domingo, 13 de novembro de 2011

HIPÁTIA DE ALEXANDRIA: O DIREITO DE PENSAR

Vida para a matemática
Por Ana Glória Lucas


Uma vida com a matemática
Vida para a matemática

Hipácia de Alexandria foi a primeira mulher a destacar-se na Matemática. Mais do que isso, foi a maior entre todos os matemáticos e filósofos de Alexandria, tendo deixado contributos na área da matemática, da física e da astronomia.
Alexandria, a cidade fundada no século IV A.C. por Alexandre o Grande, encontrava-se então sob o domínio romano e tinha entrado já numa fase de declínio, mas continuava a ser famosa pelo seu Museu e pela sua Biblioteca e nela fervilhavam ainda todas as ideias científicas e humanistas importantes na época.
Foi aí que Hipácia nasceu entre 350 e 370 depois de Cristo [o ano exacto não é conhecido], filha do filósofo e geómetra Theon, professor de matemática no Museu de Alexandria. Estudou com o pai, mas não se limitou à matemática, dedicando-se também aos temas de filosofia, à astronomia, à poesia e às artes e veio a dominar perfeitamente a arte da retórica.

Partilhava com o pai a busca de respostas sobre o desconhecido, mas, mais brilhante que ele intelectualmente, acabaria por suplantá-lo. «Reserva-te o direito de pensar, pois mesmo que penses errado, é melhor do que nem sequer pensar», recomendava-lhe o pai, que sempre a encorajou no sentido de que nenhuma religião ou crença lhe coarctasse a busca do conhecimento.

«Todas as religiões dogmáticas são falaciosas e não devem ser aceites pelas pessoas que se respeitam a si próprias como sendo a palavra definitiva», dizia-lhe o pai. Com ele aprendeu também uma disciplina de exercício físico que manteria ao longo da vida, cumprindo assim a máxima latina de mens sana in corpore sano.

Ainda adolescente, viajou para Atenas, para completar a sua educação. Estudou com nomes importantes da época, incluindo Plutarco o Novo, e aprofundou os seus conhecimentos sobre a obra de Platão e de Aristóteles. O seu empenho e seriedade no estudo valeram-lhe a coroa de louros conferida pela Academia de Atenas aos alunos mais brilhantes.

Quando regressou a Alexandria, foi convidada para dar aulas no Museu de Alexandria e, mais tarde, tornou-se directora da Academia da cidade. Como era hábito entre os filósofos da época, entrava em discussões filosóficas acaloradas nas praças do centro da cidade, sem receio de quem quer que fosse. Os seus conhecimentos, a sua beleza e a sua retórica perfeita atraíam alunos de todas as partes, tanto cristãos como pagãos.

É através das cartas de um desses alunos, Sinésio de Cirene (370-413), que se conhece hoje parte do trabalho de Hipácia, dado que a quase totalidade dos seus escritos se perdeu aquando da destruição da Biblioteca de Alexandria e do templo de Serapis.

Sabe-se, assim, que Hipácia inventou instrumentos para a astronomia, incluindo novos modelos de astrolábio, e desenhou um mapa dos corpos celestes. Nas oficinas do Museu, criou diversos instrumentos utilizados na física, como o hidrómetro (usado para avaliar a densidade dos líquidos) e um aparelho para destilar água. Na matemática, encontrava as soluções para problemas que tinham atormentado outros matemáticos.

No entanto, o fim de Hipácia foi trágico. Com o Cristianismo oficializado desde o ano 390, as ideias científicas de Hipácia, a sua noção sobre o Universo, a defesa do Neoplatonismo, a sua religião pagã e a popularidade de que desfrutava fizeram o patriarca cristão Cirilo de Alexandria ver em Hipácia uma herege a abater. Cirilo - que seria mais tarde canonizado pela Igreja - congeminou uma conspiração, espalhando o rumor de que era ela quem instigava o prefeito de Alexandria, Orestes, com quem ele estava em conflito e de quem Hipácia se tornara amiga através de Sinésio de Cirene, a recusar a reconciliação.

Um dia em que saía de casa, Hipácia foi atacada por uma multidão de fanáticos cristãos enfurecidos, que a arrastaram para dentro de uma igreja, despiram, esfolaram com conchas, esquartejaram, queimando por último os pedaços do seu corpo. Estava-se no ano 415 D.C..
 

