a identidade das coisas iguais a si mesmas é ilusória: para Heraclito tudo flui (panta rei).
O panta rei é uma consequência de polemos (guerra, conflito), que reina sobre tudo. Em consequência, Heraclito de Éfeso não é o filósofo do "tudo flui" mas do "tudo flui enquanto resultado da tensão contínua dos opostos em luta".

A doutrina dos contrários

Polemos é pai de todas as coisas, de todos, de todos os rei.

A doutrina da unidade dos contrários é talvez o aspecto mais original do pensamento filosófico de Heraclito. A lei secreta do mundo reside na relação de interdependência entre dois conceitos opostos, em luta permanente; mas, ao mesmo tempo, um não pode existir sem o outro. Nada existiria se não existisse, ao mesmo tempo, o seu oposto. Assim, por exemplo, uma subida pode ser pensada como uma descida por quem está na parte de cima. Entre os contrários se cria uma espécie de luta constitutiva do logos indiviso.
Nessa dualidade, que na superfície é uma guerra (polemos), mas no fundo é harmonia entre os contrários, Heraclito viu aquilo que definia como o logos, a lei universal da Natureza.

E é a própria doutrina dos contrários que faz de Heraclito o fundador de uma lógica "antidialética", fundada na lei estética do devir da realidade. Antidialética porque tese e antítese (ser e não ser) são uma síntese contraditória e permanente na realidade, que só assim pode vir a ser, através dos seus dois aspectos existenciais ("no mesmo rio, entramos e não entramos"; "somos e não somos"); oposta à lógica aristotélica porque oposta ao seu princípio da não-contradição e do terceiro excluído.

A teoria de Heraclito é alternativa à ontologia de Parmênides, o filósofo da unidade e da identidade do Ser, que ensina que é a contínua mudança a principal característica do não ser .

A partir de seus pressupostos - panta rei e a guerra entre os contrários -, Heraclito definiu uma arché, um princípio que está em todas as coisas desde a sua origem: o fogo. Para ele, "todas as coisas são uma troca do fogo, e o fogo, uma troca de todas as coisas, assim como o ouro é uma troca de todas as mercadorias e todas as mercadorias são uma troca do ouro"; ou seja, todas as coisas transformam-se em fogo, e o fogo transforma-se em todas as coisas. 

É o primeiro pensador a discutir questões relativas ao Ser, e a partir do seu poema intitulado Sobre a Natureza, ele nos traz as possibilidades de conhecê-lo, tendo em relação a ele um conhecimento verdadeiro e universal, e para chegarmos a este conhecimento, torna-se necessário o desvencilhamento dos sentidos, pois o verdadeiro não pode ser percebido pelo nosso campo sensorial e sim pensado, inteligido por nossa razão.

A cosmologia de Heraclito

Heraclito, em detalhe do afresco pintado por Rafael, A Escola de Atenas
 
Segundo Heraclito, o fogo é, pois, o elemento primordial de todas as coisas. Tudo se origina por rarefação e tudo flui como um rio. O cosmos é um só e nasce do fogo e, de novo, é pelo fogo consumido, em períodos determinados, em ciclos que se repetem pela eternidade.

Em seu livro - Do Céu, Aristóteles escreve:

"Concordam todos em que o mundo foi gerado; mas, uma vez gerado, alguns afirmam que é eterno e outros que é perecível, como qualquer outra coisa que por natureza se forma. Outros, ainda, que, destruindo-se, alternadamente é ora assim, ora de outro modo, como Empédocles e Heraclito de Éfeso. (…) Também Heraclito assevera que o universo ora se incendeia, ora de novo se compõe do fogo, segundo determinados períodos de tempo, na passagem em que diz "acendendo-se em medidas e apagando-se em medidas."

Para Heraclito, o fogo, quando condensado, se umidifica e, com mais consistência, torna-se água; e esta, solidificando-se, transforma-se em terra; e, a partir daí, nascem todas as coisas do mundo. Este é o caminho que Heraclito define como sendo "para baixo".(Agartha?)

Derretendo-se a terra, obtém-se água. Água transforma-se em vapor, tal como vemos na evaporação do mar. E, rarefazendo-se, o vapor transforma-se novamente em fogo. E este é o caminho "para cima".(superfície?)

Nosso mundo é cercado pelos astros (Sol, Lua e estrelas). Esses nada mais são do que barcos cujas concavidades estão voltadas para nós, e que carregam dentro de si chamas brilhantes. A mais brilhante (para nós) é a chama do Sol e também a mais quente. Os demais astros distam mais da Terra e é por isso que seu brilho é menos vivo e menos quente, mas a Lua, que está bem próxima da Terra, não é por isso, mas por não se encontrar num espaço puro – a escuridão. O Sol, entretanto, está em região clara e pura.

Os eclipses do Sol e da Lua acontecem quando as concavidades dos barcos se voltam para cima. E as fases da Lua ocorrem quando o barco que a encerra se volta aos poucos em nossa direção.

Dia e noite, meses e estações, chuvas, ventos e demais fenômenos são conseqüências de diferentes evaporações. Pois a brilhante evaporação, inflamando-se no círculo do Sol, produz o dia; e, quando a contrária prevalece, produz a noite; e, quando da evaporação brilhante nasce o calor, faz verão; mas, quando da sombra o úmido prevalece, faz-se o inverno.

O Deus e a alma

Dentro do pensamento de Heraclito, Deus não tinha a aparência de um homem nem de outro animal qualquer. Em seu pensamento Deus não era nem criador, nem onipotente. Heraclito limitava-se a identificá-lo com os opostos, os quais persistem apesar de suas mudanças e assim são capazes de compreender sua própria unidade.
"O Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz, saciedade-fome; mas se alterna como o fogo, quando se mistura a incensos, e se denomina segundo o gosto de cada um."

Nesse argumento, podemos ver que Heraclito considerava as diversas divindades da mitologia grega, que eram adoradas pelos homens de seu tempo, como sendo apenas fogo misturado a diferentes tipos de incensos.
E a alma consiste apenas de mais uma rarefação do fogo e sofre as mesmas mudanças que todas as outras coisas também experimentam; e a morte traz a completa extinção da alma.

"Para almas é morte tornar-se água, e para água é morte tornar-se terra, e de terra nasce água, e de água alma."
Novamente aqui, nesse raciocínio, vemos Heraclito descrever seus caminhos "para baixo" e "para cima".

Referências

  1. Clemente de Alexandria. Stromata (em inglês). [S.l.: s.n.]. vol. I.14 65.
  2. Em defesa de Heraclito, ver NIETZSCHE, F., [http://www.ebah.com.br/nietzsche-a-filosofia-na-epoca-tragica-dos-gregos-doc-doc-a2632.html A filosofia na época trágica dos gregos, capítulos 5 a 9 (p. 8 a 14).
  3. Diógenes Laércio, Vidas dos filósofos, IX 3


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LIVRO VI

PITÁGORAS
Os Mistérios de Delfos

Conhece-te a ti mesmo
 – e conhecerás o Universo e os Deuses.

Inscrição do templo de Delfos
O Sono, o Sonho e o Êxtase 
são as três portas para o Além, 
de onde nos vêm a ciência da alma 
e a arte da adivinhação.

A Evolução é a lei da Vida.
O Número é a lei do Universo.
A Unidade é a lei de Deus.

 
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Li-Sol-30
Fonte:
 Wikipédia, a enciclopédia livre.
 http://www.entreirmaos.net/wp-content/uploads/2011/10/Os-Grandes-Iniciados-Edouard-Schure.pdf

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