    HIPÁCIA DE ALEXANDRIA

Entre o quarto e quinto séculos da era Cristã viveu na cidade egipcia de Alexandria uma mulher extraordinária.Chamava-se Hipácia.Era filha do sábio Theon, autor de várias obras científicas e professor de matemática e astronomia na Escola de Alexandria.Grega por descendência e formação, matemática, cientista (inventou o densímetro, o astrolábio e o planisfério), filósofa e astrônoma, era professora de filosofia e ciências exatas no Museu de Alexandria, inclusive de alguns membros do clero cristão, como era o caso do monge Sinesio de Cirene, filósofo neoplatônico, mais tarde bispo da cidade de Ptolemais (Líbia), que a chamava de mãe, irmã e amiga.

Bonita, elegante, sábia e inteligente, bem relacionada na comunidade científica, com a sociedade e as autoridades, era muito benquista e admirada por suas qualidades de raciocínio e sua grandeza moral e intelectual. Foi considerada a maior autoridade viva do seu tempo em ciências físicas e matemáticas e a mulher que teoricamente mais contribuiu com tais conhecimentos para a posteridade.

Por todas essas razões, por ensinar a filosofia platônica e afirmar que o universo era governado por leis matemáticas, atraiu a inveja, o ódio e a perseguição do bispo Cirilo, patriarca de Alexandria, que um dia, no mês de março do ano de 415, a mandou seqüestrar e ordenou que fosse arrastada pelas ruas da cidade, torturada, morta a pedradas, esquartejada e queimada no interior de um templo, ordem que foi fielmente cumprida por Pedro, o Leitor, e seus fanáticos seguidores, sob a supervisão do próprio Cirilo.Mais tarde, através de um mandado de busca, os tratados científicos e manuscritos de Hipácia foram confiscados e queimados por ordem do referido bispo, a fim de que sua obra não fosse jamais divulgada.

Esse bárbaro e criminoso ato e o posterior incêndio da biblioteca de Alexandria não impediram que parte do acervo literário de Hipácia, brutalmente assassinada aos 45 anos de idade, sobrevivesse ao tempo.E hoje podemos encontrar, em diversas fontes de pesquisa, o relato desse terrível acontecimento, fruto da odiosidade e do obscurantismo já existente no início da Idade Média, assim como muitos vestígios do trabalho intelectual, moral e científico de Hipácia, recolhidos por pesquisadores e estudiosos.

Quanto ao mandante do seu assassinato, hoje denominado Santo ou São Cirilo (370 a 444), morreu de morte natural aos 74 anos, que era uma idade longeva para época, foi canonizado e nomeado, pelo Papa Leão XIII, treze séculos mais tarde, doutor da igreja.

Agora em setembro deverá estar sendo lançado mundialmente um filme sobre a vida de Hipácia de Alexandria, pelo cineasta chileno, radicado em Madrid, Alejandro Amenabar.
(Luciano Machado)

Hipácia, mãe de filósofos
Paiva Netto


Nada mais potente que o coração materno. Em homenagem ao Dia das Mães, presto modesto tributo a elas por meio de uma pioneira mulher na matemática, na astronomia e ícone da filosofia na Antiguidade. Na História Eclesiástica, escrita no século 5o pelo historiador Sócrates, o Escolástico (não confundi-lo com outro Sócrates, príncipe dos filósofos), encontramos este importante registro:

“Havia em Alexandria uma mulher chamada Hipácia (aproximadamente 355-415 AD), filha do matemático, astrônomo e diretor do Museu de Alexandria, Teón (335-395), que fez tantas realizações em literatura e ciência, que ultrapassou todos os filósofos da época. Tendo progredido na escola de Platão e Plotino, ela explicava os princípios da filosofia a quem ouvisse, e muitos vinham de longe receber os ensinamentos”.

Segundo pesquisadores, Hipácia era uma mulher de beleza singular. O ano do seu nascimento é controverso. O mais aceito é 355, e há os que citam 370. Apesar de pagã, tinha entre os alunos vários cristãos, demonstrando, desse modo, espírito ecumênico. Por sinal, é por intermédio de um deles, Sinésio de Cirene (370-413), futuro bispo de Ptolemaida, que possuímos hoje registros mais fidedignos a respeito da única mulher a dirigir o Museu de Alexandria. Em um dos seus escritos refere-se a ela como “minha mãe, minha irmã, mestre e benfeitora minha”.

Numa época em que a intelectualidade feminina não era reconhecida, as teses de Hipácia influenciaram muitos poderosos. Suas palestras não ficavam apenas no âmbito filosófico, pois era procurada também a fim de opinar sobre assuntos políticos e da comunidade.

Em ambiente de forte intolerância religiosa, Hipácia começou a incomodar. No ano de 415, acusada de praticar magia negra, foi arrastada pela turba ensandecida até a igreja de Cesarión. A brutalidade usada para tirar-lhe a vida provocaria espanto aos mais terríveis carrascos de todos os tempos. Considerada mártir da ciência, muitos apontam o fato como marco inicial da Idade das Trevas.

A professora de Letras Clássicas da UERJ e coordenadora do grupo de estudos Farol de Alexandria, Fernanda Lemos de Lima, apresenta esta definição esclarecedora:

“A figura da mulher-filósofa (...) 
merece ser lembrada não para falar de uma regra
de liberdade feminina na sociedade alexandrina 
antes do período bizantino, mas, sim, para fazer
com que se possa refletir como houve um crescimento
considerável do campo de atuação do feminino 
nesse mundo pagão alexandrino, que encontra
seu ocaso simbólico no assassinato de Hipácia, 
 sophia da ágora alexandrina”.
Ascética e celibatária, Hipácia não deixou herdeiros, mas, como reiterei em 1987, há muitas formas sublimes de ser Mãe, inclusive dar à luz grandes realizações em prol da Humanidade. Foi o caso de Hipácia. Sua dedicação às questões metafísicas gerou filhos a perpetuar nas mentes a constante necessidade de buscar respostas às indagações que sempre nos afligiram:
De onde viemos, 
por que vivemos e para onde voltaremos
um dia, após a “morte”?
 
Alexandria é uma cidade ao norte do Egito, situada a Oeste do delta do rio Nilo, às margens do Mar Mediterrâneo. É o principal porto do país, a principal cidade comercial e a segunda maior cidade do Egito. Tem 3,5 milhões de habitantes (2001).



Alexandria


A cidade ficou conhecida por causa do empreendimento de tornar-se, na antigüidade, o centro de todo conhecimento do homem, com a criação da Biblioteca de Alexandria.

Possui vastas instalações portuárias(embarque de algodão). A parte ocidental do porto ocupa cerca de 900ha e a parte oriente constitui o porto de pesca. Entre estas duas docas está localizada a cidade maometana, com ruas estreitas e bazares.

Possui uma universidade e uma escola superior árabe. É a metrópole do comércio egípcio do algodão e centro de inúmeras indústrias. Tem refinaria de petróleo, central térmica, praia e aeroporto.

Fonte: www.fotoserumos.com

Alexandria

Hipácia de Alexandria
(c. 370 d.C - 415 d.C)

 


"Todas as religiões dogmáticas formais 
são falaciosas e nunca devem ser aceitas 
como palavra final por pessoas que respeitem a si mesmas." 


"Ensinar superstições 
como uma verdade absoluta 
é uma das coisas mais terríveis."


A cidade de Alexandria foi fundada por Alexandre, o Grande, no ano de 332 a.C, e logo se tornou o principal porto do norte do Egito. Localizada no delta do rio Nilo, numa colina que separa o lago Mariotis do mar Mediterrâneo, foi o principal centro comercial da Antigüidade. Seu porto foi construído com um imponente quebra-mar que chegava até a ilha de Faros, onde foi erguido o famoso Farol de Alexandria, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.

Sua localização privilegiada, na encruzilhada das rotas da Ásia, da África e da Europa, transformou a cidade num lugar ideal para concentrar a arte, a ciência e a filosofia do Oriente e do Ocidente. 


A Biblioteca de Alexandria foi construída por Ptolomeu I Soter no século IV a.C, e elevou a cidade ao nível de importância cultural de Roma e Atenas. De fato, após a queda do prestígio de Atenas como centro cultural, Alexandria tornou-se o grande polo da cultura helenística. Todo manuscrito que entrava no país (trazido por mercadores e filósofos de toda parte do mundo) era classificado em catálogo, copiado e incorporado ao acervo da biblioteca. No século seguinte à sua criação, ela já reunia entre 500 mil e 700 mil documentos. Além de ser a primeira biblioteca no sentido que conhecemos, foi também a primeira universidade, tendo formado grandes cientistas, como os gregos Euclides e Arquimedes. 


Os eruditos encarregados da biblioteca eram considerados os homens mais capazes de Alexandria na época. Zenódoto de Éfeso foi o bibliotecário inicial e o poeta Calímaco fez o primeiro catálogo geral dos livros. Seus bibliotecários mais notáveis foram Aristófanes de Bizâncio (c. 257-180 a.C) e Aristarco da Samotrácia (c. 217-145 a.C).


Hipácia foi a última grande
cientista de Alexandria. 
Nasceu em 370 d.C (?) -- os historiadores são incertos em diferentes aspectos da vida de Hipácia e a data de seu nascimento é debatida atualmente. Foi filha de Theon, um renomado filósofo, astrônomo, matemático e autor de diversas obras, professor da Universidade de Alexandria.

Durante toda a sua infância, Hipácia foi mantida por seu pai em um ambiente de idéias e filosofia. Alguns historiadores acreditam que Theon tentou educá-la para ser um ser humano perfeito. Hipácia e Theon tiveram uma ligação muito forte e este ensinou a ela seu próprio conhecimento e compartilhou de sua paixão na busca de respostas sobre o desconhecido. Quando estava ainda sob a tutela e orientação do seu pai, ingressou numa disciplinada rotina física para assegurar um corpo saudável para uma mente altamente funcional. 


Hipácia estudou matemática
e astronomia na Academia de Alexandria. 
Devorava conhecimento: filosofia, matemática, 
astronomia, religião, poesia e artes. 
 
A oratória e a retórica, com grande importância na aceitação e integração das pessoas na sociedade da época, também não foram descuidadas. No campo religioso, Hipácia recebeu informação sobre todos os sistemas de religião conhecidos, tendo seu pai assegurado que nenhuma religião ou crença lhe limitasse a busca e a construção do seu próprio conhecimento.


Quando adolescente, viajou para Atenas para completar sua educação na Academia Neoplatônica, com Plutarco. A notícia se espalhou sobre essa jovem e brilhante professora, e quando regressou já havia um emprego esperando por ela, para dar aulas no museu de Alexandria, juntamente com aqueles que haviam sido seus professores. 


Hipácia é um marco na História da Matemática que poucos conhecem, tendo sido equiparada a Ptolomeu (85 - 165), Euclides (c. 330 a. C. - 260 a. C.), Apolônio (262 a. C. - 190 a. C), Diofanto (século III a. C.) e Hiparco (190 a. C. - 125 a. C.).

Seu talento para ensinar geometria, astronomia, filosofia e matemática atraía estudantes admiradores de todo o império romano, tanto pagãos como cristãos.

Aos 30 anos tornou-se diretora 
da Academia de Alexandria. 
Do seu trabalho, infelizmente,
pouco chegou até nós.
Alguns tratados foram destruídos com a Biblioteca, outros quando o templo de Serápis foi saqueado. Grande parte do que sabemos sobre Hipácia vem de correspondências suas e de historiadores contemporâneos que dela falaram. Um notável filósofo, Sinesius de Cirene (370 - 413), foi seu aluno e escrevia-lhe freqüentemente pedindo-lhe conselhos sobre o seu trabalho. Através destas cartas ficou-se a saber que Hipácia inventou alguns instrumentos para a astronomia (astrolábio e planisfério) e aparelhos usados na física, entre os quais um hidrômetro.


Sabemos que desenvolveu estudos sobre a Álgebra de Diofanto ("Sobre o Canon Astronômico de Diofanto"), que escreveu um tratado sobre as seções cônicas de Apolônio ("Sobre as Cônicas de Apolônio") e alguns comentários sobre os matemáticos clássicos, incluindo Ptolomeu. E em colaboração com o seu pai, escreveu um tratado sobre Euclides. 


Ficou famosa 
por ser uma grande solucionadora 
de problemas. 
 
Matemáticos que haviam passado meses sendo frustrados por algum problema em especial escreviam para ela pedindo uma solução. E Hipácia raramente desapontava seus admiradores. Ela era obcecada pela matemática e pelo processo de demonstração lógica. Quando lhe perguntavam porque nunca se casara ela respondia que já era casada com a verdade.


A tragédia de Hipácia foi ter vivido numa época de luta entre o paganismo e o cristianismo, com este a tentar apoderar-se dos centros importantes então existentes. Hipácia era pagã, fato normal para alguém com os seus interesses, pois o saber era relacionado com o chamado paganismo que dominou os séculos anteriores e era alicerçado nas tradições de liberdade de pensamento.

O cristianismo foi oficializado em 390 d.C, e o recém nomeado chefe religioso de Alexandria, o bispo Cirilo, dispôs-se a destruir todos os pagãos assim como seus monumentos e escritos. 


Por causa de suas idéias científicas pagãs, como por exemplo a de que o Universo seria regido por leis matemáticas, Hipácia foi considerada uma herética pelos chefes cristãos da cidade. A admiração e proteção que o político romano Orestes dedicou a Hipácia pouco adiantou, e acirrou ainda mais o ódio do bispo Cirilo por ela e, quando este tornou-se patriarca de Alexandria, iniciou uma perseguição sistemática aos seguidores de Platão e colocou-a encabeçando a lista.


Assim, numa tarde de 415 d.C, a ira dos cristãos abateu-se sobre Hipácia. Quando regressava do Museu, foi atacada em plena rua por uma turba de cristãos enfurecidos, incitados e comandados por "São" Cirilo. Arrastada para dentro de uma igreja, foi cruelmente torturada até a morte e ainda teve seu corpo esquartejado (dilacerado com conchas de ostra, ou cacos de cerâmica, consoante as versões existentes) e queimado.

O historiador Edward Gibbon faz um relato vívido do que aconteceu depois que Cirilo tramou contra Hipácia e instigou as massas contra ela: "Num dia fatal, na estação sagrada de Lent, Hipácia foi arrancada de sua carruagem, teve suas roupas rasgadas e foi arrastada nua para a igreja. Lá foi desumanamente massacrada pelas mãos de Pedro, o Leitor, e sua horda de fanáticos selvagens. A carne foi esfolada de seus ossos com ostras afiadas e seus membros, ainda palpitantes, foram atirados às chamas".


O estúpido episódio da morte de Hipácia 
é considerado um marco do fim da tradição de Alexandria 
como centro de ciências e cultura. Pouco depois, 
a grande Biblioteca de Alexandria seria destruída 
e muito pouco do que foi aquele grande centro de saber
sobreviveria até os dias de hoje.
 

Enrico Riboni descreve os motivos e as conseqüências dessa ação fanática dos religiosos: "a brilhante professora de matemática representava uma ameaça para a difusão do cristianismo, pela sua defesa da Ciência e do Neoplatonismo.

O fato de ela ser mulher, 
muito bela e carismática, fazia a sua existência 
ainda mais intolerável aos olhos dos cristãos. 
 
A sua morte marcou uma reviravolta: após o seu assassinato, numerosos pesquisadores e filósofos trocaram Alexandria pela Índia e pela Pérsia, e Alexandria deixou de ser o grande centro de ensino das ciências do mundo antigo. Além do mais, a Ciência retrocederá no Ocidente e não atingirá de novo um nível comparável ao da Alexandria antiga senão no início da Revolução Industrial. 

Os trabalhos da Escola de Alexandria sobre matemática, física e astronomia serão preservados, em parte, pelos árabes, persas, indianos e também chineses. O Ocidente, pelo seu lado, mergulhará no obscurantismo da Idade Média, do qual começará a sair somente mais de um milênio depois. Em reconhecimento pelos seus méritos de perseguidor da comunidade científica e dos judeus de Alexandria, Cirilo será canonizado e promovido a Doutor da Igreja, em 1882." 


E Carl Sagan nos acrescenta: "Há cerca de 2000 anos, emergiu uma civilização científica esplêndida na nossa história, e sua base era em Alexandria. Apesar das grandes chances de florescer, ela decaiu. Sua última cientista foi uma mulher, considerada pagã. Seu nome era Hipácia. Com uma sociedade conservadora à respeito do trabalho da mulher e do seu papel, com o aumento progressivo do poder da Igreja, formadora de opiniões e conservadora quanto à ciência, e devido à Alexandria estar sob domínio romano, após o assassinato de Hipácia, em 415, essa biblioteca foi destruída. Milhares dos preciosos documentos dessa biblioteca foram em grande parte queimados e perdidos para sempre, e com ela todo o progresso científico e filosófico da época."

Fonte: br.geocities.com

Alexandria

A Cidade de Alexandria, principal porto do norte do Egito, fica localizada no delta do rio Nilo, numa colina que separa o lago Mariotis do mar Mediterrâneo. Nesta cidade sempre existiram dois portos, dos quais o ocidental é o principal centro comercial, com instalações como a alfândega e inúmeros armazéns. A cidade foi fundada em 332 a.C., por Alexandre Magno, para ser a melhor cidade portuária da Antigüidade. 

O porto foi construído com um imponente quebra-mar que chegava até a ilha de Faros, onde foi erguido o famoso farol conhecido como uma das sete maravilhas do mundo. A cidade se tornou a capital do Egito com os Tolomeos, que construíram muitos palácios, além da biblioteca de Alexandria. Atingiu o nível de centro científico e literário da época, fato que se prolongou durante os primeiros anos da dominação romana.

A fundação da cidade de Constantinopla contribuiu para a queda da metrópole egípcia. Com os muçulmanos, a decadência de Alexandria avançou ainda mais, sobretudo pelo auge que adquiriu o Cairo.

 


Li

Fonte:
http://sexoforte.net/mulher/index.php?option=com
Fonte: www.ebookcult.com.br
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/egito/alexandria.php
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

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